Brandon Toropov, ex-cristão, EUA (parte 1 de 2)
Descrição: A busca pessoal de um homem para estudar os versos mais autênticos da Bíblia, os documentos Q, o leva ao Islã. Parte um: Um problema com o Cristianismo convencional.
- Por Brandon Toropov
- Publicado em 07 Oct 2013
- Última modificação em 07 Oct 2013
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Uma onda de conversões
Se você é um cristão, a ideia de que Jesus, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, praticou a mesma crença que os canais de notícia de hoje consideram responsável por tantos dos problemas do mundo pode parecer um exagero. Pareceu um exagero para mim quando encontrei isso pela primeira vez, antes de consultar os evangelhos mais de perto. Ainda assim você deve saber que muitos cristãos contemporâneos têm chegado a conclusões que mudaram suas vidas sobre a mensagem do Evangelho e sua relação com o Islã.
“Existe evidência empírica convincente de um crescimento nas conversões ao Islã desde 11 de setembro, não apenas na Inglaterra, mas em toda a Europa e América. Um centro islâmico alemão afirma que cresceu em dez vezes, enquanto que o Projeto Novos Muçulmanos, com base em Leicester e gerido por uma dona de casa irlandesa que era católica romana, relata um crescimento regular de novos convertidos.” (London Times, 7 de janeiro de 2002).
A mídia dominante nos ignora
A mídia de notícias do ocidente raramente compartilha as histórias desses convertidos individuais ao Islã com o resto do mundo, mas tenho fortes suspeitas de que a maioria dessas pessoas - se forem como eu - se viu preocupada com as consequências de chamar de Jesus de “Senhor” sem obedecer a suas instruções ... e ficou mais preocupada com isso do que com qualquer cobertura da mídia sobre questões geopolíticas.
Esse tipo de preocupação faz as pessoas mudarem suas vidas.
O Desafio do documento Q
Falando pessoalmente, mudei minha própria vida porque não podia ignorar as implicações das passagens individuais e autênticas do Evangelho que os estudiosos (não muçulmanos!) mais respeitados acreditam ser os mais antigos disponíveis.
Esses ditos, que formam um texto reconstruído conhecido como fonte ou documento Q, podem todos ser encontrados no Novo Testamento. São quase que certamente o mais próximo do que jamais seríamos capazes de chegar de uma tradição oral autêntica refletindo os ditos reais de Jesus, que a misericórdia e bênção de Deus estejam sobre ele.
Q confirma o Islã
Se você não estiver familiarizado com o Q, deve saber o que os melhores estudiosos do Novo Testamento sabem agora, nomeadamente que os estudos de hoje identificam certas passagens do Evangelho não como apenas instrutivas, mas historicamente mais relevantes que outras passagens. Esses estudos têm levado a algumas discussões fascinantes entre os estudiosos (e comparativamente poucos leitores laicos).
Acredito que os documentos Q tendem a confirmar a descrição que o Islã faz de Jesus como um profeta humano com um mandato divino essencialmente indistinguível do de Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele.
Um profeta humano
Não desenvolvi a teoria de Q. Ela tem circulado por anos. O clero e teólogos “tradicionalistas” cristãos geralmente são hostis a ela. Afirmam que os estudantes de Q estão de alguma forma ansiosos para diminuir o status de Jesus, que a paz esteja sobre ele. De fato, estamos ansiosos para aprender o que é mais provável que ele tenha dito.
Q representa um grande desafio para o Cristianismo contemporâneo, no mínimo porque sugere fortemente que a descrição islâmica de Jesus é historicamente correta. O fato de Q essencialmente confirmar a imagem de Jesus no Islã como um profeta distintamente humano não foi, acho, amplamente notada pelos cristãos de hoje. E deve ser. Porque uma revisão cuidadosa das escrituras demonstra que Jesus está de fato chamando as pessoas para o Islã.
Jesus me trouxe para o Islã!
Vim para o Islã, Alhamdulillah [todos os louvores para Deus], depois de três décadas de insatisfação incansável com o Cristianismo convencional. Embora tenha lido muitas histórias de conversão desde que abracei o Islã em março de 2003, não encontrei muitas que citassem os evangelhos como um ponto de entrada para o Alcorão Sagrado. Assim foi para mim.
Fui atraído aos evangelhos muito jovem - onze anos - os li compulsivamente por conta própria, apesar do fato de não crescer em uma casa cristã. Logo aprendi a guardar para mim assuntos religiosos.
Questões iniciais
Na maior parte de minha adolescência estudei as escrituras cristãs por minha conta. Ainda tenho a Bíblia vermelha do Rei James que comprei quando criança; minha própria nota escrita à mão na página da frente proclama 26 de junho de 1974 como a data que aceitei Jesus como meu salvador pessoal.
Quando digo que li as escrituras compulsivamente, quero dizer que era atraído pelos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João como um imã. Existem muitas notas e marcações naquela minha antiga Bíblia nos Salmos, em Eclesiastes e em Provérbios - mas a maioria das notas e marcações está nos Evangelhos. Mas senti, mesmo com pouca idade, que havia alguns problemas internos com os textos que amava tanto.
Quem manipulou os evangelhos?
Posso lembrar claramente de ler o relato no capítulo 22 de Lucas no qual Jesus se afastou dos discípulos, orou e retornou, encontrando-os dormindo profundamente. Quem, me pergunto, podia tê-lo observado orando ... e então relatado o incidente que, no fim, pode ter sido incluído no evangelho de Lucas? Existe outra passagem nos evangelhos em que Jesus supostamente inclui as palavras “deixe que aquele que lê compreenda” em um de seus discursos, o que me pareceu estranho. E existe ainda outro ponto no qual o autor do Novo Testamento assegurou aos cristãos do primeiro século que sua geração veria a segunda vinda do Messias - uma passagem que acho difícil conciliar com a doutrina cristã moderna. Essas e outras perguntas sobre o Novo Testamento surgiram enquanto ainda era muito jovem, certamente antes de ter quinze anos. Alguém tinha manipulado os evangelhos? Se sim, quem? E por quê?
Deixei minhas perguntas para depois e decidi que o verdadeiro problema era eu não ser parte de uma comunidade de fé cristã vigorosa.
Católico
Aos dezoito fui para a universidade e entrei para a igreja católica romana. Na universidade encontrei uma garota católica bonita e compassiva que se tornaria o grande amor e apoio de minha vida; não era particularmente religiosa, mas apreciava a importância desses assuntos para mim e me apoiava em minhas crenças. Sou injusto com seus recursos aparentemente ilimitados de força, suporte e amor reduzindo aqui em umas poucas frases o início de nosso relacionamento.
Um encontro com um padre
Perguntei ao padre do campus - um homem doce e piedoso - sobre alguns dos materiais do Evangelho que tinham me causado problemas, mas ele se sentiu desconfortável e mudou de assunto. Em outra ocasião, lembro-me de ter dito a ele que estava focando no evangelho de João porque o Evangelho era (como pensava então) um relato em primeira pessoa dos eventos em questão.
De novo ele gaguejou, mudou de assunto e não quis discutir os méritos de um evangelho sobre o outro; simplesmente insistiu que todos os quatro eram importantes e que eu devia estudar todos eles. Essa foi uma conversa reveladora e fatídica, no final.
Cristianismo ou Paulismo?
Essa não é a história de minha vida e sim meu relato de reversão. Então, vou passar por cima de muitos eventos importantes. Aquele doce padre do campus no final casou eu e minha namorada e nos estabelecemos no subúrbio de Massachussetts. Cada um de nós seguiu em frente profissionalmente e nos tornamos adultos. Tivemos três belas crianças. E continuei lendo e relendo a Bíblia. Era atraído, como sempre, para os ditos sobre a lâmpada e o olho, o filho pródigo, as beatitudes, a importância da oração e muitos outros - mas tinha cada vez mais problemas intelectuais sérios com a “arquitetura” adjacente do Novo Testamento, particularmente com o apóstolo Paulo. O fato de Paulo nunca parecer construir um argumento teológico em torno de qualquer coisa que Jesus de fato tenha dito era um grande problema para mim.
Em meados dos anos 1990 minha esposa e eu nos tornamos profundamente desencantados com a igreja católica, em parte por causa de um padre verdadeiramente terrível que dava pouquíssima atenção às necessidades espirituais de sua comunidade. Soubemos depois que estava acobertando uma pessoa que abusava de crianças!
Protestante
Achava necessária imergir em uma comunidade de fé. Ingressei e me tornei ativo na denominação protestante local, uma igreja congregacional.
Liderava as aulas da escola dominical para crianças e por um breve período dei aula sobre as Parábolas para os adultos. Nas aulas da escola dominical para as crianças segui o currículo que recebi, mas na aula dos adultos tentei desafiar os participantes a confrontar certas parábolas diretamente, sem filtrar nada através do apóstolo Paulo. Tínhamos discussões interessantes, mas senti alguma resistência e não tentei dar aulas para adultos novamente. Minha esposa no fim ingressou na minha igreja. (Ela é membro lá hoje).
Até esse ponto tinha me tornado profundamente afetado pela aparente interseção da tradição mística cristã e a dos sufis e dos zen budistas. E tinha até escrito sobre esses assuntos. Mas parecia que ninguém em minha igreja compartilhava do meu zelo por esses assuntos.
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