Wicca (parte 1 de 2) O que é Wicca?
Descrição: De um antigo sistema de crenças abandonado a bruxaria nova era.
- Por Aisha Stacey (© 2016 IslamReligion.com)
- Publicado em 28 Mar 2016
- Última modificação em 28 Mar 2016
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A palavra wicca vem da raiz saxônica wicce, traduzida livremente como "sábio" ou "curvar ou moldar as forças ocultas." A Wicca é a maior das religiões neopagãs[1] que são reconstruções de antigos sistemas de crenças pagãos abandonados, incluindo o celta, o egípcio, o grego, o nórdico, o romano e outras tradições. Assim, como uma religião centrada na terra, as origens da Wicca pré-datam o Judaísmo, o Cristianismo, o Islã, o Budismo e o Hinduísmo. A Wicca pode ser considerada uma das religiões mais antigas no mundo e, por outro lado, pode ser chamada como a mais nova, uma vez que a Wicca, como a conhecemos hoje, é uma religião neopagã recém-criada, centrada na terra. Sua origem pode ser traçada ao Gardnerianismo, fundado no Reino Unido no final da década de 1940. Uma boa regra geral é que a maioria dos wicanos são neopagãos, mas nem todos os neopagãos são wicanos.
Alguns wicanos reconhecem um único ser supremo, às vezes chamado de "O Único" ou "O Tudo", que tem aspectos femininos e masculinos chamados de "Deusa e Deus". Outros praticam Wicca reconhecendo a existência de muitos deuses e deusas antigos, incluindo mas certamente não limitados a: Afrodite, Ártemis, Brígida, Diana, Dionísio, Fergus, Hécate, Ísis, Pã, Thor, etc. A Wicca também foi chamada de ateia (sem crença em deidade ou deidades). Alguns wicanos veem a Deusa e Deus como símbolos, não como entidades vivas. Assim, muitos wicanos podem ser considerados ateus. Como os wicanos adoram a natureza e deusas e deuses da natureza, também podem ser chamados de panteístas.
De acordo com o renomado website canadense Religious Tolerance, alguns wicanos consideram Wicca e Bruxaria como sinônimos. Entretanto, muitos outros diferenciam entre os dois, sendo que Wicca é a religião, e bruxaria a prática de magia. Sob essa definição a bruxaria não é uma religião e, assim, muitas pessoas consideram que a bruxaria pode ser praticada por membros de qualquer religião.
Muitos, talvez a maioria, dos wicanos são praticantes solitários e realizam seus rituais sozinhos. Outros formam irmandades que são grupos informais de wicanos. Geralmente não há grupo de coordenação acima do nível da irmandade, nenhuma organização estadual ou nacional, e assim não há estatísticas confiáveis. Algumas estimativas não verificáveis afirmam que existam até 750.000 wicanos nos Estados Unidos, fazendo da Wicca a quinta maior religião organizada nos Estados Unidos. Entretanto, todas as estimativas não são mais que estimativas sem fatos concretos nos quais se possa basear conclusões firmes.
A Wicca é às vezes conhecida como bruxaria por causa de sua associação com encantamentos e amuletos. Os encantamentos mágicos podem tentar prejudicar ou ajudar, mas os wicanos são proibidos pelo seu sistema de crenças de se engajarem em encantamentos ou quaisquer atividades que prejudiquem outras pessoas. As principais regras de comportamento são o Conselho wicano: "Faça o que quiser, desde que não prejudique ninguém", que proíbe prejudicar pessoas, inclusive a si próprios, exceto em alguns casos de legítima defesa e a Lei Tríplice: "Tudo aquilo que fizeres retornará a você nesta vida multiplicado por três; o mal também retornará multiplicado por três".
De acordo com o Mnemosyne’s Realm (Reino de Mnemosine)[2], "Encantamentos não se tratam de transformar pessoas em sapos ou conceder desejos. Um encantamento é um conjunto de ações e orações que se faz e diz para pedir ajuda divina com algum aspecto em particular da vida." Os wicanos acreditam que as energias que criamos influencia o que acontece conosco e, assim, a magia negativa retorna para o perpetrador, como na lei tríplice. Outros ensinamentos éticos importantes incluem viver em harmonia com as outras pessoas e tratar o meio-ambiente com respeito. Existem oito dias wicanos de celebração que seguem as fases da lua e as estações do ano chamados Sabats. Acredita-se que os Sabats tiveram origem nos ciclos associados com caça, cultivo e fecundidade animal.
O pentáculo e o pentagrama são os símbolos principais usados pelos wicanos e muitos outros neopagãos. Alguns itens de ritual são comuns a quase toda tradição wicana, como o athame (punhal ritual) e o cálice (copo ritual). Outros podem ser usados por algumas tradições, mas não outras: sinos, vassouras, velas, caldeirões, cordões, tambores, açoites, incenso, joias, pratos especiais, estátuas, espadas, bastões e varinhas. O significado, uso e fabricação desses itens variarão entre tradições e indivíduos. Geralmente um ritual wicano envolverá algum tipo de criação de espaço sagrado (formação de um círculo), invocação de poder divino, compartilhamento de dança/canção/alimento ou vinho e uma despedida de agradecimento e encerramento cerimonial. Os rituais podem ocorrer em "sabats" wicanos ou marcar transições de vida como nascimentos, puberdade, casamentos, mudanças de casa, curas, mortes ou outros ritos de passagem.[3]
Os wicanos não adoram Satanás. Nem mesmo reconhecem sua existência. Embora seu sistema de crenças geralmente contenha um panteão de deuses e deusas, nenhum deles é uma deidade totalmente maléfica remotamente parecida com o Satanás encontrado no Cristianismo. Como mencionado nos artigos desse site sobre Satanismo, nos séculos 15 e 16 a igreja Católica teorizou que a adoração a Satanás e a bruxaria malévola existiam e eram ameaças maciças. Isso provocou a queima de bruxas que passou a ser chamada de caça às bruxas ou alternativamente de holocausto feminino. Até 50.000 pessoas foram julgadas por heresia e dezenas de milhares foram executadas. Muitas pessoas hoje associam os wicanos atuais com histórias ficcionais sobre essas bruxas da Idade Média e algumas denominações conservadoras ainda ensinam essa ficção como fato.
Na parte 2 compararemos a Wicca com o Islã e faremos a pergunta: pode uma religião que não acredita em Satanás estar verdadeiramente livre de influências satânicas?
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