Todos os muçulmanos representam o Islã? (parte 3 de 3): Superstições estranhas não são parte do Islã
Descrição: Às vezes os fundamentos do Islã são obscurecidos por ignorância.
- Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
- Publicado em 24 Mar 2014
- Última modificação em 26 Mar 2014
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Nos dois artigos anteriores discutimos o fato de que nem todos os muçulmanos representam a religião do Islã. Nosso foco era a atitude do Islã em relação à guerra, violência e terrorismo. Estabelecemos que o Islã é uma religião de paz e que matança ou violência injustificadas são absolutamente proibidas. É triste que muitos muçulmanos em todo o mundo tenham manchado o nome do Islã cometendo atos e atrocidades que não têm lugar em uma religião baseada nos conceitos de justiça e misericórdia. Entretanto, essa não é a única maneira em que os próprios muçulmanos transmitem uma falsa imagem do Islã.
Do início é importante compreender a base do Islã - Deus é Único. Não tem parceiros, filhos, filhas ou ajudantes. Ele sozinho criou e sustenta o universo. Nada acontece sem Sua permissão.
“Ele é Allah, o Único.Allah-us-Samad. Deus! O Absoluto! (O Mestre Autossuficiente, de Quem todas as criaturas precisam, não come e nem bebe). Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!” (Alcorão 112)
“Haverá outra divindade em parceria com Deus? Exaltado seja Deus de quanto Lhe associam!” (Alcorão 27:63)
Os muçulmanos creem com certeza que não existe divindade exceto Allah e que os profetas e mensageiros foram enviados por Deus para guiar a humanidade para a verdade de que Deus é Único. Portanto, no Islã não há espaço para nenhum tipo de intercessão. Os muçulmanos adoram apenas a Deus e apenas a Ele pedem ajuda em todas e quaisquer coisas. Esse conceito é conhecido como tawhid e forma a base da religião do Islã.
Entretanto, quando olhamos para o comportamento de alguns muçulmanos encontramos práticas e superstições que são de fato proibidas no Islã. A adoração sincera somente a Deus foi adulterada por costumes e tradições locais e, ainda assim, muitos muçulmanos não estão dispostos a admitir que essa corrupção existe. O fato é que nem todos os muçulmanos fazem sua adoração da maneira correta e nem todos representam o Islã.
Um dos pecados mais graves é invocar alguém ou algo além de Deus. Isso é proibido no Islã e, ainda assim, em todo o mundo essas práticas culturais profundamente enraizadas permanecem. Os muçulmanos que invocam os mortos para interceder por eles não representam a religião do Islã. Os muçulmanos que acreditam que pessoas virtuosas são capazes de interceder entre as pessoas comuns e Deus não representam a religião do Islã. Os que usam amuletos e talismãs na crença de que, de alguma forma, podem evitar o mal ou atrair o bem, não representam o Islã. Essas são contradições diretas à Unicidade de Deus.
A corrupção na adoração é evidente nos muitos mitos e tradições que cercam a gravidez e o parto. Muitas tradições envolvem o uso de talismãs e amuletos. Um muçulmano, entretanto, sabe que tudo vem de Deus e que sorte ou aleatoriedade não estão envolvidas. Superstições estranhas não podem trazer dano ou bem. O Islã ensina que não há poder ou força exceto com Deus e dissipa esses mitos e superstições libertando a humanidade desse tipo de servidão.
Tendo isso em mente, vamos examinar as práticas culturais que cercam duas mulheres fictícias. As mulheres nessas anedotas são totalmente fictícias, mas as práticas são reais e formam apenas uma pequena parte de centenas de tradições e práticas usadas em todo o mundo muçulmano para afastar o mal ou obter o bem.
Em uma pequena aldeia fora de Mogadíscio, na Somália, Nura de 18 anos acabou de ter seu primeiro filho. Um menino bonito e saudável. Nura e sua família acreditam que o bracelete que o menino usa feito de corda e ervas o protegerá do mau olhado. A maioria dos somalis vincula sua identidade com o Islã, entretanto, um grande número de práticas pré-islâmicas sobreviveram. Existe uma crença forte em possessão por jinn (demônio) e em zar (um culto no qual as mulheres são possuídas por vontade própria) e a maioria dos beduínos somalis usam de forma rotineira amuletos para proteção. Antes do Islã o sistema de crenças na Somália era amplamente animista, datando da era paleolítica, no qual todo objeto animado ou inanimado tinha uma alma.
Essas tradições e práticas geralmente revolvem em torno de importantes experiências de vida, como nascimento e morte e, com frequência, envolvem o uso de plantas e ervas tanto por suas propriedades medicinais quanto pela crença de que essas plantas e ervas oferecem proteção contra espíritos malévolos. Assim, um recém-nascido recebe um amuleto para protegê-lo do mau. Essa prática claramente nega a Unicidade de Deus. Essas são tradições que não fazem sentido quando a natureza verdadeira de Deus é revelada através do Alcorão e das tradições autênticas do profeta Muhammad, que Deus o louve.
Bem longe na Turquia, na metrópole próspera de Istambul, a mãe e tias de Ceylan estão adornando a parede do quarto no qual ela dará a luz com cordas de cebola, alho e contas azuis. Elas acreditam que isso protegerá Ceylan e o bebê recém-nascido de mau olhado e do jinn mau conhecido na Turquia como o “ladrão de bebê”. Entre as cordas de ervas sendo penduradas no quarto na Turquia também se pode encontrar contas azuis. Elas são predominantes em muitas comunidades muçulmanas. As pessoas usam amuletos, mantendo-os a mão para dar aos convidados, penduram perto das portas de suas casas ou em seus carros. As contas são geralmente feitas de vidro para refletir qualquer má sorte ou mau e a crença é de que, como um espelho, atraem energia positiva e refletem de volta as más intenções. De acordo com essa crença falsa, se o mal for forte demais para ser afastado pelo olho azul, ele rompe, se sacrificando.
É difícil de traçar a origem das contas azuis, entretanto, é comum em todos os países ao redor do mar Mediterrâneo, incluindo Grécia, Chipre e Egito. Podem até ser tão antigas quanto os antigos egípcios. O olho de Hórus (antigo símbolo egípcio de proteção e poder) pode ser a origem dessa crença difundida e a cor azul tem sido usada desde a antiguidade para denotar cura e proteção. O Islã é claro: cura e proteção vêm apenas de Deus.
As práticas supersticiosas e a adoração corrompidas são prevalentes nas comunidade muçulmanas em todo o mundo. Você pode ter notado algumas em sua própria comunidade. Entretanto, elas não representam o Islã. O Islã é a religião do conhecimento informado, não de fé cega e superstições estranhas. O poder de Deus é onipotente. Quando os muçulmanos se comportam de uma maneira que parece encorajar superstições e comportamento estranho, não representam o Islã. A mensagem do Islã é clara. Não há poder ou força exceto com Deus e o profeta Muhammad é Seu mensageiro final.
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