Muhammad: Um homem que se superou em todos os papéis (parte 1 de 2): Não para adorar, mas imitar
Descrição: Um breve olhar na vida do profeta Muhammad, destacando sua habilidade de se superar em todos os papéis.
- Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)
- Publicado em 15 May 2017
- Última modificação em 15 May 2017
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O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, é o homem do século 7 amado por mais de 1,6 bilhões de muçulmanos no mundo hoje. É um homem que viveu em uma época na qual os fortes dominavam os fracos, as meninas eram enterradas vivas e as mulheres eram pouco mais que possessões negociadas do pai para o marido. Entretanto, antes de ele morrer o mundo tinha sido transformado e não mais o fraco perecia simplesmente por ser fraco, a pessoa comum passou a ter voz e as mulheres foram liberadas dos grilhões que as acorrentavam. A Península Árabe mudou. Sua religião foi de paganismo e idolatria para adorar o Deus Único, disputas tribais deram espaço para solidariedade e coesão, e bebedeira e depravação se transformaram em sobriedade e piedade.
Os muçulmanos ao longo dos séculos e em todo o mundo não adoram o profeta Muhammad. Entendem muito bem que ele é apenas um homem, um ser humano, como qualquer outro ser humano nessa terra. Também entendem que é um homem que se superou em qualquer papel que lhe foi confiado. Aproveitou todas as oportunidades para agradar a Deus. No século 21 EC temos a vantagem de sermos capazes de olhar através do tempo e ver que homem excelente o profeta Muhammad era e compreender como até as pessoas que o odiavam, o viam como um homem de qualidades excepcionais. Era, como o Alcorão afirmou de maneira muito eloquente, um homem de caráter excelente.
"Verdadeiramente, ó Muhammad, és de nobilíssimo caráter." (Alcorão 68:4)
Quando jovem Muhammad foi colocado em muitas situações diferentes e sempre foi bem-sucedido. Quando menino órfão trabalhou como pastor de ovelhas e na adolescência acompanhava seu tio, um comerciante e mercador, a lugares tão distantes como o Iêmen e Síria. Foi nessas viagens que aprendeu a ser um excelente homem de negócios, ganhou uma reputação de ser confiável e recebeu a alcunha de Al-Amin (o confiável). Com vinte e poucos anos começou a trabalhar para, e mais tarde se casou com, uma rica mulher de negócios, Khadija. Juntos foram bem-sucedidos em gerir um negócio próspero e criar uma família. Mesmo antes da missão profética Muhammad era considerado um homem com altos padrões de moralidade, preferia a companhia de sua família jovem ao estilo de vida decadente e depravado que prevalecia ao seu redor.
O profeta Muhammad se superou nos negócios, no casamento e como pai. De fato, por alguns anos viveu um estilo de vida invejável. Devido a sua honestidade e maneira justa com todas as pessoas, tornou-se conhecido como Al-Sadiq (o verdadeiro). Era um homem gentil e hospitaleiro, cujas qualidades admiráveis e maneira gentil de lidar com os demais fazia as pessoas quererem se aproximar dele. Era capaz de lidar de maneira justa e muitos iam até ele em busca de conselho, geralmente pedindo que mediasse disputas. Quando estava com 40 anos Muhammad ficou chocado ao constatar que devia ser o profeta final de Deus.
Depois da profecia a vida mudou para Muhammad, mas ele foi capaz de controlar sua apreensão e se superar nessa área também. Tinha um círculo fechado de amigos e companheiros e sua maneira excelente de enfrentar os testes e tribulações que Deus colocava diante dele resultou em seus companheiros, e até aqueles na periferia de sua esfera de influência, quisessem imitá-lo. O profeta Muhammad estava profundamente ciente da grande responsabilidade que tinha e, portanto, foi cuidadoso em ensinar a mensagem da forma como Deus havia prescrito. Alertou seus seguidores para não o adularem da forma como Jesus, filho de Maria, foi adulado.[1]
A Enciclopédia Britânica descreve o profeta Muhammad como uma das figuras mais influentes na história cuja vida, atos e pensamentos continuam a ser debatidos por seguidores e oponentes. Existem, claro, muitas figuras influentes ao longo da história da humanidade. Entretanto, seria difícil encontrar muitos que se superaram em todas as facetas da vida. Muitos especialistas em muitos campos, crentes e não crentes, consideram o profeta Muhammad um homem que fez isso, se superou em todos os aspectos de sua vida pública e privada.
O escritor, poeta e político francês do século 19, Alphonse Marie Louis de Prat de Lamartine, disso isso a respeito do profeta Muhammad: "Filósofo, orador, apóstolo, legislador, guerreiro, conquistador de ideias, restaurador de dogmas racionais, de um culto sem imagens, o fundador de vinte impérios terrestres e de um império espiritual, esse é Muhammad. Com relação a todos os padrões pelos quais a grandeza humana pode ser mensurada, podemos bem perguntar: existe algum homem maior que ele?"[2]
Também no século 19, um filósofo, escritor satírico, ensaísta, historiador e professor escocês, Thomas Carlyle, ecoou a opinião de Lamantine quando ficou "simplesmente maravilhado" que "... um homem sozinho pode transformar tribos em guerra e beduínos nômades em uma das nações mais poderosas e civilizadas em menos de duas décadas."[3]
No século 20 EC, o filósofo, psicólogo, parapsicólogo, educador, professor, pesquisador e administrador indiano Koneru Ramakrishna Rao (nascido em 1932), escreveu sobre o profeta Muhammad. No final do ensaio, disse: "A personalidade de Muhammad! É mais difícil de obter a verdade. Só consigo um vislumbre. Que sucessão dramática de cenas pitorescas. Lá está Muhammad, o profeta. Lá está Muhammad, o guerreiro; Muhammad, o homem de negócios; Muhammad, o estadista; Muhammad, o orador; Muhammad, o reformador; Muhammad, o refúgio dos órfãos; Muhammad, o protetor de escravos; Muhammad, o emancipador de mulheres; Muhammad, o juiz..."[4]
Anteriormente no mesmo século, George Bernard Shaw, dramaturgo, crítico, ativista político e cofundador da London School of Economics tinha isso a dizer sobre o caráter do profeta Muhammad. "Os eclesiásticos medievais, por ignorância ou intolerância, pintaram o Maometismo[5] nas cores mais escuras. Eles foram, de fato, treinados para odiar o homem Muhammad e a sua religião. Para eles Muhammad era o Anticristo. Eu o estudei, o homem maravilhoso, e em minha opinião longe de ser um Anticristo ele deve ser chamado de salvador da Humanidade. Acredito que se um homem como ele assumisse a ditadura do mundo moderno, seria bem-sucedido em resolver seus problemas de uma forma que traria a paz e a felicidade muito necessárias."[6]
No artigo seguinte examinaremos e avaliaremos alguns dos papeis que o profeta Muhammad desempenhou e se superou.
Notas de rodapé:
[1] Saheeh Al-Bukhari
[2] Lamartine, Histoire de la Turquie, Paris, 1854, vol. ii, pp 276-277
[3] Carlyle Thomas, On Heroes and Hero Worship and the Heroic in History, disponível no Project Guttenberg.
[4] Mohammed The Prophet - Prof. K. S. Ramakrishna Rao, chefe do departamento de Filosofia, Government College for Women University of Mysore, Mandya-571401 (Karnatika) 1978.
[5]Esse termo era comum em uso, anteriormente. O termo Islã é usado agora.
[6] Letter to the Reverend Ensor Walters (1933), como citado em Bernard Shaw : Collected Letters, 1926-1950 (1988) - Dan H. Laurence, p. 305
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