Ibrahim, ex-católico, EUA
Descrição: Ibrahim, um adolescente da Pensilvânia, explica como as dificuldades com os ensinamentos da igreja sobre Jesus o levaram do catolicismo ao Islã.
- Por Ibrahim
- Publicado em 22 Dec 2014
- Última modificação em 22 Dec 2014
- Impresso: 42
- 'Visualizado: 4,955 (média diária: 1)
- Classificado por: 79
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 0
Chega um momento na vida de todas as pessoas, ou pelo menos espero que chegue, quando percebem que não apenas acreditam no que acreditam, o que quer que seja, mas também querem sair e proclamar sua crença para o mundo. Felizmente, esse momento chegou cedo para mim. Tenho 17 anos e o Islã é a crença que estou proclamando.
Fui educado como católico. Não tanto internamente quanto externamente. Ia para a escola dominical católica, chamada CCD, mas a visão católica de Deus nunca desempenhou um papel importante em minha infância. Era uma coisa de domingo. De qualquer modo, comecei a gostar da missa por volta da 7ª série. Sentia-me bem por fazer a coisa certa. Sempre fui uma pessoa com moral, mas nunca realmente estudei os fundamentos do catolicismo. Apenas sabia que me sentia bem em adorar meu criador.
Gostava muito do catolicismo, mas sempre o via como nós (os católicos) com Jesus adorando Deus, não nós, católicos, adorando Deus e Jesus como um. Via Jesus (que a paz esteja sobre ele) com meu exemplo de como ser um bom seguidor de Deus e de como me submeter à Sua vontade, mas não como o próprio Deus.
Antes de ser confirmado na 8ª série, no outono de 1999, aprendi muito sobre o que era o catolicismo. O catolicismo da Igreja tinha muito com a visão de Jesus como Deus. Nada como o tipo de pensamento meu "Deus indivisível sendo adorado por mim com Jesus como exemplo". Era como se tivessem aberto uma lata de confusão fria e ilógica e tentassem me alimentar com ela. Não me parecia certo.
Continuei com a igreja católica e mantive a adoração. Mas conversava com muitos na igreja sobre meus sentimentos de que Jesus não era Deus, mas mais um profeta, um exemplo. Disseram que tinha que aceitá-lo como Deus e como um sacrifício, e assim por diante. Simplesmente não estava aceitando. Tentei aceitar, mas acho que Deus reteve a aceitação para o meu próprio benefício. Havia coisa melhor. Continuei na igreja.
Em algum momento em meados de dezembro de 1999, por nenhuma razão que possa me lembrar, comecei a ler sobre o Islã em enciclopédias. Lembro-me de fazer uma lista de palavras ousadas na entrada para "Islã" em um velho Livro Mundial Grolier de 1964 que encontrei em meu armário e as estudar. Por alguma razão fiquei maravilhado por essa fé e que era toda voltada para Deus e tudo que acreditei toda a minha vida - bem ali. Antes acreditava que não havia nenhuma crença como o que sentia dentro de mim. Mas estava maravilhado que tinha encontrado essa fé. Descobri que "minha" fé tinha um nome e milhões de outros adeptos!
Sem jamais ter lido um Alcorão ou conversado com outro muçulmano, disse a shahada (declarar sua crença em nenhuma outra divindade, exceto Deus) em 31 de dezembro de 1999. À medida que os meses passavam, aprendia mais. Passei por muitos períodos de confusão, felicidade, dúvida e surpresa. O Islã me levou em um tour esclarecedor sobre mim, as outras pessoas e Deus.
A transição foi lenta. Continuei frequentando a missa por cinco meses depois de mudar minha fé. Toda vez que ia me sentia cada vez mais distante da congregação, mas cada vez mais próximo de Deus e do profeta Jesus, que Deus o louve.
Durante o Ramadã de 2001, a segunda vez que jejuei (o primeiro ano me converti durante o Ramadã e não jejuei) fui à biblioteca durante o horário de almoço. Era melhor do que sentar em uma mesa com meus amigos, porque terminei o trabalho na biblioteca. Juro que minhas notas subiram. Comecei a conversar com o único outro muçulmano em minha escola, o John. Conversávamos sobre o Islã um pouco mais a cada dia. Ele é um irmão incrível e me levou à mesquita na última sexta-feira de Ramadã. Foi uma das melhores coisas que já fiz em minha vida. Deus realmente respondeu às minhas orações dessa vez. Pensei que ficaria nervoso, mas não fiquei nem um pouco. Foi a coisa mais natural que já fiz em minha vida. Senti-me em casa. Notei algo antes de sair. Enquanto estava lá no chão, orando a Deus, notei que o ambiente estava cheio de outras pessoas, mas não tinha problema. Em casa, quando alguém me pergunta o que estou fazendo, nunca digo que estou orando. Nunca admiti isso para ninguém. É muito estranho. Mas lá, na mesquita, estava orando para Deus na frente de um monte de outros muçulmanos e me senti perfeitamente bem. Mais que bem! Senti-me seguro e protegido. Foi a coisa mais libertadora desde que aceitei Deus em meu coração naquela noite fria de ano novo, há quase dois anos.
Nunca contei aos meus pais. De fato, não planejo contar. A pista mais significativa que dei foi por volta de 1 da manhã de 16 de dezembro de 2001, quando finalmente disse ao meu pai que estava indo à mesquita de manhã com um amigo, quando ele me perguntou por que eu estava ajustando meu alarme. Ele me disse que não podia esperar para que eu saísse de casa, o quanto estava insatisfeito comigo e como as escolhas que parecem estúpidas para ele. Nunca disse a eles diretamente porque percebi que era melhor testar a situação dando pistas aos pouquinhos. Não queria enviar uma onda de choque para toda a família. Posso apenas imaginar o que meu pai faria se soubesse que era de fato um muçulmano praticante. Parece me odiar apenas por estudar a fé, que ele acha que é tudo que faço. Entendo que meu pai é um homem deprimido e, por isso, não o levo a mal. Quer dizer, é culpa dele se considerar tão esperto a ponto de não precisar de Deus. Esse pensamento é o que o faz tão deprimido. Mas não acho que ele percebe o quanto o coração de uma pessoa pode endurecer quando ela nega sua necessidade humana por uma relação com seu Criador. Então, não o levo a mal. Ele não sabia no que estava se metendo. Minha mãe não sabe que sou muçulmano, mas pelo menos ela não demonstra raiva por eu ir à mesquita. Fica aborrecida, mas pelo menos nunca me disse que a desagrado. Como Deus ordena, continuarei a tentar ao máximo ser bom com meus pais, desde que não tentem me afastar do Islã. A melhor coisa que posso fazer por eles é ser um bom exemplo para que talvez um dia, insh’Allah, possam ver que há uma forma melhor de viver do que em um mundo escuro de negação a Deus.
Nunca fui ao Oriente Médio, mas estou estudando o Islã todos os dias. Nesse momento sou 100% muçulmano e isso nunca mudará, insh’Allah. Agradeço a Deus por ter passado por tantos períodos de dúvida. Quando olho para trás vejo que Deus não estava me deixando, mas me dizendo que era hora de perguntar a mim mesmo o quanto amava a Deus e o que estava disposto a fazer para compreender minha fé. Uma semana de choro, depressão, oração, leitura ao extremo e ignorando muitas outras coisas na vida soa duro...mas a recompensa - saber tanto sobre si mesmo, Deus e a relação entre tudo isso (o Islã) - vale mais que coisas materiais. Por meio de meu questionamento do Islã, recebi de Deus o presente mais precioso - o Islã. Tenho ouvido cristãos dizerem que com o Cristianismo você "conhece Deus a nível pessoal." No Islã sua relação com Deus é muito mais profunda que isso. Deus está comigo a todo o momento, me orientando, ensinando, amando, protegendo, liberando, iluminando, confortando... Alhamdulilah pelo Islã!
O Islã fez muito por mim. Mais do que poderia imaginar. E todos os dias, fica melhor. Saí de uma vida baseada em tentativa e erro para abraçar a orientação e saber agora quais são as melhores escolhas a fazer. De uma busca por quem eu sou e uma vida em confusão, estou sendo guiado. Não consigo encontrar palavras para expressar como é, mas tentarei de novo: Deus me revela o que é a vida. Não tenho mais que adivinhar.
Adicione um comentário