Dr. Moustafa Mould, ex-judeu, EUA (parte 5 de 5)

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: Depois de uma jornada espiritual de quase 40 anos, um linguista judeu de Boston encontra o Islã na África.  Parte 5.

  • Por Dr. Moustafa Mould
  • Publicado em 09 Feb 2015
  • Última modificação em 09 Feb 2015
  • Impresso: 47
  • 'Visualizado: 9,841 (média diária: 3)
  • Classificação: nenhum ainda
  • Classificado por: 0
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Dr._Moustafa_Mould__Ex-Jew__USA_(part_5_of_5)_por-BR_001.jpgA primeira coisa que notei foi o murmúrio de muitas vozes de homens lendo o Alcorão, enquanto esperavam pelo imame (líder da congregação) dar a khutbah.  Fui instantaneamente transportado em minha mente para a antiga sinagoga e os sussurros idênticos de homens idosos lendo dos Salmos (Zabur) no início das orações da manhã.  Deu-me um sentimento confortante de nostalgia.  Um pouco depois, caminhando na outra direção, podia ouvir o imame recitando a surata.  Soava muito parecido com as leituras do Torá das quais desfrutava nas manhãs de sábado, mais uma vez confortante e nostálgico.  Não que isso tenha me feito querer retornar para qualquer sinagoga. Ao contrário, fez o Islã mais confortável e familiar para mim.

Sou um linguista e tinha sido especialista em pesquisa de campo.  Encontrei um livro para aprender o idioma somali e contratei um tutor para mim, que era melhor como amigo do que como professor.  Rapidamente aprendi as saudações, substantivos comuns, verbos, termos de parentesco, números e as horas.  Parte do vocabulário, emprestado do árabe, era como o suaíli e o hebraico.  O somali também era relacionado de forma bem distante às línguas semitas.  A gramática era diferente, entretanto. Muito difícil de captar e quando fiquei mais ocupado e cansado com o trabalho, nossas lições se transformaram mais em conversas sobre cultura, política e religião.  Ele tinha conhecimento suficiente para distinguir entre o Islã genuíno e alguns aspectos dominantes da cultura pré-islâmica nativa e supersticiosa que havia me incomodado.

Logo ofereceu para trazer um sheik à minha casa para que eu pudesse professar a shahada.  Apesar de tudo ainda me sentia hesitante, pensando em minha família.  Mas estavam a milhares de milhas de distância e eu estava vivendo confortavelmente em uma sociedade muçulmana.  Tinha bons amigos e colegas e estava claro para mim que muito da bondade deles era devida ao Islã.  Pedi a ele para trazer o sheik e ele o fez.  Ele me perguntou sobre minhas crenças, disse a ele que tinha sido judeu, não cristão (sem problemas com a trindade) e que há muito tempo tinha largado o porco, álcool, jogo e zina e depois que ele estava convencido de que eu entendia o que estava prestes a dizer e sabia os cinco pilares, declarei a shahada.  Minha noiva havia sugerido o nome Mustafa, do qual gostei muito.

Depois de toda a hesitação e procrastinação senti um alívio enorme e restaurei o senso de pertencimento que tinha perdido mais do que havia percebido.  Todos os meus amigos somalis estavam, claro, muito contentes e me deram muito apoio.  Começaram a me chamar de seedi ("cunhado").  Assim que consegui escapar comprei algumas joias de ouro e voei para Nairóbi.  Para me casar tinha que ir ao escritório do qadi chefe e declarar a shahada de novo diante de algumas testemunhas, para obter um certificado oficial de conversão, já que não havia isso na Somália.

Fomos ao qadi e fizemos nosso nikah.  Em alguns dias tinha que voar de volta para Mogadício para continuar meu trabalho.  Menos de um ano depois, aos 43, fiquei cheio de alegria e fui abençoado por Deus ao me tornar pai de um maravilhoso menino muçulmano.  Voei para Nairóbi e após uma breve discussão concordamos com a sugestão de minha esposa para um nome.  Agora eu até tinha uma kunya (apelido). Era Abu Khalid e ele recebeu o nome em homenagem ao grande companheiro, Khalid Ibn Al-Walid, que Allah esteja satisfeito com ele.

Você provavelmente está se perguntando se contei à minha família sobre minha conversão ao Islã e a resposta é não, por um bom tempo.  É claro que contei à minha família sobre meu casamento e eles não ficaram nem surpresos ou zangados.

Era um homem de meia-idade que devia saber o que estava fazendo e estavam felizes por minha felicidade.  Quando Khalid nasceu ficaram encantados de forma positiva e estavam ansiosos para encontrá-lo e à mãe dele. Quando Khalid estava com pouco mais de um ano, fui para Boston em minhas férias e levei minha esposa e filho comigo.  Os dois meninos, Ali e Yusuf, estavam fora em um internato muçulmano no nordeste do Quênia.

A recepção foi calorosa e adorável já que todos queriam que tivéssemos uma grande visita.  Não há dúvida de que um bebê, especialmente um neto, tem um efeito muito salutar e benéfico sobre as pessoas.  Minha esposa tinha trazido pequenos presentes para minha mãe, irmã e tias e todas tinham pequenos presentes para ela.  Suponho que todos presumira, como eu havia feito, que o muçulmano pode se casar com um judeu ou cristão.  Sabiam que minha esposa e nossos filhos eram muçulmanos e que Khalid estava sendo educado como muçulmano e não tinham problemas com isso.  Sabiam que eu não tinha sido um judeu praticamente por quase trinta anos e havia me casado com uma não judia antes.  Tinha decidido que se perguntassem eu não mentiria e se não perguntassem eu esperaria por um momento mais oportuno - alguma outra hora.  Alguns anos atrás finalmente me perguntaram e contei a eles.  Não posso dizer que ficaram satisfeitos, mas também não ficaram surpresos, zangados ou frios comigo e continuamos a ter relações calorosas e amáveis.

Outro ano, outro contrato se foi e então perdi meu emprego.  Como o novo faraó "que não conhecia José", chegou um novo diretor que não viu valor nos programas de inglês e decidiu terminá-los. De certa forma já esperava e tinha me inscrito para um emprego semelhante no Iêmen e, por isso, não lutei muito. Mas no fim o emprego em Sana não foi adiante e, como minha família havia predito, estava de volta à estaca zero - bem, não exatamente.

Em 1988 deixei minha família em Nairóbi e retornei para os EUA sozinho e sem emprego.  Novamente foi muito difícil (inverno, também), mas dessa vez tinha algumas economias, novas habilidades e um currículo mais forte. Sabia como conseguir um emprego, conhecia Washington e tinha alguns contatos.  Ainda tinha o terno.  O melhor de tudo, tinha minha fé, ao invés de antidepressivos.  Rapidamente consegui dois empregos part-time como professor e um emprego em uma loja para homens.  Os empregos como professor não foram adiante e vendi ternos em tempo integral por mais de três anos, sempre procurando um emprego melhor, mas finalmente - levou dois anos - consegui trazer minha família e fizemos o melhor, confiando em Deus.

Então, quatro anos atrás um vizinho muçulmano nos contou sobre um novo instituto islâmico que tinha sido aberto recentemente e que estava procurando por um professor de inglês.  Liguei imediatamente, marquei uma reunião e encontrei o diretor.  Pela graça de Deus fui contratado para ensinar parte da equipe e fazer algum trabalho editorial.  Ironicamente agora estou em um cubículo em um escritório sem janelas no norte da Virgínia, mas que diferença! Estou em um ambiente islâmico, cercado e inspirado por bons irmãos muçulmanos, muitos deles excelentes sábios. Amo e respeito muito todos eles e com eles aprendo diariamente.  E qual é meu emprego? Ler livros sobre o Islã, editar manuscritos sobre o Islã, escrever sobre o que li.  Em essência, estou sendo pago para estudar o Alcorão, Hadith, aqidah, Fiqh, Sirah, história islâmica e árabe.  Agradeço e louvo a Deus todos os dias por me levar para o islã e por me cobrir com todas essas bênçãos.  Alhamdulillah Rabbil-alamin.

Pobre Melhor

Partes deste Artigo

Visualizar todas as partes juntas

Adicione um comentário

  • (Não é mostrado ao público)

  • Seu comentário será analisado e publicado dentro de 24 horas.

    Campos marcados com um asterisco (*) são obrigatórios.

Outros Artigos na Mesma Categoria

Mais visualizados

Diariamente
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Total
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Favorito del editor

(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Listar conteúdo

Desde sua última visita
Esta lista no momento está vazia.
Todos por data
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Mais populares

Melhores classificados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais enviados por email
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais impressos
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais comentados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Seus Favoritos

Sua lista de favoritos está vazia. Você pode adicionar artigos a esta lista usando as ferramentas do artigo.

Sua História

Sua história está vazia.

Minimize chat