A História de Abraão (parte 1 de 7): Introdução

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Descrição: Uma introdução à pessoa de Abraão e à posição elevada que detém no Judaísmo, Cristianismo e Islã.

  • Por IslamReligion.com
  • Publicado em 09 Nov 2009
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The_Story_of_Abraham_(part_1_of_7)_PT_001.jpgUm dos profetas que recebe mais atenção no Alcorão é o profeta Abraão.  O Alcorão fala dele e de sua inabalável crença em Deus, que primeiro o levou a rejeitar seu povo e sua idolatria e que mais tarde se provou verdadeira através dos vários testes que Deus colocou diante dele.

No Islã Abraão é visto como um monoteísta estrito que chama seu povo para a adoração de Deus somente.  Por essa crença ele suporta grandes dificuldades, inclusive se dissociando de sua família e povo através da migração para várias terras.  Ele cumpriu vários mandamentos de Deus com os quais foi testado.

Devido a essa força de fé o Alcorão nomeia a única religião verdadeira como o “Caminho de Abraão”, apesar dos profetas antes dele, como Noé, chamarem para a mesma fé.  Por causa de seu incansável ato de obediência a Deus, Ele lhe deu um título especial de “Khalil”, ou servo amado, que não foi dado a nenhum outro profeta antes.  Devido a excelência de Abraão, Deus fez profetas de sua descendência, dentre eles Ismael, Isaque, Jacó (Israel) e Moisés, que guiaram seu povo para a verdade.

O status elevado de Abraão é compartilhado pelo Judaísmo, Cristianismo e Islã.  Os judeus o vêem como o epítome da virtude uma vez que cumpriu os mandamentos antes de serem revelados, e foi o primeiro a se dar conta do Único e Verdadeiro Deus.  É visto como o pai da raça escolhida, o pai dos profetas através dos quais Deus começou Sua série de revelações.  No Cristianismo é visto como o pai de todos os crentes (Romanos 4:11) e sua confiança em Deus e sacrifício são tomados como um modelo para os santos posteriores (Hebreus 11).

Uma vez que Abraão tem tamanha importância, vale à pena estudar sua vida e investigar aqueles aspectos que o elevaram ao nível que Deus lhe deu.

Embora o Alcorão e a Sunnah não dêem os detalhes de toda a vida de Abraão, eles mencionam certos fatos dignos de nota.  Como acontece com outras figuras corânicas e bíblicas, o Alcorão e a Sunnah detalham aspectos de suas vidas como esclarecimento de algumas crenças desencaminhadas de religiões previamente reveladas, ou aqueles aspectos que contém certos lemas e morais dignos de nota e ênfase.

Seu Nome

No Alcorão, o único nome dado a Abraão é “Ibrahim” e “Ibraham”, todos compartilhando a raiz original b-r-h-m. Embora na Bíblia Abraão seja conhecido a princípio como Abrão e seja dito que Deus mudou seu nome para Abraão, o Alcorão mantém silêncio sobre esse assunto, sem afirmá-lo ou negá-lo.   Estudiosos judaico-cristãos modernos duvidam, entretanto, da história da mudança de seu nome e seus respectivos significados, chamando-a de “anedota popular”.  Assiriólogos sugerem que a letra hebraica Hê (h), no dialeto mineano, é escrita no lugar do ‘a’ longo (ā) e que a diferença entre Abraão e Abrão é meramente dialética.[1] O mesmo pode ser dito dos nomes Sarai e Sara, uma vez que seus significados também são idênticos.[2]

Sua Terra Natal

Estima-se que Abraão nasceu 2.166 anos antes de Jesus na cidade mesopotâmia[3] de Ur[4] ou nos seus arredores, 322 km a sudeste da atual Bagdá[5].  Seu pai era ‘Aazar’, ‘Terá’ ou ‘Terakh’ na Bíblia, um idólatra, que descendia de Sem, o filho de Noé.  Alguns estudiosos de exegese sugerem que ele pode ter recebido o nome de Azar por causa de um ídolo do qual era devoto.[6] É provável que tenha sido um acadiano, um povo semita da Península Árabe que se estabeleceu na Mesopotâmia em algum momento do terceiro milênio AEC.

Parece que Azar migrou junto com alguns de seus parentes para a cidade de Haran durante a infância de Abraão antes do confronto com seu povo, embora algumas tradições[7] judaico-cristãs digam que isso ocorreu em um período posterior em sua vida, depois de ele ser rejeitado em sua cidade natal.  Na Bíblia é dito que Haran, um dos irmãos de Abraão, morreu em Ur, “na terra de sua natividade” (Gênesis 11:28), mas ele era muito mais velho que Abraão, uma vez que seu outro irmão Nahor toma a filha de Haran como sua esposa (Gênesis 11:29).  A Bíblia também não menciona a migração de Abraão para Haran e o primeiro comando para migrar é para sair de Haran, como se tivessem se estabelecido lá antes (Gênesis 12:1-5).  Se tomarmos o primeiro mandamento como sendo a emigração de Ur para Canaã, parece não haver razão para que Abraão morasse com sua família em Haran, deixando seu pai lá e prosseguindo para Canaã depois, sem mencionar a improbabilidade geográfica [Ver mapa].

O Alcorão menciona a migração de Abraão, mas o faz depois de Abraão se dissociar de seu pai e tribo devido a sua descrença.  Se ele estivesse em Ur naquela época, parece improvável que seu pai fosse com ele para Haran depois de descrer nele e torturá-lo com seu povo.  Com relação ao motivo pelo qual escolher migrar, evidência arqueológica sugere que Ur era uma grande cidade que viu seu apogeu e declínio durante o tempo de vida de Abraão[8], e pode ser que tenham sido forçados a partir devido a dificuldades ambientais.  Podem ter escolhido Haran devido ao fato de compartilharem a mesma religião que em Ur[9].

The_Story_of_Abraham_(part_1_of_7)_PT_002.jpg

A Religião da Mesopotâmia

Descobertas arqueológicas da época de Abraão traçam um retrato vívido da vida religiosa da Mesopotâmia.  Seus habitantes eram politeístas que acreditavam em um panteão, no qual cada deus tinha uma esfera de influência.  O grande templo dedicado ao deus lua acadiano[10], Sin, era o centro principal de Ur.  Haran também tinha a lua como figura divina central.  Acreditava-se que esse templo era o lar físico de Deus.  O deus principal do templo era um ídolo de madeira com ídolos adicionais, ou ‘deuses’, para servi-lo.

The_Story_of_Abraham_(part_1_of_7)_PT_003.jpg

O Grande Zigurat de Ur, o templo do deus lua Nanna, também conhecido como Sin.  Tirada em 2004, a fotografia é cortesia de Lasse Jensen.

Conhecimento de Deus

Embora os estudiosos judaico-cristãos difiram em relação a quando Abraão veio a conhecer Deus, se na idade de três, dez ou quarenta e oito[11], o Alcorão não menciona a idade exata na qual Abraão recebeu sua primeira revelação.  Parece, entretanto, que foi quando ele era jovem, já que o Alcorão o chama de rapaz quando seu povo tenta executá-lo por rejeitar seus ídolos e o próprio Abraão disse ter conhecimento não disponível para seu pai quando o chamou para adorar somente a Deus antes de seu chamado para se separar de seu povo (19:43).  O Alcorão é claro, entretanto, em dizer que ele era um dos profetas para quem a escritura foi revelada:

“Em verdade, isto se acha nos Livros primitivos,  Nos Livros de Abraão e de Moisés.” (Alcorão 87:18-19)



Footnotes:

[1] Abraham (Abraão). Enciclopédia Católica, Volume I. Copyright © 1907 Robert Appleton Company. Edição Online Copyright © 2003 K. Knight Nihil Obstat, 1 de Março, 1907. Remy Lafort, S.T.D., Censor. Imprimatur. +John Cardinal Farley, Arcebispo de Nova Iorque. (http://www.newadvent.org/cathen/01051a.htm)

[2] Sarah.  Enciclopédia Católica, Volume I. Copyright © 1907 Robert Appleton Company. Edição Online Copyright © 2003 K. Knight Nihil Obstat, March 1, 1907. Remy Lafort, S.T.D., Censor. Imprimatur. +John Cardinal Farley, Arcebispo de Nova Iorque.) (Abraham. Charles J. Mendelsohn, Kaufmann Kohler, Richard Gottheil, Crawford Howell Toy. Enciclopédia Judaica.

[3] Mesopotâmia: Uma antiga região do sudeste da Ásia entre os rios Tigre e Eufrates onde é hoje o Iraque. Provavelmente se estabeleceu antes de 5000 A.C., a área foi o lar de várias civilizações primitivas, incluindo os sumérios, acadianos, babilônios e os assírios.” (The American Heritage® Dictionary of the English Language, Quarta Edição Copyright © 2000 Houghton Mifflin Company.)

[4] O ancestral do povo hebreu, Abrão, como nos é dito, nasceu em “Ur dos caldeus.” “Caldeus” é uma má tradução do hebraico Kasdim. Kasdim é o nome dos babilônios no Velho Testamento, enquanto que os caldeus eram uma tribo que vivia na costa do Golfo Pérsico, e não fez parte da população babilônica até o tempo de Exéquias. Ur era uma das mais antigas e famosas cidades babilônicas. Seu local agora se chama Mugheir, ou Mugaiar, na margem ocidental do Eufrates, no sul da Babilônia. (Dicionário Bíblico de Easton de 1897). Alguns estudiosos judaico-cristãos dizem que “Ur-Kasdim” mencionada na Bíblia não é Ur, mas a cidade de Ur-Kesh, localizada no norte da Mesopotâmia e próxima de Haran (From Abraham to Joseph - The historical reality of the Patriarchal age (De Abraão a José – a realidade histórica do período patriarcal, em traduçãolivre)). Claus Fentz Krogh. (http://www.genesispatriarchs.dk/patriarchs/abraham/abraham_eng.htm).

[5] Ibn Asakir, um famoso estudioso e historiador muçulmano, também autenticou essa opinião e disse que ele nasceu na Babilônia. Ver “Qisas al-Anbiyaa” ibn Katheer.

[6] Histórias dos Profetas, ibn Katheer. Darussalam Publications.

[7] Uma vez que são poucos os detalhes sobre a vida de Abraão na Bíblia, muito do que comumente se acredita sobre Abraão vêm de várias tradições judaico-cristãs, coletadas no Talmude e outros escritos rabínicos. Muito do que é mencionado na Bíblia assim como em outras tradições são consideradas lendas entre os estudiosos judaico-cristãos, muitas das quais não podem ser fundamentadas. (Abraham (Abraão). Enciclopédia Católica, Volume I. Copyright © 1907 Robert Appleton Company. Edição Online Copyright © 2003 K. Knight Nihil Obstat, 1 de Março, 1907. Remy Lafort, S.T.D., Censor. Imprimatur. +John Cardinal Farley, Arcebispo de Nova Iorque.) (Abraham (Abraão). Charles J. Mendelsohn, Kaufmann Kohler, Richard Gottheil, Crawford Howell Toy. Enciclopédia Judaica. (http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=360&letter=A#881)

[8] (http://www.myfortress.org/archaeology.html)

[9] (http://www.myfortress.org/archaeology.html)

[10] Acádia: “Uma região antiga da Mesopotâmica que ocupava o norte da Babilônia.” (The American Heritage® Dictionary of the English Language, Quarta Edição
Copyright © 2000 Houghton Mifflin Company.)

[11] Gen R. xxx. Abraham. Charles J. Mendelsohn, Kaufmann Kohler, Richard Gottheil, Crawford Howell Toy. Enciclopédia Judaica. (http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=360&letter=A#881).

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