Saumya, ex-hindu, Índia

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Descrição: A jornada de uma hindu ao Islã.

  • Por Aasiya Inaya
  • Publicado em 23 Nov 2015
  • Última modificação em 23 Nov 2015
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Pobre Melhor

Quando a verdade lhe é revelada e você a encara frente a frente, por quanto tempo pode se recusar a aceitá-la?  Quanto tempo fugiria dela, negando-a? 

Chega um ponto na vida em que é preciso se libertar de todas as correntes que impedem de responder ao Chamado verdadeiro.

É um momento em que nada mais parece significativo e equivalente ao chamado do Deus Todo-Poderoso e Seu caminho de liberdade, bênção e satisfação.

Todas as mentiras com as quais tem vivido começam a se dissipar e suas crenças desmoronam como um castelo de cartas.  E o que você testemunha é um momento Eureca, um momento em que você percebe a verdade, a beleza do Islã.

Então você não perde tempo em aceitá-lo.  Só tem que dar um passo corajoso sem temer a pressão social e a discordância.  Porque se deve lutar sempre pela Verdade e se apegar firmemente a ela, mesmo que seja contra seus próprios parentes.

Lembro-me do dia em que parei em frente ao espelho em meu quarto, olhando vagamente, tentando buscar algo, mas fracassando em encontrar uma resposta.  Em retrospecto, nunca fui ateia.

Sempre acreditei que Deus existia e sendo uma hindu, existia para mim em milhares de formas: de uma pedra a uma árvore, de uma árvore a um rio, de um rio a um poço (engraçado, mas verdadeiro).  Todos eram objetos de adoração para mim, como me foi dito por minha família e outras tradições.

Tinha orgulho de ser politeísta, considerando que todos os objetos feitos por Deus merecem adoração e que existe uma parte de Deus neles, em cada ser. Então, todos mereciam adoração.  Podia ser uma vaca, uma árvore, um rio (e também como disse, um poço), ídolos e até seres humanos.

Detestava o Islã por ser tão rígido e inflexível a esse respeito.  Achava os muçulmanos estáticos, vivendo no passado, enquanto o mundo se movia ao redor deles.  Para mim todas as suas crenças eram insensatas (talvez porque nunca busquei por razão), impraticáveis, cruéis e ultrapassadas.

Provavelmente, não era culpa minha. Fizeram com que as visse dessa forma.  Era uma noção pré-concebida, que herdei dessa sociedade na qual frequentemente se mantinha uma imagem negativa do Islã na maioria de suas opiniões.

Meu primeiro encontro com o Islã foi no segundo grau, onde a maioria dos meus colegas de turma eram muçulmanos, e durante as aulas livres costumávamos ter discussões sobre o Islã (principalmente por causa da propaganda anti-Islã feita por organizações hindus depois do 11 de setembro e das revoltas de Gujarat).

Durante essas conversas eles tentavam esclarecer muitos equívocos que eu carregava em relação ao monoteísmo, direitos das mulheres, o status delas, e outros mitos populares que se tornaram mais ou menos clichês.

Ainda assim não soava convincente para mim e continuava a manter aquelas crenças e meu orgulho em ser politeísta.  Embora não fosse mais contra os muçulmanos, ficava tocada pelo sofrimento das pessoas que eram parte do nosso povo, morrendo simplesmente porque praticavam uma crença diferente.  Tornei-me mais secular em minha perspectiva.

Dou o principal crédito de me tornar monoteísta a Arya Samaj, uma organização hindu que acredita que o Hinduísmo prega o monoteísmo e não rituais e adoração de ídolos.  Depois de ser influenciada por ela parei de adorar ídolos, de realizar qualquer tipo de ritual e de frequentar templos.

Esses são o que chamo de passos que estava dando para finalmente alcançar meu destino, o Islã.  Embora a Arya Samaj tivesse suas próprias falhas, novamente me vi na mesma teia, onde rituais e a adoração do fogo se tornaram parte integrante.

Ler Vedas, Manu Smiriti e outras escrituras só me confundia.  Era tudo filosófico, nada material que ajudasse a encontrar precisamente uma resposta para questionamentos diários.

A primeira vez que tomei consciência da claridade do Islã foi quando estudava Direito na universidade.  Foi um pequeno curso sobre direito de família - lei hindu e lei islâmica referente a casamentos, divórcios, sucessões, etc.

Enquanto a lei hindu estava repleta de várias tecnicalidades, confusões, diferenças de opinião e falta de estabilidade, a lei islâmica, por outro lado, era clara, precisa e certa.

Minha opinião aqui mudou da noite para o dia.  O que costumava achar estático, parecia estável para mim.  Isso me deixou curiosa para ler mais a respeito. Passava horas online conversando com amigos que costumavam me falar sobre o Islã.

Li vários links e participei em fóruns de discussão.  Minha perspectiva em relação ao Islã começou a mudar, o que se refletia quando falava com meus amigos ou discutia assuntos com eles.

Claro que essa mudança não foi apreciada por eles, que me advertiram contra as chamadas "lavagens cerebrais", cujo único objetivo era desviar hindus para o Islã.

Tudo isso costumava me incomodar e sentia medo de suas discordâncias.  Era como se estivesse enganando meus amigos e minha família, ao fazer algo com o qual discordavam profundamente.

Mas, como disse antes, quanto tempo você pode fugir da verdade?  Não se pode viver com uma mentira e aceitar a verdade requer coragem.  E como o Alcorão Sagrado diz:

"Ó crentes, sede firmes em observardes a justiça, atuando de testemunhas, por amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a Deus incumbe protegê-los. Portanto, não sigais os vossos caprichos, para não serdes injustos; e se falseardes o vosso testemunho ou vos recusardes a prestá-lo, sabei que Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis." (Alcorão 4:135)

E naquele dia todos os temores simplesmente acabaram, porque se não tivesse me convertido então, acho que nunca me converteria.  Teria ficado presa nas complexidades do mundo material onde emoções falsas nos impedem de fazer a coisa certa.

Embora meus amigos e familiares ainda não estejam cientes disso, certamente contarei a eles mais cedo ou mais tarde e espero que, Insha’Allah (se Deus quiser), respeitarão minha decisão.

Alhamdullilah sou muçulmana hoje, tentando cada vez mais aprender sobre o Alcorão Sagrado e as orientações do Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele.  Insha’Allah, andarei nesse caminho da melhor maneira.

Com a ajuda de uns poucos amigos e uma organização, aprendi a orar. Estou orando 5 vezes ao dia, Alhamdulillah.  Oro a Deus que me dê mais força para que possa sempre me manter firme em minha decisão.

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