O Antigo Reino de Israel - Uma Perspectiva Islâmica (parte 6 de 6): Realeza e Missão Profética
Descrição: Um exército marcha e o rei Salomão encontra a rainha Bilqis.
- Por Aisha Stacey (© 2013 IslamReligion.com)
- Publicado em 28 Jan 2013
- Última modificação em 28 Jan 2013
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A história do rei Salomão e da rainha de Sabá é a parte final em uma série de artigos sobre o antigo reino de Israel. Muitas pessoas podem ficar intrigadas pelo fato de que os personagens e histórias são semelhantes aos contidos nos textos e história bíblica. Entretanto, a perspectiva islâmica difere de forma fundamental em alguns pontos.
Salomão era um profeta e um rei. Sua missão como profeta de Deus era divulgar a mensagem que Deus é Único, sem parceiro ou semelhantes. Também manteve as leis de Deus. Como rei, liderou os Filhos de Israel para uma idade dourada de fortuna e prosperidade.
O reino e exército de Salomão não tinham comparação. Seu exército consistia de batalhões de homens, tropas de jinns (criações do fogo) e até esquadrões de pássaros. Salomão foi capaz de comunicar-se com os pássaros, controlar os jinns e demandar o respeito e lealdade dos homens. Marchou com o imenso exército, que se acredita que fosse composto de centenas de milhares, através de seu império.
A Mesquita em Jerusalém
Os muçulmanos crêem que a Masjid al Aqsa (a mesquita sagrada em Jerusalém) foi reconstruída ou expandida pelo rei Salomão. De acordo com a história islâmica, o profeta Jacó construiu a Masjid al Aqsa aproximadamente 40 anos depois de seu avô, o profeta Abraão, construir a Casa de Deus em Meca. O Islã rejeita totalmente a noção de que o rei Salomão construiu um templo sobre o local da Masjid al Aqsa e aí reside uma das diferenças básicas entre as crenças judaica e islâmica. É o que causa alguns dos dilemas existentes na Terra Sagrada hoje. Embora seja um profeta em todas as três religiões monoteístas, pequenas diferenças sobre a natureza e história de Salomão têm, ao longo do tempo, criado grandes divisões.
Em direção a Sabá
Depois de consolidar seu reino, com Jerusalém como a capital, Salomão e seu exército marcharam na direção de Sabá. A chuva nessa região (a área vazia do deserto da Arábia Saudita e do Iêmen) era sazonal; portanto, o povo havia construído represas e redes de irrigação. A terra estéril foi transformada em jardins vastos e planícies férteis. Depois de tomar conhecimento desse verde exuberante, Salomão queria ver a transformação por si mesmo.
Os batalhões marcharam e chegaram a um vale populado por formigas. Uma das pequenas formigas viu o enorme exército aproximando-se e gritou: "Ó formigas! Entrai na vossa habitação, senão Salomão e seus exércitos esmagar-vos-ão, sem que disso se apercebam." (Alcorão 27:18) Salomão compreendia a língua das formigas e sorriu, satisfeito porque a formiga sabia que não permitiria que a nação de formigas fosse esmagada intencionalmente. Salomão era grato a Deus e agradeceu-Lhe por salvar as vidas das formigas. Não era um rei tirano que governava seus domínios com punhos de aço; Salomão tratava todas as criaturas de Deus com respeito.
Depois de seu encontro com a formiga, Salomão inspecionava seu exército e notou que um pássaro em particular não estava nas fileiras. Perguntou sobre o paradeiro da poupa e foi determinado que o pássaro fosse punido por sua ausência. A poupa era um pássaro capaz de detectar cursos de água no subsolo e o rei Salomão estava particularmente interessado em como e por que as planícies de Sabá eram exuberantes e férteis. Dentro de pouco tempo a poupa retornou e dirigiu-se a Salomão, dizendo:
"Tenho estado em locais que tu ignoras; trago-te, de Sabá, uma notícia segura. Encontrei uma mulher, que os governa (o povo), provida de tudo, e possuindo um magnífico trono. Encontrei-a, e ao seu povo, e se prostrarem diante do sol, em vez de Deus, porque Satã lhes abrilhantou as ações e os desviou da senda; e por isso não se encaminham." (Alcorão 27: 22-24)
A poupa adorava e obedecia a Deus com verdadeira submissão. O pássaro explicou ao rei Salomão que embora o trono da rainha Bilqis fosse verdadeiramente magnífico e uma maravilha da época, o Dono do Trono Supremo era Deus, o Todo-Poderoso. Salomão dirigiu-se a poupa dizendo:
"Já veremos se dizes a verdade ou se és mentirosa. Vai com esta carta e deixa-a com eles; retrai-te em seguida, e espera a resposta."
A poupa deixou a carta no colo da rainha e escondeu-se, ouvindo a conversa entre a rainha e seus conselheiros.
"Ela (a rainha) disse: Ó chefes! Verdadeiramente! Foi-me entregue uma carta respeitável. Verdadeiramente! É de Salomão (e diz assim): Começo com o nome de Deus, o Misericordioso. Não vos ensoberbeçais; outrossim, vinde a mim, submissos!
Ela (a rainha) disse: Ó chefes! Aconselhai-me neste problema, posto que nada decidirei sem a vossa aprovação.
Responderam: Somos poderosos e temíveis; não obstante, o assunto te incumbe; considera, pois, o que hás de ordenar-nos." (Alcorão 27: 27-33)
A rainha Bilqis mostrou sabedoria porque embora tivesse a habilidade de entrar em uma guerra, escolheu enviar presentes ao rei Salomão. Salomão devolveu os presentes explicando que Deus já tinha lhe concedido tudo que precisava. Lidou com Bilqis de forma respeitosa, mas destacou que se não parasse de adorar o sol ele não teria escolha a não ser derrotar seu reino e expulsar o povo de sua terra. Mais uma vez, Bilqis demonstrou sabedoria e bom julgamento.
Salomão e a Rainha de Sabá
Ao invés de ficar ofendida com as palavras e ações de Salomão, Bilqis decidiu visitá-lo e ver em primeira mão as maravilhas que seus emissários haviam descrito. Enquanto ela viajava o rei Salomão ordenou a um de seus jinns que trouxesse o magnífico trono de Bilqis. Foi entregue a ele em um piscar de olhos, tamanha era a habilidade e velocidade do jinn. Quando Bilqis chegou o rei Salomão lhe perguntou se reconhecia o trono diante dela. Com sua sabedoria e diplomacia costumeiras, ela disse: "Parece igual ao meu."
Depois de experimentar as maravilhas do império de Salomão, Bilqis percebeu que estava na presença de um líder sábio e formidável, mas para o seu próprio bem ela também percebeu a condição dele como um profeta de Deus. Bilqis imediatamente renunciou à adoração ao sol e prometeu aceitar o ensinamento de Deus e encorajar seu povo a fazer o mesmo. Os sábios do Islã destacam que a sabedoria inata de Bilqis a levou a verdade.
A vida de Salomão foi cheia de maravilhas e sua morte não foi diferente. Morreu sentado em seu trono, olhando para seu reino. Os jinns continuaram a trabalhar inabalavelmente, pensando que seu mestre os observava. Uma pequeno cupim mordiscava o cetro de Salomão até que o mesmo caiu de sua mão e seu corpo caiu, revelando que havia morrido.
"E quando dispusemos sobre sua morte (de Salomão), só se aperceberam dela em virtude dos cupins que lhe roíam o cajado." (Alcorão 34:12-14)
As histórias judaica e cristã depreciam o rei Salomão como um homem conhecido por seus excessos. Para os muçulmanos, era um homem sábio e nobre. O Islã rejeita completamente que o profeta Salomão desobedeceu às leis de Deus ou que adorava ídolos. Era o filho de um profeta que passou toda a sua vida empenhando-se para agradar a Deus. Consolidou o império de seu pai Davi e liderou os Filhos de Israel para a Idade Dourada. Possuía muitos talentos e sua vida foi de maravilhas e milagres, mas sabiamente compreendeu que a recompensa eterna e verdadeira estava na outra vida.
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