Fontes islâmicas: Alcorão e Sunnah (parte 1 de 2):
Descrição: A religião do Islã é baseada no Alcorão (a Palavra de Deus) e a Sunnah (ensinamentos e atributos do profeta Muhammad). Parte 1: Alcorão: A fonte primária do Islã.
- Por islaam.net
- Publicado em 19 May 2014
- Última modificação em 27 Mar 2016
- Impresso: 42
- 'Visualizado: 15,653
- Classificado por: 0
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 0
A manifestação suprema da graça de Deus para o homem, a sabedoria suprema e a beleza suprema de expressão: em resumo, a palavra de Deus. Assim é como o estudioso alemão, Muhammad Asad, descreveu o Alcorão. Se pedíssemos a qualquer muçulmano para descrevê-lo, provavelmente usariam palavras semelhantes. O Alcorão, para o muçulmano, é a Palavra irrefutável e inimitável de Deus. Foi revelado por Deus Todo-Poderoso através do profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele. O próprio profeta não teve um papel na autoria do Alcorão. Foi meramente um Mensageiro, repetindo o que foi ditado pelo Criador divino:
“Ele (Muhammad) não fala por capricho.Isso não é senão a inspiração que lhe foi revelada.” (Alcorão 53:3-4)
O Alcorão foi revelado em árabe ao Profeta Muhammad em um período de vinte e três anos. É composto de um estilo tão único que não pode ser considerado poesia ou prosa, mas uma espécie de mistura de ambas. O Alcorão é inimitável. Não pode ser simulado ou copiado e Deus, Todo-Poderoso, desafia a humanidade a fazê-lo, se achar que pode:
“Dirão ainda: ‘Porventura, ele o tem forjado (o Alcorão)?’ Dize: Componde, pois, uma surata semelhante às deles; e podeis recorrer, para isso, a quem quiserdes, em vez de Deus, se estiverdes certos.” (Alcorão 10:38)
A linguagem do Alcorão é de fato sublime, sua recitação emocionante, como destacou um estudioso não muçulmano, “era como a cadência das batidas do meu coração.” Devido ao seu estilo único de linguagem, o Alcorão não é de leitura muito fácil, mas é relativamente fácil de lembrar. Esse último aspecto tem desempenhado um papel importante não apenas na preservação do Alcorão, mas também na vida espiritual dos muçulmanos. O próprio Deus declara:
“Em verdade, fizemos o Alcorão fácil de compreender e lembrar para a admoestação. Haverá, porventura, algum admoestado?” (Alcorão 54:17)
Uma das características mais importantes do Alcorão é que permanece hoje como o único livro sagrado que não foi alterado. Permaneceu livre de toda e qualquer adulteração. Sir William Muir afirma: “Provavelmente não existe outro livro no mundo que permaneceu doze séculos (agora quatorze) com um texto tão puro.” O Alcorão foi escrito durante a vida e sob a supervisão do profeta, que era iletrado. Assim, sua autenticidade é imaculada e sua preservação é vista como um cumprimento da promessa de Deus:
“Nós revelamos a Mensagem e somos o Seu Preservador.” (Alcorão 15:9)
O Alcorão é um livro que fornece ao ser humano o alimento espiritual e intelectual que anseia. Seus temas principais incluem a unicidade de Deus, o propósito da existência humana, fé e consciência de Deus, a Vida Futura e seu significado. O Alcorão também dá grande ênfase à razão e entendimento. Nessas esferas do entendimento humano, o Alcorão vai além de apenas satisfazer o intelecto humano, provocando a reflexão. Ao contrário de outras escrituras, existem desafios e profecias corânicas. É cheio de fatos que apenas recentemente foram descobertos. Um dos campos mais excitantes nos últimos anos foi a descoberta de informação científica significativa no Alcorão, incluindo o evento do Big Bang, dados embriológicos e outras informações relacionadas à astronomia, biologia, etc. Não há uma única afirmação que não tenha sido sustentada por descobertas modernas. Em resumo, o Alcorão preenche o coração, a alma e a mente. Talvez a melhor descrição do Alcorão tenha sido dada por Ali, o primo do profeta Muhammad quando fez uma exposição sobre ele:
“O livro de Deus. É o registro do que aconteceu antes, o julgamento do que acontece no presente e as profecias do que virá. É decisivo e não um caso para superficialidade. Quem for um tirano e ignorar o Alcorão, será destruído por Deus. Quem buscar outra orientação, será desorientado. O Alcorão é o elo inquebrantável de conexão com Deus. É a lembrança cheia de sabedoria e a senda reta. O Alcorão não foi deturpado pelas línguas, nem pode ser desviado pelos caprichos. Nunca se torna entediante com o estudo repetitivo e os estudiosos sempre quererão mais. As maravilhas do Alcorão são intermináveis. Quem falar com o Alcorão, falará a verdade. Quem governar com ele será justo e quem se apegar a ele será guiado para a senda reta.” (Al-Tirmidhi)
Fontes islâmicas: Alcorão e Sunnah (parte 2 de 2)
Descrição: A religião do Islã é baseada no Alcorão (a Palavra de Deus) e a Sunnah (ensinamentos e atributos do profeta Muhammad). Parte 2: Sunnah: A fonte secundária do Islã
- Por islaam.net
- Publicado em 26 May 2014
- Última modificação em 26 May 2014
- Impresso: 42
- 'Visualizado: 13,060
- Classificado por: 0
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 0
Sunnah
O termo Sunnah vem da palavra raiz sanna, que significa pavimentar o caminho ou facilitar a passagem em um caminho de modo que se torne um meio comumente seguido por todos que vierem depois. Assim, a palavra Sunnah pode ser usada para descrever uma rua, estrada ou caminho no qual viajam pessoas, animais e carros. Adicionalmente, pode-se aplicar a um modo profético, ou seja, a lei que trouxeram e ensinaram como explicação ou clarificação de um livro divinamente revelado. Normalmente o modo profético inclui referências a seus ditos, ações, características físicas ou traços de caráter.
Do ponto de vista islâmico, a Sunnah se refere a qualquer coisa narrada ou relacionada ao profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, traçados autenticamente a ele em relação à sua fala, ações, características e aprovações silenciosas.
Cada narração é composta de duas partes: o isnad e o matn. O isnad se refere a uma cadeia de pessoas que narrou uma narração em particular. O matn é o texto em si da narração. O isnad deve ser composto de indivíduos sinceros e de caráter elevado, cuja integridade é inquestionável.
A fala do Profeta Muhammad
A fala do Profeta Muhammad se refere a seus ditos. Por exemplo, ele disse:
“As ações são julgadas pelas intenções. Todos serão recompensados de acordo com sua intenção. Quem migrar em nome de Deus e Seu profeta sua migração será anotada como uma migração em nome de Deus e Seu profeta. Da mesma forma, quem migrar apenas para obter algo mundano ou se casar com uma mulher, sua migração terá o valor de sua intenção.” (Saheeh Al-Bukhari)
O profeta também disse:
“Quem acreditar em Deus e no Último Dia deve dizer algo bom ou ficar em silêncio.”
Os dois relatos acima mostram claramente que o profeta falou essas palavras. Consequentemente, são conhecidos como sua fala.
As ações do Profeta Muhammad
Suas ações pertencem a tudo que ele fez, como autenticamente relatado pelos Sahaba (Companheiros). Por exemplo, Hudaifa relatou que sempre que o profeta se levantava à noite, escovava seus dentes. Aisha também relatou que o profeta gostava de fazer tudo começando com o lado direito - colocar os sapatos, caminhar, se limpar e em todos os seus assuntos de maneira geral.
As aprovações silenciosas do Profeta Muhammad
Suas aprovações silenciosas em questões diferentes significavam que não se opunha ou importava com o que viu, ouviu ou soube das ações ou ditos de seus Companheiros. Em uma ocasião, por exemplo, o profeta soube das ações de alguns de seus companheiros através de outros companheiros. Logo após a batalha de Khandaq o profeta Muhammad deu a ordem para os companheiros se moverem rapidamente para a tribo de Banu Quraydah, encorajando-os a correr para que, talvez, orassem Asr (a oração da tarde) lá. Alguns dos companheiros do profeta responderam imediatamente e partiram sem orar Asr. Chegaram depois do por do sol, armaram o acampamento e oraram Asr depois do por do sol. Ao mesmo tempo, outro grupo de companheiros formulou o julgamento de forma diferente. Pensaram que o profeta estava meramente encorajando-os a correr para o destino, ao invés de atrasar Asr até depois do por do sol. Consequentemente, decidiram ficar em Medina até que tivessem orado Asr. Imediatamente depois disso correram na direção da tribo de Banu Quraydhah. Quando contaram ao profeta de como cada grupo respondeu de forma diferente ao seu comando, ele confirmou os dois julgamentos.
Características físicas e morais do Profeta Muhammad
Tudo autenticamente narrado em relação à complexão do profeta e o resto de suas características físicas também está incluso na definição de Sunnah. Umm Ma’bad descreveu o que viu do grande profeta. Ela disse:
“Vi um homem, sua face radiante e com brilho, nem muito magro e nem muito gordo, elegante e bonito. Seus olhos tinham um matiz negro profundo com cílios longos. Sua voz era agradável e seu pescoço longo. Tinha uma barba espessa. Suas sobrancelhas longas e negras eram belamente arqueadas e conectadas. Em silêncio, permanecia solene, merecedor de temor e respeito. Quando falava, sua fala era brilhante. De todas as pessoas era a mais bonita e agradável, mesmo à distância. Em pessoa, era único e admirável. Agraciado com lógica eloquente, seu discurso era moderado. Seus argumentos lógicos eram bem organizados como se fossem uma cadeia de pérolas. Não era muito alto e nem muito baixo, mas exatamente no meio. Entre três, parecia o mais radiante e vibrante. Tinha companheiros que o honraram afetuosamente. Quando falava, o ouviam atentamente. Quando dava ordens, as executavam rapidamente. Ficavam ao seu redor, protegendo-o. Ele nunca se aborrecia ou falava de forma frívola.” (Hakim)
Junto com suas características físicas, seus companheiros também descreveram seus hábitos e comportamento com as pessoas. Uma vez Anas relatou:
“Servi ao profeta de Allah, que a paz esteja sobre ele, por dez anos. Durante esse tempo, ele nunca me disse nem um “uff”, caso eu fizesse algo errado. Nunca me perguntou se eu tinha deixado de fazer algo. “Por que não fez isso?” e nunca me disse, caso eu tivesse feito algo errado, “Por que fez isso?”
Do relatado acima podemos ver claramente que quando o termo Sunnah aparece em um contexto geral se referindo ao profeta Muhammad, compreende qualquer coisa narrada sobre o profeta e autenticamente traçada até ele. Quando um muçulmano fica ciente da autenticidade de qualquer narração, ele/ela é obrigado/a a seguir e obedecer de acordo. Essa obediência é ordenada por Deus, quando Ele declara:
“...obedecei a Deus e ao Seu Mensageiro, e não vos afasteis dele enquanto o escutais (em prédica).” (Alcorão 8:20)
Às vezes alguns muçulmanos ficam perplexos quando as pessoas dizem que a Sunnah é algo apenas recomendado e não é obrigatória. Assim concluem que devemos seguir somente o Alcorão e não a Sunnah. Esse argumento resulta de um grande mal entendido. Os sábios da jurisprudência islâmica usam o termo Sunnah para denotar o que é autenticamente estabelecido do profeta Muhammad em atos que não foram subsequentemente feitos obrigatórios por Deus.
Acrescentam que isso inclui qualquer dito do profeta Muhammad no qual ele encoraja os muçulmanos a fazerem uma tarefa em particular e elogia os que se apegam a esses atributos. Assim, para eles, o termo Sunnah se refere ao que é “recomendado” e não é obrigatório (fard ou wajib).
Disso podemos ver claramente que o termo Sunnah assume significados diferentes quando usado por disciplinas islâmicas diferentes.
Adicione um comentário