A história de Abdur-Rahman Ibn Awf
Descrição: A história de um homem que usou sua grande riqueza para beneficiar o Islã e não deixou suas riquezas escravizá-lo a este mundo.
- Por Aisha Stacey (© 2019 IslamReligion.com)
- Publicado em 19 Aug 2019
- Última modificação em 19 Aug 2019
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Abdur-Rahman ibn Awf nasceu por volta de 580 EC e viveu por cerca de 75 anos. Ele nasceu em uma família no clã Banu Zuhura, parte da tribo de Coraix. A mãe do Profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, Amina, também era deste clã e os genealogistas nos dizem que Abdur-Rahman era um primo em quarto grau do Profeta Muhammad. Quando Abdur-Rahman morreu, deixou uma herança do que equivaleria hoje a mais de seis milhões de libras esterlinas, e ele é sempre lembrado por causa desta grande riqueza. No entanto, embora fosse um empresário extremamente bem sucedido, não deixou sua riqueza controlá-lo. Abdur-Rahman era motivado por seu amor a Deus, Seu Mensageiro Profeta Muhammad, e a religião do Islã e, assim, ele usou a sua riqueza com sabedoria garantindo que iria beneficiar o Islã e que Deus ficaria satisfeito com seus esforços.
Abdur-Rahman foi um dos companheiros próximos do Profeta Muhammad e sua história de vida certamente vale a pena estudar e emular. Ele foi uma das primeiras oito pessoas a aceitar o Islã. [1] Foi uma das primeiras cinco pessoas a abraçar o Islã, a pedido de Abu Bakr, apenas dois dias depois de o próprio Abu Bakr aceitar o Islã. Abdur-Rahman é um dos dez homens que recebeu as boas novas do Paraíso do próprio Profeta Muhammad. [2] E seu caráter notável continuou a inspirar aqueles em torno dele mesmo após a morte do Profeta Muhammad. Ele foi um dos três primeiros a jurar lealdade a Abu Bakr, quando ele se tornou o líder da nação muçulmana e uma das seis pessoas escolhidas por Umar ibn al-Khattab para estar no conselho shura que escolheria o líder após sua morte.
Pouco se sabe sobre o início da vida de Abdur-Rahman. Ele nasceu cerca de dez anos após o Profeta Muhammad, e sabemos que sua família não era pobre. No momento da sua conversão ao Islã era um comerciante, viajando regularmente para o Iêmen. Talvez já tivesse estabelecido as habilidades que precisava para adquirir sua grande riqueza. Foi durante uma viagem no Iêmen que Abdur-Rahman conheceu um velho que falou com ele sobre uma profecia prevendo a ascensão de um homem chamando para o fim da idolatria. Assim, quando ele voltou para Meca e ouviu Abu Bakr falando sobre a reivindicação de Muhammad de ser um profeta, ele se converteu imediatamente.
Esta foi uma época em que pouquíssimas pessoas sabiam sobre a nova religião, e a famosa Casa de Arqam, onde Profeta Muhammad ensinava um grupo secreto de crentes, ainda não tinha sido estabelecida. Assim, Abdur-Rahman teve sua fé aperfeiçoada e polida desde o início, e foi nessa época que o Profeta Muhammad mudou seu nome de Abdu Amru, um nome que representava idolatria, para Abdur-Rahman, que significa servo do Clemente. Abdur-Rahman foi descrito como de pele clara, alto, com o cabelo amarrado na parte de trás de sua cabeça em um nó, como era o costume da época.
Apesar de ser um comerciante estabelecido, Abdur-Rahman também sofreu sob a severa perseguição que a elite de Meca impôs aos primeiros crentes. Assim, quando o Profeta Muhammad enviou um grupo de pessoas para procurar refúgio na Abissínia, Abdur-Rahman estava entre elas. Depois de ouvir a notícia de que a vida em Meca tinha começado a melhorar Abdur-Rahman voltou para Meca para constatar que a perseguição e a opressão continuavam. Assim, ele estava entre os crentes que migraram para Medina. A maioria teve que, furtiva e rapidamente, deixar Medina e Abdur-Rahman, como muitos outros, partiu apenas com a roupa nas costas e o que ele poderia levar facilmente.
Uma vez em Medina, o Profeta Muhammad começou a unir os dois grupos de muçulmanos, aqueles que emigraram e aqueles que eram moradores de Medina. Ele formou pares, um homem de Meca com um homem de Medina, e tornaram-se tão próximos como irmãos de sangue. Eles compartilhavam tudo, e como os de Medina tinham mais de tudo, ficaram conhecidos como os Ajudantes. Abdur-Rahman fez par com Saad ibn Ar-Rabi. Saad era um homem muito rico e até ofereceu a Abdur-Rahman metade de seu império de negócios, que incluía pomares bem sucedidos. Abdur-Rahman agradeceu e suplicou por ele profusamente, mas não aceitou. Em vez disso, ele pediu para ser direcionado para o mercado. [3] Dentro de um curto espaço de tempo Abdur-Rahman havia se estabelecido como um empresário bem sucedido e é conhecido por ter dito que se pegasse uma pedra que não seria surpresa encontrar ouro ou prata.
Abdur-Rahman logo se tornou um homem extraordinariamente rico. No entanto, ele não deixou a riqueza corrompê-lo. Devido à sua proximidade ao Profeta Muhammad, a compreensão de Abdur-Rahman do Islã era muito profunda. Ele era generoso e sabia que distribuindo sua fortuna estava agradando a Deus e multiplicando suas riquezas. Seguindo a tradição do profeta Muhammad, ajudava as pessoas em segredo e abertamente. Ele sabia que suas habilidades empreendedoras eram presentes de Deus e ficava feliz por ser capaz de compartilhar sua riqueza.
Ele é conhecido por ter dado 2000 dinares para subsidiar uma força expedicionária, e em muitas outras vezes, pela causa de Deus e para o benefício do Islã, ele deu livremente. Ele usou sua riqueza em momentos diferentes para diferentes fins; exemplos de sua generosidade incluem doar 400 onças de ouro, 500 camelos e 500 cavalos. Ele também libertou grupos de escravos e doou 400 dinares para cada sobrevivente da batalha de Badr. Abdur-Rahman não negligenciava seus outros deveres por causa de seus negócios. Ele participou em todas as batalhas e escaramuças e foi um dos homens gravemente feridos em Uhud, passando a mancar depois disso. [4] A última batalha que o Profeta Muhammad participou foi em Tabuk e foi lá que Abdur-Rahman recebeu uma honra nunca antes outorgada a alguém. Era hora da oração e o Profeta Muhammad não estava lá, assim os crentes escolheram Abdur-Rahman para liderá-los. Durante a oração o Profeta Muhammad chegou e tomou uma posição atrás de Abdur-Rahman.
Depois que o Profeta Muhammad morreu, Abdur-Rahman continuou a acumular riqueza e tomou para si cuidar das Mães dos Crentes (as viúvas do Profeta Muhammad). Ele ficou responsável pelas despesas delas, financiou suas peregrinações a Meca e deixou um pomar no valor de 400.000 dinares para ser distribuído entre elas. [5] No final de sua vida, apesar de ele ter recebido a boa notícia do Paraíso, Abdur-Rahman chorava preocupado de ter recebido a sua recompensa nesta vida, em vez de na próxima. Ele era um homem generoso e altruísta dedicado a Deus, o Profeta Muhammad e ao Islã, e estava constantemente ciente de que a riqueza, não utilizada corretamente, poderia facilmente levar a corrupção e a uma queda eterna.