Estudiosos Cristãos Reconhecem Contradições na Bíblia (parte 5 de 7): Começando a Ser um Pouco Mais Honesto
Descrição: Algumas traduções mais recentes da Bíblia estão agora começando a mencionar as contradições e dúvidas das passagens.
- Por Misha’al ibn Abdullah (retirado do livro: What Did Jesus Really Say?(O que Jesus Realmente Disse?
- Publicado em 06 Sep 2010
- Última modificação em 05 Sep 2010
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Bem, de onde todas essas Bíblias vêm e por que a dificuldade em definir qual é realmente a palavra “inspirada” de Deus? Elas vêm de “manuscritos antigos” (também conhecidos como MSS). O mundo cristão hoje apresenta um excesso de 24.000 “manuscritos antigos” da Bíblia todos datando do século quatro depois de Cristo (mas não da época de Cristo ou dos apóstolos). Em outras palavras, temos conosco evangelhos que datam do século em que os trinitaristas assumiram o controle da Igreja Cristã. Todos os manuscritos anteriores a esse período estranhamente pereceram. Todas as Bíblias em existência hoje são compiladas desses “manuscritos antigos”. Qualquer estudioso da Bíblia nos dirá que não existem dois manuscritos exatamente idênticos.
As pessoas hoje geralmente acreditam de só existe UMA Bíblia e UMA versão de qualquer verso da Bíblia. Isso está longe de ser verdade. Todas as Bíblias em nossas mãos hoje (como a do Rei Jaime, NVI, etc.) são o resultado de um extenso recortar e colar desses vários manuscritos sem nenhum deles atuando como a referência definitiva. São casos incontáveis em que um parágrafo aparece em um “manuscrito antigo”, mas não aparece em muitos outros. Por exemplo, Marcos 16: 8-20 (doze versos inteiros) não aparece nos manuscritos mais antigos disponíveis hoje (como o manuscrito sinaítico, o Vaticano 1209 e a versão armênia), mas aparece em “manuscritos antigos” mais recentes. Também existem muitos casos documentados em que até as localizações geográficas são completamente diferentes de um manuscrito antigo para outro. Por exemplo, no “manuscrito pentateuco samaritano”, o Deuteronômio 27:4 fala de “monte Gerizim”, enquanto que o “manuscrito hebreu” o mesmo verso fala de “monte Ebal.” De Deuteronômio 27: 12-13 podemos ver que esses são dois locais totalmente diferentes. Da mesma forma, Lucas 4:44 em alguns “manuscritos antigos” menciona “sinagogas da Judéia”, enquanto que em outros menciona “sinagogas da Galiléia.” Essas são apenas amostras. Seria necessário um livro para uma lista abrangente.
Existem inúmeros exemplos na Bíblia em que versos de natureza questionável são incluídos no texto sem qualquer aviso ao leitor de que muitos estudiosos e tradutores fazem sérias reservas em relação às suas autenticidades. A Bíblia do Rei Jaime (também conhecida como “Versão Autorizada”), a única nas mãos da maioria da Cristandade hoje, é uma das mais notórias a esse respeito. Não dá ao leitor nenhuma pista quanto à natureza questionável desses versos. Entretanto, traduções mais recentes da Bíblia estão agora começando a ser um pouco mais honestas e acessíveis a esse respeito. Por exemplo, a Nova Versão Revisada da Bíblia, da Oxford Press, adotou um sistema extremamente sutil de colocação de parênteses duplos ([[ ]]) nos exemplos mais evidentes desses versos questionáveis. É altamente improvável que o leitor casual perceba a verdadeira função desses parênteses. Estão lá para dizer ao leitor informado que os versos marcados são de uma natureza altamente questionável. Alguns exemplos são a história da “mulher tomada em adultério” em João 8:1-11, Marcos 16:9-20 (ressurreição e retorno de Jesus) e Lucas 23:34 (que, muito interessantemente, está lá para confirmar a profecia de Isaías 53:12)... e assim por diante.
Por exemplo, com relação a João 8:1-11, os comentadores dessa Bíblia dizem em letras muito pequenas no rodapé:
“As autoridades mais antigas não têm 7.53-8.11; outras autoridades acrescentam a passagem depois de 7.36 ou depois de 21.25 ou depois de Lucas 21.38 com variações de texto; algumas marcam o texto como duvidoso.”
Com relação a Marcos 16:9-20, nos é dada, estranhamente, a escolha de como gostaríamos que o Evangelho de Marcos terminasse. Os comentadores forneceram um “final curto” e um “final longo”. Então, nos é dada uma escolha do que preferimos que seja a “palavra inspirada de Deus.” Mais uma vez, no fim desse evangelho em letras muito pequenas, os comentadores dizem:
“Algumas das autoridades mais antigas terminam o livro no fim do verso 8. Uma autoridade conclui o livro com um final mais curto; outras incluem o final mais curto e então continuam com os versos 9-20. Na maioria das autoridades, os versos 9-20 seguem imediatamente o verso 8, embora em algumas dessas autoridades a passagem esteja marcada como duvidosa.”
O Comentário de Peake sobre a Bíblia registra:
“Agora é geralmente aceito que 9-20 não são uma parte original de Marcos. Não são encontrados nos MSS mais antigos e, de fato, aparentemente não estavam nas cópias usadas por Mateus e Lucas. Um manuscrito armênio do século 10 atribui a passagem a Aristion, o presbítero mencionado por Papias (ap. Eus. HE III, xxxix, 15).
“De fato, uma tradução armênia de São Marcos foi descoberta muito recentemente, na qual os últimos doze versos de São Marcos são atribuídos a Aristion, conhecido como um dos primeiros dos fundadores da Igreja Cristã; e é muito possível que essa tradição esteja correta.”
“Our Bible and the Ancient Manuscripts,” (“Nossa Bíblia e os Manuscritos Antigos”), F. Kenyon, Eyre and Spottiswoode, pp. 7-8
Nesse ponto esses versos estão destacados como tendo sido narrados de forma diferente em diferentes “autoridades”. Por exemplo, é dito pelos comentadores que o verso 14 teve as seguintes palavras acrescentadas em algumas “autoridades antigas”:
“e se justificaram dizendo ‘Essa época sem lei e descrente está sob Satanás, que não permite que a verdade e o poder de Deus prevaleçam sobre as coisas impuras dos espíritos. Assim, revelem sua retidão agora” falaram para Cristo e Cristo lhes respondeu “O termo dos anos do poder de Satanás foi cumprido, mas outras coisas terríveis se aproximam. E por aqueles que pecaram fui entregue para a morte, para que possam retornar à verdade e não pequem mais, para que possam herdar a glória espiritual e imperecível da virtude que está no paraíso.”
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