Abdullah Ibn Salam (parte 2 de 2): Um homem entre as pessoas do paraíso
Descrição: O conhecimento de Abdullah Ibn Salam sobre o Torá o levou à religião do Islã.
- Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
- Publicado em 28 Apr 2014
- Última modificação em 28 Apr 2014
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Na nova cidade de Medina as relações entre todas as filiações políticas eram tensas. A composição da sociedade era mantida pelas alianças tribais e políticas e qualquer mudança ameaçava afundar a área no caos. O advento do Islã era uma dessas mudanças. O profeta Muhammad e seus seguidores foram convidados a se relocarem para Yathrib (agora conhecida como Medina) com o profeta Muhammad, que Deus o exalte, assumindo a liderança da área circunvizinha. As habilidades diplomáticas e lealdade do profeta eram bem conhecidas e admiradas. Entretanto, alguns grupos, particularmente alguns grupos judaicos, não queriam qualquer mudança a suas tênues, mas ainda assim lucrativas, alianças. Assim era o cenário político de Medina e nessa mistura surgiu Abdullah Ibn Salam.
Na parte 1 aprendemos que Husain Ibn Salam era um sábio judeu bem respeitado e que desfrutava da confiança de sua comunidade. Por causa de seus estudos Ibn Salam estava convencido que o profeta Muhammad era o profeta predito no Torá. Quando o profeta Muhammad chegou a Medina, Ibn Salam correu para a sua presença e declarou sua crença nos ensinamentos do Islã e na missão profética de Muhammad. O profeta Muhammad mudou o nome de Ibn Salam de Husain para Abdullah (o servo de Deus).
Abdullah Ibn Salam estava excitado de estar na companhia do profeta Muhammad. Passou tanto tempo quanto possível com ele fazendo perguntas, conversando sobre o Islã e o Judaísmo e desfrutando da companhia do homem que o Torá havia predito tanto tempo atrás. Abdullah Ibn Salam queria muito que seu povo aceitasse o Islã como sua religião e Muhammad como seu profeta. Entretanto, temia como reagiriam se os informasse de sua conversão. Ibn Salam era conhecido entre os judeus como um homem virtuoso e bem educado e discutiu seu problema com o profeta Muhammad. Concordaram a respeito de um plano.
Um dia, quando estava na companhia dos respeitados anciãos judeus de Medina, o profeta Muhammad perguntou-lhes suas opiniões sobre o caráter de Ibn Salam. Responderam: “Ele é o melhor dentre nós, o filho do melhor entre nós, o que tem mais conhecimento e o filho do que tem mais conhecimento” [1] e o profeta Muhammad continuou a questioná-los e a perguntar suas opiniões se Ibn Salam aprendesse e aceitasse o Islã. Os judeus reagiram com horror. Ele jamais faria isso, clamaram! Nesse momento Ibn Salam entrou e declarou sua conversão ao Islã. Os judeus reagiram com raiva, mas Ibn Salam sabia que os livros revelados judaicos tinham previsto a vinda do profeta Muhammad.
Embora as alianças fossem tênues, todas as facções políticas em Medina, pelo menos no início, aceitaram a liderança do profeta Muhammad. Até levavam questões da lei religiosa para ele. Em uma ocasião quando um grupo de judeus solicitou que o profeta Muhammad emitisse uma sentença sobre um casal adúltero, ele imediatamente perguntou qual era a regra de acordo com o Torá. Eles responderam: “Divulgamos seu erro e os chicoteamos.”
Ibn Salam sabia que a punição correta era apedrejamento e insistiu que o próprio Torá fosse usado para confirmar suas palavras. Foi trazida uma cópia do Torá e descobrimos que havia sido dada uma resposta incorreta para deliberadamente enganar o profeta. Abdullah Ibn Salam apontou as passagens corretas que estavam habilmente ocultas sob a mão do homem judeu segurando o pergaminho. A punição no Torá era apedrejamento, Ibn Salaam leu as passagens corretas e o profeta Muhammad ordenou que a regra fosse mantida.
Abdullah Ibn Salam amava estar na companhia do profeta Muhammad. Passava tanto tempo quanto possível com ele e ficava contente com suas conversas e companhia. Era devotado ao Alcorão e estava frequentemente na mesquita orando, aprendendo e ensinando. Era conhecido entre os muçulmanos como um professor eficiente e dedicado e seus círculos de estudos eram populares e muito frequentados. Abdullah Ibn Salam também era conhecido entre os muçulmanos de Medina como um homem destinado ao Paraíso. Entre as tradições autênticas do profeta Muhammad existe uma história que explica exatamente por que Abdullah Ibn Salam era considerado uma das pessoas do Paraíso.
Qays bin `Abbad disse: “Estava na mesquita quando veio orar um homem cuja face mostrava sinais de humildade. As pessoas disseram: “Esse é um homem entre as pessoas do paraíso”. Quando ele partiu, o segui e falei com ele. Disse a ele: “Quando você entrou na mesquita as pessoas disseram que é uma das pessoas do Paraíso.” Ele respondeu: “Todos os louvores são para Allah! Ninguém deve dizer o que desconhece. Contarei por que eles dizem isso. Tive um sonho durante a época do mensageiro de Deus e o narrei a ele. Vi que estava em um jardim verde (e descreveu as plantas e a vastidão do jardim) e havia um poste de ferro no meio do jardim afixado na terra e seu topo alcançava o céu. Em sua ponta havia uma alça e me disseram para subir no poste. Eu disse: “Não posso”. Então um ajudante veio e levantou minha túnica e me disse: “Suba”. Subi até que segurei a alça e ele me disse: “Segure na alça.” Acordei daquele sonho com a alça em minha mão. Fui até o mensageiro de Deus e lhe contei sobre o sonho e ele disse: “O jardim representa o Islã, o poste, representa o pilar do Islã e a alça representa o apoio mais confiável. Você permanecerá muçulmano até morrer.” [2]
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