Lições da história de Moisés e Khidr (parte 2 de 2): Uma viagem de lições
Descrição: Moisés e Khidr viajam juntos e Khidr ensina a Moisés muitas lições, incluindo o valor da paciência.
- Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)
- Publicado em 27 Feb 2017
- Última modificação em 27 Feb 2017
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Os muçulmanos amam e respeitam Moisés. Deus o menciona no Alcorão mais de 120 vezes. A história dele é contada em vários capítulos, um deles o capítulo 18 - A Caverna. É aqui que a história do encontro entre o profeta Moisés e o homem sábio e erudito conhecido como Khidr pode ser encontrada.
Essa história nos lembra que Deus é o Sapientíssimo. Deus reúne dois dos homens mais sábios da história e nos ensina que o decreto de Deus deriva de Sua sabedoria absoluta e suprema. A vida de um ser humano às vezes é assolada por tribulações, tragédias ou calamidades que parecem não fazer sentido, mas em retrospecto os vemos pelo que eles realmente são, lições do Sapientíssimo designadas para nos aproximar da recompensa suprema, Al-Jannah, ou Paraíso.
O contentamento com o decreto de Deus, independente de inicialmente sentirmos como agradável ou desagradável, é a lição mais importante que podemos levar da história de Moisés e Khidr. Crença no decreto divino é um dos seis pilares da fé islâmica. Portanto, não só aceitar, mas também compreender o que isso implica. Os problemas que enfrentamos na vida podem ser uma fonte de coisas boas para nós.
O profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse: "Como é maravilhoso o assunto do crente, porque seus assuntos são todos bons. Se algo de bom lhe acontece, é agradecido e isso é bom para ele. Se algo de mau lhe acontece, suporta com paciência e isso é bom para ele."[1]
Nesse ponto, se você já não estiver familiarizado com a história de Moisés e Khidr como contada no Alcorão seria de grande benefício lê-la e tê-la fresca em sua mente, como seguimos Moisés em sua jornada. A busca de Moisés é buscar o homem com mais conhecimento que ele próprio tem. Ele parte com um menino, possivelmente Josué, o homem virtuoso que lidera os filhos de Israel depois da morte de Moisés. Deus instruiu Moisés a pegar um peixe vivo em um contêiner e que quando o peixe desaparecesse, encontraria o homem que procurava. Assim, a história começa e, ao longo da história, Deus transmite Sua sabedoria e conhecimento para nós.
Enquanto Moisés tirava um cochilo seu companheiro viu o peixe esquivar-se e escorregar para a água, mas ele esqueceu de informar ao profeta Moisés até muito tempo depois, quando já tinham se adiantado na estrada. Quando o profeta Moisés percebeu que tinha se movido além do ponto destinado, rapidamente retraçou seus passos para o local onde o peixe tinha entrado na água. Não repreendeu seu companheiro nem lamentou ter saído do curso, ou perdido tempo e esforço. O que tinha acontecido, tinha acontecido. Era a vontade de Deus. O comportamento do profeta Moisés é o de uma pessoa satisfeita com o decreto de Deus. Uma vez que soube que tinha saído do caminho correto, adotou a ação necessária para retornar. Essa é uma lição para todos nós. Nessa vida muitos de nós escolhemos o caminho errado, mas ficamos com medo ou muito envergonhados de dar a volta e seguir em uma direção diferente. Quando uma pessoa percebe que cometeu um erro, deve imediatamente partir na direção certa. Não deve considerar isso como uma derrota; ao contrário, é uma vitória.
Ao retornar ao local onde o peixe escapou, Moisés encontrou o homem que tinha estado procurando, Khidr. Deus escolheu educar o profeta Moisés por meio de três eventos que ocorreriam durante a viagem de Moisés com Khidr. Khidr estava hesitante em viajar com Moisés, porque acreditava que Moisés não teria a paciência para entender os eventos e aprender com eles. Entretanto, Moisés foi capaz de convencer Khidr de que estava ansioso para aprender e partiram juntos.
O profeta Muhammad enfatizava constantemente a importância do conhecimento. Ele nos conta em suas tradições que os anjos oram pelos sábios, que Deus assiste a pessoa que busca conhecimento, e que os sábios são os herdeiros dos profetas.
No primeiro evento Khidr e Moisés estavam em um barco, no qual Khidr fez um buraco e o tornou defeituoso e incapaz de navegar. Moisés fica horrorizado e rotula as ações de Khidr como maléficas. Khidr então lembra a Moisés de que ele tinha concordado em ter paciência e não fazer perguntas. Moisés reafirmou sua promessa e continuaram. O Alcorão nos conta que quando passaram por um menino, Khidr o matou. Moisés ficou horrorizada e esqueceu sua promessa. Khidr o lembrou mais uma vez e continuaram. Finalmente chegaram a uma cidade e pediu às pessoas para que os alimentassem porque estavam com fome depois de uma longa jornada. As pessoas se recusaram e, ao invés de confrontar as pessoas ou deixar a cidade, Khidr reconstruiu uma parede que estava entrando em colapso. Moisés não conseguiu entender por que ele não pediu pagamento. Khidr então informou Moisés que esse foi o fim da jornada dos dois juntos, mas que explicaria as razões pelas quais agiu em todas as três situações.
Khidr tinha causado um dano menor ao barco para protegê-lo de um dano maior. Havia um rei vindo atrás dele e capturando todos os navios de valor. Ao invés de perderem o barco, meios de subsistência e possivelmente suas vidas, os pescadores só tinham que recuperar o dano. Quanto a tirar a vida do menino, ele estava destinado a crescer e sobrecarregar seus pais com pecados e ações de descrença e, portanto, Deus planejou substituí-lo por uma criança boa e virtuosa. No evento final Khidr reconstruiu o muro, apesar de as pessoas da cidade não serem amigáveis, porque Deus o havia instruído a fazê-lo. Embaixo do muro havia um tesouro que pertencia a dois meninos órfãos. Deus queria manter o tesouro oculto até que fossem homens adultos e pudessem pegar o tesouro sem temor de assédio ou roubo, porque o pai deles era um homem virtuoso.
Khidr agiu do modo que agiu em todas as três situações em obediência aos comandos de Deus, não escolheu fazer essas coisas por causa de seu julgamento pessoal e nem tinha conhecimento absoluto do oculto. É importante compreender que Deus não criou o mal por si só, mas ele é geralmente um precursor do bem. Esses três eventos ilustram esse ponto. Quando compreendemos isso nunca nos sentiremos vitimados ou tratados de maneira injusta. Algumas vezes o bem em uma situação difícil não se torna claro até muito tempo depois e, outras vezes, é aparente imediatamente. A história de Moisés e Khidr nos diz para sermos pacientes e confiarmos na misericórdia e sabedoria de Deus. Conta que Deus não trata ninguém de maneira injusta e que Seu decreto para nós é mais justo e inerentemente generoso.
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