Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 2 de 7)
Descrição: Islã evoluindo no coração. Parte 2.
- Por Jeremy Ben Royston Boulter
- Publicado em 10 Nov 2014
- Última modificação em 10 Nov 2014
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Retornando a Deus
Durante os primeiros anos de casamento, era amigo de um homem que amava caminhar nas montanhas e ficar nu em seclusão. Era tanto um naturalista [1] quanto naturista[2] em termos de perspectiva e levou a mim e minha esposa naquela direção. Naturalmente, quando Andrei Micael nasceu, eu advogava um batismo mais natural que um com "água benta" de um recipiente em pedra fria sendo jogada em sua cabeça por um padre católico. Ao invés disso, queria subir as montanhas e mergulhá-lo em um córrego, assim como João Batista [3]batizou os judeus arrependidos no rio Jordão. Claro, não me dei conta de que o batismo era algo que se devia fazer quando adulto, ao contrário de quando criança. O quanto uma criança pode se arrepender? Não fizeram nada do que se arrepender. Meu verdadeiro batismo eu mesmo fiz, quando eliminei meu estado anterior em purificação ritual ao me tornar muçulmano.
A mãe de minha esposa começou a nos visitar no verão, a primeira vez apenas para ver Andrei, acho eu. Como minha esposa, ela era católica romana. Ao contrário de minha esposa, entretanto, era uma crente ávida na mediação de Maria, a mãe de "Deus", nos santos em seus túmulos e no menino Jesus. Com esse fim usava um crucifixo no pescoço e visitava assiduamente os santuários de Maria (incluindo o Santuário de Fátima[4] e Nossa Senhora de Lurdes[5]) pelo menos uma vez ao ano, e fazia peregrinação ao Santuário de São Benedito[6]toda vez que vinha a Braga, onde minha esposa e eu vivíamos. Ela tinha uma pequena estátua de Maria com uma criança que ela costumava colocar em sua própria mesa especial (como um altar) no canto do quarto dela e mantinha uma fotografia antiga de uma pintura de Maria (a mãe de Jesus) segurando uma taça com um coração sangrando em sua carteira. Costumava se ajoelhar em frente à pequena estátua antes de dormir todas as noites e a foto mantinha quando viajava, tirando-a da carteira para beijar quando queria rezar.
Para mim todas essas ações eram abomináveis, totalmente contra meu conceito primitivo de Força universal ou Poder, um Criador e Sustenedor único que permeava o universo e também de Deus como Ele é descrito na Bíblia. Tornei-me determinado a convencer minha sogra a parar sua adoração idólatra de seres humanos (mortos) como mediadores com Aquele que ouve. Mas como?
De volta à Bíblia
Primeiro tentei usar a lógica. Como homens mortos podem ouvir? Como conhecemos a devoção deles? Não foram homens que os transformaram em "santos"? E com a autoridade de quem foram feitos santos? Não eram homens, como nós? Mas não teve jeito. Finalmente decidi usar a arma da própria escritura dela, porque sabia que o primeiro mandamento [7] na Bíblia era
"Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão. Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto." (Êxodos 20:2-5[8])
Se era esse o caso, então haveria mais evidência de que Deus é Único e imaterial e somente Ele pode nos ouvir.
Ao longo dos anos que mantive minha persuasão regular (de verão) com ela, comecei a apreciar que a Bíblia de fato contradizia o que a Igreja ensinava sobre a "divindade" de Jesus e afirmava claramente que Deus é Único. Negava completamente a licença [9] que tomamos de adorar ídolos[10] ou usá-los como foco de nossa oração. Então, minha crença no Deus de Abraão lentamente aumentou até que meu único medo era que pudesse estar errado. E se, apesar de minha forte crença de que não era verdade, fosse Jesus quem sentasse no Trono do Juízo no Último Dia? Estaria em apuros. A evidência na Bíblia era ambígua sobre esse ponto, uma vez que o Apocalipse de João [11] parecia indicar que seria ele.
Dívidas
Essa era minha situação quando constatei a necessidade de procurar um emprego que me ajudasse a escapar de minhas dívidas pesadas em casa. Durante esse período, decidi abrir mão de meu emprego no British Council em Portugal e arriscar uma escola de idiomas própria em Braga. Queria estar por perto para a educação de meu filho. Ao mesmo tempo decidi comprar uma casa, que seria como alugar um apartamento, exceto que seria proprietário no final do processo. Minha escola, entretanto, não deu certo e terminei não só devendo muito dinheiro ao banco pela minha casa, mas também pelo capital inicial que tinha tomado emprestado. Quando fechei minha escola dois anos depois de tê-la aberto, tolamente não declarei falência e, ao invés disso, usei meu "cartão de visitas" para me tornar um professor freelance de inglês. Embora isso me ajudasse a sentir que podia ser capaz de sobreviver, o capital que devia não diminuiu apreciavelmente. Precisa de algum plano alternativo. Minha esposa então sugeriu que procurasse por um emprego bem remunerado no exterior para lidar com o problema, destacando que muitas conhecidas tinham maridos no exterior que tinham conseguido dinheiro suficiente para construir casas para as famílias no país natal.
O dia que decidi que precisava conseguir um emprego lucrativo no exterior foi, de fato, um dia terrível. Estava em profunda tristeza porque as coisas estavam se intensificando. Era incapaz de acompanhar os juros dos repagamentos dos empréstimos dos eletrodomésticos, da hipoteca, dos nossos carros e das dívidas que tinha acumulado gerindo a escola de idiomas por três anos com perdas. Via escuridão à minha frente - e nenhum meio local de sair do buraco de dívidas no qual estava. Sentia-me quase suicida, pensando que a morte me permitiria escapar das dívidas. Não sabia, na época, que a dívida era uma das coisas que podia impedir uma pessoa de entrar no paraíso e que a morte não significava que tinha escapado de suas obrigações.
Uma noite me ajoelhei ao lado de minha cama, olhando para o oeste, e extravasei meus problemas com Deus. Disse a Ele que estava desesperado, no fim de minhas forças e não conseguia me ver capaz de sustentar minha esposa e filho e nem a mim mesmo. Implorei a Ele que me desse uma saída, um caminho para uma vida boa para todos nós. De algum modo sabia que Ele estava ouvindo e meu coração se aliviou enquanto supliquei. No fim, me senti confortável o suficiente para apoiar minha cabeça novamente e voltar a dormir.
Os eventos seguintes provaram que Ele havia respondido minha oração. No dia seguinte estava procurando no EFL Gazette e encontrei vários anúncios para vagas no exterior no British Council. Quando os mostrei, minha esposa me aconselhou a procurar trabalho no Oriente Médio ou no Extremo Oriente, onde os salários eram relativamente altos. Então me inscrevi para instituições em Omã, Arábia Saudita, Brunei, Taiwan, Japão e Coreia. O British Council fez uma entrevista comigo, mas não fui escolhido para nenhum de seus locais. Um funcionário em Taiwan me escolheu e ofereceu um emprego, mas quando aceitei o processo nunca era acompanhado por eles. Quando comecei a sentir que todas as portas estavam se fechando na minha cara, uma das minhas últimas opções, uma universidade na Arábia Saudita, me ofereceu uma posição como professor de inglês, e eu a aceitei. Louvado seja Deus! Pensei que ele tinha Me respondido financeiramente, mas a dádiva real estava por vir de uma direção inesperada.
Notas de rodapé:
[1] (http://religiousnaturalism.info/)
[2] (http://simple.wikipedia.org/wiki/Naturism)
[3] (http://www.abu.nb.ca/courses/ntintro/lifej/johnbaptist.htm)
[4] (http://www.santuario-fatima.pt/)
[5] (http://www.our-lady-of-lourdes.com/sanctuary)
[6] (http://www.sbento.pt/index.html)
[7] (http://www.biblegateway.com/passage/?search=Deuteronomy%205:6-9&version=NIV)
[8] (http://www.biblegateway.com/passage/?search=Exodus%2020:2-5&version=NIV)
[9] (http://www.biblegateway.com/passage/?search=Psalm%20115:3-8&version=NIV)
[10] (http://www.biblegateway.com/passage/?search=Jeremiah%2010:1-16&version=NIV)
[11] (http://www.biblegateway.com/passage/?search=Revelation%2022:3&version=NIV)
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