O Primeiro Pilar do Islã: A Profissão Islâmica de Fé
Descrição: Uma introdução ao primeiro pilar do Islã: a Profissão Islâmica de Fé, ou a shahada, de que ninguém merece adoração exceto Deus, e Muhammad é o Mensageiro de Deus, e os vários significados que ela contém.
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- Publicado em 12 Jan 2009
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Todos os muçulmanos praticantes aceitam a crença nos ‘Seis Artigos de Fé’, e são obrigados a seguir os ‘Cinco Pilares.’ Eles são:
1. Profissão islâmica de fé ou shahada.
2. Oração ritual ou salah.
3. Caridade Obrigatória ou zakah.
4. Jejum ou sawm.
5. Peregrinação ou hajj.
O Primeiro Pilar
Profissão Islâmica de Fé
A Shahada é a profissão islâmica de fé e o primeiro dos ‘Cinco Pilares’ do Islã. A palavra shahada em árabe significa ‘testemunho.’ A shahada é testemunhar duas coisas:
(a) Nada merece adoração exceto Deus (Allah).
(b) Muhammad é o Mensageiro de Deus (Allah).
Um muçulmano é simplesmente alguém que testemunha e testifica que “nada merece adoração exceto Deus e Muhammad é o mensageiro de Deus.” Uma pessoa se torna muçulmana simplesmente fazendo essa declaração.
Ela deve ser recitada por todo muçulmano pelo menos uma vez na vida com entendimento completo de seu significado e com aceitação do coração. Os muçulmanos dizem isso quando acordam pela manhã, e antes de irem dormir à noite. É repetida cinco vezes na chamada para a oração em toda mesquita. Uma pessoa que pronuncia a shahada como suas últimas palavras nessa vida tem a promessa do Paraíso.
Muitas pessoas ignorantes do Islã têm noções deturpadas sobre Allah, usado pelos muçulmanos para denotar Deus. Allah é o nome própriopara Deus em árabe, assim com “Elah”, ou mais freqüentemente “Elohim”, é o nome próprio para Deus em aramaico mencionado no Velho Testamento. Allah também é Seu nome pessoal no Islã, assim como “YHWH” é Seu nome pessoal no Judaísmo. Entretanto, em vez da denotação hebraica específica de “YHWH” como “Aquele Que É”, em árabe Allah denota o aspecto de ser “A Única Verdadeira Divindade merecedora de toda adoração”. Os judeus e cristãos que falam árabe também se referem ao Ser Supremo como Allah.
(a) Nada merece adoração exceto Deus (Allah).
A primeira parte desse testemunho afirma que Deus tem o direito exclusivo de ser adorado interiormente e exteriormente, com o seu coração e ações. Na doutrina islâmica, não apenas ninguém pode ser adorado aparte Dele, mas absolutamente ninguém pode ser adorado com Ele. Ele não tem parceiros ou associados na adoração. Adoração, em seu sentido abrangente e em todos os aspectos, é para Ele apenas. O direito de Deus de ser adorado é o significado fundamental do testemunho de fé do Islã:Lā ‘ilāha ‘illā llāh. Uma pessoa se torna muçulmana ao testemunhar o direito divino à adoração. É o ponto central da crença islâmica em Deus, e até de todo o Islã. Foi a mensagem central de todos os profetas e mensageiros enviados por Deus – a mensagem de Abraão, Isaque, Ismael, Moisés, os profetas hebreus, Jesus e Muhammad, que Deus os exalte. Por exemplo, Moisés declarou:
“Ouça, Ó Israel; O Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Deuteronômio 6:4)
Jesus repetiu a mesma mensagem 1.500 anos depois quando disse:
“O primeiro de todos os mandamentos é, ‘Ouça, Ó Israel; O Senhor nosso Deus é o único Senhor.’” (Marcos 12:29)
...e relembrou Satanás:
“Afaste-te de mim, Satanás! Porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto.” (Mateus 4:10)
Finalmente, o chamado de Muhammad 600 anos depois de Jesus reverberou através dos vales de Meca: não existe deus exceto Ele.” (Alcorão 2:163). Todos eles declararam claramente:
“Adorai a Deus! Não tendes outro deus exceto Ele.” (Alcorão 7:59, 60, 73, 85; 11: 50, 61; 84; 23,32)
Mas por um mero testemunho verbal apenas, ninguém se torna um muçulmano completo. Para se tornar um muçulmano completo é necessário executar na prática a instrução dada pelo Profeta Muhammad como ordenado por Deus. Isso nos leva à segunda parte do testemunho.
(b) Muhammad é o Mensageiro de Deus (Allah).
Muhammad nasceu em Meca, na Arábia, no ano de 570 EC. Seus ancestrais remontam a Ismael, um filho do Profeta Abraão. A segunda parte da confissão de fé afirma que ele não é apenas um profeta, mas também um mensageiro de Deus, um papel mais elevado também desempenhado por Moisés e Jesus antes dele. Como todos os profetas antes dele, ele foi um ser humano, mas escolhido por Deus para transmitir Sua mensagem para toda a humanidade ao invés de uma tribo ou nação dentre muitas que existem. Para os muçulmanos, Muhammad trouxe a última, a revelação final. Ao aceitar Muhammad como o “último dos profetas,” eles acreditam que sua profecia confirma e completa todas as mensagens reveladas, começando com a de Adão. Além disso, Muhammad serve como modelo proeminente através do exemplo de sua vida. O esforço do crente para seguir o exemplo de Muhammad reflete a ênfase do Islã na prática e ação.
O Segundo Pilar do Islã: A Oração
Descrição: Uma introdução ao Segundo Pilar do Islã: a Oração Ritual, suas dimensões espirituais, o Adhan (a ‘Chamada para Oração’), e a Oração de Sexta-Feira (Jumuah).
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- Publicado em 02 Feb 2009
- Última modificação em 09 Feb 2009
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Salah é a oração ritual diária ordenada a todos os muçulmanos como um dos cinco Pilares do Islã. É realizada cinco vezes por dia por todos os muçulmanos. Salah é uma adoração precisa, diferente de orar sobre a inspiração do momento. Os muçulmanos oram ou, talvez mais corretamente, adoram cinco vezes ao longo do dia:
·Entre a primeira luz do dia e o nascer do sol.
·Após o sol ter passado da metade do céu.
·Entre o meio da tarde e o pôr do sol.
·Entre o pôr do sol e a última luz do dia.
·Entre a escuridão e a meia-noite.
Cada oração pode levar pelo menos 5 minutos, mas pode ser estendida como a pessoa desejar. Os muçulmanos podem orar em qualquer ambiente limpo, sozinhos ou juntos, em uma mesquita ou em casa, no trabalho ou na estrada, em locais fechados ou abertos. Sob circunstâncias especiais, como doença, viagem, ou guerra, são feitas certas concessões nas orações para facilitar o seu cumprimento.
Ter horários específicos todos os dias para estarem próximos de Deus ajuda os muçulmanos a se manterem conscientes da importância de sua fé, e o papel que ela desempenha em cada parte da vida. Os muçulmanos começam o seu dia se lavando e então se apresentam perante o seu Senhor em oração. As orações consistem de recitações do Alcorão em árabe e uma seqüência de movimentos: ficar de pé, curvar, prostrar e sentar. Todas as recitações e movimentos expressam submissão, humildade e reverência a Deus. As várias posturas que os muçulmanos assumem durante suas orações capturam o espírito da submissão; as palavras relembram de seus compromissos com Deus. A oração também relembra da crença no Dia do Juízo e do fato de que ninguém comparecerá perante seu Criador sem prestar contas de sua vida inteira. Assim é como um muçulmano começa o seu dia. No curso do dia, os muçulmanos se desassociam dos seus envolvimentos mundanos por uns poucos momentos e comparecem perante Deus. Isso traz à mente mais uma vez o propósito real da vida.
Essas orações servem como um lembrete constante ao longo do dia para ajudar os crentes a estarem conscientes de Deus em seu esforço de trabalho diário, familiar e nas distrações da vida. A oração fortalece a fé, a dependência em Deus e coloca a vida diária dentro da perspectiva de vida que virá depois da morte e do último julgamento. Enquanto se preparam para orar, os muçulmanos se voltam para Meca, a cidade sagrada onde fica a Caaba (o antigo local de adoração construído por Abraão e seu filho Ismael). No final da oração, a shahada (testemunho de fé) é recitada, e a saudação de paz, “Que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre todos vocês,” é repetida duas vezes.
Embora a realização individual do salah seja permitida, a adoração coletiva na mesquita tem mérito especial e os muçulmanos são encorajados a realizar certos salah com outros. Com suas faces voltadas na direção da Caaba em Meca, os adoradores se alinham em fileiras paralelas atrás do imame, ou líder da oração, que os direciona enquanto eles executam as posturas físicas associadas com as recitações corânicas. Em muitos países islâmicos, a “chamada para oração,” ou ‘Adhan,’ ecoa sobre os tetos das construções. Auxiliado por um auto falante o muezzin chama:
Allahu Akbar (Deus é o maior),
Allahu Akbar (Deus é o maior),
Allahu Akbar (Deus é o maior),
Allahu Akbar (Deus é o maior),
Ash-hadu an-laa ilaaha ill-Allah (Eu testemunho que ninguém merece adoração exceto Deus).
Ash-hadu an-laa ilaaha ill-Allah (Eu testemunho que ninguém merece adoração exceto Deus).
Ash-hadu anna Muhammad-ar-Rasool-ullah (Eu testemunho que Muhammad é o mensageiro de Deus).
Ash-hadu anna Muhammad-ar-Rasool-ullah (Eu testemunho que Muhammad é o mensageiro de Deus).
Hayya ‘alas-Salah (Venha para a oração!)
Hayya ‘alas-Salah (Venha para a oração!)
Hayya ‘alal-Falah (Venha para a prosperidade!)
Hayya ‘alal-Falah (Venha para a prosperidade!)
Allahu Akbar (Deus é o maior),
Allahu Akbar (Deus é o maior),
La ilaaha ill-Allah (Ninguém merece adoração exceto Deus).
Sexta-feira é o dia da semana para adoração comunitária no Islã. A Oração de Sexta-Feira em congregação é o serviço mais importante. A Oração de Sexta-Feira é marcada pelas seguintes características:
·Coincide com o mesmo horário da oração do meio-dia que substitui.
·Deve ser realizada em uma congregação que tem um líder para a oração, um ‘Imame.’ Não pode ser oferecida individualmente. Os muçulmanos no Ocidente tentam organizar seus horários para terem tempo de comparecer à oração.
·Ao contrário de um dia de descanso como o Sabbath, a Sexta-Feira é um dia de devoção e adoração extra. É permitido ao muçulmano trabalhar normalmente na Sexta-Feira como em qualquer outro dia da semana. Eles podem seguir com suas atividades habituais, mas devem interrompê-las para a oração de Sexta-Feira. Depois que a adoração termina, eles podem retomar suas atividades mundanas.
·Tipicamente, a Oração de Sexta-Feira é realizada em uma mesquita, se disponível. Eventualmente, devido à ausência de uma mesquita, ela pode ser oferecida em um local alugado, parque, etc.
·Quando o horário da oração começa, o Adhan é pronunciado. O imame se levanta voltado para a audiência e faz o seu sermão (conhecido em árabe como khutba), uma parte essencial do serviço do qual o comparecimento é requerido. Enquanto o imame fala, todos os presentes ouvem o sermão em silêncio até o fim. A maioria dos imames no Ocidente faz o sermão no idioma local, mas alguns o fazem em árabe. Aqueles que o fazem em árabe geralmente fazem um breve discurso no idioma local antes do serviço.
·Existem dois sermões, um que se distingüe do outro por uma breve sentada do imame. O sermão é iniciado com palavras de louvor a Deus e orações por bênçãos para o Profeta Muhammad, que Deus o exalte.
·Após o sermão, a oração é oferecida sob a liderança do imame que recita a Fatiha e outra passagem corânica em voz audível. Quando isso é feito, a oração está completa.
Orações congregacionais especiais, maiores, que incluem um sermão, também são oferecidas no fim da manhã em dois dias de festa. Um delas é imediatamente após o mês de jejum, Ramadã, e o outro após a peregrinação, ou hajj.
Embora não seja obrigatório, orações devocionais individuais, especialmente durante a noite, são enfatizadas e constituem uma prática comum entre os muçulmanos devotos.
O Terceiro Pilar do Islã: Caridade Compulsória
Descrição: Uma introdução ao terceiro pilar do Islã, a caridade compulsória ou zakat, as dimensões espirituais do zakat e caridade, e como o Islã vê o dinheiro em geral.
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- Publicado em 09 Feb 2009
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A caridade não é apenas recomendada pelo Islã, mas é requerida de todo muçulmano financeiramente estável. Dar caridade àqueles que a merecem é parte do caráter do muçulmano e um dos Cinco Pilares da prática islâmica. O Zakat é visto como “caridade compulsória”; é uma obrigação daqueles que receberam sua riqueza de Deus responder aos membros necessitados da comunidade. Desprovidas de sentimentos de amor universal, algumas pessoas só sabem acumular fortuna e aumentá-la emprestando com juros. Os ensinamentos do Islã são a verdadeira antítese dessa atitude. O Islã encoraja o compartilhamento da riqueza com outros e ajuda as pessoas a se estabelecerem e serem membros produtivos da sociedade.
Em árabe é conhecido como zakat, que literalmente significa “purificação”, porque se considera que o zakat purifica o coração da ganância. O amor pela riqueza é natural e é preciso uma crença firme em Deus para uma pessoa se desfazer de parte de sua riqueza. O Zakat deve ser pago sobre categorias diferentes de propriedade – ouro, prata, dinheiro; gado, produção agrícola; e mercadorias – é pagável a cada ano após um ano de posse (dos bens). Requer uma contribuição anual de 2,5% dos bens e fortuna do indivíduo.
Como a oração, que é tanto uma responsabilidade individual quanto comunitária, o zakat expressa a adoração e agradecimento do muçulmano a Deus, ao ajudar os necessitados. No Islã, o verdadeiro proprietário das coisas não é o homem, mas Deus. A aquisição de riquezas como um fim, ou para aumentar o valor de um homem, é condenada. A mera aquisição de riqueza não conta nada aos olhos de Deus. Não dá ao homem qualquer mérito nessa vida ou na vida futura. O Islã ensina que as pessoas devem adquirir riqueza com a intenção de gastá-la em suas próprias necessidades e nas necessidades de outros.
“‘O homem’, disse o Profeta, ‘diz: Minha riqueza! Minha riqueza!’ Vocês não têm mais riqueza, exceto a que dão como caridade e, assim, preserva, gasta e destroça, come e consome?”
Todo o conceito de riqueza é considerado como um presente de Deus no Islã. Deus, que a provê para a pessoa, destinou uma porção dela para o pobre, e assim o pobre tem direito sobre essa riqueza. O Zakat relembra os muçulmanos que tudo que eles têm pertence a Deus. As pessoas recebem suas fortunas como uma custódia de Deus, e o zakat tem a finalidade de livrar os muçulmanos do amor pelo dinheiro. O dinheiro pago no zakat não é algo que Deus precise ou receba. Ele está acima de qualquer tipo de dependência. Deus, em Sua misericórdia infinita, promete recompensas pela ajuda aos necessitados com a condição básica de que o zakat seja pago em nome de Deus; ninguém deve esperar ou exigir ganhos mundanos dos beneficiários nem ter como objetivo fazer nome como filantropo. Os sentimentos de um beneficiário não devem ser feridos fazendo-o se sentir inferior ou relembrando-o da ajuda.
O dinheiro dado como zakat só pode ser usado em certas coisas específicas. A Lei Islâmica estipula que a caridade seja usada para ajudar os pobres, órfãos e viúvas, para libertar escravos e devedores, e outros necessitados, como mencionado especificamente no Alcorão (9:60). O Zakat, que se desenvolveu há quatorze séculos, funciona como uma forma de seguridade social na sociedade muçulmana.
As escrituras judaica e cristã não louvam a libertação de escravos equiparando-a a adoração. De fato, o Islã é único nas religiões mundiais ao exigir dos crentes que ajudem financeiramente os escravos a obterem sua liberdade e elevou a libertação de um escravo a um ato de adoração – se é feito para agradar a Deus.
Sob os califados, a coleta e dispêndio do zakat era uma função do estado. No mundo islâmico contemporâneo, isso foi deixado por conta do indivíduo, exceto em alguns países nos quais o estado cumpre esse papel até certo ponto. A maioria dos muçulmanos no Ocidente dispersa o zakat através de entidades de caridade islâmicas, mesquitas, ou dando diretamente aos pobres. O dinheiro não é coletado durante serviços religiosos ou via pratos de coleta, mas algumas mesquitas mantêm uma caixa de coleta para aqueles que desejam que elas distribuam o zakat em seu nome. Ao contrário do zakat, fazer outras formas de caridade em particular, até mesmo em segredo, é considerado melhor, de modo a manter a intenção puramente por Deus.
Além do zakat, o Alcorão e Hadith (ditos e atos do Profeta Muhammad, que Deus exalte a sua menção) também enfatizam a sadaqah, ou caridade voluntária, para os necessitados. O Alcorão enfatiza alimentar o faminto, vestir o despido, ajudar o necessitado, e que quanto mais alguém ajuda, mais Deus ajuda a essa pessoa, e que quanto mais se dá, mais Deus dá à pessoa. A pessoa sente que está cuidando dos outros e que Deus está cuidando dela.
O Quarto Pilar do Islã: O Jejum de Ramadã
Descrição: Uma introdução ao quarto pilar do Islã, o jejum de Ramadã, seus benefícios espirituais, e o conceito de jejum nas religiões mundiais.
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Jejuar não é exclusivo dos muçulmanos. Tem sido praticado por séculos em conexão com cerimônias religiosas por cristãos, judeus, confucionistas, hindus, taoístas e janistas. Deus menciona esse fato no Alcorão:
“Ó vós que credes! O jejum está prescrito para vós, como foi prescrito àqueles antes de vós, para serdes piedosos.”(Alcorão 2:183)
Algumas sociedades nativas americanas jejuaram para evitar catástrofe ou para servir como penitência para o pecado. Nativos norte-americanos mantêm jejuns tribais para evitar desastres ameaçadores. Os nativos americanos do México e os incas do Peru observavam jejuns penitenciais para satisfazer seus deuses. Nações passadas do Velho Mundo, como os assírios e os babilônicos, observavam o jejum como uma forma de penitência. Os judeus observam o jejum como uma forma de penitência e purificação anualmente no Dia do Perdão ou Yom Kippur. Nesse dia não é permitido comer e beber.
Os cristãos primitivos associavam o jejum com penitência e purificação. Durante os dois primeiros séculos de sua existência, a igreja cristã estabeleceu o jejum como uma preparação voluntária para receber os sacramentos da Eucaristia e batismo e para a ordenação de sacerdotes. Posteriormente, esses jejuns se tornaram obrigatórios, quando outros dias foram subseqüentemente acrescentados. No século 6, o jejum da Quaresma foi expandido para 40 dias, onde apenas uma refeição por dia era permitida. Após a Reforma, o jejum foi mantido pela maioria das igrejas protestantes e se tornou opcional em alguns casos. Protestantes mais estritos, entretanto, condenam não apenas as festas da igreja, mas seus jejuns tradicionais também.
Na Igreja Católica Romana, o jejum pode envolver abstinência parcial ou total de comida e bebida. Os dias de jejum da Igreja Católica Romana são a quarta-feira de cinzas e a Sexta-feira Santa. Nos Estados Unidos, o jejum é observado principalmente pelos episcopalianos e luteranos entre os protestantes, pelos judeus ortodoxos e conservadores e pelos católicos romanos.
O jejum assumiu uma outra forma no Ocidente: a greve de fome, uma forma de jejum, que em tempos modernos se tornou uma arma política após ser popularizado por Mohandas Gandhi, líder do esforço pela liberdade da Índia, que fez jejuns para compelir seus seguidores a obedecerem ao seu preceito de não-violência.
O Islã é a única religião que reteve a dimensão espiritual e a dimensão externa do jejum através dos séculos. Motivos egoístas e desejos básicos alienam o homem de seu Criador. As emoções humanas mais ingovernáveis são orgulho, avareza, gula, luxúria, inveja e raiva. Essas emoções por sua natureza não são fáceis de controlar, portanto uma pessoa deve se empenhar muito para discipliná-las. Os muçulmanos jejuam para purificar sua alma, e isso coloca um freio na maioria das emoções humanas selvagens, incontroláveis. As pessoas foram a dois extremos com relação a elas. Algumas deixam essas emoções comandarem suas vidas o que levou à barbárie entre os antigos, e ao puro materialismo das culturas consumistas em tempos modernos. Outras tentam se privar completamente dessas características humanas, o que por sua vez leva ao monasticismo.
O quarto Pilar do Islã, o Jejum de Ramadã, ocorre uma vez por ano durante o nono mês lunar, o mês de Ramadã, o nono mês do calendário islâmico no qual:
“...o Alcorão foi revelado como orientação para a humanidade.” (Alcorão 2:185)
Deus em Sua infinita misericórdia isentou os doentes, os viajantes e outros que são incapazes de jejuar no Ramadã.
Jejuar ajuda os muçulmanos a desenvolverem o autocontrole, obter melhor entendimento das dádivas de Deus e maior compaixão em relação aos desprovidos. Jejuar no Islã envolve abster-se de todos os prazeres do corpo entre a alvorada e o pôr do sol. Não apenas a comida é proibida, mas também qualquer atividade sexual. Todas as coisas que são consideradas como proibidas são ainda mais nesse mês, devido a sua sacralidade. A cada momento durante o jejum, a pessoa suprime suas paixões e desejos em amorosa obediência a Deus. Essa consciência de dever e espírito de paciência ajudam no fortalecimento de nossa fé. Jejuar ajuda a pessoa a obter autocontrole. Uma pessoa que se abstém de coisas permissíveis como comida e bebida está mais inclinada a ser consciente de seus pecados. Um senso de espiritualidade elevado ajuda a quebrar os hábitos da mentira, de olhar com desejo para o sexo oposto, de fofocar e de perder tempo. Ficar com fome e sede por apenas uma parte do dia permite sentir a miséria de 800 milhões que passam fome ou de uma em cada dez moradias nos Estados Unidos, por exemplo, que estão vivendo com fome ou sob o risco de passarem fome. Afinal de contas, por que alguém se preocuparia com a fome se nunca a tivesse sentido? Pode-se ver por que o Ramadã também é um mês de caridade e doação.
No pôr do sol, o jejum é quebrado com uma refeição leve popularmente chamada de iftaar. Familiares e amigos compartilham uma refeição tardia especial juntos, freqüentemente incluindo alimentos e doces especiais servidos apenas nessa época do ano. Muitos vão para a mesquita para a oração da noite, seguida de orações especiais recitadas somente durante o Ramadã. Alguns recitarão o Alcorão inteiro como um ato especial de devoção, e recitações públicas do Alcorão podem ser ouvidas durante toda a noite. As famílias se levantam antes do nascer do sol para fazer sua primeira refeição do dia, que os sustentará até o pôr do sol. Próximo do fim do Ramadã os muçulmanos comemoram a “Noite do Poder” quando o Alcorão foi revelado. O mês de Ramadã termina com uma das duas maiores celebrações islâmicas, a Festa da Quebra do Jejum, chamada de Eid al-Fitr. Nesse dia, os muçulmanos celebram alegremente a conclusão do Ramadã e é costume distribuir presentes para as crianças. Os muçulmanos também são obrigados a ajudar os pobres a desfrutarem do espírito de relaxamento e alegria distribuindo o zakat-ul-fitr, um ato especial e obrigatório de caridade na forma de algum alimento básico, de modo que todos possam desfrutar da euforia geral do dia.
O Quinto Pilar do Islã: A Peregrinação (Hajj)
Descrição: Os méritos e vários rituais realizados no Hajj, a quinta das cinco práticas islâmicas obrigatórias fundamentais.
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- Publicado em 09 Feb 2009
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O Hajj (peregrinação à Meca) é a quinta das práticas e instituições islâmicas fundamentais conhecidas como os cinco pilares do Islã. A peregrinação no Islã não é feita a túmulos de santos, a monastérios em busca de ajuda de homens sagrados, ou locais onde supostos milagres aconteceram, muito embora nós vejamos muitos muçulmanos fazendo isso. A peregrinação é feita à Caaba, encontrada na cidade sagrada de Meca na Arábia Saudita, a ‘Casa de Deus,’ cuja santidade reside no fato de que o Profeta Abraão a construiu para a adoração a Deus. Deus o recompensou atribuindo a Casa a Si próprio, em essência honrando-a, e fazendo-a o epicentro devocional para o qual todos os muçulmanos se voltam quando oferecem as orações (salah). Os rituais de peregrinação são realizados hoje exatamente como foram feitos por Abraão, e depois dele pelo Profeta Muhammad, que Deus os exalte.
A peregrinação é vista como uma atividade particularmente meritória. A peregrinação serve como uma penitência – o perdão supremo para pecados, devoção e intensa espiritualidade. A peregrinação à Meca, a cidade mais sagrada no Islã, é exigida de todos os muçulmanos física e financeiramente capazes uma vez em suas vidas. O ritual de peregrinação começa uns poucos meses após o Ramadã, no oitavo dia do último mês do ano islâmico de Dhul-Hijjah, e termina no décimo terceiro dia. Meca é o centro para o qual os muçulmanos convergem uma vez ao ano, se encontram e revigoram a fé de que todos os muçulmanos são iguais e merecem o amor e simpatia dos outros, independentemente de sua raça ou origem étnica. A harmonia racial promovida pelo Hajj é talvez melhor capturada por Malcom X em sua peregrinação histórica:
‘Todos entre os milhares no aeroporto, prestes a deixar Jeddah, estavam vestidos dessa forma. Você podia ser um rei ou um camponês e ninguém saberia. Alguns personagens poderosos, que foram discretamente mostrados a mim, vestiam a mesma coisa que eu. Uma vez vestidos, todos nós começávamos a chamar intermitentemente “Labbayka! (Allahumma) Labbayka!” (A seu serviço, Ó Senhor!) Reunidas no avião estavam pessoas brancas, pretas, marrons, vermelhas e amarelas, olhos azuis e cabelos loiros, e meu cabelo vermelho encaracolado – todos juntos, irmãos! Todos honrando o mesmo Deus, todos honrando igualmente uns aos outros. . .
Foi quando pela primeira vez eu comecei a reavaliar o ‘homem branco’. Foi quando eu comecei a perceber que ‘homem branco’, como é comumente usado, só significa complexão secundariamente; primariamente descreve atitudes e ações. Na América, ‘homem branco’ significava atitudes e ações específicas em relação ao homem negro, e em relação a todos os homens não-brancos. Mas no mundo islâmico, eu vi que homens com complexões brancas eram mais genuinamente fraternais que qualquer um com quem eu já tivesse estado. Aquela manhã foi o começo de uma mudança radical em meu ponto de vista sobre homens ‘brancos’.
Existiam dezenas de milhares de peregrinos, de todo o mundo. Eles eram de todas as cores, de loiros de olhos azuis a africanos de pele negra. Mas estávamos todos participando no mesmo ritual exibindo um espírito de unidade e irmandade que minhas experiências na América tinham me levado a acreditar que nunca poderia existir entre o branco e o não-branco... A América precisa entender o Islã, porque essa é a única religião que apaga de sua sociedade o problema racial. Ao longo de minhas viagens no mundo islâmico, eu tenho encontrado, falado e até mesmo comido com pessoas que na América seriam consideradas brancas – mas a atitude ‘branca’ foi removida de suas mentes pela religião do Islã. Eu nunca tinha visto irmandade sincera e verdadeira praticada por todas as cores juntas, independentemente de sua cor.”
A peregrinação une os muçulmanos do mundo em uma fraternidade internacional. Mais de dois milhões de pessoas realizam o Hajj a cada ano, e o ritual serve como uma força unificadora no Islã ao reunir seguidores de origens diversas em adoração. Em algumas sociedades islâmicas, uma vez que o crente fez a peregrinação, ele é geralmente identificado com o título de ‘hajji’; isso, entretanto, é um costume cultural, ao invés de religioso. Finalmente, o Hajj é uma manifestação da crença na unicidade de Deus – todos os peregrinos adoram e obedecem aos comandos do Deus Único.
Em certas estações nas rotas das caravanas para Meca, ou quando o peregrino passa no ponto mais próximo a essas estações, o peregrino entra no estado de pureza conhecido como ihram. Nesse estado, certas ações ‘normais’ do dia e da noite se tornam proibidas para os peregrinos, como cobrir a cabeça, cortar as unhas, e usar roupa normal no que se refere aos homens. Os homens removem suas roupas e adotam vestimentas específicas para esse estado de ihram, dois tecidos brancos sem costura enrolados no corpo. Tudo isso aumenta a reverência e santidade da peregrinação, da cidade de Meca e do mês de Dhul-Hijjah. Existem 5 estações, uma nas planícies da costa nordeste de Meca na direção do Egito e uma ao sul na direção do Iêmen, enquanto três ficam ao norte ou leste na direção de Medina, Iraque e al-Najd. A vestimenta simples significa a igualdade de toda a humanidade aos olhos de Deus, e a remoção de todas as afeições mundanas. Após entrar no estado de ihram, o peregrino prossegue até Meca e espera o começo do Hajj. No sétimo dia de Dhul-Hijjah o peregrino é relembrado de seus deveres, e no começo do ritual, que ocorre entre o oitavo e décimo segundo dia do mês, o peregrino visita os locais sagrados fora de Meca – Arafah, Muzdalifah, e Mina – e sacrifica um animal celebrando o sacrifício de Abraão. O peregrino então apara ou raspa seu cabelo e, após jogar sete pedras em pilares específicos em Mina em três ou quatro dias consecutivos, se dirige à mesquita central onde ele caminha sete vezes em volta do santuário sagrado, ou Caaba, na Grande Mesquita, e anda de um lado para outro, caminhando e correndo, entre os dois pequenos montes de Safaa e Marwah sete vezes. Discutir o significado histórico e espiritual de cada ritual está além do propósito desse artigo introdutório.
Além do Hajj, a “peregrinação menor” ou umrah é realizada pelos muçulmanos durante o resto do ano. Realizar a umrah não substitui a obrigação do Hajj. É semelhante à peregrinação islâmica maior e obrigatória (hajj), e os peregrinos podem escolher entre realizar a umrah separadamente ou junto com o Hajj. Como no Hajj, o peregrino começa a umrah assumindo o estado de ihram. Eles entram em Meca e circulam o santuário sagrado da Caaba sete vezes. Eles devem então tocar a Pedra Negra, se puderem, orar atrás da Maqam Ibrahim (Estação de Abraão) e beber a água sagrada da fonte de Zamzam. Andar entre os montes de Safa e Marwah sete vezes e aparar ou raspar os cabelos completa a umrah.
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