Hinduísmo (parte 4 de 4): Mais diferenças entre o Islã e o Hinduísmo
Descrição: Viúvas, sati e o sistema de castas.
- Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
- Publicado em 09 Jun 2014
- Última modificação em 08 Jun 2014
- Impresso: 33
- 'Visualizado: 16,583 (média diária: 4)
- Classificado por: 0
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 0
Em nossa discussão sobre o status das mulheres no Hinduísmo, deve ser feita menção ao sati, a queima de mulheres na pira funerária do marido. O sati era predominante na antiga Índia, quando algumas mulheres consideravam uma grande honra morrer dessa forma. Por volta do século 10 o sati era conhecido em todo o subcontinente e continuou a ocorrer, com variações regionais, até o século 20. As esposas se auto imolavam para eliminar quaisquer pecados que o marido tivesse cometido. Esse é um ato voluntário. Entretanto, as viúvas ficavam sob grande pressão para fazê-lo e eram mal vistas se não seguissem o costume.
Ibn Batuta[1] (1333 A.D.) observou que o sati era considerado louvável pelos hindus, sem ser obrigatório. O Agni Purana[2] declara que a mulher que comete o sati vai para o paraíso. Entretanto, Medhatiti[3] pronunciou que o sati era como o suicídio e era contra os Shastras, o código hindu de conduta. Esse é outro exemplo de escrituras hindus aparentemente se contradizerem.
O império islâmico Mugal dos séculos 16 e 17 foi o primeiro a tentar banir oficialmente a prática de sati. A princípio as mulheres eram encorajadas a deixar a prática através da oferta de presentes e pensões para as viúvas. Foram colocados muitos obstáculos à prática, mas o sati continuou, particularmente fora das grandes cidades. Em 1663 foi emitida uma ordem que em todas as terras sob controle Mugal os governantes não deveriam, sob nenhuma circunstância, permitir que uma mulher fosse queimada. Apesar das tentativas de erradicá-la, a prática do sati continuou, especialmente durante os períodos de guerra e levantes. Infelizmente continuam a existir incidências isoladas do sati, apesar de ter sido oficialmente banido em 1829 e dos governos desde então terem continuado a considerar a prática como ilegal.
Mesmo sem a pressão do sati, geralmente as viúvas hindus enfrentam muitos tabus. Quanto mais alta for a casta, maiores são as restrições enfrentadas pela viúva. Quando um homem morre, espera-se que sua viúva renuncie a todos os prazeres terrenos. Ela não deve mais parecer atraente e espera-se que use um sari branco simples pelo resto da vida. Ao saber da morte do marido, espera-se que as viúvas quebrem seus braceletes e não podem mais usar joias ou sindhur - o pó vermelho usado pelas mulheres no cabelo a partir de suas testas para denotar seu status de casada. Espera-se que algumas cortem o cabelo ou até raspem a cabeça. Uma viúva do sul da Índia pode não ser capaz de usar uma blusa sob o sari.
Isso está em total contraste com o que o Islã diz sobre o tratamento de viúvas. O profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse que aqueles que cuidam das viúvas e dos pobres são como os que passam seus dias em jejum ou noites em oração.[4] As viúvas podem casar novamente e continuar a levar uma vida plena e completa após o período de luto de quatro meses e dez dias.
"Quanto àqueles, dentre vós, que falecerem e deixarem viúvas, estas deverão aguardar quatro meses e dez dias. Ao cumprirem o período prefixado, não sereis responsáveis por tudo quanto fizerem honestamente das suas pessoas, porque Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis." (Alcorão 2:234)
O sistema de castas existe em toda a Índia, apesar de ter sido oficialmente banido pelo governo secular em 1949. Ainda permeia a sociedade indiana afetando as pessoas direta e indiretamente. O sistema de castas é responsável pelo baixo status das mulheres no Hinduísmo e o atual nível de violência entre hindus e outras religiões, particularmente o Islã.
No começo, talvez por volta de 1000AC, cada hindu pertencia a uma das milhares de comunidades ou subcomunidades (Jats) que existiam na Índia. Essas comunidades eram originalmente definidas pela profissão da pessoa e eram organizadas em quatro castas sociais (Varna). Um quinto grupo chamado os "intocáveis" (dalits) ficava fora do sistema de castas. A casta de uma pessoa determinava o tipo de trabalho ou profissões entre as quais podia escolher. Os casamentos normalmente ocorriam dentro da mesma casta ou subcasta. Tipicamente os pais passavam suas profissões para seus filhos.
Originalmente as pessoas podiam mudar de uma casta para outra. Entretanto, em algum momento no passado (estimativas variam de aproximadamente 500 antes da Era Comum a 500 da Era Comum) o sistema se tornou rígido, de modo que as pessoas viviam e morriam no mesmo grupo, sem possibilidade de ascensão. "O sistema de castas divide a sociedade em uma multitude de pequenas comunidades, porque cada casta e quase toda unidade local de uma casta, tem seus próprios costumes peculiares e regulamentações internas." [5]
O Rigveda, uma coletânea de hinos antigos vedas em sânscrito dedicada aos deuses, definiu quatro castas como, em ordem descendente: brâmanes (os sacerdotes e acadêmicos), kshatriyas (governantes, militares), Vaishyas (fazendeiros, agricultores e mercadores) e os sudras (camponeses, servos e trabalhadores em empregos não contaminantes). Os intocáveis, que não são nem considerados parte do sistema de castas, trabalham no que são considerados empregos contaminantes e são intocáveis pelas quatro castas. Em algumas áreas do país até um contato com a sombra de um intocável é considerado contaminante.
Hoje em dia praticar a intocabilidade ou discriminar uma pessoa por causa de sua casta é ilegal. Devido aos avisos repetidos impostos pelo governo e à educação, o sistema de castas perdeu muito de seu poder nas áreas urbanas. Entretanto, a tradição se mantém inalterada em algumas regiões rurais. O governo secular da Índia instituiu discriminação positiva para ajudar os intocáveis e as castas mais baixas.
Muitos intocáveis se converteram ao Islã recentemente. Isso geralmente foi motivado pelo desejo de escapar do sistema de castas. O Islã não é baseado em raça, nacionalidade, localidade, ocupação ou laços familiares. Os muçulmanos são unidos pela fé e irmandade. O Islã entende que tudo que acontece em uma parte da comunidade afetará a todos e, assim, a igualdade é nutrida e encorajada. Em seu sermão final, o profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse: "Saiba que todo muçulmano é o irmão de outro muçulmano. Todos vocês são iguais. Ninguém é superior ao outro, exceto pela piedade e boas ações."
De acordo com o Evangelho para a Ásia, os intocáveis sentem que: "A única maneira de o nosso povo se libertar de 3.000 anos de escravidão é deixar o Hinduísmo e (o sistema de castas) e abraçar outra fé." Isso gerou muita raiva e até casos de violência e morte, direcionadas a outras religiões, particularmente o Islã.
O Hinduísmo e o Islã diferem nos conceitos mais básicos. Discutimos algumas dessas diferenças óbvias, inclusive a crença no Deus Único em oposição à crença em uma variedade de deuses, e as diferenças entre o status das mulheres no Islã e no Hinduísmo.
Adicione um comentário