Judaísmo (parte 1 de 4): Introdução
Descrição: O que é o Judaísmo e quem são os judeus?
- Por Aisha Stacey (© 2015 IslamReligion.com)
- Publicado em 19 Oct 2015
- Última modificação em 22 Sep 2019
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O dicionário Merriam Webster online define Judaísmo como uma religião desenvolvida entre os antigos hebreus e caracterizada pela crença em um Deus transcendente que Se revelou a Abraão, Moisés e aos profetas hebreus e por uma vida religiosa em conformidade com as escrituras e tradições rabínicas.[1] Também seria correto dizer que o Judaísmo incorporou as crenças e práticas culturais, sociais e religiosas do povo judeu.
De acordo com o Instituto de planejamento de políticas para o povo judeu, havia em torno de 13,1 milhões de judeus no mundo em 2007, a maioria nos EUA e em Israel. Muitas dessas pessoas se identificam como judias, mas não acreditam e nem seguem quaisquer leis ou ritos judaicos. O site Judaism 101[2]afirma que mais da metade dos judeus em Israel hoje se definem como "seculares" e não acreditam em Deus e que a metade de todos os judeus nos Estados Unidos não pertence a nenhuma sinagoga.
Os judeus geralmente consideram qualquer um nascido de uma mãe judia como um "judeu". Alguns grupos também aceitam crianças de pais judeus, mas essa não é a norma. Além disso, um judeu não perde o status técnico de ser um judeu ao adotar outra crença. Entretanto, escolhem perder o elemento religioso de sua identidade judaica. É possível que um não judeu se "converta" ao Judaísmo, mas não é um processo simples. Os judeus não tentam converter as pessoas ao Judaísmo e, de fato, parte do processo de conversão requer que um rabino[3] faça três tentativas vigorosas para dissuadir a pessoa a se converter.
Embora muitos façam afirmações contraditórias de que o Judaísmo é uma religião ou uma raça, uma cultura, ou um grupo étnico, nenhuma dessas descrições parece ser inteiramente adequada. Para o propósito desse artigo discutiremos Judaísmo, a religião.
O Judaísmo (uma religião organizada) foi, em sua forma pura, revelada ao profeta Moisés. Entretanto, os judeus rastreiam seus antepassados até o profeta Abraão, assim como cristãos e muçulmanos. Os profetas Abraão, Isaque e Jacó, conhecidos no Judaísmo como os patriarcas, e conhecidos e aceitos como profetas de Deus pelo Islã...
De acordo com a tradição judaica Abraão era o filho de um mercador de ídolos, mas desde a tenra infância questionava a fé de seu pai e buscava a verdade. Passou a acreditar que todo o universo era o trabalho de um único Criador e passou a ensinar essa crença aos outros. Essa crença é geralmente aceita como a primeira religião monoteísta do mundo.[4]
"Dize: Meu Senhor conduziu-me pela senda reta- uma religião inatacável; é o credo de Abraão, o monoteísta, que jamais se contou entre os idólatras." (Alcorão 6:161)
"Abraão era Imam e monoteísta, consagrado a Deus, e jamais se contou entre os idólatras." (Alcorão 16:120)
O Judaísmo não tem um dogma ou conjunto de crenças formal e as ações são consideradas muito mais importantes do que as crenças. Os judeus acreditam que há um Deus, o Criador do universo, com quem cada judeu deve ter uma relação individual e pessoal.
O rabino Moshe ben Maimon (também conhecido como Maimônides), reuniu 13 princípios de fé que são amplamente aceitos entre os diferentes movimentos do Judaísmo. Mais recentemente foram questionados por escolas de pensamento mais liberais, mas para nossos propósitos aqui eles resumem os preceitos gerais do Judaísmo. A opinião pessoal em todos esses preceitos é aceitável devido a, como já destacado, o foco ser mais nas ações do que na crença.
Deus existe.
Deus é único e singular.
Deus é incorpóreo.
Deus é eterno.
A oração deve ser direcionada somente para Deus e ninguém mais.
As palavras dos profetas são verdadeiras.
Moisés foi o maior dos profetas e suas profecias são verdadeiras.
A Torá escrita (primeiros 5 livros da Bíblia) e a Torá oral (ensinamentos agora contidos no Talmude e outros escritos) foram dados a Moisés.
Não haverá outra Torá.
Deus conhece os pensamentos e atos dos homens.
Deus recompensará os bons e punirá os maus.
O Messias virá.
Os mortos serão ressuscitados.
O site Judaism 101 descreve a natureza da relação entre Deus e a humanidade e Deus e os judeus, como compreendida pelas diferentes escolas de pensamento judaicas. "Nossas escrituras contam a história do desenvolvimento dessas relações". [5] As escrituras judaicas destacam obrigações mútuas, mas os vários movimentos do pensamento judaico geralmente discordam sobre a natureza dessas obrigações. "Alguns dizem que são leis absolutas e imutáveis de Deus (ortodoxo); alguns dizem que são leis de Deus que mudam e evoluem com o tempo (conservador); alguns dizem que são diretrizes que se pode escolher seguir ou não (reformista)." [6]
O Judaísmo tem uma história rica de textos religiosos, mas o documento central e mais importante é a Torá. A palavra Torá, especialmente para os não judeus, ou cristãos, mais comumente se refere aos primeiros cinco livros do Velho Testamento (Bíblia), que os judeus chamam de livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Quando os muçulmanos se referem à Torá usam a palavra Tawrat e se referem à lei que foi revelada ao profeta Moisés.
Quando os judeus usam a palavra Torá geralmente se referem a todo o corpo da escritura judaica, conhecido como Tanak. Tanak também é um termo acróstico para Torá (a Lei), Nevi’im (os profetas) e Ketuvim (os escritos), as três partes da escritura judaica, que os cristãos chamariam de Velho Testamento. Em algumas circunstâncias Tanak pode se referir a todo o corpo da lei e ensinamentos judaicos.
Em seguida, em termos de importância e autoridade, vem o Talmude, um corpo de trabalho que explica as escrituras e como interpretar e aplicar as leis. Foi compilado e escrito em um corpo de trabalho comumente referido como o Mishná. Ao longo dos séculos foram escritos comentários adicionais em Jerusalém e na Babilônia elaborando sobre o Mishná. Esses comentários adicionais são conhecidos como o Gemara.
O corpo de trabalho incluído no Gemara é enorme. Inclui comentários de centenas de rabinos de 200 - 500 E.C., explicando o Mishná com comentários históricos, religiosos, legais e sociais. O Gemara e o Mishná juntos são conhecidos como o Talmude. Foi concluído no século 5 E.C. Havia dois Talmudes, um compilado em Jerusalém e outro na Babilônia. O Talmude babilônico foi compilado depois e é mais abrangente. É aquele geralmente pretendido quando alguém se refere ao "Talmude".
Na parte 2 continuaremos a explorar a religião do Judaísmo, discutir por que os judeus (ou o que aprenderemos que são os Filhos de Israel) são chamados de "povo escolhido", tanto na literatura e escritura judaicas quanto nas islâmicas.
Notas de rodapé:
[1] (http://www.merriam-webster.com/dictionary/judaism)
[2] (http://www.jewfaq.org/judaism.htm)
[3] Um sábio ou professor judeu.
[4] Não de acordo com o Islã, onde os profetas de Deus, incluindo Adão, o pai da espécie humana, praticaram e ensinaram o monoteísmo puro.
[5] (http://www.jewfaq.org/beliefs.htm)
[6]Ibid.
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