Kätlin Hommik-Mrabte, Ex-Cristã, Estônia
Descrição: Na sombria era comunista da União Soviética, uma criança com a idade de 3 anos começa sua busca para encontrar Deus!
- Por Kätlin Hommik
- Publicado em 29 Jun 2009
- Última modificação em 29 Jun 2009
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Minha primeira memória é da época que tinha três anos de idade. Lembro-me de perguntar a meu pai: “O que me tornarei quando morrer?” Ele ficou muito surpreso em ouvir essa pergunta vinda de minha pequena mente e, infelizmente, não foi capaz de me responder. Aqui, na Estônia, durante o governo soviético, a fé era considerada um tipo de tabu e ninguém podia falar a respeito – apenas loucos acreditavam em Deus. Como podíamos acreditar em algo que não víamos? Nossos cosmonautas foram para o espaço e não viram Deus sentado em uma nuvem, em sua vestimenta branca e com sua longa barba branca. Portanto, Deus não existe! Como produto daquela sociedade, meu pai foi totalmente incapaz de me dar uma resposta adequada. Ele disse: “Bem, minha querida, você simplesmente dormirá na terra...”
Nunca tinha ouvido nada tão ilógico ou assustador quanto a resposta de meu pai naquele dia. Ela me fez buscar pela verdade, embora eu tivesse apenas três anos. Mas eu tinha um longo caminho pela frente. Sempre soube ou, de fato, senti, que Deus existia, mesmo que não fosse capaz de dar-Lhe um nome. Sabia que Ele simplesmente existia e estava sempre lá para observar. Se tivesse que ser uma boa menina, não era por meus pais, mas por Ele, porque Ele era quem me via em qualquer lugar que estivesse, e não meus pais.
Quando fui para escola, minhas perguntas se tornaram tão difíceis para meu pai que ele me enviou para ver sua mãe, minha avó. Ela nasceu durante a primeira república de Estônia, então foi batizada como todos da sua idade. Ela foi a primeira a me dizer para chamar Deus de Deus e também me ensinou a oração cristã do Pai-Nosso. Também me disse para não recitá-la em público ou meus pais poderiam ter problemas, e me prometi que aprenderia mais quando crescesse.
E assim fiz. Com 11 anos, quando conseguimos nossa independência da União Soviética, fui para a escola dominical (uma aula especial para crianças aprenderem sobre Cristianismo, geralmente mantida pela esposa do sacerdote enquanto os pais iam à igreja)... mas me expulsaram. Disseram que eu fazia muitas perguntas que não devia, que me faltava fé. Não os entendi. Não achava errado querer saber como Cristo é considerado filho de Deus se Deus não se casou com Maria e como então Adão não é o filho de Deus, apesar de não ter mãe nem pai. Mas esse tipo de curiosidade era demais para um professor.
Quando estava com 15 comecei a aprender mais sobre Cristianismo por conta própria. Considerava-me uma cristã, se pudesse deixar de fora isso e aquilo e... no fim percebi que não podia me considerar uma cristã se não aceitava tantas coisas naquela religião. Tinha que procurar outra coisa...
Depois de aprender sobre tipos diferentes de religiões finalmente encontrei o Islã. Como já tinha me desapontado muito com o Cristianismo, levei um longo tempo para estudar o Islã. Mas valeu a pena.
Quando as pessoas me perguntam por que me tornei muçulmana, geralmente lhes digo que não me tornei, sempre fui uma muçulmana, só não tinha percebido. E quando descobri o Islã, levei três anos para verificar se era realmente quem sou. Então se alguém me pergunta se tenho certeza, posso responder sem dúvida que - SIM!!! Essa é quem eu sou, quem sempre fui. Finalmente com a idade de 21 me converti ao Islã, graças a Deus!
Converti-me ao Islã logo depois do mês de Ramadã, em 2001. O Ramadã é uma época bonita e é dedicado ao jejum, a se manter longe dos prazeres físicos, a fazer sua mente ter o controle sobre seu corpo, e a pensar sobre os que são menos afortunados. É exatamente como me sinto sobre minha vida antes de me tornar uma muçulmana - estava jejuando do alimento mais necessário que um ser humano pode querer - o “alimento” para sua mente e seu coração! Estava constantemente trabalhando no meu aprimoramento, constantemente orando para encontrar paz interior, constantemente analisando a situação nessa vida...
Continuo não tendo uma explicação totalmente lógica do por que exatamente me converti DEPOIS do Ramadã e não ANTES ou DURANTE. Jejuei o mês todo de Ramadã e então me converti. Acho que tinha que me purificar, tinha que dar o último passo na aceitação da perfeição.
Ser privada de comida e bebida é uma coisa, mas ser privada de conhecimento, da verdade simples, acredite-me, é ainda mais difícil. É por isso que toda vez que jejuamos, não apenas temos que pensar sobre quando chegará o minuto que nos permitirá comer e beber e provar todas as coisas boas feitas pelas mulheres de nossa casa para quebrar o jejum, mas também pensar sobre todas as outras pessoas privadas não apenas de comida, mas também da bênção de ser muçulmano, a bênção de ser tão próximo da perfeição e verdade. Como muçulmanos, somos verdadeiramente abençoados: jejuamos um mês por ano para nos transformarmos em pessoas melhores, mas a maioria das pessoas nesse mundo jejua grandes partes de sua vida na busca da verdade.
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