A Viagem Noturna e a Ascensão (parte 4 de 6): O Sétimo Céu

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Descrição: O profeta Muhammad encontra o profeta Abraão e testemunha a região onde os anjos estão mais densamente devotados à adoração.

  • Por Aisha Stacey (© 2012 IslamReligion.com)
  • Publicado em 20 Feb 2012
  • Última modificação em 20 Feb 2012
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O anjo Gabriel e o profeta Muhammad continuaram a ascensão milagrosa através dos céus.  Essa viagem estava muito além da mais extravagante imaginação de qualquer ser humano.  Começou nos desertos da Arábia e foi além do universo conhecido.  No portão do sétimo céu trocaram as mesmas perguntas e respostas anteriores e os anjos declararam sua satisfação em encontrar o profeta Muhammad.  Foi dada permissão para entrarem e o profeta de Deus, acompanhado de Gabriel, o anjo confiado com as revelações de Deus, entraram no último céu.

O sétimo céu é uma expressão usada pelos cristãos para denotar felicidade ou bênção extrema, como em “estou no sétimo céu”.  No Islã o sétimo céu é onde o profeta Muhammad encontrou o profeta Abraão; e, de fato, ele (Muhammad) deve ter ficado extremamente feliz e em estado de bênção, tendo sido honrado com sua viagem de maravilhas.  Os profetas trocaram saudações dizendo Assalamu alaikum (que a paz esteja contigo) e, como todos os outros profetas tinham feito, o profeta Abraão expressou sua crença e fé na missão profética de Muhammad.

Através de seu filho Ismael, Abraão é o pai dos árabes e ancestral do profeta Muhammad; é um ancestral do povo que se tornou os Filhos de Israel (seguidores do profeta Moisés) através de seu filho Isaque.  Nas tradições judaicas Abraão é chamado de pai dos judeus.  Entretanto, o Islã rejeita essa idéia porque o Alcorão afirma claramente que ele não era judeu ou cristão, mas um crente no monoteísmo puro (crença no Único Deus).

“Ó Povo do Livro, por que discutis acerca de Abraão, se a Tora e o Evangelho não foram revelados senão depois dele?Por que discutis, então, sobre coisas das quais não tendes conhecimento algum? Abraão jamais foi judeu ou cristão; foi, outrossim, monoteísta, muçulmano [muslim Hanifa], e nunca se contou entre os idólatras.” [1] (Alcorão 3:65-67)

É exigido dos muçulmanos que acreditem em todos os profetas de Deus; Abraão, entretanto, detém um lugar especial como um dos mensageiros importantes de Deus e tem a honra única de ser chamado, tanto nas tradições islâmicas quanto cristãs[2], de servo amado de Deus.  Juntos, Abraão e seu filho Ismael construíram a Caaba (a construção em forma de cubo negro no meio da Masjid sagrada em Meca).

“E quando Abraão e Ismael levantaram os alicerces da Casa, exclamaram: Ó Senhor nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo.” (Alcorão 2:127)

Os muçulmanos voltam seus rostos para a Caaba muitas vezes todos os dias enquanto realizam suas orações e, em cada oração, pedem a Deus que abençoe Abraão e sua família.

O Mundo dos Anjos

Enquanto estava no sétimo céu o profeta Muhammad conheceu a construção conhecida como a casa muito frequentada ou al Bayt al-Mamoor, em árabe.  É adequado que o profeta Abraão estivesse com essa casa, já que é o equivalente celestial da Caaba em Meca.  A cada ano no período de peregrinação (Hajj), mais de 2 milhões de muçulmanos de todo o mundo se reúnem em Meca para seguir os passos do profeta Abraão e realizar certos rituais, incluindo circundar a Caaba.  Todo dia 70.000 anjos visitam essa casa muito frequentada no sétimo céu para adorar Deus.  O profeta Muhammad nos informou que, uma vez que os anjos tinham visitado a Bayt al-Mamoor, nunca retornavam.  Deus jura por essa casa no Alcorão.

“Pelo templo frequentado (Bayt al-Mamoor).” (Alcorão 52:4)

Setenta mil anjos todos os dias!  Quais são as implicações disso?  Pense sobre isso e imagine por quantos muitos milhares ou até milhões de anos isso vem acontecendo?  Quantos desses seres, criados por Deus a partir da luz, existem?  Essa foi outra maravilha que o profeta Muhammad teve o privilégio de ver e ser capaz de descrever para nós.  Em suas tradições ele também nos informa que os céus sobre nós estão se lamentando, com cada espaço da largura de quatro dedos ocupado por um anjo adorando Deus.

A Fronteira Suprema

O profeta Muhammad então se moveu através do sétimo céu para a fronteira suprema, para Sidrat al-Muntaha, uma árvore de lótus.

“Junto a Sidrat al-Muntaha (limite da árvore de lótus). Junto ao Paraíso.” (Alcorão 53:14-15)

Ele descreveu seus frutos como cântaros e suas folhas como tão grandes quanto as orelhas de um elefante.  Quatro rios se originam das raízes da árvore de lótus.  Quando perguntou sobre eles, foi dito ao profeta Muhammad que dois dos rios se originaram no Paraíso.  Nada nos chegou sobre os nomes e importância desses dois rios da narrativa da ascensão.  Entretanto, lhe foi dito que os outros dois rios eram réplicas do Nilo e do Eufrates, dois rios que são especialmente abençoados nesse mundo.

Sidrat al-Muntaha é chamada a fronteira suprema porque tudo que sobe da terra ou dos céus para lá e tudo que desce para lá[3] e por causa do conhecimento dos anjos para naquele ponto.  Ninguém foi além disso, exceto o profeta Muhammad.[4] Além desse ponto, deixamos os céus e entramos na região da Outra Vida, a região que contém o Paraíso e o Trono de Deus.  À medida que o profeta Muhammad continua sua viagem milagrosa, entra nessa região e fica na presença de Deus Todo-Poderoso.



Footnotes:

[1] A palavra Muslim (muçulmano) denota um homem que se submete somente a Deus, enquanto que Hanifa significa pureza, verdade e sinceridade. O dicionário árabe atribui à palavra ortodoxo uma das denotações de Hanifa, mas é mais que ortodoxia. É uma ortodoxia não ensinada; um sentido de natureza verdadeira das coisas que é instintiva e natural.

[2] Isaías 41:8 & 2.

[3] Saheeh Muslim

[4] Imame Al-Nawawi

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