Metodologia Histórica Moderna vs. Metodologia dos Hadiths (parte 5 de 5): A Classificação de Hadiths II
Descrição: As várias categorias de hadith baseadas na força da cadeia de narradores. Parte 2.
- Por Reem Azzam
- Publicado em 19 Sep 2011
- Última modificação em 19 Sep 2011
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De acordo com a quinta categoria, um hadith só pode ser classificado com respeito à natureza de seu texto e isnad. De acordo com Al-Shafi, se um hadith relatado por uma pessoa confiável vai contra a narração de alguém mais confiável que ele, então o hadith é shadh ou “irregular”. De acordo com Ibn Hajar, se uma narração por um relator fraco contradiz um hadith autêntico, então aquele hadith é classificado como munkar (“denunciado”), embora alguns sábios o classifiquem qualquer hadith de um relator fraco como munkar. Um hadith também pode ser classificado como munkar se seu texto contradiz ditos gerais do profeta. Se um hadith relatado por uma pessoa confiável contém alguma informação adicional não narrada por outras fontes autênticas, a adição é aceita desde que não as contradiga e a adição é conhecida como ziyadatu thiqah (“uma adição por alguém confiável”). Entretanto, se um relator acrescenta algo a um hadith sendo narrado, então o hadith é classificado como mudraj ou “interpolado”. Se isso ocorre em um hadith geralmente é em seu texto e, com frequência, com o propósito de explicar uma palavra difícil. Em uns poucos exemplos isso ocorre no isnad - um relator toma uma parte de um isnad e a acrescenta a outro isnad. Um relator pego no hábito de idraj ou interpolação intencional geralmente é considerado um mentiroso, embora sábios sejam mais lenientes com aqueles relatores que podem ter feito isso para explicar uma palavra difícil (Hasan 37-39).
Na sexta categoria hadiths que contêm defeitos ocultos em seu isnad ou texto são classificados como ma’lul ou mu’allal (“defeituosos”). Isso pode acontecer devido a classificar um hadith como musnad quando ele é de fato mursal ou atribuir um hadith a um Companheiro particular quando na verdade vem de outro. Para detectar esses defeitos todos os isnads de um hadith têm que ser coletados e examinados. Por exemplo:
“Alguns sábios escreveram trabalhos nos quais os Sucessores ouviram hadiths de determinados Companheiros. Dessa informação é sabido que Al-Hasan Al-Basri não encontrou Ali, embora exista uma ligeira chance de que possa tê-lo visto durante sua infância em Medina. Isso é significativo, uma vez que se diz que muitas tradições sufis voltam para Al-Hasan Al-Basri, que se diz ter relatado diretamente de Ali.” (Hasan 42-43)
Também pode haver incerteza sobre o isnad ou texto, em cujo caso o hadith é classificado como mudtarib (“duvidoso”) Isso ocorre se os relatores discordarem sobre alguns pontos no isnad ou texto, de forma que não prevaleça nenhuma opinião. Um hadith pode ser classificado como maqlub (“alterado” ou “invertido”) se no isnad um nome foi invertido (ou seja, Ka’b b. Murra versus Murra b. Ka’b) ou se a ordem de uma frase no texto estiver invertida (Azami 66). Isso também se aplica aos hadiths cujo texto recebeu um isnad diferente ou vice-versa, ou aqueles nos quais um nome de relator foi substituído por outro (Hasan 41-42).
A sétima e última categoria a ser discutida aqui é a classificação de acordo com a qualidade dos relatores, da qual o veredicto final sobre um hadith depende de forma crítica. Hadiths relatados por aqueles conhecidos como sendo adil, hafiz, thabit e thiqa são os de classificação mais alta e são classificados como sahih ou “sólido”. Para alguém ser considerado adil é necessário ter sido um muçulmano muito devoto, honesto e confiável em todos os seus procedimentos. Através de comparação cuidadosa, o acordo verbal encontrado no texto de um hadith ente vários transmissores indicou quem era o mais preciso (thabit), o mais confiável (thiqa) e quem tinha a melhor memória (hafiz). Se qualquer sábio se encaixar em menos que esse ideal em uma ou mais categorias, mas não é criticado, então os hadiths relatados por ele são considerados menos que sólido ou hasan (“justo”). Se um relator for conhecido por ter uma memória fraca ou cometer erros devido à negligência, então seus hadiths são considerados daif (“fraco”) (Burton 110-111).
Claro, existem outros fatores que atuam no veredicto final sobre um hadith e, nas palavras de Ibn Al-Salah, “um hadith sahih é o que tem um isnad contínuo, composto de relatores de memória confiável de autoridades semelhantes e que é livre de quaisquer irregularidades (ou seja, no texto) ou defeitos (ou seja, no isnad).” De acordo com Al-Tirmidhi um hadith hasan é “um hadith que não é shadhdh, nem contém um relator disparatado em seu isnad e que é relatado através de mais de uma rota de narração” (Hasan 44-46). Um hadith que não alcança os requisitos para um hadith hasan é classificado como daif e geralmente devido à descontinuidade no isnad. Também pode ser classificado como daif se um dos relatores não tiver uma boa reputação por qualquer razão, seja por cometer muitos erros ou ser desonesto. Se os defeitos forem muitos e graves, o hadith está mais próximo de ser classificado como mawdu ou fabricado. De acordo com Al-Dhahabi o hadith mawdu é aquele cujo texto contraria normas estabelecidas dos ditos do profeta e cujo isnad contém um mentiroso. Um hadith também pode ser estabelecido como mawdu devido à “evidência externa relacionada à discrepância encontrada nas datas ou períodos de um incidente particular” (Hasan 49).
Em conclusão, as classificações mencionadas constituem somente uma fração do número total de classificações existentes. Os estudos em hadith são muito complexos e parece que os sábios pensaram em todos os ângulos imagináveis para analisar um hadith. Tudo isso com o propósito de distinguir entre tipos diferentes de narrações, especialmente para distinguir o autêntico do não autêntico.
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