Físicos Contemporâneos e a Existência de Deus (parte 3 de 3): Espaço para Deus
Descrição: Uma Avaliação Islâmica Crítica das Idéias de Alguns Físicos Contemporâneos: Parte três: A única conclusão para as séries de causas é que existe uma causa suprema e externa que leva a todas as outras.
- Por Dr. Jaafar Sheikh Idris
- Publicado em 09 Mar 2009
- Última modificação em 18 Mar 2009
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A idéia de que algo não é criado por qualquer coisa, que vem do nada, é muito diferente da idéia de que cria a si próprio. É estranho, portanto, encontrar alguns cientistas que falam como se fossem a mesma coisa. Não foi apenas Davies que confundiu essas duas noções como podemos ver na citação apresentada, mas outros também. Taylor nos diz que elétrons podem criar a si próprios do nada da mesma forma que o Barão de Munchausen se salvou de afundar em um pântano puxando-se pelo cadarço de suas botas.
É como se essas partículas especiais fossem capazes de se puxarem com seus cadarços (que em seu caso seria as forças entre elas) para se criarem do nada como o Barão de Munchausen se salvou sem esforços visíveis de apoio... Isso foi proposto como um cenário cientificamente respeitável para criar um Universo altamente especializado do nada. (Taylor, 46)
É ciência ou ficção científica que estão nos dizendo? Taylor sabe e diz que a história de Munchausen é apenas uma história; que o que ele alegou ter feito é de fato algo que é fisicamente impossível fazer. Apesar disso, Taylor quer explicar através de sua idéia algo que não apenas é real, mas é de suma importância, e assim termina dizendo algo que é mais absurdo que a história fictícia de Munchausen de salvar-se puxando o cadarço de suas botas. Pelo menos Munchausen estava falando sobre coisas que já existiam. Mas as partículas especiais de Taylor agem até antes de serem criadas! Elas “se puxam pelos cadarços de suas botas... para se criarem do nada.”!
Falsos Deuses
A terceira alternativa à atribuição da criação de coisas ao verdadeiro Deus é atribuí-la a falsos deuses. Assim, muitos ateus tentam atribuir a criação de coisas temporais a outras coisas que são elas próprias temporais (como dissemos antes). Davies diz:
A idéia de um sistema físico contendo uma explicação de si próprio pode parecer paradoxal para o leigo, mas é uma idéia que tem alguma precedência em física. Embora se possa conceder, (ignorando os efeitos quânticos) que todo evento é contingente, e depende para sua explicação de algum outro evento, não é necessário que essa série continue indefinidamente ou termine em Deus. Pode ser fechado em um loop. Por exemplo, quatro eventos, ou objetos, ou sistemas, E1, E2, E3, E4, pode ter a seguinte dependência um do outro: (Davies, 47)
Mas é um exemplo claro de um círculo muito vicioso. Tome qualquer um desses eventos ou objetos ou sistemas supostos. Que seja E1, e pergunte como surgiu. A resposta é: foi causado por E4, que o precedeu; mas qual é a causa de E4? É E3; e a causa de E3 é E2, e a de E2 é E1. Então a causa de E4 é E1 porque é a causa de suas causas. Sendo assim E4 é a causa de E1 e E1 é a causa de E4 o que significa que cada um deles precede e é precedido pelo outro. Isso faz algum sentido? Se esses eventos, etc., são existentes reais, então sua existência não pode ter sido causada por eles na forma que Davies supõe. Sua causa suprema deve residir fora desse círculo vicioso.
E o filósofo Passmore nos avisa para
Comparar o seguinte:
(1) todo evento tem uma causa;
(2) para saber que um evento aconteceu deve-se saber como ele surgiu.
O primeiro simplesmente nos diz que se estamos interessados na causa de um evento, existirá sempre uma causa para descobrirmos. Mas isso nos deixa livre para começar e parar em qualquer ponto que escolhermos na busca por causas; podemos, se quisermos, buscar pela causa da causa e assim por diante, ad infinitum, mas não precisamos fazê-lo; se tivéssemos encontrado uma causa, teríamos encontrado uma causa, qualquer que fosse sua causa. A segunda asserção, entretanto, nunca nos permitiria afirmar que sabemos que um evento aconteceu... Por que se não pudermos saber que um evento ocorreu a menos que saibamos o evento que o causou, da mesma forma não podemos saber que a causa-evento ocorreu a menos que saibamos sua causa, e assim por diante ad infinitum. Em resumo, se a teoria cumprir sua promessa, as séries devem parar em algum lugar, e ainda assim a teoria é a de que as séries não podem parar em qualquer lugar - a menos que uma reivindicação de privilégio seja sustentada para certo tipo de evento, por exemplo, a criação do Universo. (Pasture, 29)
Se você pensar sobre isso, não existe diferença real entre essas duas teorias como Ibn Taymiyyah claramente explicou muito tempo atrás (Ibn Taymiyyah, 436-83). Pode-se colocar a primeira série assim: para um evento acontecer, sua causa deve acontecer. Se a causa em si é causada, então o evento não acontecerá a menos que sua causa-evento aconteça, e assim por diante, ad infinitum. Não teremos, portanto, uma série de eventos que realmente aconteceu, mas uma série de não-eventos. E porque sabemos que existem eventos, concluímos que sua causa real suprema não pode ter sido qualquer coisa temporal ou série de coisas temporais finitas ou infinitas. A causa suprema deve ser de uma natureza que é diferente daquela das coisas temporais; deve ser eterna. Por que digo ‘suprema’? Porque, como dito anteriormente, os eventos podem ser vistos como causas reais de outros eventos, desde que reconheçamos como incompletos e causas dependentes, e como tal não as causas que explicam a existência de algo no sentido absoluto, o que significa dizer que não podem assumir o lugar de Deus.
Qual a relevância dessa conversa sobre correntes afinal de contas? Deve haver algum pretexto para isso antes do advento do Big Bang, mas deve ficar claro para Davies em particular que não existe lugar para ela na visão de mundo de uma pessoa que acredita que o universo teve um começo absoluto.
O fato de que toda coisa ao nosso redor é temporal e que não pode ter sido criada exceto por um Criador eterno tem sido conhecido pelos seres humanos desde a alvorada de sua criação, e continua a crença da maioria esmagadora das pessoas em todo o mundo.[1] Seria, portanto, um erro ficar com a impressão de que esse trabalho atrela a existência de Deus à verdade da teoria do Big Bang. Essa certamente não é a minha crença, nem foi o propósito desse trabalho. O objetivo principal do trabalho foi de que se um ateu acredita na teoria do big bang, então não pode evitar admitir que o Universo foi criado por Deus. Isso, em fato, é o que alguns cientistas admitem francamente, e o que outros fazem intimamente com hesitação.
Não existe base para supor que matéria e energia existiam antes e foram repentinamente galvanizadas em ação. O que distinguiria aquele momento de todos os outros momentos na eternidade? ... É mais simples postular criação ex-nihilo, a vontade divina constituindo a natureza do nada. (Jastro,122)
Quanto à primeira causa do universo no contexto de expansão, deixamos que o leitor a insira, mas nosso quadro é incompleto sem Ele. (Jasrow,122)
Isso significa que o estado inicial do universo deve ter sido escolhido muito cuidadosamente de fato, se o modelo do big bang estava correto desde o começo dos tempos. Seria muito difícil explicar porque o universo começou justo dessa forma, exceto como o ato de um deus que pretendeu criar seres como nós. (Hawking,127)
Referências
Al Ghazali, Abu Hamid, Tahafut al Falasifa, editado por Sulayman Dunya, Dar al Ma'arif, Cairo, 1374 (1955)
Berman, David, A History of Atheism in Britain, London and New York, Routledge, 1990.
Boslough, John, Stephen Hawking's Universe: an Introduction to the most remarkable Scientist of our Time, Avon Books, New York, 1985.
Bunge, Mario, Causality: The Place of the Causal Principle in Modern Science, The world publication Co. New York, 1963
Carter, Stephen L. The Culture of Disbelief: How American Law and Politics Trivialize Religious Devotion. Basic Books, Harper Collins, 1993.
Concise Science Dictionary, Oxford University Press, Oxford, 1984
Davies, Paul, (1) The Cosmic Blueprint: New Discoveries in Nature's Creative Ability to Order the Universe, Simon & Schuster Inc, London, 1989. (2) God & The New Physics, The Touchstone Book, New York, 1983.
Fritzsch, Harald, The Creation of Matter: The Universe From Beginning to End, Basic Books Inc Publishers, New York, 1984.
Ibn Rushd, al Qadi Abu al Walid Muhammad Ibn Rush, Tahafut at-Tahafut, editado por Sulayman Dunya, Dar al Ma'arif , Cairo, 1388 (1968.)
Ibn Taymiya, Abu al Abbas Taqiyuddin Ahmad Ibn Abd al Halim, Minhaj al Sunna al Nabawiya , editado por Dr. Rashad Salim, Imam Muhammad Ibn Saud Islamic University, Riyad, AH 1406 (1986)
Jastrow, Robert, God And The Astronomers, Warner Books, New York, 1978.
Hawking, Stephen, A Brief History of Time,
Hoyle, Fred, The Nature of the Universe, Mentor Books, New York, 1955.
Kirkpatrick, Larry D. & Wheeler, Gerald F. Physics, A World View, New York, Saunders College Publishing, 1992.
Newton, Sir Isaac, Optics, Dover Publications Inc. New York, 1952.
Pasture, J. A, Philosophical Reasoning, New York, 1961.
Taylor, John, When the Clock Struck Zero: Science's Ultimate Limits, Picador, London, 1993
Footnotes:
[1] “…a primeira declaração de ateísmo especulativo publicada apareceu em 1770 no Continente, e em 1782 na Grã-Bretanha.” (Russell, Atheism (Ateísmo). 3).
“Os dados Gallop mais recentes indicam que 96 por cento dos americanos dizem que acreditam em Deus...” , (Carter, Culture, 278). A porcentagem deve certamente ser maior no mundo não-ocidental.
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