O Quinto Pilar do Islã: A Peregrinação (Hajj)
Descrição: Os méritos e vários rituais realizados no Hajj, a quinta das cinco práticas islâmicas obrigatórias fundamentais.
- Por IslamReligion.com
- Publicado em 09 Feb 2009
- Última modificação em 09 Feb 2009
- Impresso: 888
- 'Visualizado: 40,116 (média diária: 7)
- Classificado por: 133
- Enviado por email: 4
- Comentado em: 0
O Hajj (peregrinação à Meca) é a quinta das práticas e instituições islâmicas fundamentais conhecidas como os cinco pilares do Islã. A peregrinação no Islã não é feita a túmulos de santos, a monastérios em busca de ajuda de homens sagrados, ou locais onde supostos milagres aconteceram, muito embora nós vejamos muitos muçulmanos fazendo isso. A peregrinação é feita à Caaba, encontrada na cidade sagrada de Meca na Arábia Saudita, a ‘Casa de Deus,’ cuja santidade reside no fato de que o Profeta Abraão a construiu para a adoração a Deus. Deus o recompensou atribuindo a Casa a Si próprio, em essência honrando-a, e fazendo-a o epicentro devocional para o qual todos os muçulmanos se voltam quando oferecem as orações (salah). Os rituais de peregrinação são realizados hoje exatamente como foram feitos por Abraão, e depois dele pelo Profeta Muhammad, que Deus os exalte.
A peregrinação é vista como uma atividade particularmente meritória. A peregrinação serve como uma penitência – o perdão supremo para pecados, devoção e intensa espiritualidade. A peregrinação à Meca, a cidade mais sagrada no Islã, é exigida de todos os muçulmanos física e financeiramente capazes uma vez em suas vidas. O ritual de peregrinação começa uns poucos meses após o Ramadã, no oitavo dia do último mês do ano islâmico de Dhul-Hijjah, e termina no décimo terceiro dia. Meca é o centro para o qual os muçulmanos convergem uma vez ao ano, se encontram e revigoram a fé de que todos os muçulmanos são iguais e merecem o amor e simpatia dos outros, independentemente de sua raça ou origem étnica. A harmonia racial promovida pelo Hajj é talvez melhor capturada por Malcom X em sua peregrinação histórica:
‘Todos entre os milhares no aeroporto, prestes a deixar Jeddah, estavam vestidos dessa forma. Você podia ser um rei ou um camponês e ninguém saberia. Alguns personagens poderosos, que foram discretamente mostrados a mim, vestiam a mesma coisa que eu. Uma vez vestidos, todos nós começávamos a chamar intermitentemente “Labbayka! (Allahumma) Labbayka!” (A seu serviço, Ó Senhor!) Reunidas no avião estavam pessoas brancas, pretas, marrons, vermelhas e amarelas, olhos azuis e cabelos loiros, e meu cabelo vermelho encaracolado – todos juntos, irmãos! Todos honrando o mesmo Deus, todos honrando igualmente uns aos outros. . .
Foi quando pela primeira vez eu comecei a reavaliar o ‘homem branco’. Foi quando eu comecei a perceber que ‘homem branco’, como é comumente usado, só significa complexão secundariamente; primariamente descreve atitudes e ações. Na América, ‘homem branco’ significava atitudes e ações específicas em relação ao homem negro, e em relação a todos os homens não-brancos. Mas no mundo islâmico, eu vi que homens com complexões brancas eram mais genuinamente fraternais que qualquer um com quem eu já tivesse estado. Aquela manhã foi o começo de uma mudança radical em meu ponto de vista sobre homens ‘brancos’.
Existiam dezenas de milhares de peregrinos, de todo o mundo. Eles eram de todas as cores, de loiros de olhos azuis a africanos de pele negra. Mas estávamos todos participando no mesmo ritual exibindo um espírito de unidade e irmandade que minhas experiências na América tinham me levado a acreditar que nunca poderia existir entre o branco e o não-branco... A América precisa entender o Islã, porque essa é a única religião que apaga de sua sociedade o problema racial. Ao longo de minhas viagens no mundo islâmico, eu tenho encontrado, falado e até mesmo comido com pessoas que na América seriam consideradas brancas – mas a atitude ‘branca’ foi removida de suas mentes pela religião do Islã. Eu nunca tinha visto irmandade sincera e verdadeira praticada por todas as cores juntas, independentemente de sua cor.”
A peregrinação une os muçulmanos do mundo em uma fraternidade internacional. Mais de dois milhões de pessoas realizam o Hajj a cada ano, e o ritual serve como uma força unificadora no Islã ao reunir seguidores de origens diversas em adoração. Em algumas sociedades islâmicas, uma vez que o crente fez a peregrinação, ele é geralmente identificado com o título de ‘hajji’; isso, entretanto, é um costume cultural, ao invés de religioso. Finalmente, o Hajj é uma manifestação da crença na unicidade de Deus – todos os peregrinos adoram e obedecem aos comandos do Deus Único.
Em certas estações nas rotas das caravanas para Meca, ou quando o peregrino passa no ponto mais próximo a essas estações, o peregrino entra no estado de pureza conhecido como ihram. Nesse estado, certas ações ‘normais’ do dia e da noite se tornam proibidas para os peregrinos, como cobrir a cabeça, cortar as unhas, e usar roupa normal no que se refere aos homens. Os homens removem suas roupas e adotam vestimentas específicas para esse estado de ihram, dois tecidos brancos sem costura enrolados no corpo. Tudo isso aumenta a reverência e santidade da peregrinação, da cidade de Meca e do mês de Dhul-Hijjah. Existem 5 estações, uma nas planícies da costa nordeste de Meca na direção do Egito e uma ao sul na direção do Iêmen, enquanto três ficam ao norte ou leste na direção de Medina, Iraque e al-Najd. A vestimenta simples significa a igualdade de toda a humanidade aos olhos de Deus, e a remoção de todas as afeições mundanas. Após entrar no estado de ihram, o peregrino prossegue até Meca e espera o começo do Hajj. No sétimo dia de Dhul-Hijjah o peregrino é relembrado de seus deveres, e no começo do ritual, que ocorre entre o oitavo e décimo segundo dia do mês, o peregrino visita os locais sagrados fora de Meca – Arafah, Muzdalifah, e Mina – e sacrifica um animal celebrando o sacrifício de Abraão. O peregrino então apara ou raspa seu cabelo e, após jogar sete pedras em pilares específicos em Mina em três ou quatro dias consecutivos, se dirige à mesquita central onde ele caminha sete vezes em volta do santuário sagrado, ou Caaba, na Grande Mesquita, e anda de um lado para outro, caminhando e correndo, entre os dois pequenos montes de Safaa e Marwah sete vezes. Discutir o significado histórico e espiritual de cada ritual está além do propósito desse artigo introdutório.
Além do Hajj, a “peregrinação menor” ou umrah é realizada pelos muçulmanos durante o resto do ano. Realizar a umrah não substitui a obrigação do Hajj. É semelhante à peregrinação islâmica maior e obrigatória (hajj), e os peregrinos podem escolher entre realizar a umrah separadamente ou junto com o Hajj. Como no Hajj, o peregrino começa a umrah assumindo o estado de ihram. Eles entram em Meca e circulam o santuário sagrado da Caaba sete vezes. Eles devem então tocar a Pedra Negra, se puderem, orar atrás da Maqam Ibrahim (Estação de Abraão) e beber a água sagrada da fonte de Zamzam. Andar entre os montes de Safa e Marwah sete vezes e aparar ou raspar os cabelos completa a umrah.
Adicione um comentário