Wilfried Hofmann, Cientista Social e Diplomata Alemão (parte 1 de 2)
Descrição: A história de como um diplomata alemão e embaixador para a Argélia aceitou o Islã. Parte 1.
- Por Wilfried Hofmann
- Publicado em 03 Jan 2011
- Última modificação em 03 Jan 2011
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PhD em Direito por Harvard. Cientista social e diplomata alemão. Abraçou o Islã em 1980.
Dr. Hofmann, que aceitou o Islã em 1980, nasceu como católico na Alemanha em 1931. Graduou-se no Union College em Nova Iorque e completou seus estudos em Direito na Universidade de Munique, onde recebeu um doutorado em jurisprudência em 1957.
Tornou-se pesquisador adjunto para a reforma de procedimentos federais civis e em 1960 recebeu um título de Mestrado em Direito da Escola de Direito de Harvard. Foi Diretor de Informações para a OTAN em Bruxelas de 1983 a 1987. Assumiu o posto de embaixador alemão para a Argélia em 1987 e então para o Marrocos em 1990, onde serviu por quatro anos. Realizou a umrah (peregrinação menor) em 1982 e o Hajj (a peregrinação) em 1992.
Várias experiências importantes levaram o Dr. Hofmann ao Islã. A primeira delas começou em 1961 quando ele assumiu o posto de adido militar na embaixada alemã na Argélia e se viu no meio de uma guerrilha sangrenta entre as tropas francesas e a Frente Nacional Argelina, que lutava pela independência da Argélia pelos últimos oito anos. Lá ele testemunhou a crueldade e o massacre que a população argelina sofreu. Todos os dias, uma dúzia de pessoas eram mortas – “executadas a queima-roupa” – somente por serem árabes ou por falarem a favor da independência. “Testemunhei a paciência e resiliência do povo argelino em face de extremo sofrimento, sua insuperável disciplina durante o Ramadã, sua confiança na vitória e também sua humanidade em meio a miséria.” Sentiu que era a religião deles que os fazia assim e, consequentemente, começou a estudar seu livro religioso - o Alcorão. “Nunca parei de lê-lo, até hoje.”
A arte islâmica foi a segunda experiência para o Dr. Hofmann em sua jornada para o Islã. Desde cedo ele sempre foi admirador de arte e beleza e de balé. Tudo isso foi ofuscado quando ele passou a conhecer a arte islâmica, que teve um apelo íntimo para ele. Ao se referir a arte islâmica, ele diz: “Seu segredo parece repousar na presença íntima e universal do Islã como religião em todas as suas manifestações artísticas, como a caligrafia, arabescos ornamentais, padrões de tapetes, arquitetura de mesquitas e residências e também no planejamento urbano. Penso no brilho das mesquitas que banem qualquer misticismo, e no espírito democrático de seu projeto arquitetônico.”
“Também penso na qualidade introspectiva dos palácios muçulmanos, sua antecipação do paraíso em jardins cheios de sombra, fontes e riachos; na estrutura funcional socialmente intricada dos antigos centros urbanos islâmicos (medinas), que encorajam o espírito comunitário e a transparência do mercado, que tempera calor e vento e assegura a integração da mesquita com o centro social para os pobres, escolas e albergues adjacentes ao mercado e quarteirões residenciais. O que experimentei é tão abençoadamente islâmico em tantos lugares... é o efeito tangível que a harmonia islâmica, a maneira islâmica de vida, e o tratamento islâmico do espaço deixa tanto no coração quanto na mente.
Talvez mais do que tudo isso, o que teve um impacto significativo em sua busca pela verdade, foi seu profundo conhecimento da história e doutrina cristãs. Ele percebeu que havia uma diferença significativa entre o que um cristão fiel crê e o que um professor de história ensina na universidade. Estava particularmente incomodado pela adoção da Igreja das doutrinas estabelecidas por São Paulo em preferência àquelas do Jesus histórico. “Ele, que nunca encontrou Jesus, com sua Cristologia extrema substituiu a visão judaico-cristã original e correta de Jesus!”
Achava difícil aceitar que a humanidade carregasse o fardo do “pecado original” e que Deus teve Seu próprio filho torturado e assassinado na cruz para salvar Suas próprias criações. “Comecei a perceber o quão monstruoso e até blasfemo era imaginar que Deus podia ter falhado em Sua criação; que Ele tivesse sido incapaz de fazer algo sobre o desastre supostamente causado por Adão e Eva sem ter um filho, somente para sacrificá-lo de forma tão sangrenta; que Deus pudesse sofrer pela humanidade, Sua criação.”
Retornou à questão básica da existência de Deus. Depois de analisar os trabalhos de filósofos, como Wittgenstein, Pascal, Swinburn, e Kant, chegou à convicção intelectual da existência de Deus. A próxima questão lógica que enfrentou foi como Deus Se comunica com os seres humanos para que possam ser guiados. Isso o levou ao reconhecimento da necessidade de revelações. Mas o que contém a verdade – as escrituras judaico-cristãs ou o Islã? Ele encontrou a resposta em sua terceira experiência crucial quando encontrou o seguinte versículo do Alcorão:
“... nenhum pecador arcará com culpa alheia.” (Alcorão 53:38)
Esse versículo abriu seus olhos e forneceu resposta para o seu dilema. De forma clara e sem ambiguidades, rejeitava as idéias do fardo do “pecado original” e a expectativa de “intercessão” pelos santos. “Um muçulmano vive em um mundo sem clero e sem hierarquia religiosa; quando ora não o faz via Jesus, Maria ou outros santos intercessores, mas diretamente a Deus – como um crente plenamente emancipado – e essa é uma religião livre de mistérios.”De acordo com Hofmann, “um muçulmano é o crente emancipado por excelência.”
Wilfried Hofmann, Cientista Social e Diplomata Alemão (parte 2 de 2)
Descrição: A história de como um diplomata alemão e embaixador para a Argélia aceitou o Islã. Parte 2.
- Por Wilfried Hofmann
- Publicado em 03 Jan 2011
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“Comecei a ver o Islã com meus próprios olhos, como uma crença inalterada, pura, no único e verdadeiro Deus, Que não gera e não é gerado, com Quem nada e ninguém se parece... No lugar do deísmo qualificado de um Deus tribal e das construções da divina Trindade, o Alcorão me mostrou o conceito de Deus mais lúcido, mais direto e mais abstrato - embora historicamente o mais avançado - e o menos antropomórfico.”
“As afirmações ontológicas do Alcorão e também seus ensinamentos éticos, me impressionaram como profundamente plausíveis, de modo a não haver espaço para a menor dúvida sobre a autenticidade da missão profética de Muhammad. As pessoas que entendem a natureza humana não podem deixar de apreciar a infinita sabedoria das proibições e permissões vindas de Deus para o homem na forma do Alcorão.”
Para o aniversário de 18 anos de seu filho em 1980, ele preparou um manuscrito de 12 páginas contendo as coisas que considerava verdades inquestionáveis a partir de uma perspectiva filosófica. Pediu a um imame de Cologne chamado Muhammad Ahmad Rassoul para dar uma olhada no trabalho. Depois de lê-lo, Rassoul comentou que se o Dr. Hofmann acreditava no que havia escrito, então ele era um muçulmano! De fato, em poucos dias ele declarou: “Testemunho que não há divindade além de Deus e testemunho que Muhammad é mensageiro de Deus.” Foi em 25 de setembro de 1980.
O Dr. Hofmann continuou sua carreira como diplomata alemão e representante da OTAN por quinze anos depois de se tornar muçulmano. “Não experimentei qualquer discriminação em minha vida profissional”, disse ele. Em 1984, três anos e meio após sua conversão, o então presidente alemão Dr. Carl Castens o distinguiu com a Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha. O governo alemão distribuiu seu livro “Diário de um Muçulmano Alemão” para todas as missões estrangeiras alemães nos países muçulmanos como uma ferramenta analítica. Os deveres profissionais não o impediram de praticar sua religião.
Antes um grande apreciador de vinho tinto, ele agora recusava educadamente ofertas de álcool. Como representante do Serviço de Relações Exteriores, ocasionalmente tinha que organizar almoços de trabalho para convidados estrangeiros. Participava nesses almoços com um prato vazio durante o Ramadã. Em 1995 renunciou voluntariamente do Serviço de Relações Exteriores para se dedicar às causas islâmicas.
Enquanto discutia os males causados pelo álcool na vida individual e social, o Dr. Hofmann mencionou um incidente em sua própria vida causado pelo álcool. Durante seus anos na universidade em Nova Iorque em 1951, uma vez ele viajou de Atlanta ao Mississipi. Quando estava em Holy Spring, Mississipi, repentinamente um veículo, aparentemente dirigido por um motorista bêbado, apareceu na frente de seu carro. Seguiu-se um sério acidente, levando dezenove dos seus dentes e desfigurando sua boca.
Depois de passar por cirurgia em seu queixo e na parte baixa do quadril, o cirurgião do hospital o confortou dizendo: “Em circunstâncias normais ninguém sobrevive a um acidente como aquele. Deus tem algo especial em mente para você, meu amigo!” Enquanto mancava em Holy Spring depois de ser liberado do hospital com seu “braço em uma tipóia, um joelho enfaixado e um rosto cheio de pontos e iodine”, ele se perguntou qual seria o significado do comentário do cirurgião.
Veio a saber um dia, muito mais tarde. “Finalmente, trinta anos depois, no dia em que testemunhei minha fé no Islã, o verdadeiro significado de minha sobrevivência ficou claro para mim!"
Uma declaração sobre sua conversão:
“Por algum tempo, lutando cada vez mais por precisão e brevidade, tenho tentado colocar no papel de forma sistemática todas as verdades filosóficas, que, em minha opinião, podem ser afirmadas acima de dúvidas. No curso desse esforço ficou claro que a atitude típica de um agnóstico não é inteligente; que o homem simplesmente não escapa da decisão de acreditar; que a necessidade de criação de tudo que existe ao nosso redor é óbvia; que o Islã sem dúvida se encontra em maior harmonia com a realidade geral. Assim percebi, não sem levar um choque, que passo a passo, apesar de mim mesmo e quase inconscientemente, em sentimentos e pensamentos me tornei um muçulmano. Faltava apenas um último passo a ser dado: formalizar minha conversão.
Hoje sou muçulmano. Alcancei.”
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