A Inclusão do Islã (parte 3 de 3): Uma Orientação Completa e Suficiente Para Sempre
Descrição: Exemplos práticos de como as leis do Islã são adequadas para todos os povos, épocas e lugares.
- Por Jamaal al-Din Zarabozo (© 2012 IslamReligion.com)
- Publicado em 23 Jan 2012
- Última modificação em 23 Jan 2012
- Impresso: 185
- 'Visualizado: 14,466 (média diária: 3)
- Classificado por: 0
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 0
Deste modo, primeiro, na realidade, a natureza humana não muda com o passar do tempo. Leis ou orientação cobrindo comportamento moral e ético devem sempre permanecer os mesmos, porque o que prejudica a alma em uma época sempre prejudicará a alma, justamente devido ao fato de que a natureza humana não muda. Por exemplo, mentir e trapacear são desagradáveis ao Senhor e prejudiciais à alma e devem permanecer dessa forma para sempre. Assim, leis e orientação relacionadas a questões dessa natureza permanecem fixas e completamente aplicáveis até o Dia do Juízo. Atos rituais de adoração, que destacam a base do caráter humano, também não precisam mudar. Somente Deus sabe como Ele deve ser adorado e se Ele declarou esses atos como adequados e aceitáveis para Ele até o Dia do Juízo, ninguém pode dizer outra coisa. Ao descrever esses tipos de leis ou orientações, pode-se dizer que a lei islâmica é rígida, mas somente porque precisa ser rígida nesses pontos. De forma alguma isso afeta sua universalidade e praticalidade para todas as épocas e lugares.
Segundo, existem algumas questões prejudiciais que os humanos devem evitar. Elas também foram explícita e permanentemente proibidas. Álcool e intoxicantes, por exemplo, serão sempre prejudiciais para a humanidade. Vez ou outra os humanos podem encontrar algo benéfico sobre o álcool, como Deus também alude no Alcorão, mas no geral nenhuma sociedade pode argumentar acertadamente que o consumo de álcool é algo bom. Basta apenas considerar os custos sociais da bebida somente nos Estados Unidos. Muitas famílias são destruídas devido ao abuso do álcool. Dirigir sob sua influência do álcool é reconhecido como um perigo para a sociedade e, embora grandes passos tenham sido dados para controlar essa situação, várias pessoas ainda são mortas ou gravemente feridas devido ao álcool. Muitos alcoólicos não podem se manter em empregos e, assim, se tornaram dependentes do estado, colocando o fardo de seu cuidado sobre o restantes dos cidadãos. Quando se trata em questões dessa natureza, o Islã proíbe tal prática sempre, já que não existe nenhum argumento sério para que o álcool deva ser permitido. (Na verdade, pode-se argumentar que só é permitido hoje porque o custo de afastar as pessoas dessa “droga” viciante é proibitivo. Isso, na realidade, é apenas outro sinal de como o álcool é perigoso e prejudicial).
Terceiro, além disso, os humanos precisam apenas de algumas leis detalhadas, mas de muitos princípios gerais que lhes permitam orientar suas vidas em todas as épocas e lugares. Isso é exatamente o que a lei islâmica lhes fornece. Assim, Deus fornece leis detalhadas sobre que tipos de alimentos se pode comer, herança, que é lícito como cônjuge, relações internacionais e assim por diante. A partir dessas leis detalhadas, um sábio é capaz de extrair normas para muitas novas ocasiões. A partir dos princípios gerais, um sábio pode obter orientação para vários assuntos que não ocorreram durante a época do profeta.
Quarto, no campo de contratos sociais e negócios, por exemplo, o princípio geral é que tudo é permitido a menos que exista evidência em contrário. Assim, a lei islâmica de fato permite grande liberdade dentro de seu escopo. Nos negócios, por exemplo, o Islã proibiu os juros, transações excessivamente arriscadas, jogo, fraude, logro, venda ou compra de itens ilegais e coerção. Em geral, esses são aspectos prejudiciais que foram proibidos. Em outras palavras, a orientação é que quando novas formas de transações de negócio são desenvolvidas, como em tempos modernos, pode-se determinar quais são aceitáveis de acordo com as orientações islâmicas e quais não são. Assim, a lei islâmica provou ser viável por mais de 1.400 anos e, de acordo com a crença islâmica, continuará a ser viável até o Dia do Juízo. Dois homens de negócio podem elaborar qualquer tipo de contrato que desejarem, desde que os aspectos proibidos e prejudiciais básicos sejam evitados. Não é possível imaginar quantos tipos de transações são permissíveis sob a lei islâmica.
Finalmente, deve ser reconhecido que essa orientação completa e abrangente que permanecerá viável até o Dia do Juízo é uma grande bênção de Deus e é outro sinal de que os humanos devem se voltar para Deus para orientação. Os humanos por sua própria conta nunca seriam capazes de encontrar um estilo de vida adequado para toda época e lugar, sem falar em algo que seria bom por séculos ou milênios - embora os humanos tenham tentado se apegar ao que seguiam no passado. Sayyid Qutub destacou esse ponto de forma eloquente quando escreveu:
Quando um ser humano tenta construir um conceito metafísico ou um sistema de vida através de seus próprios esforços, esse conceito ou sistema não pode ser abrangente. Pode apenas ser parcialmente válido, bom para uma época e lugar, mas não para outras épocas e lugares, e apropriado para um conjunto de circunstâncias, mas não para outro. Além disso, mesmo lidando com um único problema, é incapaz de olhar para ele de todos os ângulos possíveis e de levar em consideração todas as consequências da solução proposta, uma vez que o mesmo problema se estende no tempo e no espaço e está conectado com precedentes e antecedentes além do escopo de observação e compreensão de seres humanos.
Concluímos, portanto, que nenhuma filosofia ou sistema de vida produzido pelo pensamento humano pode ter a característica de “abrangência”. No máximo, pode cobrir um segmento da vida humana e pode ser válido para um período temporário. Por causa de seu escopo limitado, é sempre deficiente em muitos aspectos e por causa de sua temporariedade está destinado a causar problemas que exigem modificações e mudanças na filosofia ou sistema de vida originais. Pessoas e nações que baseiam seus sistemas social, político e econômico em filosofias humanas são sempre confrontados com contradições e “dialetos”.[1]
É necessário apenas examinar um exemplo que foi muito debatido recentemente para entender como aplicar a orientação de Deus em todos os lugares e épocas é o melhor para a humanidade. A circuncisão é uma prática bem conhecida e estabelecida no Islã. Nas décadas passadas, médicos e cientistas – devido ao entendimento humano muito limitado sobre a realidade dos humanos como um todo – divergiam em relação à circuncisão. Uma década estavam a favor, enquanto que na próxima diziam que era inútil e prejudicial para a criança. Agora descobriram – ou pensam que descobriram, como talvez possam estar errados novamente – que a circuncisão é uma grande defesa contra o HIV e AIDS. Agora, correm para circuncisar muitos dos homens em partes diferentes na África.
Talvez, depois de muitos casos como esse, mais e mais humanos perceberão que existe orientação, completa e perfeita, que veio de Deus e que é exatamente o que todos os humanos precisam, independente de tempo e lugar.
A Orientação Completa e Suficiente Para Sempre
Em resumo, a orientação é completa e adequada para todas as épocas e lugares. É tudo que os muçulmanos precisam para felicidade nesse mundo e no outro. Não pode ser aperfeiçoada. Portanto, não precisa de adições, alterações ou deleções. Aqueles que pensam que podem melhorar o que Deus revelou são arrogantes no sentido mais puro e vão além do que jamais poderão alcançar. Por essa razão óbvia, o profeta fez alertas muito forte sobre inovações, heresias e mudanças na fé. Essas coisas não são necessárias e simplesmente removerão a beleza e perfeição do Islã. Assim, o profeta também disse:
“Os piores assuntos são os inventados. E toda inovação é um desvio.” (Saheeh Muslim)
Ele também disse:
“E todo desvio está no inferno.” (al-Nasaai)
O profeta também disse:
“Quem introduzir qualquer coisas nesses nossos assuntos (a religião) não pertence a ela e será rejeitado.” (Saheeh al-Bukhari e Saheeh Muslim)
Footnotes:
[1] Sayyid Qutb, The Islamic Concept and Its Characteristics (O Conceito Islâmico e Suas Características, em tradução livre)(American Trust Publications, 1991), pp. 85-86.
Adicione um comentário