Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 6 de 7)
Descrição: Islã evoluindo no coração. Parte 6.
- Por Jeremy Ben Royston Boulter
- Publicado em 08 Dec 2014
- Última modificação em 08 Dec 2014
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Ali Jamily
Ali Jamily foi o quarto colega muçulmano "ocidental", recém-saído dos Estados Unidos. Tinha dirigido de Jidá porque seu primeiro ato ao chegar à Arábia Saudita foi fazer uma visita à casa de Deus e circundá-la (a peregrinação menor chamada "Umrah"). Essa foi uma das características de Ali que pude conhecer bem: sua obsessão em visitar a Casa de Deus sempre que pudesse. Estava usando óculos escuros e parecia "legal". Uma segunda coisa que aprendi sobre ele foi sua admiração pelas normas legais e sociais americanas, que comparava de maneira favorável em relação a sua experiência com essas normas na Arábia Saudita. Ainda assim, aquele exterior "ocidental" era o coração de alguém que amava a Deus apaixonadamente. Logo depois de me encontrar, me perguntou se eu conhecia o Islã e disse a ele que tinha estado lendo seu livro sagrado. Claro que seu próximo passo foi me perguntar se eu abraçaria o Islã e contei a ele sobre minhas três condições.
"Você está louco?" disse ele. "Você não pode impor condições a Deus." Ele usou o nome para Deus com o qual já tinha começado a me familiarizar no Alcorão. "Prostre-se agora mesmo e implore pelo perdão Dele! Se sabe que essa é a Verdade, faça sua declaração de fé agora."
"Por que não deveria estipular condições?" Perguntei. "Quero que minha família seja muçulmana também. É pedir muito?"
"A orientação é para quem Deus desejar. Você está recusando a orientação por causa de preocupações familiares? Até o profeta, que Deus o louve, não pode guiar toda a família dele e seu tio morreu um descrente, apesar de ele ter implorado em seu leito de morte que testemunhasse que não havia divindade a não ser Allah e que Muhammad era Seu mensageiro", me informou.
"Mas quero conversar sobre isso com minha família primeiro!" Argumentei, sabendo que deviam conhecer meu estado de espírito antes de dar um passo gigantesco como abraçar formalmente outra religião.
"E se você morrer antes de ter a chance de se submeter?", me perguntou. "Se morrer tendo conhecido a religião e a recusado, seu destino será definitivamente o Inferno! Tem alguma ideia de quanta sorte tem? Nem todos são tocados como você foi. Não pode recusar a chance que Ele está dando a você", argumentou de forma persuasiva.
Na época, fui pego de surpresa pela atitude dele. Refletindo, entretanto, sabia que ele estava correto. Seria um tolo se deixasse a chance escapar.
Meu Reconhecimento[1]do Islã
Meu próximo passo foi voltar ao Escritório de Propagação Islâmica e perguntar como abraçar o Islã formalmente. Quando entrei no escritório pela segunda vez, houve um olhar de surpresa e perplexidade. Não acho que tivessem muitos europeus brancos invadindo seu escritório e por isso estavam tentando entender por que eu havia voltado.
Um indiano, Shaykh Farooq, falou primeiro.
"O que você quer?"
Podia perceber que o inglês dele era bom. Entretanto, estava tão surpreso quanto eles por não entenderem por que havia voltado ao escritório deles. Quando disse a ele a razão, ele me disse que tinha que ser totalmente informado do que era a religião do Islã e as condições de aceitação.
Soou um pouco assustador. Esperava ser bem-vindo e fazer o testemunho de imediato, mas insistiram que eu precisava de alguma orientação.
Havia duas outras pessoas interessadas em ser muçulmanas no escritório antes de mim, ambas das Filipinas. David era cristão renascido que se convenceu sobre o Islã durante suas aulas de língua árabe que o centro ministrava. Coincidentemente ele era o eletricista que fazia serviços no apartamento/hotel em que eu estava. John, entretanto, tinha sido persuadido a se tornar muçulmano porque sua esposa era muçulmana. Tinha sido arrastado para o escritório por David, que era seu amigo.
Foram feitos arranjos para que nós três fizéssemos a dupla declaração juntos, na presença de duas testemunhas muçulmanas. Depois disso, seríamos oficialmente muçulmanos. Arranjaram para que um divulgador religioso explicasse naquele próximo final de semana, depois da oração do meio-dia na quinta-feira.
Como eu e David morávamos no mesmo apartamento/hotel, John veio até nós e fomos para o centro juntos. Mostraram a área principal de descanso, que agora tinha almofadas no chão ao redor das paredes com apoio para os braços, para a ocasião. Shaykh Ehab, ouAbu Abdurrahman, como eu agora o conhecia, um homem que tinha me dado o Alcorão da primeira vez e Shaykh Farooq, que eu tinha encontrado quando vim ao escritório perguntar como me tornar muçulmano, estavam ambos lá, esperando por nós. Então Shaykh Ibrahim, o gerente do Centro de Propagação Ha’il, fez entrar dois homens que eu não conhecia. Aparentemente eram voluntários. Shaykh Sa’udtrabalhava para companhia elétrica saudita e Shaykh AbdulAzizpara a empresa de telecomunicações saudita. Foi Shaykh Sa’udquem fez a apresentação.
Explicou cuidadosamente que o Islã era uma religião monoteísta e que era um grande passo abraçar o Islã formalmente. Que uma vez fosse feito, não havia volta e que se eu desistisse, seria sujeito à pena de morte por apostasia.
Disse que sabia da seriedade do passo.
Então ele me disse seis pontos referentes à crença. "Primeiro, você deve saber e acreditar em seu coração e em sua oração que Allah é seu Deus e que não há outro deus a não ser Ele."
"Essa é a razão básica por que estou aqui", pensei.
Ele elevou sua mão. "Isso significa que vocês não devem olhar para qualquer objeto ou imagem como foco para sua adoração a Deus, porque são ídolos. A sua adoração também deve ser direcionada para Ele, não através de qualquer ser humano ou espírito: profeta, sacerdote, anjo ou elemental. Vocês entendem o que quero dizer?"
Cada um de nós concordou que sim.
Então ele prosseguiu. "Devem acreditar também em Seus anjos, que são os mensageiros e transmissores de recados de Deus. Transportam Sua palavra para os profetas e fazem o que Ele manda na terra e nos céus."
Concordei junto com David e John. Foram os anjos que destruíram Sodoma e Gomorra por ordem de Deus e que comunicaram a Maria sobre Jesus.
"E vocês devem acreditar na mensagem de Deus, que podem encontrar no Alcorão e no que foi enviado para profetas diferentes no Torá, nos Salmos e nos Evangelhos, antes do Alcorão. Acreditamos que todos esses livros foram revelados aos profetas por Deus."
"Muito justo," pensei.
"Vocês acreditam que foram todos revelados por Deus por meio de Seus anjos para Seus profetas?"
Afirmamos que sim.
"Os muçulmanos tem que acreditar em todos os profetas, naturalmente, e eles são os que nos deram a mensagem de Deus desde o tempo de Adão. Muhammad é o último dos profetas porque o Alcorão é a mensagem final para a humanidade e nos diz que ele é o fim dos profetas. E devem acreditar que Jesus, que a paz esteja sobre ele, não é Deus ou o filho de Deus. Ele é um homem como nós, criado pelo comando de Deus no útero de Maria e um mensageiro de Deus, assim como Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele. "O que dizem?"
"Jesus era um profeta, como Muhammad", disse David. Concordei. "Claro", estava pensando.
"Vocês também devem acreditar que seremos ressuscitados e julgados no Dia do Juízo e que na outra vida um dos dois destinos nos espera: o paraíso ou o inferno. Essa é a base de nosso livre arbítrio. Escolhemos para onde ir por meio de nossos atos nesse mundo terreno."
Essa é uma parte integrante da crença cristã também, então não tive problema em assimilá-la. Concordamos que compreendemos.
Notas de rodapé:
[1] (http://www.sahihalbukhari.com/sps/sbk/sahihalbukhari.cfm?scn=dsphadeeth&HadeethID=3202&txt=a%20spirit)
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