Radko, Ex-Ateu, Tchecoslováquia (parte 1 de 2): Do Ateísmo ao Cristianismo
Descrição: Um ateu aguerrido torna-se atraído pelo Cristianismo, mas depois de algum tempo descobre que perguntas cruciais não foram respondidas.
- Por Radko
- Publicado em 30 Jul 2012
- Última modificação em 30 Jul 2012
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Conheci um ateu que alegava que nunca acreditaria na existência de Deus. Em sua opinião, os crentes supostamente são pessoas de caráter fraco que sentem necessidade de encontrar uma muleta para suas incapacidades e preguiça e, por isso, frequentam a igreja. Ficava agitado se, ao debater religião, não conseguisse persuadir o oponente com seus argumentos. Desprezava os crentes de uma forma quase histérica. Tinha, entretanto, um amigo muito bom que acreditava em Deus. Concordaram em evitar discutir religião sempre que se encontrassem.
Um dia esse homem, provavelmente em um momento raro de fraqueza, aceitou o convite do amigo para visitar sua igreja. Consigo mesmo, ria com a ideia de gritar no meio da massa, apontando seu dedo e gargalhando para os crentes do púlpito. Entretanto, como sabemos, Deus trabalha de formas misteriosas. Foi à igreja, ficou de pé atrás dos bancos e olhou fixo para as pessoas orando.
A missa começou e ele deu a tudo um olhar sarcástico. Então começou o sermão, que durou uns 15 minutos. De repente, no meio do sermão, as lágrimas rolaram de seus olhos. Um estranho sentimento de alegria e felicidade eliminou sua animosidade, um sentimento que envolveu todo o seu corpo. Depois da missa os dois amigos saíram juntos. Estavam em silêncio até o momento em que cada um seguiria seu caminho, quando perguntou a seu amigo se poderiam ir à igreja juntos novamente. Concordaram em ir novamente no dia seguinte.
É possível que alguns de vocês tenham adivinhado que era eu aquele ateu teimoso. Não sentia nada além de desprezo e ódio em relação às pessoas de fé. Mas depois daquele sermão em 1989, quando o padre discutiu como não devemos julgar os outros se não queremos ser julgados, minha vida repentinamente sofreu uma reviravolta dramática.
Comecei a frequentar a igreja regularmente e tinha sede de qualquer informação sobre Deus e Jesus Cristo. Participei de encontros com jovens cristãos em que trocávamos nossas experiências espirituais. Senti-me ressuscitado. De repente senti necessidade de estar na companhia de crentes. Precisava compensar os últimos 18 anos.
Fui educado em uma família ateia, que exceto por terem me batizado, não fez qualquer tentativa para orientar meu desenvolvimento espiritual. Lembro de estar na sexta série quando um camarada foi enviado pelo Partido Comunista para nos explicar por que Deus não existe. Lembro que absorvia cada palavra. Em meu caso, não precisava de convencimento. Acreditei em tudo que ele disse. Sua arrogância, desprezo e ódio por crentes tornaram-se meus. Mas agora tinha que compensar por todos aqueles anos.
Encontrei um padre e outros que me orientaram nessa nova direção. Tinha muitas perguntas, que eles responderam. Mais tarde percebi um grande erro: aceitei tudo sem contemplação ou reflexão. Poderia dizer que me explicavam as coisas de um jeito "aceite sem questionar", mas seria injusto com eles. Foi, de fato, erro meu. Não refleti sobre suas palavras, nem pensei de maneira crítica. Isso me causou muitas complicações depois. Em retrospecto, acredito que a idade foi um fator importante a influenciar meu comportamento. Era muito jovem para compreender adequadamente assuntos tão sérios e complicados como a fé.
Queria me tornar um bom cristão e Deus sabe que tentei bastante. Ainda assim, com o passar do tempo não pude conciliar as contradições encontradas na Bíblia, como a natureza divina do profeta Jesus e o conceito de pecado herdado. Os padres tentavam responder às minhas perguntas, mas, por fim, suas paciências começaram a acabar. Disseram-me que esses assuntos devem ser aceitos na fé e essas perguntas eram uma perda de tempo, servindo somente para distanciar-me de Deus. Até esse dia lembro de discutir com um líder espiritual, um evento que recomeçou minhas tendências autodestrutivas. Talvez estivesse errado, no final das contas. Era jovem.
Como me tornei muçulmano
Meu caminho na direção do Islã não foi nada fácil. Vocês podem pensar que uma vez que me decepcionei com o Cristianismo, imediatamente aceitei o Islã como minha crença. Isso teria sido muito simples, mas tudo que sabia sobre o Islã na época eram coisas como: os muçulmanos se referem a Deus como Allah, leem o Alcorão ao invés da Bíblia e adoram alguém chamado Muhammad. Também acho que ainda não estava pronto para aceitar o Islã.
Então, afastei-me da comunidade da igreja e afirmei ser um cristão solista. Descobri, entretanto, que apesar de não sentir falta da comunidade de crentes ou igreja, Deus tinha Se "estabelecido" de forma tão profunda em meu coração que não podia deixá-Lo ir. Nem ao menos tentei. Muito pelo contrário. Sentia-me feliz de ter Deus e esperava que Ele estivesse ao meu lado.
Mais tarde comecei a envolver-me em uma estupidez atrás da outra, vivendo uma vida de luxo e luxúria. Não percebi que aquela estrada me afastaria de Deus e me levaria ao inferno. Um amigo meu diz que é preciso chegar ao fundo do poço para sentir o chão embaixo dos seus pés. Foi exatamente isso que aconteceu comigo. Fui muito fundo. Só consigo imaginar como Satanás deve ter esperado por mim de braços abertos, mas Deus não desistiu de mim e me deu outra chance.
Radko, Ex-Ateu, Tchecolosváquia (parte 2 de 2): Uma Semente Plantada Cresce Alta e Forte
Descrição: Um encontro com um iraquiano desperta o interesse no Islã de um cristão e ex-ateu.
- Por Radko
- Publicado em 30 Jul 2012
- Última modificação em 30 Jul 2012
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Em julho de 2001 encontrei um jovem do Iraque. Seu nome era Ibrahim. Rapidamente iniciamos uma conversa. Ele me disse que era muçulmano e respondi que era cristão. Estava preocupado que o fato de ser cristão fosse um problema, mas estava errado. Fiquei feliz em estar errado. Foi interessante que eu não queria tornar-me muçulmano e ele não tentou me converter.
Embora considerasse os muçulmanos um grupo exótico, estava interessado em aprender mais sobre o Islã. Era uma boa oportunidade de aprender mais. Percebi que tinha diante de mim um homem que podia me ensinar muito sobre o Islã e criei coragem para pedir-lhe que o fizesse. Esse foi meu primeiro encontro com o Islã. Na verdade, meu primeiro passo. Depois de algum tempo nos separamos e não o vi novamente, mas a semente havia sido plantada.
Lembro-me de ter lido uma entrevista com Mohammad Ali Silhavy (um velho muçulmano tcheco) e ficado ansioso para conseguir seu endereço e escrever-lhe uma carta. Então veio o 11 de setembro. Por causa do clima político, pensei que não era o momento apropriado para contatar o Sr. Silhavy. Vi-me sem saída.
Dois meses depois encontrei coragem para escrever uma longa carta para o Sr. Silhavy. Algum tempo depois ele respondeu e enviou um pacote contendo literatura e panfletos islâmicos. Disse-me que tinha informado a Fundação Islâmica em Praga a meu respeito e pedido a eles para enviar-me a tradução do Alcorão. Esse foi o meu começo. Passo a passo, aprendi que o Islã não é uma religião militante, mas ao contrário, é uma religião de paz. Minhas perguntas foram respondidas.
Por causa de certas circunstâncias, somente três anos depois decidi visitar o Sr. Silhavy. Ele demonstrou muita paciência enquanto me explicava assuntos diferentes e sugeriu que eu visitasse a mesquita de Brno (República Tcheca). Quando fui à mesquita de Brno, temia ser visto como um estranho, um intruso. Fiquei muito surpreso ao constatar justamente o contrário. Encontrei K. e L., que foram as primeiras pessoas que me ajudaram. Claro, encontrei outros irmãos que me deram as boas vindas da forma mais calorosa possível.
Comecei a pesquisar todos os aspectos do Islã e descobri o quão compreensível e lógico o Islã é. Gradualmente comecei a aprender como orar e hoje domino a oração sem problemas, mesmo em árabe. Larguei um mau hábito que não era compatível com o Islã. Era um jogador e dos bons. Foi uma batalha difícil comigo mesmo, mas com a ajuda de Deus, venci.
Se alguma vez duvidei de meu interesse no Islã ou se poderia viver como um muçulmano, sei agora que meu interesse é permanente e me considero um deles. Talvez pareça muito simples, mas com a ajuda de Deus venci essa batalha interna. Pensei cuidadosamente antes de decidir abraçar o Islã definitivamente. Para ser honesto, durante todo o ano de 2003 e o início de 2004, não estava completamente certo de como lidaria com isso. Finalmente decidi-me em definitivo. Não sou mais aquele jovem do início dos anos 1990.
É por isso que hoje me sinto muito feliz em ser muçulmano. Finalmente sinto-me livre. Ainda tenho minhas imperfeições, mas estou tentando corrigir-me. Acredito que Deus me ajudará. Agora, ouça o que quero dizer e considero minha obrigação: acredito em meu coração e declaro pela palavra que não existe outra divindade a não ser Deus e que Muhammad é Seu mensageiro.
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