Jesus, filho de Maria (parte 2 de 5): A Mensagem de Jesus

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Descrição: A verdadeira posição de Jesus e sua mensagem no Alcorão e a relevância da Bíblia hoje em relação às crenças islâmicas.

  • Por Aisha Stacey (© 2008 IslamReligion.com)
  • Publicado em 16 Mar 2009
  • Última modificação em 16 Mar 2009
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Já estabelecemos que Jesus, filho de Maria, ou como ele é chamado pelos muçulmanos, Eissa ibn Maryam, realizou seu primeiro milagre enquanto estava embalado nos braços de Maria.  Pela permissão de Deus ele falou, e suas primeiras palavras foram “Sou um servo de Deus” (Alcorão 19:30).  Ele não disse “Sou Deus” ou mesmo “Sou o filho de Deus”.  Suas primeiras palavras estabeleceram a fundação de sua mensagem e sua missão: chamar o povo de volta para a pura adoração do Deus Único.

Na época de Jesus o conceito de Deus Único não era novo para os Filhos de Israel. O Torá tinha proclamado “Ouça, Ó Israel, o Senhor teu Deus é Um,” (Deuteronômio: 4).  Entretanto, as revelações de Deus foram mal interpretadas e abusadas, e corações se endureceram.  Jesus veio para denunciar os líderes dos Filhos de Israel, que caíram em vidas materialistas e de luxúria, e confirmar a lei de Moisés encontrada no Torá que tinham mudado.

A missão de Jesus era confirmar o Torá, tornar lícitas coisas que eram previamente ilícitas e proclamar e reafirmar a crença em Um Criador.  O Profeta Muhammad disse:

“Todo Profeta foi enviado exclusivamente para sua nação, mas eu fui enviado para toda a humanidade” (Saheeh Bukhari).  

Portanto, Jesus foi enviado para os israelitas.

Deus diz no Alcorão que Ele ensinou a Jesus o Torá, o Evangelho e a Sabedoria.

“E Ele o ensinou o Livro e a Sabedoria, o Torá e o Evangelho.” (Alcorão 3:48)

Para propagar sua mensagem de forma efetiva, Jesus entendeu o Torá e foi provido com sua própria revelação vinda de Deus – o Injeel, ou Evangelho.  Deus também dotou Jesus com a habilidade para guiar e influenciar seu povo com seus sinais e milagres.

Deus apoiou todos os Seus Mensageiros com milagres que eram observáveis e faziam sentido para o povo o qual o Mensageiro havia sido enviado.  No tempo de Jesus os israelitas eram muito desenvolvidos no campo da medicina. Consequentemente, os milagres que Jesus realizou (pela permissão de Deus) eram dessa natureza e incluíam devolver a visão ao cego, curar leprosos e ressuscitar os mortos.  Deus disse:

“... de quando, com o Meu beneplácito, curaste o cego de nascença e o leproso” (Alcorão 5:110)

Jesus Criança

Nem o Alcorão nem a Bíblia se referem à infância de Jesus.  Podemos imaginar, entretanto, que como filho na família de Imran, era uma criança virtuosa devotada ao aprendizado e ansioso para influenciar as crianças e adultos à sua volta.  Depois de mencionar que Jesus falou no berço, o Alcorão imediatamente relata a história de Jesus moldando a figura de um pássaro de argila.  Ele soprou e pela permissão de Deus se tornou um pássaro.

“…plasmarei de barro a figura de um pássaro, à qual darei vida, e a figura será um pássaro, com beneplácito de Deus.” (Alcorão 3:49)

O Evangelho da Infância de Tomé, parte de um conjunto de textos escritos por cristãos primitivos não aceitos na doutrina do Velho Testamento, também se refere a essa história.  Ele relata com alguns detalhes a história do jovem Jesus moldando pássaros de argila e soprando-lhes a vida.  Embora fascinante, os muçulmanos só acreditam na mensagem de Jesus como relatada no Alcorão e nas narrativas do Profeta Muhammad.

É exigido que os muçulmanos acreditem em todos os livros revelados por Deus para a humanidade. Entretanto, a Bíblia, como existe hoje, não é o Evangelho que foi revelado ao Profeta Jesus.  As palavras e sabedoria de Deus dadas a Jesus foram perdidas, ocultadas, mudadas e distorcidas.  O destino dos textos apócrifos dos quais o Evangelho da Infância de Tomé faz parte, é testemunha disso.  Em 325 AD, o Imperador Constantino tentou unificar a fragmentada Igreja Cristã ao convocar um encontro de bispos de todo o mundo conhecido.  Esse encontro ficou conhecido como o Concílio de Nicéia, e seu legado foi a doutrina da Trindade, previamente inexistente, e a perda de algo em torno de 270 a 4.000 evangelhos.  O concílio ordenou a queima de todos os evangelhos não considerados merecedores de estarem na nova Bíblia, e o Evangelho da Infância de Tomé foi um deles.[1] Entretanto, cópias de muitos evangelhos sobreviveram e, embora não estejam na Bíblia, são valiosos por sua significância histórica.

O Alcorão Nos Liberta

Os muçulmanos acreditam que Jesus recebeu revelação de Deus, mas não registrou por escrito uma única palavra, nem instruiu seus discípulos a fazê-lo.[2] Não há necessidade para um muçulmano tentar provar ou contestar os livros dos cristãos.  O Alcorão nos liberta da necessidade de saber se a Bíblia que temos hoje contém a palavra de Deus, ou as palavras de Jesus.  Deus disse:

“Ele te revelou (ó Muhammad) o Livro (paulatinamente) com a verdade corroborante dos anteriores.” (Alcorão 3:3)

E também:

“Em verdade, revelamos-te o Livro corroborante e preservador dos anteriores. Julga-os, pois, conforme o que Deus revelou e não sigas os seus caprichos, desviando-te da verdade que te chegou.” (Alcorão 5:48)

Qualquer conhecimento benéfico para os muçulmanos existente no Torá ou no Injeel é afirmado claramente no Alcorão.  Todo o bem encontrado nos livros anteriores é agora encontrado no Alcorão.[3] Se as palavras do Novo Testamento de hoje concordam com as palavras do Alcorão, então essas palavras são provavelmente parte da mensagem de Jesus que não foi distorcida ou perdida com o tempo.  A mensagem de Jesus era a mesma mensagem que todos os Profetas de Deus ensinaram a seus povos.  O Senhor seu Deus é Um, então adorem somente a Ele.  E Deus disse no Alcorão sobre a história de Jesus:

“Esta é a puríssima verdade: não há mais divindade além de Deus, Que não tem esposa e nem filho. E Deus é o Poderoso, o Prudentíssimo.” (Alcorão 3:62)



Footnotes:

[1] Misha'al ibn Abdullah, What did Jesus really say? (O que Jesus Realmente Disse? Em tradução livre)

[2] Sheikh Ahmad Deedat.  Is the Bible God’s word?(A Bíblia é a Palavra de Deus, em tradução livre)

[3] Sheikh-‘Uthaymeen Majmoo’ Fataawa wa Rasaa’il Fadeelat vol. 1, p. 32-33

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