O Milagroso Alcorão (parte 8 de 11): De Selvagens a Santos

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  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 09 Mar 2009
  • Última modificação em 18 Mar 2009
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The_Miraculous_Quran_(part_8_of_11)_001.jpgO próximo aspecto que chamou minha atenção – isso, mais uma vez, era algo que os não-muçulmanos mencionavam em seus trabalhos – foi o efeito que o Alcorão teve sobre a geração do Profeta. Que Deus o exalte.

Está claro que os árabes na época do Profeta eram habituados à bebida, diversão e engajados em batalhas tribais. Eles eram conhecidos por às vezes matarem seus bebês do sexo feminino. Entretanto, descobre-se que em um curto espaço de tempo de aproximadamente vinte anos um movimento que começou com um homem justo foi capaz, devido à graça de Deus e ao efeito milagroso do Alcorão, mudar quase todos os árabes e não-árabes na Península Arábica e uni-los em uma irmandade de fé e misericórdia que era tão forte que se alguma parte dessa irmandade estava em angústia, a irmandade como um todo era afetada negativamente. Naquela época, podia-se encontrar duas pessoas que eram de tribos previamente antagônicas compartilhando sua fortuna e dispostas a darem suas vidas uma pela outra. De fato, um estava disposto a dividir metade de sua fortuna e se divorciar de uma de suas esposas por seu novo irmão, que era de uma tribo “estrangeira”.

Talvez uma das melhores descrições da mudança que ocorreu entre os muçulmanos possa ser vista na famosa declaração do Companheiro Jafar ibn Abu Talib que foi perguntado pelo rei Negus da Abissínia sobre a missão do Mensageiro. Ele lhe disse:

Ó rei, nós éramos um povo ignorante, idólatras, que comia carniça e se entregava aos prazeres sexuais. Nós ridicularizávamos nossos vizinhos, um irmão oprimia seu irmão, e o forte devorava o fraco. Nesse momento um homem surgiu entre nós, que já era conhecido por ser confiável, nobre e honesto. Esse homem nos chamou para o Islã. E nos ensinou a abandonar a adoração de estátuas, a falar a verdade, a nos abstermos de matança e não defraudar os órfãos de suas propriedades. Ele nos ensinou a fornecer conforto aos nossos vizinhos e não caluniar as mulheres castas. Ele nos prescreveu oferecer orações, observar jejuns e fazer caridade. Nós o seguimos, abandonamos o politeísmo e a idolatria e nos abstemos de todos os maus atos. É por causa dessa nova maneira que o nosso povo se tornou hostil a nós e nos compeliu a retornar à nossa antiga vida desencaminhada.[1]

Aquela geração, por sua vez, levou a mensagem para o resto do mundo. Eles eram claramente um povo que foi tirado das trevas para a luz e para o caminho reto de Deus. Quando dois Companheiros diferentes foram questionados pelo imperador da Pérsia sobre o que havia trazido os muçulmanos às suas terras, ambos responderam em termos semelhantes: “Deus nos enviou para tirar quem quiser da servidão aos homens para a servidão a Deus, da limitação desse mundo para sua expansão e da injustiça dos estilos de vida [nesse mundo] para a justiça do Islã.” [2]

Durante a vida do Profeta, que Deus o exalte, pôde-se ver como essas pessoas foram transformadas em uma geração piedosa, temente a Deus e esperançosa da recompensa de Deus. Mesmo quando eles, como humanos, escorregavam e cometiam pecados, eles fervorosamente se arrependiam e se voltavam para Deus e para o Seu perdão. Eles preferiam enfrentar uma punição severa nessa vida, como a morte, do que enfrentar Deus com seus pecados em suas mãos. Isso pode ser visto nos casos de Maaiz ibn Maalik al-Aslami e a mulher chamada al-Ghaamidiyah. Ambos foram até o Profeta para admitir que tinham cometido adultério e cada um pediu ao Profeta pela punição terrena para apagar seus pecados. No caso de al-Ghaamidiyah, depois de sua confissão o Profeta pediu a ela que retornasse após dar à luz.  Ela voltou com sua criança nos braços e pediu ao Profeta para purificá-la de seus pecados. O Profeta então pediu a ela que retornasse após ter desmamado a criança. Então ela retornou após algum tempo e disse ao Profeta que a criança não precisava mais ser amamentada. Mais uma vez ela pediu expiação de seu pecado.  Então, finalmente, o Profeta implementou a punição legal como uma expiação pelo seu pecado de adultério. O Profeta então a louvou por seu ato de arrependimento.[3]

O efeito dessa mudança nos Companheiros continuou muito depois da morte do Profeta. Notem os seguintes relatos dos Companheiros enquanto buscavam propagar a mensagem do Islã para o resto do mundo:

O caráter e qualidades excelentes dos soldados muçulmanos foram louvados uma vez por um oficial romano com essas palavras: “À noite são encontrados em oração; durante o dia são encontrados em jejum. Eles mantêm suas promessas, ordenam bons atos, suprimem o mal e mantêm completa igualdade entre si.”

Um outro testemunhou: “Eles são cavaleiros de dia e ascéticos à noite. Pagam pelo que comem nos territórios sob sua ocupação. São os primeiros a saudar quando chegam em um local e são combatentes destemidos que varrem o inimigo.”

Um terceiro disse:  “Durante a noite parece que não pertencem a esse mundo e não têm outra ocupação além de orar, e durante o dia, quando os vemos montados em seus cavalos, têm-se a impressão de que não fizeram mais nada em suas vidas. São grandes arqueiros e lanceiros, e ainda assim são tão devotamente religiosos e lembram tanto de Deus que geralmente mal se ouve falar sobre qualquer outra coisa em sua companhia.”[4]

Os benefícios da civilização desenvolvida com base nos ensinamentos do Alcorão foram muito além das terras muçulmanas. Muitos estão familiarizados com a influência dos muçulmanos na Europa e como as influências islâmicas eventualmente levaram à Renascença. O autor de A History of the Intellectual Development of Europe (História do Desenvolvimento Intelectual na Europa, em tradução livre), John Draper escreveu: “Quatro anos após a morte de Justiniano, em 569 AD, nasceu em Meca, na Arábia, o homem que, de todos os homens, exerceu a maior influência sobre a raça humana.”[5]Esse trabalho me abriu os olhos na época de minha conversão ao Islã. Draper, escrevendo no século 19, estava muito desapontado e aparentemente zangado com o fato dos muçulmanos continuamente não receberem as honras adequadas por tudo que contribuíram para a sociedade e civilização européias. Por exemplo, ele escreve: “A esses sarracenos devemos muitos de nossos confortos pessoais. Religiosamente limpos, não era possível para eles, como era costume para os nativos da Europa, usarem uma vestimenta sem ser trocada até que caísse em pedaços, uma massa repugnante de insetos, mau cheiro e trapos... Eles nos ensinaram o uso da roupa de baixo de linho e algodão, freqüentemente trocada e lavada, que ainda é conhecida entre as senhoras por seu antigo nome árabe...”[6]

Muitos eruditos reconheceram a importância do Islã e dos ensinamentos do Alcorão para o aprimoramento da humanidade. O famoso intelectual George Bernard Shaw afirmou uma vez:

“Eu sempre tive a religião de Muhammad em alta estima por causa de sua maravilhosa vitalidade...Eu previ que a fé de Muhammad seria aceitável amanhã como está começando a ser aceitável para a Europa de hoje. Os eclesiásticos medievais, por ignorância ou intolerância, pintaram o Maometismo nas cores mais escuras. Eles foram, de fato, treinados para odiar o homem Muhammad e a sua religião. Para eles Muhammad era o Anticristo. Eu o estudei, o homem maravilhoso, e em minha opinião longe de ser um Anticristo ele deve ser chamado de salvador da Humanidade.[7]



Footnotes:

[1] A tradução dessa declaração foi retirada de Allama Shibli Numani, Sirat-un-Nabi (Lahore, Paquistão:[1] Kazi Publications, 1979), p.[1] 211. O incidente foi registrado por ibn Ishaq em al-Maghazi e Ahmad. E sua cadeia é sahih de acordo com al-Albaani. Veja as notas de rodapé de al-Albani para Muhammad al-Ghazaali, Fiqh al-Seera (Qatar: Idaarah Ihyaa al-Turaath al-Islaami, n.d.), p. 126.

[2]Ismaaeel ibn Katheer, Al-Bidaayah wa al-Nihaayah (Beirute: Dar al-Kutub al-Ilmiyya, n.d.), vol. 7, pp. 39-40.

[3]As histórias de Maaiz e al-Ghaamidiyah foram registradas por Muslim.

[4]Citado de Abul Hasan Ali Nadwi, Islam and the World (Islã e o Mundo, em tradução livre) (International Islamic Federation of Student Organizations, 1983), p. 81. Veja também ibn Katheer, al-Bidaayah, vol. 7, p. 53.

[5] Citado em Islam—The First and Final Religion, (Islã – A Primeira e Última Religião, em tradução livre) p. 39. Mais recentemente,  The 100: A Ranking of the Most Influential Persons in History (Os 100: Um Ranking das Pessoas Mais Influentes na História, em tradução livre) de Michael H. Hart colocou o Profeta Muhammad como o número um entre todos os líderes influentes do mundo.

[6] O trabalho de Draper não está disponível para mim no momento. Conseqüentemente, essa citação foi retirada de Aslam Munjee, The Crusades: Then and Now (As Cruzadas: Então e Agora, em tradução livre) (Arlington, VA: First Amendment Publishers, 2004), p 3.

[7] “A Collection of Writings of Some of the Eminent Scholars,”(Coletânea de Escritos de Alguns dos Eminentes Eruditos, em tradução livre) publicado pela Woking Muslim Mission, edição de 1935, p. 77.  Citado em Islam—The First and Final Religion (Islã – A Primeira e Última Religião, em tradução livre) (Karachi, Paquistão: Begum Aisha Bawany Waqf, 1978), pp. 57.Na realidade, muitos pensadores ocidentais não-muçulmanos têm tecido grandes elogios ao Islã, ao Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) ou ao Alcorão.  O trabalho citado compila várias dessas citações e é uma leitura interessante.

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