Stephanie, ex-católica, África do Sul (parte 1 de 6)
Descrição: Como começa a busca dela pela verdade.
- Por Stephanie
- Publicado em 16 Mar 2015
- Última modificação em 16 Mar 2015
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Meu nome é Sadiqah Ismat (conhecida como Stephanie por minha família e outros amados cristãos) e moro em Cape Town, África do Sul. Minha jornada para casa foi extremamente complexa, com muitas camadas sendo reveladas uma a uma e queria escrever em detalhes sobre meus testes depois da reversão para que outros possam ser ajudados - então esteja avisado: minha história é muito longa! Pela graça e misericórdia de Deus Todo-Poderoso cheguei em casa! Foi uma jornada excitante e muito surpreendente - se me dissessem há três anos que deixaria o Cristianismo e me tornaria muçulmana eu teria surtado e digo que era uma absoluta loucura, já que estava muito feliz como cristã católica em 2008.
Meu Histórico
Venho de uma família sul-africana de classe média suburbana de origem alemã/africâner que são cristãos protestantes amorosos e maravilhosos. Nasci em 1984 e cresci muito sozinha, já que era mais de uma década mais nova que minha irmã e dois irmãos. Minha mãe era (e ainda é) um membro muito ativo e devoto da igreja pentecostal, mas meu pai, embora um bom homem cristão, não frequentava a igreja. Era uma pessoa de mente muito aberta e eu ficava muito mais confortável falando com ele sobre religião do que com minha mãe.
Fui educada com ensinamentos cristãos bem fundamentalistas, o que significa que fui ensinada desde tenra idade que se não acreditasse em Jesus Cristo (que Deus o exalte) e o aceitasse como meu Salvador, iria para o inferno. Outras religiões, mesmo o Catolicismo, eram tabus. Acreditava-se que suas almas estivessem perdidas, seu Deus era visto como outro Deus além do Deus cristão. Não é de surpreender que eu tenha crescido com muito medo de Deus e do inferno. Fazia minhas orações todos os dias, para que estivesse a salvo do mal. Assuntos como demônio e libertação de espíritos demoníacos eram discutidos na casa por minha mãe e suas amigas, por telefone ou na sala/cozinha. Ela estava no ministério de cura e era muito bem versada na Bíblia; a matriarca espiritual da família, que inspirava medo e respeito em mim. Eu era uma criança muito tímida e ansiosa e acreditava que o que ela dissesse era lei de Deus e, então, seguia - ou pagaria.
Quando estava com 12 anos aceitei Jesus Cristo, que Deus o exalte, "em meu coração como meu Senhor e Salvador" como todos os cristãos protestantes fazem, mas não lembro muito do que aconteceu depois. Ao mesmo tempo, tinha uma amiga católica a quem amava muito. Visitava a casa dela muitas vezes, via as fotos, estátuas, rosários, crucifixos e ficava fascinada. Aprendi também sobre a prática cristã de jejuar (Quaresma). Amava a tradição e ordem e me perguntava por que minha própria família não me ensinava sobre a Quaresma e os santos. Então ela me convidou para ir a igreja dela. Era bonita por dentro, muito diferente das igrejas simples e modernas nas quais eu havia estado, e fiquei maravilhada. Meu coração foi tocado profundamente e foi o início de uma longa fascinação e amor pelo Catolicismo. (Levei dez anos para ter a coragem de explorá-lo, já que temia ir para o inferno se me convertesse.) Foi por essa época que minha amiga me deu um objeto devocional católico. Quando o trouxe para casa, minha mãe disse que devia devolvê-lo. Temia que Deus ficasse zangado se eu o mantivesse e obedeci. Preocupava-me continuamente se estava ou não salva. Daí até os 21 anos fui à igreja muito raramente. As igrejas que minha frequentava tinham serviços religiosos muito emocionais, nos quais as pessoas caíam quando oravam, e eu surtava. Então parei de ir, me ocupando em casa com hobbies como astronomia e pintura e adorava ir à casa de minha amiga. Depois do segundo grau seguimos caminhos separados. Mudei-me para outro subúrbio. Nessa época estava doente com depressão e ansiedade severas, que duraram por aproximadamente três anos e para as quais precisei de tratamento psiquiátrico. Estava confusa e sentia falta de um propósito e direção em minha vida. Essa foi a parte mais sombria de minha vida, na qual minha mãe foi heroica em seu apoio.
Minha Busca Começa
Minha mãe acreditava desde quando eu estava em seu útero, que Deus tinha um plano especial para mim. Fui educada para acreditar que tinha sido destinada a coisas elevadas e extraordinárias e, ainda assim, tinha uma baixa autoestima e queria ser normal. Era muito doloroso para mim saber que era "diferente". No segundo grau era solitária e alguns dos meus colegas pensavam que era estranha, o que não facilitava as coisas. Vivia em meu próprio mundo de fantasias.
Em 2005, quando estava com 21 anos, comecei a buscar por uma igreja para frequentar e depois de explorar os metodistas, fui para uma igreja anglicana na qual fui batizada e confirmada. Foi também nessa época que tive um forte impulso para me tornar uma freira, já que amava a dedicação que tinham ao outro mundo e que ia contra a cultura e também depois de ver isso como uma confirmação das esperanças de minha mãe para mim. Comprometi-me com Jesus como um celibato. Foi por essa época, em 2006, que comecei a me interessar em usar um véu como as freiras. Comecei com um pequeno lenço retangular que usava o dia todo e, à medida que o tempo passou, usava lenços maiores.
Em Cape Town há uma boa história muçulmana, começando com os escravos malaios trazidos para cá no século 17. Então, tínhamos uma boa quantidade de muçulmanos no local (a maioria malaios/de cor), muito embora os muçulmanos fossem apenas 2% da população da África do Sul, comparados com os 80% de cristãos. Fui atraída para o hijab, que cobre o pescoço também além da cabeça, mas minha mãe dizia que eu "pareceria muçulmana" e isso me desanimou, embora por conta disso começasse em mim uma fascinação e respeito profundos pelas muçulmanas. (Era engraçado, mas, apesar dos comentários dela, ela - e toda a minha família - me aceitavam com véu e não tinham vergonha de sair comigo. Acho que era difícil para ela, mas ela me deu liberdade depois de eu fazer 21 anos.) Também fiquei interessada em me vestir modestamente, com saias longas que comecei a costurar eu mesma (no início com a ajuda de minha mãe.) Isso porque não conseguia achar nada longo o suficiente nas lojas - tenho 1,80m! Meu desejo de ser freira me levou em uma jornada para descobrir a dignidade de minha feminilidade, as bênçãos da modéstia e amor pelo véu. Também lançou as sementes do meu interesse em costura e desenho de moda.
Stephanie, ex-católica, África do Sul (parte 2 de 6)
Descrição: A vida dela como católica.
- Por Stephanie
- Publicado em 23 Mar 2015
- Última modificação em 23 Mar 2015
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Vida como católica.
Em 2007 comecei a frequentar a igreja católica local e uma iniciação de um ano no catolicismo romano. O dia que me tornei católica, 23 de março de 2008, foi um dos dias mais felizes de minha vida e ainda lembro-me dele com carinho.
Não sabia que ainda não era o fim da estrada...
Como uma nova católica, fiquei enamorada com a igreja e senti-me finalmente em casa. No ano seguinte (2009) fiquei envolvida no ministério de sacristã (aqueles que organizam o altar para a missa e preparam tudo para cada celebração), que amava de todo o coração. Tinha feito isso como anglicana também. Mas logo comecei a ficar insatisfeita com a forma que as coisas eram feitas na igreja, que um dia tinha acreditado ser tão estrita e tradicional. Fiquei particularmente contrariada com a atitude moderna e casual para a adoração e senti uma estranheza em minha igreja por ser a única mulher que cobria a cabeça. Não aceitei a explanação moderna de que não era mais necessário. Não fazia sentido. Acreditava que os versículos bíblicos de 1 Coríntios 11: 3-16 eram válidos para todas as épocas e culturas.
Como houve um declínio na modéstia e em cobrir a cabeça para as mulheres depois que surgiu o feminismo radical nos anos 1960, coloquei toda a culpa no feminismo, que odiava. Acreditava que havia tirado das mulheres sua modéstia e dignidade e defendia a posição da igreja como descrita na escritura e tradição da igreja, sobre as mulheres serem subordinadas aos seus maridos e se manterem em silêncio na igreja. Era fiel a esses ensinamentos ao máximo e me recusava a aceitar funções tradicionalmente atribuídas aos homens. Ao fazê-lo entrava em debate com minhas amigas feministas e me sentia terrível, porque parecia que eu odiava as mulheres. Estava constantemente em conflito com a igreja deixando as mulheres assumirem funções de liderança, e qualquer coisa que lembrasse o feminismo me fazia escrever cartas impopulares para o jornal católico local! Se esses ensinamentos sobre mulheres estavam na Bíblia, por que não estavam sendo seguidos? No fim percebi que era porque alguns deles não eram razoáveis. Também defendia a modéstia (que fosse razoável), mas continuava me sentindo isolada, cercada por mulheres na igreja vestidas de maneira indecente. Estava confusa sobre por que nada sobre modéstia era ensinado pela igreja. O catecismo católico era tão claro e, ao mesmo tempo, tão vago. Falava de modéstia de maneira geral, mas não dava nenhuma orientação, deixando por nossa conta decidir. Era uma mulher infeliz e amarga, defendendo uma causa perdida. Era irônico, mas o nome católico que adotei foi "Dolores", que significa "tristeza"!
Toda vez que via uma muçulmana em hijab eu a invejava e queria ser uma também. Sentia uma afinidade com elas que nunca senti com as católicas e queria estar na companhia delas. Sorria para toda mulher em hijab quando passava por elas. Não era de surpreender que me confundissem com uma muçulmana, mas era melhor do que se pensassem que era uma freira! Ficava embaraçada quando estranhos me saudavam com "Alô irmã" até no supermercado e meu padre me repreendeu por me vestir como alguém que eu não era. Então usava meus véus no estilo muçulmano, acrescentando um crucifixo para que não me confundissem com uma muçulmana. Quando fiz isso as pessoas não me confundiram com uma muçulmana, mas estava ciente de que me parecia com uma. Isso não me incomodava, já que tinha amor por elas e as defendia quando eram criticadas, mas às vezes me sentia como uma fraude de duas caras. Quem sou eu? Uma católica? Ou uma muçulmana? Lia romances ambientados no Oriente Médio e sobre personagens muçulmanos, assistia a todos os programas de TV e filmes que pudesse encontrar, até a Al-Jazeera, só para ver mulheres de véu e pessoas se prostrando e meu interesse aumentou mais.
Por volta da época em que me converti ao Catolicismo tinha testado meu chamado para ser uma freira cinco vezes em quatro conventos: A primeira das quatro tentativas foi em setembro de 2006 em um convento anglicano, novembro-dezembro de 2008 em um convento católico carmelita, janeiro de 2009 em outro convento católico e outra vez no mesmo convento carmelita de outubro de 2009 a janeiro de 2010 - todas sem sucesso.
Ainda me lembro de um incidente no convento carmelita. Estava no setor dos hóspedes. Era novembro/dezembro de 2009 e fui proibida de usar meu véu no convento, o que me deixou muito triste. O convento ficava em um subúrbio com uma mesquita e ouvi a bela chamada para a oração em muitas ocasiões, especialmente quando estava no banheiro com a janela aberta. Quando a ouvia ficava na frente do espelho, pegava meu lenço quadrado que usava como cortina para a janela e o colocava em minha cabeça, fantasiando que era uma muçulmana! Imaginava como seria.
Em outra empreitada como católica, fui uma aspirante a pensadora e escritora. Depois que desenvolvi uma vida rica em orações a partir de 2007, tive algumas experiências espirituais e escrevi sobre temas como a Eucaristia, Trindade e Encarnação (e também condição feminina, modéstia e o véu). Era profundamente devotada a esses mistérios cristãos e, embora a Trindade fosse difícil de entender no início, achava que fazia sentido em alguma maneira espiritual incompreensível para a mente. (Via ali dois tipos de lógica - a lógica da razão e a lógica da fé. A primeira era nosso intelecto humano e a segunda era um intelecto mais elevado que habitava em nossos espíritos e que só fazia sentido quando tínhamos fé cega em alguma doutrina. O problema era que a "fé cega" podia ser facilmente distorcida por opiniões pessoais...) A doutrina que chama Maria, que Deus a exalte, a Mãe de Deus também parecia estranha, mas também fazia algum sentido lógico - se Jesus, que Deus o exalte, era visto como Deus. A partir dessas doutrinas desenvolvi essa noção de Deus como sendo o "estado supremo de Ser/Felicidade." Os católicos ensinavam que Maria é um exemplo para a igreja e que todos compartilhamos em sua Maternidade de Deus. Isso significava que podemos, em um sentido místico, "dar à luz" a Deus no mundo! Com essa compreensão que tinha de Deus sentia-me com medo, porque achava que estava perigosamente limitando Deus a meros conceitos. Isso podia levar ao pensamento de que nós humanos tínhamos algum tipo de poder sobre Ele.
Aceitei as doutrinas cristãs inquestionavelmente (até recentemente quando me senti compelida a questioná-las devido à minha situação infeliz). Por causa de meus escritos sentia que tinha sido abençoada com muito conhecimento e teria que prestar mais contas no Último Dia por deixar essa fé para trás. Isso me fez acreditar em jamais deixar o Cristianismo. Não ousaria! O que?! Deixar essa fé para trás e perder minha alma para o inferno? Abandonar Jesus como Deus? Não. Estava verdadeiramente convencida de que permaneceria católica, minha fé era inquestionável e forte! E minha mãe, não quero nem pensar o que ela diria! Tremia só de pensar em deixar Jesus para trás. Ainda assim não podia negar meu interesse crescente no Islã, tanto que tentei ao máximo afastá-lo.
Em agosto de 2010 descobri outro convento católico de freiras dominicanas enclausuradas e contemplativas, bem longe de casa, que atendia e até excedia minhas expectativas. A espiritualidade delas se adequava à minha - focavam na Verdade e Pureza, os dois valores que eu mais estimava. Depois de uma visita de dois meses continuei e entrei oficialmente em 7 de novembro de 2010 (em todos os outros conventos era apenas uma visitante). Realmente achei que tinha finalmente encontrado meu lar, mas algo ainda me desagradava, particularmente ter sido cortada do mundo ao meu redor e ainda não me sentir livre. Depois de outros dois meses saí e voltei para casa sem arrependimentos. Nessa época o meu desejo de cinco anos de ser freira tinha passado em definitivo. Era janeiro de 2011.
Stephanie, ex-católica, África do Sul (parte 3 de 6)
Descrição: Sua luta interior.
- Por Stephanie
- Publicado em 23 Mar 2015
- Última modificação em 23 Mar 2015
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A LUTA INTERIOR.
Para ilustrar minhas lutas interiores, segue aqui excertos que coletei recentemente de vários e-mails para amigos nos últimos dois anos.
2 de julho de 2009 : Na realidade amo os muçulmanos por causa de suas opiniões rigorosas e às vezes assisto a um programa muçulmano na TV só para ter uma ideia de sua beleza. A prática deles de modéstia se chama "hijab". Eles têm muito que lembrar a nós cristãos!
1 de fevereiro de 2010 : Para ser honesta, estou passando por uma crise em minha fé, minha identidade e minha vocação. Minha crise é que sou muçulmana por fora e católica por dentro! Não consigo suportar abrir mão de Jesus, mas não consigo deixar de gostar do modo de vida dos muçulmanos! Gosto de ambos e parece que isso me colocar na margem entre o Cristianismo e o Islã.
16 de fevereiro de 2010 :No último ano tenho tido uma atração cada vez maior pela cultura muçulmana/do Oriente Médio. Posso dizer pessoalmente que se tivesse que escolher minha religião de acordo com meus sentimentos atuais, me converteria ao Islã!
2 de março de 2010: ...Estou um pouco zangada e desiludida com o mundanismo na igreja que obscurece sua luz... Às vezes olho para os muçulmanos e desejo muito poder ser uma, já que sou fascinada pelo Islã nos últimos um ou dois anos, mas sei que não posso porque sou muito apegada a Jesus.
Assisto dois programas muçulmanos toda semana, só por interesse. Em um dos programas havia um homem que se tornou muçulmano. Ele disse que o que mais gostava na religião era sua simplicidade e que amava a maneira como os muçulmanos são dedicados, mostrando sua fé na forma como vivem e se vestem. Pode-se praticamente ver um muçulmano pela sua aparência. Essas são as principais razões pelas quais também estou fascinada com a religião. Falei com uma senhora muçulmana de meia-idade em uma loja local que vou para adquirir materiais de costura. A loja é administrada por muçulmanos e falei com essa senhora antes, porque ela me perguntou por que uso o véu. Disse a ela que embora não fosse muçulmana, era uma "amiga dos muçulmanos". O rapaz atrás do balcão disse uma vez no ano passado que eu ficava bem de lenço. Fiquei muito feliz com o elogio. Aqui estavam pessoas que me compreendiam! Isso me fez tão feliz!
Foi muito engraçado, mas uma vez há um bom tempo atrás quando estava fazendo compras...com minha mãe, estava com meu véu como uma muçulmana e minha mãe disse: "Você devia ter nascido muçulmana!" Disse a ela com um sorriso: "Eu sei!" Certamente não queria me converter, mas à medida que via meu interesse aumentando, me preocupava em perder minha fé cristã, apesar de tudo... Minhas crenças em relação ás mulheres (e mesmo algumas sobre o casamento) são as mesmas que as islâmicas e às vezes sinto que me encaixo melhor com eles do que entre católicos. Não tenho tanta sensação de pertencimento, quanto entre muçulmanas.
3 de março de 2010 :Ela disse que devo tentar e encontrar a causa de meu amor pelo véu e fiquei frustrada quando ela levantou esse assunto. Senti-me irritada quando ela disse que "o véu católico" não era suficiente para mim e que naturalmente adotei a "forma extrema do véu muçulmano." O que é o véu católico, afinal de contas? Posso usar uma mantilha para a missa, sim, mas não posso sair com ele. É por isso que não a uso! Tenho que ser muçulmana para gostar do véu?
5 de junho de 2010:Devo confessar outras coisas, tenho um forte interesse no Islã e vejo muitas opções no Cristianismo. O Islã parece tão imutável e atemporal e o Cristianismo parece ter mudado tanto que se tornou irreconhecível.
18 de janeiro de 2011: Disse a você antes que tenho tido uma fascinação pelo Islã, que cresceu até que coloquei um fim na fascinação, porque temia que me levasse para o caminho errado. Logo depois disso, fui para o convento. Quando retornei, o interesse voltou e, de fato, está me atraindo tanto que decidi investigar mais o Islã.
Essa religião me atrai muito, porque meu comportamento é mais a de uma muçulmana do que de uma cristã. É como se minhas opiniões pessoais sobre muitas coisas (especialmente sobre modéstia e o véu) estivessem refletidas no Islã. A situação na qual estou agora está na verdade seguindo o mesmo padrão de meu interesse no Catolicismo - estava com muito medo de contar à minha mãe, a princípio; estava com muito medo de explorar o Catolicismo por medo da danação e o estudei em segredo e o pratiquei antes de me decidir sobre qualquer possibilidade de conversão.
Como cristã me sinto cada vez mais sozinha, porque estou sozinha em algumas de minhas convicções, enquanto que como muçulmana seria uma das muitas que acreditam e encontraria solidariedade e apoio. De fato o Islã me atraiu pela mesma razão que o Catolicismo me atraiu a princípio - Unicidade que exibe mais visivelmente na prática. Esse interesse no Islã me preocupa porque estou com medo (como estava antes de me decidir tornar-me católica) de que se mudar minha crença estarei condenada ao inferno. Não consigo ver como Deus condenaria outras religiões ao inferno apenas porque não seguem diretamente a Cristo. Entretanto, como cristã me dizem que se abandonar Jesus estarei perdida. Não consigo aceitar a conversão agora, mas do jeito que meu interesse está se desenvolvendo, parece se tornar cada vez mais viável. Isso me assusta e, ainda assim, o que posso fazer? Devo negar o Islã, que me atrai tanto?
11 de fevereiro de 2011: Estou passando por uma crise de fé novamente... Voltou ainda mais que antes. Estou me sentindo desiludida com o Cristianismo de novo. Meu coração está vacilando. Estou apavorada de ir para o inferno e, ao mesmo tempo, exausta de ouvir que irei para o inferno se optar por mudar minha crença.
13 de fevereiro de 2011: [em resposta aos meus amigos que estavam muito preocupados comigo] É duro demais tentar me adequar com os cristãos quando me adequo mais com os muçulmanos. E não é só por causa da maneira como me visto ou creio em relação à modéstia. Também tem a ver com o quanto amo a maneira que eles adoram, usando reverências e prostrações, tirando seus sapatos, todos em uníssono, homens e mulheres separados, o estilo de vida deles simples e prático e sua surpreendente peregrinação, diferente de qualquer outra. Até a maneira como enterram seus mortos é a forma como quero ser enterrada. Até encontrei um nome islâmico que gosto! - Saadiqah (que significa amante da verdade, modéstia). "O que está havendo comigo?Como ouso ir nessa direção?" Pergunto a mim mesma.
Quando vou à missa me sinto uma peculiaridade e anseio estar cercada de muçulmanos. Não consigo sentir uma conexão com muitos outros cristãos, particularmente as mulheres, e isso dói.
O que seria melhor?
Martirizar-me continuando nesse jeito solitário, sendo uma peculiaridade e não me encaixando, em nome de ser uma luz, ensinando modéstia - e ainda assim me sentir amarga, exclusivista e solitária?
Ou
Encontrar um nicho no qual encontrarei uma sensação de pertencimento a uma comunidade, não ajudando tanto aos outros (embora ainda continuando a costurar), mas sendo feliz e tendo paz interior?
O que seria mais importante do que evitar o caminho do pecado em minha própria alma? Não posso abençoar outras almas se não estou feliz em minha própria alma primeiro.
Posso assegurar que estou orando a Deus. Estou certa que Ele quer que eu seja eu mesma e também sinta que pertenço a outros. Não posso pensar em Deus zangado comigo só porque busco e exploro. Estou apenas especulando. Nada é definitivo, mas me sinto dividida entre dois caminhos.
Stephanie, ex-católica, África do Sul (parte 4 de 6)
Descrição: Ela finalmente abraça o Islã.
- Por Stephanie
- Publicado em 30 Mar 2015
- Última modificação em 30 Mar 2015
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13 de fevereiro de 2011: Fui educada por tanto tempo com essa mentalidade cristã fundamentalista que teme outras religiões e que se eu as explorasse desagradaria a Deus. E estou muito apavorada com o que minha mãe pode pensar. Mesmo que ela tenha mencionado há alguns anos no shopping: "Você devia ter nascido muçulmana!", ela disse outro dia quando contei do meu interesse na oração da Páscoa: "Desde que não se torne maometana!" Pensei: "Ó Deus, mãe, acho que... Gosto do Islã!" Acabei dizendo algo parecido com isso a ela - que minha escolha de religião era problema meu, não dela.
Quando penso no por que de amar a vida enclausurada de uma freira e o que amava no Catolicismo, vejo no Islã todas essas coisas, especialmente a unicidade, que é o que me atrai. É a religião que provavelmente está mais próxima de minha própria perspectiva de vida. Tenho que explorá-la ou continuarei retornando mais intensamente. Sinto que se a explorar posso perder o fascínio e retornar para o Cristianismo. Parte de mim quer se converter e parte de mim está APAVORADA. "E se eu for para o inferno?" é minha pior preocupação. E, ainda assim, senti o mesmo medo em vir para o Catolicismo. Essa noite cai no choro por estar tão dividida com tudo isso. Venho pesquisando muito sobre o Islã recentemente e lendo histórias de conversões e até sintonizei meu rádio em uma estação muçulmana. Falei com Deus o quanto uma parte de mim odeia o Islã por despertar meu interesse e, com certeza, é uma relação de amor e ódio. Tenho que aprender a viver com meu interesse. Mas como disse temo ofender a Deus - e o que Jesus pensa? Sinto-me uma hipócrita na missa, mas continuo a ir.
14 de fevereiro de 2011: Frequentemente tenho medo de contar aos cristãos que me são caros de meu interesse no Islã, por temer que digam que estou no caminho errado, me afastando da verdade, e prejudicarei minha alma. Acho o Islã muito severo, simples, forte e austero, ao contrário do Catolicismo que é mais complexo e até sentimental, às vezes.
Muitas coisas - o conjunto de orações nas quais se prostram, sua simplicidade, sua separação de homens e mulheres durante a adoração, orar descalços, sua ênfase MARAVILHOSA na modéstia e no véu, opinião sobre as mulheres (eu me considerava uma antifeminista ferrenha, mas quando vejo o feminismo através das lentes islâmicas faço as pazes com ele, porque as mulheres não comprometem sua modéstia e feminilidade). Também amo o jejum de Ramadã, a peregrinação que fazem, a limpeza da lavagem ritual, sua abstinência do álcool, a desaprovação do namoro - preferindo encontros castos e acompanhados entre homens e mulheres, casamentos arranjados e assim por diante.
Quando olho para a minha vida, parecia ser muçulmana pela maneira como me comportei. Dificilmente tinha encontros - encontrava meus dois namorados em minha casa ou na deles, ou saía com eles junto com outra amiga ou meus pais, etc. A partir dos 17 anos me vesti modestamente e amava cobrir minha cabeça. Nunca fui inclinada ao álcool, gostava do desafio do jejum e das orações estabelecidas (daí meu antigo amor pela vida enclausurada).
Não é que quisesse rejeitar o Cristianismo, mas encontrei algo com o qual sentia que podia me identificar mais e pertencer.
Vindo para o Islã
Não pude mais resistir e fiz muita pesquisa, lendo muitas histórias de conversão de mulheres e comecei a acreditar que fosse possível deixar Deus me guiar. Como meu coração já tinha sido conquistado há muito tempo, tudo que tinha a fazer era convencer minha mente... Então li artigos da internet e a tradução para o inglês do Alcorão e comecei a orar da maneira islâmica, fazendo Isha a princípio, usando um pequeno tapete para orar e fazendo wudu (a ablução ritual) da forma prescrita. Foi difícil para mim conquistar minha mente, mas orei para Deus Todo-Poderoso, Compassivo e Misericordioso, para que me guiasse. Pedi a Ele uma reviravolta e no dia seguinte li alguns artigos
Nada parecia me despertar, até que li um artigo em www.defending-islam.com chamado "O Milagre do Alcorão" de Khalid Baig. Ele dizia o seguinte:
"O proeminente sábio Dr. Hamidullah conta sobre um esforço na Alemanha por parte dos sábios cristãos para reunir todos os manuscritos gregos da Bíblia, já que a Bíblia original em aramaico está extinta. Reuniram todos os manuscritos no mundo e depois de examiná-los, relataram: "Foram encontradas duzentas mil narrações contraditórias... dessas, um oitavo são importantes." Quando o relatório foi publicado, algumas pessoas estabeleceram um Instituto para Pesquisa Corânica em Munique, com o objetivo de examinar o Alcorão da mesma forma. Até 1993 tinham sido coletadas 43.000 fotocópias de manuscritos corânicos. Embora alguns erros pequenos de caligrafia tenham sido encontrados, não foi descoberta uma única discrepância no texto!"
Uau, uau, UAU!!!... Isso realmente É um milagre! Como isso seria possível de outra forma??? Estava tão impressionada de só haver uma única versão do Alcorão. Como cristã protestante tinha pesquisado pela Bíblia mais autêntica e peguei a versão do Rei Jaime, porque era "autorizada". Então quando me tornei católica percebi que não era a mais original. Comprei uma versão revisada da Bíblia, mas considerava a versão de Douay-Rheims a mais autêntica porque era baseada na Vulgata de São Jerônimo - a mais próxima que pude conseguir da Bíblia primitiva. Infelizmente era muito cara. Amava a Bíblia de Jerusalém, que era usada na liturgia, mas também havia duas versões dela! Era tão confuso! Mas com o Alcorão, apesar de haver traduções para vários idiomas, existe uma única versão - a original em árabe - e não apenas isso, mas todo muçulmano tem acesso ao aprendizado do árabe e pode se beneficiar da verdadeira versão. Muito diferente da história cristã, quando a Bíblia só era lida por algumas pessoas, na maioria padres, que podiam facilmente ensinar às pessoas suas próprias opiniões.
Foi então que decidi me submeter a Deus. Como estava feliz! Não só isso, mas as opiniões do Islã sobre as mulheres colocaram um fim em minhas lutas na igreja católica. Pude reconciliar as boas coisas no feminismo com a modéstia e o véu. Finalmente, encontrei um nicho! Minha amargura se dissolveu como orvalho ao sol.
Isso tinha acontecido logo depois de outro evento - depois de todos os anos de luta para discernir uma vocação para um convento, decidi que era hora de procurar um emprego adequado para que finalmente pudesse me mudar da casa de meus pais e me tornar independente - e do jeito que as coisas estavam caminhando, agora era essencial! Mencionei em uma carta acima (2 de março de 2010) que ia regularmente a uma loja par comprar material de costura, porque conhecia bem os donos na época (e porque eram muçulmanos!) Decidi pedir um emprego part-time lá. Na semana seguinte passei para comprar alguns aviamentos como desculpa para pedir o emprego e compartilhar meu interesse no Islã. Quando comprei os aviamentos comecei a conversar sobre o Islã com uma senhora maravilhosa que trabalhava lá, que me deu o número da irmã dela para contato. A irmã dela conhecia alguém que trabalhava em uma madrassa (escola islâmica) e que estaria disposta a me ensinar. Para minha alegria consegui o emprego (entretanto, fui despedida logo depois). Então a senhora fez algo que me tocou profundamente - disse ao homem que não deviam me saudar mais com "olá", mas com "Salaam Aleikum!" (a paz esteja sobre você). Então respondi: "Wa Aleikum Assalaam! (e que a paz esteja sobre você também)!"
Stephanie, ex-católica, África do Sul (parte 5 de 6)
Descrição: O jihad e a alegria dela.
- Por Stephanie
- Publicado em 30 Mar 2015
- Última modificação em 25 Mar 2015
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Fui para casa chorando de alegria. Telefonei para a irmã da senhora com a qual tinha falado (nervosa, quando achei que minha mãe não poderia ouvir!) e combinei com ela. Ela disse que me daria retorno na semana seguinte. Era uma sexta-feira e no dia seguinte me senti confiante o suficiente para fazer a shahada se tivesse a oportunidade. Como sabia que não podia voltar atrás, orei para ter forças no período que estava por vir...
Foi muito difícil, porque quando fui para a igreja aquele domingo me senti muito culpada e assustada de estar fazendo algo errado - e com quase todos que conheço sendo cristãos e tendo concepções erradas sobre o Islã, não tenho apoio algum. Fora eles pensarem erradamente que o Deus dos muçulmanos é diferente do Deus do Cristianismo, alguém em minha família também pensava (que horror!) que os muçulmanos oram e adoram Muhammad (que Deus o exalte)! Não era de admirar que tivesse medo de contar a eles, mas felizmente Deus me fortaleceu logo depois.
Depois daquele dia abençoado quando decidi confiar em Deus, estava tensa e ansiosa ao mesmo tempo, porque sabia que era um grande passo e temia o que meus pais pensariam. Para dizer a verdade, também estava muito impaciente para tomar o grande passo, depois que decidi que queria. Por que esperar? O que aconteceria se morresse antes de ter a chance de me reverter? Então telefonei para o homem na loja e perguntei se poderia tê-lo e a outra pessoa como minhas testemunhas para fazer a shahada. Depois de dois adiamentos - enviados por Deus para me ensinar paciência! - encontrei a ele, a esposa e o filho rapaz em um carro no shopping center local à noite, três dias depois. A razão para esse ponto de encontro engraçado foi para que eu pudesse chegar lá sem meus pais (já que não dirijo). Sentei no carro, eles me explicaram algumas coisas e me emprestaram alguns livros, antes que eu pronunciasse a shahada (o testemunho de fé). A princípio não falava nada! Até hoje, quando penso onde me tornei muçulmana, acho graça em pensar que foi em um estacionamento! Que metáfora para minha jornada - finalmente encontrei um lugar para estacionar! Foi em 22 de fevereiro de 2011, 18 de Rabi-ul-Awwal de 1432. Que dia glorioso!!!
Jihad e alegria
Quando cheguei em casa, ainda não tinha caído em mim. Os testes começaram quando voltei para casa - quase tive problemas com meus pais porque demorei muito e o sol já tinha se posto. Pedi muitas desculpas e tentei encobrir meus temores. Mas precisava contar a eles logo - gradualmente. E assim o fiz - naquela mesma noite.
Falei primeiro com minha mãe. Mas não contei a ela de pronto que já era muçulmana. Só disse que estava no processo de aprender sobre o Islã e que não tinha contado a ela porque temia o que ela poderia pensar. Ela agiu exatamente como quando me tornei católica - não aprovou, mas disse que eu já tinha idade suficiente para decidir por mim mesma - apenas que eu devia "ter cuidado". A princípio, ela disse: "Não, não, não, Stephanie, não, não…." Mas mais tarde, depois que eu disse algumas coisas sobre o Islã para tentar ajudá-la com suas concepções erradas, que continuaria a mesma e a amá-la como filha, ela se acalmou. Ela pode ver que eu era séria a respeito. Senti tanto por ela. Era muita coisa para assimilar de uma vez e meu coração doeu por ela. Meu pai também ficou irritado: "Você pode se vestir como eles, mas adotar uma religião inteiramente diferente...!" Foi difícil, porque sempre o vi como uma pessoa de mente aberta.
Fui para a mesquita pela primeira vez, seis dias depois de minha reversão, e fui recebida calorosamente pela minha família do Islã por meio do imame. Orar com os outros pela primeira vez em união, sendo liderada pelo imame, foi uma experiência incrível. Tanto que estava nervosa no início!
Lutei no início com dúvidas sobre meu julgamento em me reverter ao Islã. Uma semana depois de minha reversão quando comecei a aprender na madrassa, comecei a me sentir sobrecarregada com todas essas coisas novas para aprender e essa nova mudança em minha vida e os antigos sentimentos de depressão (que me atacaram em cada grande mudança em minha vida) voltaram. Como conseguiria ser muçulmana? O Islã era tão diferente do meu histórico! E como tentar explicar aos meus pais que não posso mais comer presunto, bacon ou porco? Por que tenho que lavar os utensílios antes de usá-los? Ou por que nosso cão é "impuro" e não pode entrar mais no meu quarto? Um novo senso de isolamento ameaçou se instalar. Preocupei-me com minha vida espiritual. Como podia me conectar com Deus se ainda não compreendia as orações em árabe? O Deus "muçulmano" parecia ser muito distante e sem forma comparado com o Deus "cristão" pessoal, familiar e retratado em imagens, embora fosse o mesmo Deus. Costumava estar cercada de crucifixos e imagens de Jesus, Maria e santos católicos, com os quais conversava - e agora meu quarto tinha paredes vazias. Era assustador.
Mais testes com meus entes queridos vieram - recebi uma ligação de minha ex-madrinha. Recebi e-mails de uma velha conhecida de um grupo católico da internet ao qual costumava pertencer e de meu ex-padre, que disse que havia um certificado esperando por mim na igreja, porque fui treinada como sacristã! A madre superiora do convento em que tinha estado também me enviou um e-mail para minha mãe, dizendo que orava para que eu não perdesse minha fé católica! Quando disse à minha conhecida que tinha me revertido, ela tentou me reproselitizar dizendo que Jesus (que Deus o exalte) estava ferido na cruz e agora eu o tinha ferido mais. Não estava surpresa com essas atribuições de culpa, já que tinha acontecido com duas outras pessoas também. Mas ainda assim faziam com que me sentisse realmente negativa! Levei dois dias para criar coragem de enviar um e-mail para o padre, mas ele apreciou a coragem apesar de dizer que era duro para ele, como católico devoto, entender por que me reverti. Felizmente nos despedimos de forma amigável. Minha irmã também descobriu através de minha mãe que eu tinha me tornado muçulmana e ficou estupefata, mas pareceu aceitar quando enviei um e-mail explicando. (Tinha ficado óbvio que minha mãe já sabia que eu tinha deixado a igreja católica, o que me deixou aliviada. Posso agora admitir que sou muçulmana na frente dela!) Foi difícil para minha irmã também, mas ainda temos uma boa relação, alhamdulillah. Foi decisão minha ao me reverter não falar sobre religião com minha família, mas apenas ser uma filha/irmã/tia para eles. Esse é definitivamente o mesmo conselho que dou a outros revertidos: seja você mesmo!
Stephanie, ex-católica, África do Sul (parte 6 de 6)
Descrição: Finalmente a alegria dela voltou.
- Por Stephanie
- Publicado em 06 Apr 2015
- Última modificação em 06 Apr 2015
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No meio desses testes fui à mesquita uma segunda vez e, depois de uma semana de prática, a oração ficou muito mais fácil e não estava mais nervosa. Aquela noite me senti muito fortalecida e disse a Deus que me comprometia com Ele como muçulmana, que queria ser fiel nesse caminho. Desde então, tenho sentido uma nova força. Precisava dessa força porque estava prestes a passar por uma tribulação muito séria que ameaçou dividir meu coração ao meio.
Tinha acabado de assistir um programa na TV sobre dhikrs e senti muita alegria. Então, quando fui ao quarto de minha mãe, ela me disse que uma mulher que não conhecia veio falar com ela depois da igreja dizendo que tinha tido um sonho - mas que não era para ela e sim para a filha mais nova dela - eu. Essa mulher disse que no sonho ela era avisada de que eu devia parar de fazer o que estava fazendo (ou seja, praticar o Islã). Tendo crescido como pentecostal (e de alguma forma, superprotegida) estava apavorada em fazer algo que minha mãe - ou a igreja dela - não aprovasse. (Já era difícil ser católica e ainda mais ser muçulmana!) Esse sonho me perturbou profundamente, porque ter conhecimento dele me atingiu no que era mais vulnerável - meu medo do inferno.
Comecei a ficar zangada com minha mãe, que não era culpada, mas ela disse que tinha que me contar ou Deus a responsabilizaria. Isso me deixou ainda mais amedrontada: o Islã era realmente ruim para mim? Como podia ser? Estava tão feliz e viva! Falei isso a minha mãe e ela me disse para conversar com Deus a respeito. Então fui para o meu quarto, enviei mensagens de texto para duas amigas para que fizessem dua’s por mim e implorei a Deus que me ajudasse. Disse que se Ele quisesse que eu voltasse para o Cristianismo eu estaria disposta, mas que Ele deveria colocar o desejo em mim ou manter meu desejo de ser muçulmana, se quisesse que eu continuasse nesse caminho. Submeti-me a Ele completamente (e isso em si fazia de mim muçulmana), chorando, meu coração partido ao meio com a ideia de deixar o Islã e com o ressurgimento do ressentimento em relação aos pentecostais. Senti como se estivesse sendo emocionalmente manipulada por eles. Toda a minha vida isso foi um problema e, por isso, não me sentia segura ao fazer escolhas, a menos que outros concordassem comigo. Sentia que tudo que diziam vinha de Deus e era difícil pensar que o demônio pudesse usá-los para me atacar, mas também sentia que era o caso agora. Recitei a Fatiha, Shahada, Ta’awwudh e outra du’a várias vezes até me acalmar.
No dia seguinte, ainda me sentindo miserável, contatei uma amiga que veio me buscar e me levou para ver o imame em nossa mesquita. Um sheik com muito conhecimento por acaso estava lá também e eles sentaram e me ouviram enquanto contava esse teste, me dando conselhos. Fui fortalecida mais uma vez e a alegria voltou. Isso é o que todo revertido precisa - muito apoio! Se não fosse por esses maravilhosos irmãos e irmãs no Islã, teria sido muito difícil prosseguir. Mais testes inevitavelmente virão, mas à medida que crescer no Islã, minha coragem será maior e me ajudará a enfrentar esses testes.
É surpreendente quanto da vida damos como certo ou não percebemos. Coisas simples e pequenas, se o que como é halal ou não, como me limpo, preparo e purifico, se minhas roupas estão limpas quando oro, como devo lembrar constantemente de entrar com meu pé esquerdo no banheiro e sair com o pé direito, manter meu cão fora do meu quarto...etc., etc. Que vida diferente o Islã traz e como é atento de maneira bela a todos os detalhes da vida! É como renascer para uma vida nova! E embora no presente seja uma viagem solitária, devo dar aos meus pais o crédito por permitirem que tenha minha liberdade. Embora não estejam dispostos a me levar a lugares islâmicos, me deixam ir com meus amigos. Que Deus os abençoe por isso. Sou verdadeiramente afortunada!
Se houvesse uma coisa que pudesse pedir aos cristãos seria: Por que haveria outra religião e escritura importantes depois do Cristianismo, se fosse a revelação final? Também: Por que o Alcorão seria enviado e preservado de corrupção se a Bíblia fosse a palavra final de Deus? Finalmente: Por que Deus nos pediria para acreditar em qualquer coisa cegamente e não usar nossa razão? Se as crenças são razoáveis, então as pessoas não podem negá-las. São testemunhas da verdade do Islã!
Tornei-me muçulmana porque sinto que o Islã se alinha com o meu coração e nos mostra a melhor maneira de viver. Foi a escolha do meu coração. Se algum dia tiver que educar uma família nesse mundo caótico, não gostaria de educá-los de nenhuma outra maneira. Na verdade, se não pudesse educá-los como muçulmanos, não ia querer uma família! O Islã me libertou para ser eu mesma e para pertencer. Libertou-me de apegos excessivos a imagens que me atormentaram por 15 anos e simplificou a minha vida. Deu-me novos amigos, que se reúnem ao meu redor, emprestam livros, me dão abraços e encorajamento, mais livros, um Alcorão, utensílios de cozinha e até seus lenços e túnicas extras - um deles tão bonito que guardei para o Eid! Removeu meu ódio rancoroso do feminismo, porque o abraçou e purificou, retendo a modéstia e dignidade, enquanto deixa as mulheres ocuparem seus lugares ao lado dos homens. Fez-me sentir mais amorosa e menos crítica. Deu-me uma visão saudável e pura de Deus. E embora minha jornada esteja agora apenas começando, minha vida finalmente está em ordem.
Meu hijab e minha identidade são compatíveis. Ninguém mais se confunde comigo agora. Sou muçulmana. Alhamdulillah!!! (Louvado seja Deus)
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