Crença em Deus (parte 1 de 3)
Descrição: O Coração da Crença Islâmica: a crença em Deus e Sua adoração, e os meios através dos quais pode-se encontrar Deus.
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- Publicado em 04 Jan 2009
- Última modificação em 09 Feb 2009
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Introdução
No coração do Islã reside a crença em Deus.
O coração da crença islâmica é testemunhar a frase, La illaha illa Allah, “Não existe verdadeira deidade merecedora de adoração exceto Deus.” O testemunho a essa crença, chamada tawhid, é o eixo em torno do qual todo o Islã revolve. Além disso, é o primeiro dos dois testemunhos através dos quais uma pessoa se torna muçulmana. Se empenhar após a compreensão dessa unicidade, ou tawhid, é o coração da vida islâmica.
Para muitos não-muçulmanos, o termo Allah, o nome árabe de Deus, se refere a alguma deidade distante e estranha adorada pelos árabes. Alguns até pensam que seja algum “deus-lua” pagão. Entretanto, em árabe, a palavra Allah significa o Único Verdadeiro Deus. Inclusive, os judeus e cristãos árabes se referem ao Ser Supremo como Allah.
Encontrar Deus
Filósofos ocidentais, místicos orientais e os cientistas de hoje tentam alcançar Deus a seu próprio modo. Os místicos ensinam sobre um Deus que é encontrado através de experiências espirituais, um Deus que é parte do mundo e reside dentro de Sua criação. Os filósofos gregos buscam Deus através da razão pura e com freqüência falam de um Deus como um Relojoeiro sem interesse em Sua criação. Um grupo de filósofos ensina o agnosticismo, uma ideologia que mantém que não se pode provar ou negar a existência de Deus. Falando de forma prática, um agnóstico afirma que ele deve ser capaz de compreender Deus diretamente, de modo a ter fé. Deus disse:
“E aqueles destituídos de conhecimento dizem: ‘Por que Deus não fala conosco ou por que um sinal [milagroso] não nos é mostrado?’ O mesmo disseram os que vieram antes deles, Seus corações são todos iguais.” (Alcorão 2:118)
O argumento não é nada novo; as pessoas no passado e no presente têm levantado a mesma objeção.
De acordo com o Islã, a forma correta de encontrar Deus é através dos ensinamentos preservados dos profetas. O Islã afirma que os profetas foram enviados pelo próprio Deus através das eras para guiar os seres humanos até Ele. Deus diz no Alcorão Sagrado que o caminho correto para a crença é refletir sobre os Seus sinais, que apontam para Ele:
“De fato, Nós fizemos todos os sinais evidentes para os dotados de certeza interior.” (Alcorão 2:118)
A menção do trabalho de Deus ocorre com freqüência no Alcorão como o ponto da revelação divina. Qualquer um que veja o mundo natural em toda a sua maravilha com olhos e coração abertos verá os sinais inconfundíveis do Criador.
“Dize: Percorra toda a terra e veja como [maravilhosamente] Ele criou [o homem] primeiramente: e conseqüentemente, também, Deus o trará à vida pela segunda vez – porque, verdadeiramente, Deus tem poder de desejar qualquer coisa.” (Alcorão 30:20)
O trabalho de Deus também está presente dentro do indivíduo:
“E na terra existem sinais [da existência de Deus, visíveis] para todos aqueles dotados com certeza interior, assim como [existem sinais] dentro de vós: não os enxergais?” (Alcorão 51:20-21)
Crença em Deus (parte 2 de 3)
Descrição: Os dois primeiros aspectos sobre o que a crença em Deus significa, nominalmente, crença em Sua existência e crença em Sua Suprema Senhoria.
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- Publicado em 04 Jan 2009
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Crença em Deus no Islã consiste de quatro questões:
(I) Crença na existência de Deus.
(II) Deus é o Senhor Supremo.
(III) Deus somente é merecedor de adoração.
(IV) Deus é conhecido pelos Seus Mais Belos Nomes e Atributos.
(I) Crença na Existência de Deus
A existência de Deus não requer prova através de argumentos científicos, matemáticos ou filosóficos. A Sua existência não é uma ‘descoberta’ a ser feita pelo método científico ou teorema matemático a ser provado. Falando de forma simples, o mero bom senso testemunha a existência de Deus. De um navio se conhece o construtor do navio, do cosmos se conhece o seu Criador. A existência de Deus também é conhecida pelas respostas às orações, milagres dos profetas e o ensinamento de todas as escrituras reveladas.
No Islã, o ser humano não é visto como uma criatura pecaminosa a quem a mensagem do Paraíso é enviada para curar a ferida do pecado original, mas como um ser que continua a carregar a natureza primordial (al-fitrah), uma impressão em sua alma que repousa enterrada profundamente sob camadas de negligência. Os humanos não nascem pecaminosos, mas esquecidos do que Deus disse:
“Eu não sou o teu Senhor? Eles dizem: ‘Sim, nós testemunhamos.’” (Alcorão 7:172)
Nesse versículo, o “eles” se refere a todos os seres humanos, homens e mulheres. O ‘sim’ confirma a afirmação da unicidade de Deus por nós em nosso estado pré-cósmico. A doutrina islâmica afirma que homens e mulheres continuam a carregar o eco desse ‘sim’ bem no fundo de suas almas. A chamada do Islã é direcionada à essa natureza primordial, que pronunciou ‘sim’ mesmo antes de ter habitado a terra. O conhecimento de que esse universo tem um Criador é algo instintivo no Islã e, portanto, não requer prova. Os cientistas, como Andrew Newberg e Eugene D’Aquili, ambos filiados à Universidade da Pensilvânia e pioneiros em pesquisa neurológica da religião, dizem “Nós somos conectados por Deus.”[1]
O Alcorão Sagrado diz retoricamente:
“Pode haver qualquer dúvida sobre Deus, o Criador dos céus e da terra?” (Alcorão 14:10)
Alguém pode perguntar, ‘se a crença em Deus é natural, então por que algumas pessoas não têm essa crença?’ A resposta é simples. Todo ser humano tem uma crença inata em um Criador, mas essa crença não é resultado de aprendizado ou pensamento dedutivo pessoal. Com a passagem do tempo, influências externas afetam essa crença inata e confundem a pessoa. Então, o ambiente e a educação colocam um véu sobre a natureza primordial em relação à verdade. O Profeta do Islã, que Deus exalte todos, disse:
“Toda criança nasce em estado de fitrah (crença natural em Deus), então seus pais o tornam um judeu, um cristão, ou um mago." (Saheeh Muslim)
Freqüentemente esses véus são removidos quando um ser humano é confrontado com uma crise espiritual e fica desesperançado e vulnerável.
(II) Deus é o Senhor Supremo
Deus é o único Senhor do céu e da terra. Ele é o Senhor do universo físico e o Legislador para a vida humana. Ele é o Mestre do mundo físico e o Governante dos assuntos dos homens. Deus é o Senhor de cada homem, mulher e criança. Historicamente, apenas uns poucos negaram a existência do Senhor, o que significa que através dos tempos as pessoas têm, em sua maioria, acreditado em um Único Deus, um Ser Supremo, um Criador sobrenatural. Que Deus é o Senhor implica especificamente nos seguintes significados:
Primeiro, Deus é o único Senhor e Governante do mundo físico. Senhor significa que Ele é o Criador, Controlador, e Dono dos Reinos dos céus e da terra; eles pertencem exclusivamente a Ele. Somente Ele traz existência de não-existência, e toda a existência depende Dele para sua conservação e continuação. Ele não criou o universo e o deixou seguir seu próprio curso de acordo com leis fixas cessando, portanto, de ter qualquer interesse posterior nele. O poder do Deus Vivente é requerido a todo momento para sustentar todas as criaturas. A criação não tem Senhor além Dele.
“Dize [Ó Muhammad]: ‘Quem vos dá sustento do céu e da terra? Ou quem tem poder sobre a audição e a visão? E quem faz sair o vivo do morto e faz sair o morto do vivo? E quem administra a ordem?’ Eles dirão: ‘Deus.’ Dize: ‘Então não temeis a punição de Deus [por estabelecer rivais com Ele]?’” (Alcorão 10:31)
Ele é o eterno Rei e o Salvador, o Deus Amoroso, cheio de sabedoria. Ninguém pode alterar Suas decisões. Anjos, profetas, seres humanos, e os reinos animal e vegetal estão sob Seu controle.
Segundo, Deus é o único Governante dos assuntos dos homens. Deus é o Legislador supremo,[2] o Juiz Absoluto, e Ele distingue o certo do errado. Assim como o mundo físico se submete ao seu Senhor, os seres humanos devem se submeter aos ensinamentos morais e religiosos de seu Senhor, o Senhor que separa o certo do errado para eles. Em outras palavras, apenas Deus tem autoridade para fazer leis, determinar atos de adoração, decidir questões morais e estabelecer padrões de comportamento e interação humanos. Dele é o comando:
“Verdadeiramente, Dele é a criação e o comando; abençoado seja Deus, o Senhor dos mundos.” (Alcorão 7:54)
Crença em Deus (parte 3 de 3)
Descrição: Os terceiro e quarto aspectos sobre o que a crença em Deus significa, nominalmente, a crença de que Somente Ele é merecedor de adoração e o conhecimento de Deus através de Seus nomes e atributos.
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(III) Deus Somente é Merecedor de Adoração
O Islã coloca uma grande ênfase em como a crença em Deus se traduz em uma vida obediente, virtuosa e de boa moral ao invés de provar a Sua existência através de intrincadas teologias. Portanto, o lema islâmico é que a mensagem básica pregada pelos profetas foi a submissão à vontade de Deus e Sua adoração, e não a prova da existência de Deus:
“E Nós nunca enviamos qualquer Mensageiro antes de ti [Ó Muhammad] sem que lhe revelássemos: ninguém tem o direito de ser adorado exceto Eu, então adorai-Me [Somente].” (Alcorão 21:25)
Deus tem o direito exclusivo de ser adorado interiormente e exteriormente, com o seu coração e ações. Não apenas ninguém pode ser adorado aparte Dele, mas absolutamente ninguém pode ser adorado com Ele. Ele não tem parceiros ou associados na adoração. Adoração, em seu sentido abrangente e em todos os aspectos, é para Ele apenas.
“Não existe nenhum verdadeiro deus merecedor de adoração exceto Ele, o Misericordioso, o Compassivo.” (Alcorão 2:163)
Nunca é demais enfatizar o direito de Deus a ser adorado. É o significado essencial do testemunho de fé do Islã: La ilah illa Allah. Uma pessoa se torna muçulmana ao testemunhar o direito divino à adoração. É o ponto central da crença islâmica em Deus, e até de todo o Islã. Foi a mensagem central de todos os profetas e mensageiros enviados por Deus – a mensagem de Abraão, Isaque, Ismael, Moisés, os profetas hebreus, Jesus e Muhammad, que Deus o exalte. Por exemplo, Moisés declarou:
“Ouça, Ó Israel; O Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Deuteronômio 6:4)
Jesus repetiu a mesma mensagem 1.500 anos depois quando disse:
“O primeiro de todos os mandamentos é, ‘Ouça, Ó Israel; O Senhor nosso Deus é o único Senhor.’” (Marcos 12:29)
E relembrou Satanás:
“Afaste-te de mim, Satanás! Porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto.” (Mateus 4:10)
Finalmente, o chamado de Muhammad 600 anos depois de Jesus reverberou através dos vales de Meca:
“E o vosso Deus é o Único Deus: não existe deus exceto Ele.” (Alcorão 2:163)
Todos declararam claramente:
“Adorai a Deus! Não tendes outro deus exceto Ele.” (Alcorão 7:59, 65, 73, 85; 11:50, 61, 84; 23:23)
O Que é Adoração?
A adoração no Islã consiste de todo ato, crença, afirmação ou sentimento do coração que Deus aprova e ama; tudo que aproxima a pessoa de Seu Criador. Inclui adoração ‘externa’ como as orações rituais diárias, jejum, caridade e peregrinação assim como adoração ‘interna’ como a fé nos seis artigos de fé, reverência, adoração, amor, gratidão e confiança. Deus é merecedor de adoração pelo corpo, alma e coração, e essa adoração permanece incompleta a menos que seja composta de quatro elementos essenciais: temor reverencial a Deus, amor divino e adoração, esperança na recompensa divina e extrema humildade.
Um dos maiores atos de adoração é a oração, invocando ajuda ao Ser Divino. O Islã especifica que a oração deve ser direcionada somente a Deus. Ele está em controle total do destino do homem e é capaz de prover as suas necessidades e remover o sofrimento. Deus, no Islã, reserva o direito da oração para Si.
“E não invoques, além de Deus, o que não te beneficia nem te prejudica porque, se o fizeres, certamente estará entre os injustos!” (Alcorão 10:106)
Dar a qualquer um – profetas, anjos, Jesus, Maria, ídolos ou natureza – uma porção de adoração, que é essencialmente devida somente a Deus, como a oração, é chamado de Shirk e é o maior pecado no Islã. Shirk é o único pecado imperdoável se não houver arrependimento, e nega o propósito essencial da criação.
(IV) Deus é conhecido Pelos Seus Mais Belos Nomes e Atributos
Deus é conhecido no Islã pelos Seus belos Nomes e Atributos da forma como eles aparecem nos textos islâmicos revelados sem a corrupção ou negação de seus significados óbvios, retratando-os ou pensando neles em termos humanos.
“E os Mais Belos Nomes pertencem a Deus, então invocai-O com eles.” (Alcorão 7:180)
Portanto, é inapropriado usar Causa Primordial, Autor, Substância, Ego Puro, Absoluto, Idéia Pura, Conceito Lógico, Desconhecido, Inconsciente, Ego, Idéia ou Grande Cara como Nomes divinos. Eles simplesmente carecem de beleza e não é assim que Deus Se descreve. Ao contrário, os Nomes de Deus indicam a Sua beleza majestosa e perfeição. Deus não esquece, dorme ou fica cansado. Ele não é injusto, e não tem filho, mãe, pai, irmão, associado ou ajudante. Ele não nasceu e não deu à luz. Ele não precisa de ninguém e é perfeito. Ele não se torna humano para “entender” o nosso sofrimento. Deus é O Todo-Poderoso (al-Qawee), O Incomparável (al-‘Ahad), O Que Aceita o Arrependimento (al-Tawwaab), O Compassivo (al-Raheem), O Eterno Vivente (al-Hayy), O Sustenedor (al-Qayyum), O Onisciente (al-‘Aleem), O Que Tudo Ouve (al-Samee’), O Que Tudo Vê (al-Baseer), O Perdoador (al-‘Afuw), O Ajudante (al-Naseer), O Que Cura (al-Shaafee).
Os dois Nomes mais freqüentemente invocados são “O Compassivo” e “O Misericordioso.” Com exceção de um, todos os capítulos da escritura islâmica começam com a frase, “Em Nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.” A frase é usada, pode-se dizer, pelos muçulmanos com mais freqüência do que os nomes Pai, Filho e Espírito Santo são ouvidos em invocações cristãs. Os muçulmanos começam em Nome de Deus e se relembram da Compaixão e Misericórdia de Deus toda vez que comem, bebem, escrevem uma carta, ou fazem qualquer coisa de importância.
O perdão é uma dimensão importante da relação humana com Deus. Os seres humanos são considerados fracos e inclinados ao pecado, mas Deus em Sua misericórdia terna está disposto a perdoar. O Profeta Muhammad disse:
“A misericórdia de Deus supera a Sua ira.” (Saheeh Al-Bukhari)
Ao lado dos nomes divinos “O Compassivo” e “O Misericordioso,” os nomes “O Que Tudo Perdoa” (al-Ghafur), “O Que Perdoa” (al-Ghaf-faar), “O Que Aceita o Arrependimento” (at-Tawwaab) e “O Perdoador” (al-Afuw) estão entre os mais usados nas orações islâmicas.
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