O Antigo Reino de Israel - Uma Perspectiva Islâmica (parte 1 de 6): O profeta Samuel e o rei Saul

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Descrição: Os Filhos de Israel entram em uma nova era.

  • Por Aisha Stacey (© 2013 IslamReligion.com)
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The_Ancient_Kingdom_of_Israel_(part_1_of_6)_PT-BR_001.jpgDe acordo com a história bíblica[1], o antigo reino de Israel foi governado por uma sucessão de reis.  Depois de vagar no deserto por um período indeterminado de tempo, os Filhos de Israel (israelitas) entraram na Terra Prometida e dividiram-se em dois reinos distintos.  O rei Davi conseguiu unir os dois reinos, enquanto que seu filho Salomão levou os Filhos de Israel a um período de prosperidade e paz conhecido como Idade Dourada.  Para muitos leitores pode ser uma surpresa saber que a história islâmica também contém histórias dos reis Saul, Davi e Salomão.  Os muçulmanos crêem que Davi e Salomão são profetas e, como tal, devem acreditar neles, amá-los e respeitá-los como parte do credo do Islã.  O que se segue é um relato do reino de Israel a partir de uma perspectiva islâmica[2].

Quando o profeta Moisés liderou seu povo para sair da escravidão no Egito, enfrentou testes e desafios severos.  Depois de gerações sob o jugo dos egípcios, os Filhos de Israel precisavam de um período de recuperação.  Suas almas tinham sido endurecidas pelas práticas idólatras predominantes no Egito, que fizeram com que uma escuridão se estabelecesse em seus corações.  Embora Deus tivesse direcionado Moisés para liderar seu povo à Terra Prometida, foram impedidos de entrar até que toda a geração de Moisés tivesse morrido e substituída por um povo cujos corações estivessem cheios da lembrança de Deus.  Josué liderou os Filhos de Israel à Terra Prometida e por algum tempo suas condições permaneceram puras e seus corações e mentes focados em agradar o Deus Único.

O tempo passou e suas condições morais deterioraram, os israelitas começaram a cometer muitos pecados, incluindo o crime abominável de matar seus profetas.  Consequentemente Deus decretou que um rei tirano e que pouco se importava com seu povo os governasse.  Ele derramou seus sangues, tratou-os com desprezo e sua agressão envolveu-os em guerras com países vizinhos.  Durante essas guerras intermináveis, os israelitas carregaram com eles uma arca contendo relíquias e tesouros de seus profetas Moisés e Aarão.

A arca era conhecida como a Arca da Aliança e os israelitas a valorizavam tanto que até a carregavam nas batalhas.  Trazia-lhes uma grande paz e os enchia de coragem.  Entretanto, seus inimigos acreditavam que a arca tinha poderes especiais e os atemorizava.  Na épca os filisteus superaram esse temor, derrotaram os israelitas e capturaram a arca.  Quando o rei tirano soube que a arca havia sido capturada, teve um colapso e morreu.  Os Filhos de Israel continuaram perdidos, como ovelhas sem um pastor, até que Deus enviou o profeta Samuel para guiá-los de volta ao caminho verdadeiro - a adoração do Deus Único, sem parceiros, filhos, filhas ou rivais.

Designe-nos um rei

Desencorajados pela perda de poder os israelitas imploraram ao profeta Samuel que lhes designasse um rei.  Pediram um homem forte que os levasse novamente ao poder e prosperidade, mas Samuel conhecia suas promessas e apelos.  Temia que seus corações enegrecidos não lhes permitissem lutar em nome de Deus.  Samuel era um homem sábio e orou para que Deus o direcionasse para um homem adequado para ser o rei dos israelitas.  Deus escolheu Saul (Talut) para ser o rei e informou ao profeta Samuel que ele reconheceria esse jovem homem piedoso.

Saul era um jovem alto e bem constituído que trabalhava com o pai em sua fazenda.  Um dia, quando alguns jumentos escaparam da fazenda, Saul e um servo foram procurá-los.  A busca levou-os à cidade do profeta Samuel.  Saul era um homem sábio que ouvia os conselhos de seus servos e abordou o profeta Samuel sobre a perda dos jumentos.  Samuel o reconheceu imediatamente como o futuro rei e assegurou a Saul que os jumentos já tinham sido devolvidos ao seu pai.  O profeta Samuel informou a Saul que Deus o havia escolhido para ser o rei dos Filhos de Israel.

Saul ficou chocado e admirado e imediatamente respondeu dizendo que não merecia tamanha honra, porque era da tribo de Benjamin, uma tribo inferior que a maioria dos israelitas considerava indigna de tamanha grandeza.  O profeta Samuel explicou que isso não tinha importância, já que Deus já havia decretado que Saul fosse o rei.  Samuel apresentou Saul aos israelitas dizendo: "Deus vos designou Talut por rei." (Alcorão 2:247)

A reação imediata dos Filhos de Israel foi reclamar.  Apesar de terem implorado a Deus por misericórdia e libertação da opressão, responderam com desprezo em relação ao jovem rapaz piedoso, cujo coração era cheio de amor pelo Deus Único, e o profeta Samuel.  Disseram: "Como poderá ele impor a sua autoridade sobre nós, uma vez que temos mais direto do que ele à autoridade, e já que ele nem sequer foi agraciado com bastantes riquezas?" (Alcorão 2:247)

Os corações dos israelitas tinham mais uma vez tornado-se endurecidos e doentes.  Estavam preocupados com fortuna e status, ao invés de piedade e descobriram falhas no líder escolhido por Deus.  Embora Saul não tivesse riqueza ou status, Deus o abençoou com conhecimento e estatura.  O profeta Samuel tentou argumentar com eles.  Disse: "É certo que Deus o elegeu sobre vós, concedendo-lhe superioridade física e moral.  Deus concede a Sua autoridade a que Lhe apraz, e é Magnificente, Sapientíssimo." (Alcorão 2:247) Entretanto,os israelitas continuaram a reclamar e objetar, pedindo por um sinal de Deus de que Saul fosse de fato adequado para ser seu rei.

Deus, em Sua infinita misericórdia e sabedoria, decidiu fornecer aos israelitas com o sinal (ou milagre) que exigiam.   Deus instruiu os anjos para devolverem a Arca da Aliança que havia sido capturado pelos filisteus.  Deus não só devolveu sua amada arca de madeira, cheia com as relíquias do passado, mas também acrescentou tranquilidade ao seu conteúdo. 

"E o seu profeta (Samuel) voltou a dizer: Em verdade!  O sinal da sua autoridade consistirá em que vos chegará a Arca da Aliança, conduzida por anjos, contendo a paz do vosso Senhor e algumas relíquias, legadas pela família de Moisés e de Aarão.  Nisso terei um sinal, se sois crentes." (Alcorão 2:248)

Saul foi oficialmente nomeado rei.  Estabeleceu e preparou um exército para recuperar as terras roubadas dos Filhos de Israel.  Entretanto, Saul insistiu que seu exército fosse constituído apenas de homens corajosos e piedosos.  Os homens sob o comando de Saul seriam aqueles cujos corações estavam cheios de amor pelo Verdadeiro e Único Deus.



Footnotes:

[1]  (http://www.fordham.edu/halsall/ancient/asbook06.html#The%20National%20Monarchy)

[2] Baseado no trabalho de Ibn Kathir, Histórias dos Profetas.

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O Antigo Reino de Israel - Uma Perspectiva Islâmica (parte 2 de 6): Saul Recruta um Exército

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Descrição: Testes e tribulações moldam um exército.

  • Por Aisha Stacey (© 2013 IslamReligion.com)
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The_Ancient_Kingdom_of_Israel_(part_2_of_6)_PT-BR_001.jpgO profeta Samuel informou aos Filhos de Israel (israelitas) que o jovem piedoso conhecido como Saul seria seu rei e líder.  Como era à maneira dos Filhos de Israel na época, reclamaram e pediram por um sinal de Deus.  Deus, em Sua infinita sabedoria concedeu-lhes um sinal que era inconfundível.  Os anjos devolveram a Arca da Aliança, capturada pelos filisteus, aos Filhos de Israel.  Com os corações cheios de paz, os israelitas aceitaram Saul como seu rei.

Saul, entretanto, reconheceu que os israelitas eram um povo que tinha se desviado muito da piedade e bondade.  Algum tempo passou e Saul decidiu formar um exército para reclamar as terras e casas conquistadas pelos filisteus.  Saul precisava estar confiante de que seus combatentes eram puros de coração e focados em lutar bravamente em nome de Deus e decidiu submeter os voluntários a uma série de testes.  Não procurava um número grande de combatentes, mas sim homens corajosos e piedosos capazes de enfrentar tribulações e dificuldades, sem reclamações ou falta de fé.

Os estudiosos da história islâmica estimam que o exército de Saul consistia de 80.000 homens.  Entretanto, é importante entender que Saul não estava interessado na força dos números. Buscava a força do coração e paciência.  Ordenou que apenas os homens livres de responsabilidade deviam fazer parte.  Os engajados na construção e casas, prestes a casar e preocupados com seus negócios receberam ordem para não fazerem parte do exército.  O rei Saul testou seu exército marchando através do deserto até que estivessem exaustos e extremamente sedentos.  Quando alcançaram um rio e viram água diante de seus olhos, Saul lhes disse: não bebam.   Informou-lhes que quem bebesse do rio não faria mais parte do exército.

"Quando Saul partiu com o seu exército, disse: Verdadeiramente!  É certo que Deus vos provará, por meio de um rio.  Sabei que quem nele se saciar não será dos meus; sê-lo-á quem não tomar de suas águas mais do que couber na concavidade da sua mão.  Quase todos se saciaram, menos uns tantos." (Alcorão 2:249)

O rei Saul instruiu seus homens a não beberem ou, se necessário, beberem apenas o que coubesse em suas mãos.   Setenta e seis mil homens beberam do rio; assim, Saul ficou com um exército de 4.000.  Saul estava satisfeito, porque queria homens capazes de resistir à tentação e com forte determinação, mesmo em face de dificuldades.  Logo, entretanto, enfrentaram outro severo teste.  O exército de Saul avistou o inimigo do outro lado do rio.   Cruzaram o rio e estavam frente a frente com o exército dos filisteus. 

"Quando ele e os crentes atravessaram o rio, (alguns) disseram: Hoje não podemos com Golias e com seu exército.  Porém, aqueles que creram que deveriam encontrar Deus disseram:Quantas vezes um pequeno grupo venceu outro mais numeroso, pela vontade de Deus.  Deus está com os perseverantes!" (Alcorão 2:249)

O tamanho do exército de Golias encheu muitos dos 4.000 de medo.   Entretanto, os que sabiam com certeza que lutavam em nome de Deus mantiveram-se firmes e disseram a seus companheiros: "Com que frequência em batalhas passadas um pequeno exército havia superado um maior, pela permissão de Deus?"  A maior parte do exército de Saul temia o exército dos filisteus.  Muitos soldados recusaram-se a prosseguir.  No fim, Saul ficou com apenas 300 combatentes.  Tinham enfrentado uma série de testes e dos 80.000 originais, restaram apenas 300.

"E quanto se defrontaram com Golias e com o seu exército, disseram: Ó Senhor nosso!  Infunde-nos constância, firma os nossos passos e concede-nos a vitória sobre o povo incrédulo!" (Alcorão 2:250)

Naquele momento, quando o pequeno grupo de camaradas enfrentaram Golias e viram a distância do vasto exército diante deles, colocaram sua confiança em Deus.  Imploraram a Ele que os cobrisse com paciência e lhes concedesse a vitória sobre o povo descrente.  O exército de Saul era pequeno, mas cada homem possuía uma vontade de ferro.   Golias, o líder alto e enorme dos filisteus, marchou em direção aos 300, que agora enfrentavam mais um teste de coragem e confiança em Deus.

Quando os exércitos estavam frente a frente, Golias desafiou qualquer soldado do exército do rei Saul para um combate.  Embora os homens de Saul fossem os melhores dentre os Filhos de Israel, olharam para Golias com medo e apreensão.  Nenhum homem estava disposto a aceitar o desafio.  Saul ofereceu sua bela filha em casamento ao homem que aceitasse a oferta, mas ainda assim ninguém se apresentou.  Então, para surpresa de todos um rapaz se apresentou como voluntário.   Os filisteus gargalharam e até os membros do exército de Saul balançaram suas cabeças em descrença.

O rei Saul viu que o jovem era pouco mais que uma criança, pequeno em estatura e armado apenas com um estilingue.  Pediu voluntários novamente, mas nenhum soldado podia igualar a bravura do jovem.  O rapaz falou em sua própria defesa, relatando que tinha, em ocasiões anteriores, matado um leão e um urso enquanto tomava conta do rebanho de ovelhas de seu pai.  Saul se lembrou dos testes de paciência pelos quais fez seu exército passar e viu diante de si um jovem que incorporava as melhores qualidades de coragem, paciência e, acima de tudo, total confiança em Deus.  Saul concordou em deixar Davi, um jovem da cidade de Belém, enfrentar o gigante Golias em um combate mortal.

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O Antigo Reino de Israel - Uma Perspectiva Islâmica (parte 3 de 6): Profeta Davi

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Descrição: Davi mata Golias e ganha um reino.

  • Por Aisha Stacey (© 2013 IslamReligion.com)
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The_Ancient_Kingdom_of_Israel_(part_3_of_6)_PT-BR_001.jpgO rei Saul submeteu seu exército a uma série de testes para assegurar-se de que era composto de homens piedosos e determinados.  De um recrutamento inicial de 80.000 homens, o exército que enfrentou Golias e os filisteus era de meros 300.  Golias desafiou qualquer homem do exército do rei Saul para um combate único e mortal, mas o único voluntário foi um jovem pequeno e ágil chamado Davi. [1]  Quando ficou claro para o rei Saul que nenhum outro homem estava disposto a ser voluntário, ele deu ao jovem Davi a permissão para enfrentar o gigante Golias.   Golias gargalhou ao ver o pequeno rapaz e até o próprio exército de Saul comportou-se com incredulidade.

O rei Saul queria dar a Davi uma armadura e fornecer-lhe armas, mas o jovem recusou.  Curvou-se, pegou um punhado de pedras e colocou-as na bolsa de couro que carregava em seu ombro.  Davi caminhou em direção a Golias armado apenas um com um estilingue.  Saul estava preocupado, mas Davi confortou-o dizendo que Deus lhe protegeu nas ocasiões anteriores dos ataques de um urso e um leão, enquanto tomava conta das ovelhas do pai.  Davi estava confiante que Deus o protegeria mais uma vez, agora que enfrentava um gigante.

Quando Golias colocou os olhos sobre o jovem armado apenas com um pequeno estilingue, gargalhou.  Davi calmamente pegou uma pedra de sua bolsa, colocou-a no estilingue e mirou.  A pedra voou através da divisão entre eles com a velocidade e precisão de uma flecha.  Atingiu Golias na cabeça com enorme força.  O gigante atônito e com sangue jorrando da ferida, não teve nem tempo de desembainhar sua espada antes de cair morto no chão.  O exército atrás de Golias gritou em um misto de horror e descrença e deu as costas para o campo de batalha.  Os Filhos de Israel prosseguiram para reclamar a honra perdida para o exército dos filisteus anos antes.

“E com a vontade de Deus os derrotaram; Davi matou Golias e Deus lhe outorgou o poder e a sabedoria e lhe ensinou tudo quanto Lhe aprouve.   Se Deus não contivesse aos seres humanos, uns, em relação aos outros, a terra se corromperia;  porém, Ele é Agraciante para com a humanidade e tudo que existe.”  (Alcorão 2:251)

As Qualidades Milagrosas do Profeta Davi

Na época da luta com Golias Davi ainda não era um profeta, mas após as mortes do rei Saul e do profeta Samuel foi dotado com um reino e missão profética.  Deus deu a Davi a sabedoria e o conhecimento necessários para liderar um império e, mais importante, liderar seu povo, os Filhos de Israel, para a senda reta, adorando ao Deus Único.  Deus deu a todos os Seus profetas atributos indicando sua missão profética e o profeta Davi recebeu milagres e qualidades únicas.  Davi recebeu uma bela voz.  Diz-se que quando recitava do livro dos Salmos (conhecido no Islã como o Zabur), a criação ao redor de Davi glorificava Deus junto com ele.  Uma das coisas únicas sobre o profeta Davi era que compreendia a língua dos animais e pássaros.

"Em verdade, submetemos-lhe as montanhas, para que com ele Nos glorificassem ao anoitecer e ao amanhecer.  E também lhe congregamos todas as aves, as quais se voltavam a Ele."  (Alcorão 38:18-19)

O profeta Davi também recebeu outro milagre.  O ferro tornava-se macio em suas mãos e ele podia moldá-lo na forma que desejasse.  Os humanos da época conheciam o ferro, mas o processo para usá-lo e amaciá-lo era muito difícil.  Deus ensinou Davi uma nova forma de fazer escudos e armaduras.  Antes da invenção de Davi de unir o ferro em pequenos elos, os soldados tinham que usar pesadas chapas de ferro que restringiam seus movimentos.

"E lhe ensinamos a arte de faze couraças para vós, a fim de proteger-vos das vossas violências mútuas.   Não estais agradecidos?"  (Alcorão 21:80)

Davi era conhecido por sua piedade e devoção na adoração do Deus Único e jejuava em dias alternados.  O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse aos seus companheiros que "o jejum mais amado por Deus era o jejum do profeta Davi, que costumava jejuar em dias alternados.  E a oração mais amada para Deus era a oração de Davi, porque ele costumava dormir a primeira metade da noite e orar por um terço dela, dormindo novamente por um sexto dela."[2]

Davi era um líder justo e correto que trouxe paz e prosperidade para os Filhos de Israel.   Acredita-se que dividia seu dia de trabalho em quatro partes.  Uma para ganhar o sustento e descanso.   O profeta Davi não vivia das riquezas de seu império.  Era um armeiro habilidoso e fazia e vendia armas para sustentar a si mesmo e a sua família. A segunda parte do dia era para orar e passar o tempo contemplando a grandeza de Deus.  A terceira parte era para fazer sermões e a parte final era devotada a ouvir os problemas e reclamações de seus súditos.  Davi também nomeou representantes para atenderem o povo em todos os cantos de seu império.

O profeta Davi foi abençoado com um filho, Salomão.  "E agraciamos Davi com Salomão.   Que excelente servo!   Eis que foi contrito!" (Alcorão 38:30) Amboseram conhecidos por serem governantes justos e sábios.  Davi construiu um império para os Filhos de Israel e o profeta Salomão os liderou para a Idade Dourada.



Footnotes:

[1] Das Histórias dos Profetas, do Imam Ibn Kathir.

[2]   Saheeh Al-Bukhari

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O Antigo Reino de Israel - Uma Perspectiva Islâmica (parte 4 de 6): Sabedoria

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Descrição: Deus concedeu sabedoria aos profetas Davi e Salomão.

  • Por Aisha Stacey (© 2013 IslamReligion.com)
  • Publicado em 21 Jan 2013
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" Deus lhe outorgou (a Davi) o poder e a sabedoria e lhe ensinou tudo quanto Lhe aprouve." (Alcorão 2:251)

The_Ancient_Kingdom_of_Israel_(part_4_of_6)_PT-BR_001.jpgNas histórias do Velho Testamento e na história bíblica o profeta Salomão é geralmente chamado de Salomão, o sábio. Entretanto, no Islã todos os profetas são conhecidos por terem sabedoria excepcional.  De fato, a palavra árabe hikmah às vezes é traduzida como Missão Profética, significando todas as qualidades que associamos com sabedoria, incluindo bom julgamento e a habilidade de gerir os assuntos das pessoas e lidar com elas de forma justa.  Deus prepara e molda o caráter de todos os Seus profetas, mas Davi e seu filho Salomão são conhecidos por serem homens excepcionalmente sábios.  Salomão exibia sabedoria ainda muito jovem e até aconselhou seu pai, mas o profeta Davi passou o início de sua vida adulta adquirindo conhecimento e experiência de vida. [1]  Gradualmente Deus guiou o curso de suas vidas.  Davi cometeu erros, mas aprendeu com eles.  O conhecimento e sabedoria desses dois homens continuam a ter um efeito no julgamento e aconselhamento islâmicos.

Embora Davi tenha tido um estilo de vida difícil, sempre encontrou tempo para contemplação e oração.  Todos os dias passava um tempo em uma área isolada relembrando de Deus, orando e suplicando.   Os soldados de Davi guardavam a área, mas um dia em particular dois homens apareceram do nada.  Davi ficou chocado e surpreso com suas presenças.  Afastou-se, surpreso, mas os homens falaram calmamente e tranquilizaram Davi; explicaram que eram litigantes em busca de julgamento.

"Conheces a história dos litigantes,   que escalaram o muro do oratório? Quando apareceram a Davi, que os temeu? então lhe disseram: Não temas!  Somos dois litigantes; um de nós tem prejudicado o outro! Julga-nos, portanto, com equidade e imparcialidade, e indica-nos a senda justa!" (Alcorão 38:21-22)

Os dois homens ficaram de pé diante de Davi e um apresentou seu caso.  Davi ficou chocado pelo que parecia ser um caso óbvio de opressão de uma pessoa sobre outra.  Rapidamente deu seu julgamento e igualmente rápido os dois homens desapareceram.  Naquele momento Davi percebeu que os dois homens eram anjos enviados por Deus para testá-lo e que não havia passado no teste.  Prostrou-se no chão e implorou a Deus que o perdoasse por seu julgamento precipitado.  Davi entendeu que não havia ouvido os dois lados da história.  Havia julgado com apenas metade da informação que precisava.  O Alcorão descreve a falta de paciência e impulsividade de Davi e o benefício de voltar-se para Deus em arrependimento nos seguintes versículos:

"Este homem é meu irmão; tinha noventa e nove cordeiros e eu um só. E disse-me para confiá-lo a ele, convencendo-me com a sua verbosidade.  Davi lhe disse (imediatamente, sem ouvir o oponente): Verdadeiramente, fraudou-te, com o pedido de acréscimo da tua ovelha;   muito sócios se prejudicam uns aos outros, salvo os crentes, que praticam o bem; porém, quão pouco são!  E Davi percebeu que o havíamos submetido a uma prova e implorou o perdão de seu Senhor, caiu contrito em genuflexão.  E lhe perdoamos tal (falta), porque, ante Nós, goza de dignidade e excelente local de retorno (Paraíso)." (Alcorão 38:23-25)

Davi aprendeu lições valiosas a partir dessa experiência.  Aprendeu que para fazer julgamentos sólidos é preciso ter toda a informação disponível.  Também aprendeu o significado de reconhecer os pecados e erros voltar-se para Deus para o perdão.  O profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse a seus seguidores que saber algo não é o mesmo que ver.[2]  Querendo dizer que se pode ter conhecimento de algo, mas não entendimento verdadeiro até que o tenhamos experimentado.  Deus concedeu conhecimento a Davi e deu a ele experiências de vida elaboradas para moldar e formar seu caráter.  Davi aprendeu com esse erro e tornou-se um homem melhor.

Deus enviou os anjos para ensinar Davi sobre justiça e equidade e recompensou Davi por seu arrependimento.  Deus concedeu al-hikmah (missão profética) a Davi e o nomeou para governar os Filhos de Israel com julgamento sábio e coração doce.  Davi reconheceu seu erro e arrependeu-se.  Isso o modificou e até hoje o verdadeiro arrependimento e temor a Deus podem tornar-nos pessoas melhores.

“Ó Davi!  Verdadeiramente!   Designamos-te como legatário na terra. Julga, pois entre os humanos com equidade e não te entregues à concupiscência, para que não te desvies da senda de Deus!  Verdadeiramente!  Sabei que aqueles que se desviam da senda de Deus sofrerão um severo castigo, por terem esquecido o Dia da Rendição de Contas." (Alcorão 38:26)

Salomão, o filho de Davi, era inteligente e sábio mesmo quando criança.  Ibn Kathir, o renomado e respeitado estudioso e exegeta islâmico do século 14, relata que um dia Davi estava sentado resolvendo os problemas de seu povo quando dois homens, um dos quais tinha uma plantação, apresentaram-se a ele.  O dono do campo disse: "Ó profeta!  A ovelha desse homem foi à minha plantação à noite e comeu as uvas e venho pedir compensação."  Davi perguntou ao dono da ovelha: "Isso é verdade?" Quando ele respondeu que sim, Davi disse: "Decidi que deve dar sua ovelha a ele, em compensação pela plantação. ”

Salomão ofereceu uma opinião diferente.  Sugeriu que o dono da ovelha cultivasse a plantação até as uvas crescerem, enquanto o outro homem devia cuidar da ovelha e fazer uso de sua lã e leite até que sua plantação fosse reparada.  Se as uvas crescessem e a plantação retornasse ao seu estado anterior, então o dono da plantação devia pegar sua plantação e devolver a ovelha ao seu dono. Davi aceitou o sábio conselho do filho e, assim, desde muito jovem Salomão recebeu o título de Salomão, o Sábio.  Entretanto, essa não é o único título que a história concedeu ao profeta Salomão.   Ele também é conhecido como Salomão, o magnífico.  Quando assumiu o império do pai o rei Salomão liderou os Filhos de Israel para a Idade Dourada.



Footnotes:

[1] Baseado no trabalho de Ibn Kathir - Histórias dos Profetas.

[2]Saheeh Muslim

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O Antigo Reino de Israel - Uma Perspectiva Islâmica (parte 5 de 6): Na Idade Dourada

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Descrição: Todo o poder e força vêm somente de Deus.

  • Por Aisha Stacey (© 2013 IslamReligion.com)
  • Publicado em 28 Jan 2013
  • Última modificação em 28 Jan 2013
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The_Ancient_Kingdom_of_Israel_(part_5_of_6)_PT-BR_001.jpgOs profetas de Deus eram meros seres humanos, mas suas responsabilidades exigiam que possuíssem características excepcionais.  Cada profeta foi obrigado a divulgar a mesma mensagem - o propósito do homem é adorar o Deus Único. (Alcorão 51:56)  Entretanto, também lhes foi exigido que implementassem e mantivessem as leis de Deus.  Para que todos os profetas fossem críveis, Deus lhes concedeu milagres pertinentes e compreensíveis para o povo para o qual foram enviados.  O milagre que definiu o profeta Salomão foi sua sabedoria única.[1]

O profeta Davi e seu filho Salomão foram governantes sábios e justos porque Deus lhes concedeu sabedoria e bom julgamento.  Davi estabeleceu um império e Salomão liderou os Filhos de Israel para a Idade Dourada.  O reino de Salomão era diferente de tudo que jamais existiu ou que existirá no futuro.  Deus, o melhor dos planejadores, envolveu o profeta Salomão em testes e tribulações elaborados para moldar seu caráter e, assim, sua vida foi pontuada de eventos voltados para a aquisição de conhecimento e experiência.

Deus descreve Salomão como "um excelente servo" por causa de seu arrependimento sincero.  Os testes e tribulações confrontados por Salomão o levaram às vezes a cometer erros no julgamento, mas ele aprendeu com seus erros.  Em uma ocasião Salomão perdeu a noção do tempo admirando seus cavalos puro-sangue até que o horário da oração da tarde havia passado.  Entretanto, quando percebeu seu erro voltou-se para Deus com remorso e tristeza e implorou por perdão.

"E agraciamos Davi com Salomão.   Que excelente servo!   Eis que foi contrito!  Um dia, ao entardecer, apresentam-lhe uns briosos corcéis.  Ele disse: Em verdade!  Amo o amor ao bem, com vistas à menção do meu Senhor. Permaneceu admirando-os, até que (o sol) se ocultou sob o véu (da noite).   (Então, ordenou): Trazei-os a mim!  E se pôs a acariciar-lhes as patas e os pescoços.  E pusemos à prova Salomão..." (Alcorão 38:30-34)

Com a morte do profeta Davi, Salomão herdou a missão profética e o império.  Devido ao seu nível de sabedoria, Salomão estava totalmente ciente do poder de Deus.  Reconheceu que Deus era responsável por qualquer condição em que se encontrasse, fácil ou difícil, e louvou a Deus por isso.  Disse: "Louvado Seja Deus." (Alcorão 27: 15).  Salomão compreendeu que nenhum poder ou força seria dele, a menos que o pedisse a Deus.  Portanto, voltou-se para Deus e pediu um reino que nunca fosse superado.  Deus concedeu seu pedido.  Concedeu a Salomão muitas habilidades e elas o ajudaram no estabelecimento de um reino magnífico.

"Disse: Ó Senhor meu! Perdoa-me e concede-me um império que ninguém, além de mim, possa possuir, porque Tu és o Agraciante por excelência!

 E lhe submetemos o vento, que soprava suavemente à sua vontade, por onde quisesse.  E todos os demônios, alvanéis e mergulhadores disponíveis.  E outros cingidos por correntes.  (Que falavam de Deus a Salomão): Estas são as Nossas dádivas; prodigalizamo-las, pois, ou restringimo-las, imensuravelmente.  Eis que ele desfrutará, ante Nós, de dignidade e excelente local de retorno!"  (Alcorão 38:35-40)

O profeta Salomão foi capaz de usar e controlar o vento, pela vontade de Deus.  Podia viajar vastas distâncias em um curto espaço de tempo.  Além disso, Salomão foi capaz de controlar os demônios entre os jinns,[2] que trabalharam para ele na construção de edificações, extração de metais, mergulhando em busca de tesouros e assegurando de forma geral a infraestrutura do reino de Salomão.  Deus também deu a Salomão uma fonte da qual fluía bronze derretido.  Assim como o pai Davi, recebeu a dádiva de ser capaz de moldar o ferro e foi capaz de moldar e dobrar o bronze para fazer ferramentas, armaduras e utensílios.

 "E submetemos a Salomão o vento impetuoso, que sopra a seu capricho, para a terra que Nós abençoamos,   porque somos Onisciente.  E também (lhe submetemos) alguns (ventos) maus que, no mar, faziam submergir os navios, além de outras tarefas, sendo Nós o seu custódio." (Alcorão 21:81-82)

" E fizemos brotar, para ele, uma fonte do cobre, e proporcionamos gênios, para trabalharem sob as suas ordens, com a anuência do seu Senhor; e a quem, dentre eles, desacatar as Nossas ordens, infligiremos o castigo do tártaro.   Executaram, para ele, tudo quanto desejava: arcos, estátuas, grandes vasilhas como reservatórios, e resistentes caldeiras de cobre.  (E dissemos): Trabalhai, ó familiares de Davi, com agradecimento!  Quão pouco são os agradecidos, entre os Meus servos!" (Alcorão 34:12-13)

O profeta Salomão foi um rei de grande renome.  Seu reino foi único e seu império representou uma idade dourada para os Filhos de Israel.  Governou com sabedoria e justiça e reconheceu que todo o poder e força vinham somente de Deus.  O rei Salomão, entretanto, não era o único governante poderoso na área.  Na terra hoje conhecida como Iêmen, mas antes conhecida como Sheba, vivia uma rainha chamada Bilqis.



Footnotes:

[1] Baseado no trabalho do Imam Ibn Kathir.  As Histórias dos Profetas.

[2] Os jinns foram criados por Deus do fogo sem fumaça, antes da criação da humanidade.  Alguns são bons e outros maus, alguns são muçulmanos e outros não.

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O Antigo Reino de Israel - Uma Perspectiva Islâmica (parte 6 de 6): Realeza e Missão Profética

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Descrição: Um exército marcha e o rei Salomão encontra a rainha Bilqis.

  • Por Aisha Stacey (© 2013 IslamReligion.com)
  • Publicado em 28 Jan 2013
  • Última modificação em 28 Jan 2013
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The_Ancient_Kingdom_of_Israel_(part_6_of_6)_PT-BR_001.jpgA história do rei Salomão e da rainha de Sabá é a parte final em uma série de artigos sobre o antigo reino de Israel.  Muitas pessoas podem ficar intrigadas pelo fato de que os personagens e histórias são semelhantes aos contidos nos textos e história bíblica.  Entretanto, a perspectiva islâmica difere de forma fundamental em alguns pontos.

Salomão era um profeta e um rei.  Sua missão como profeta de Deus era divulgar a mensagem que Deus é Único, sem parceiro ou semelhantes.  Também manteve as leis de Deus.  Como rei, liderou os Filhos de Israel para uma idade dourada de fortuna e prosperidade.

O reino e exército de Salomão não tinham comparação.  Seu exército consistia de batalhões de homens, tropas de jinns (criações do fogo) e até esquadrões de pássaros.  Salomão foi capaz de comunicar-se com os pássaros, controlar os jinns e demandar o respeito e lealdade dos homens.  Marchou com o imenso exército, que se acredita que fosse composto de centenas de milhares, através de seu império.

A Mesquita em Jerusalém

Os muçulmanos crêem que a Masjid al Aqsa (a mesquita sagrada em Jerusalém) foi reconstruída ou expandida pelo rei Salomão.  De acordo com a história islâmica, o profeta Jacó construiu a Masjid al Aqsa aproximadamente 40 anos depois de seu avô, o profeta Abraão, construir a Casa de Deus em Meca.  O Islã rejeita totalmente a noção de que o rei Salomão construiu um templo sobre o local da Masjid al Aqsa e aí reside uma das diferenças básicas entre as crenças judaica e islâmica.  É o que causa alguns dos dilemas existentes na Terra Sagrada hoje.  Embora seja um profeta em todas as três religiões monoteístas, pequenas diferenças sobre a natureza e história de Salomão têm, ao longo do tempo, criado grandes divisões.

Em direção a Sabá

Depois de consolidar seu reino, com Jerusalém como a capital, Salomão e seu exército marcharam na direção de Sabá.  A chuva nessa região (a área vazia do deserto da Arábia Saudita e do Iêmen) era sazonal; portanto, o povo havia construído represas e redes de irrigação.  A terra estéril foi transformada em jardins vastos e planícies férteis.  Depois de tomar conhecimento desse verde exuberante, Salomão queria ver a transformação por si mesmo.

Os batalhões marcharam e chegaram a um vale populado por formigas.  Uma das pequenas formigas viu o enorme exército aproximando-se e gritou:  "Ó formigas!  Entrai na vossa habitação, senão Salomão e seus exércitos esmagar-vos-ão, sem que disso se apercebam."  (Alcorão 27:18)  Salomão compreendia a língua das formigas e sorriu, satisfeito porque a formiga sabia que não permitiria que a nação de formigas fosse esmagada intencionalmente.  Salomão era grato a Deus e agradeceu-Lhe por salvar as vidas das formigas.  Não era um rei tirano que governava seus domínios com punhos de aço; Salomão tratava todas as criaturas de Deus com respeito.

Depois de seu encontro com a formiga, Salomão inspecionava seu exército e notou que um pássaro em particular não estava nas fileiras.  Perguntou sobre o paradeiro da poupa e foi determinado que o pássaro fosse punido por sua ausência.  A poupa era um pássaro capaz de detectar cursos de água no subsolo e o rei Salomão estava particularmente interessado em como e por que as planícies de Sabá eram exuberantes e férteis.  Dentro de pouco tempo a poupa retornou e dirigiu-se a Salomão, dizendo:

"Tenho estado em locais que tu ignoras; trago-te, de Sabá, uma notícia segura.  Encontrei uma mulher, que os governa (o povo), provida de tudo, e possuindo um magnífico trono.  Encontrei-a, e ao seu povo, e se prostrarem diante do sol, em vez de Deus, porque Satã lhes abrilhantou as ações e os desviou da senda; e por isso não se encaminham."  (Alcorão 27: 22-24)

A poupa adorava e obedecia a Deus com verdadeira submissão.  O pássaro explicou ao rei Salomão que embora o trono da rainha Bilqis fosse verdadeiramente magnífico e uma maravilha da época, o Dono do Trono Supremo era Deus, o Todo-Poderoso.  Salomão dirigiu-se a poupa dizendo:

"Já veremos se dizes a verdade ou se és mentirosa.  Vai com esta carta e deixa-a com eles; retrai-te em seguida, e espera a resposta."

A poupa deixou a carta no colo da rainha e escondeu-se, ouvindo a conversa entre a rainha e seus conselheiros.

"Ela (a rainha) disse: Ó chefes!  Verdadeiramente!  Foi-me entregue uma carta respeitável.  Verdadeiramente!   É de Salomão (e diz assim):  Começo com o nome de Deus, o Misericordioso. Não vos ensoberbeçais; outrossim, vinde a mim, submissos!

Ela (a rainha) disse: Ó chefes!  Aconselhai-me neste problema,   posto que nada decidirei sem a vossa aprovação.

Responderam: Somos poderosos e temíveis; não obstante, o assunto te incumbe; considera, pois, o que hás de ordenar-nos." (Alcorão 27: 27-33)

A rainha Bilqis mostrou sabedoria porque embora tivesse a habilidade de entrar em uma guerra, escolheu enviar presentes ao rei Salomão.  Salomão devolveu os presentes explicando que Deus já tinha lhe concedido tudo que precisava.  Lidou com Bilqis de forma respeitosa, mas destacou que se não parasse de adorar o sol ele não teria escolha a não ser derrotar seu reino e expulsar o povo de sua terra.  Mais uma vez, Bilqis demonstrou sabedoria e bom julgamento.

Salomão e a Rainha de Sabá

Ao invés de ficar ofendida com as palavras e ações de Salomão, Bilqis decidiu visitá-lo e ver em primeira mão as maravilhas que seus emissários haviam descrito.  Enquanto ela viajava o rei Salomão ordenou a um de seus jinns que trouxesse o magnífico trono de Bilqis.  Foi entregue a ele em um piscar de olhos, tamanha era a habilidade e velocidade do jinn.  Quando Bilqis chegou o rei Salomão lhe perguntou se reconhecia o trono diante dela.  Com sua sabedoria e diplomacia costumeiras, ela disse: "Parece igual ao meu."

Depois de experimentar as maravilhas do império de Salomão, Bilqis percebeu que estava na presença de um líder sábio e formidável, mas para o seu próprio bem ela também percebeu a condição dele como um profeta de Deus.  Bilqis imediatamente renunciou à adoração ao sol e prometeu aceitar o ensinamento de Deus e encorajar seu povo a fazer o mesmo.  Os sábios do Islã destacam que a sabedoria inata de Bilqis a levou a verdade.

A vida de Salomão foi cheia de maravilhas e sua morte não foi diferente.  Morreu sentado em seu trono, olhando para seu reino.  Os jinns continuaram a trabalhar inabalavelmente, pensando que seu mestre os observava.  Uma pequeno cupim mordiscava o cetro de Salomão até que o mesmo caiu de sua mão e seu corpo caiu, revelando que havia morrido.

"E quando dispusemos sobre sua morte (de Salomão), só se aperceberam dela em virtude dos cupins que lhe roíam o cajado." (Alcorão 34:12-14)

As histórias judaica e cristã depreciam o rei Salomão como um homem conhecido por seus excessos.  Para os muçulmanos, era um homem sábio e nobre.  O Islã rejeita completamente que o profeta Salomão desobedeceu às leis de Deus ou que adorava ídolos.  Era o filho de um profeta que passou toda a sua vida empenhando-se para agradar a Deus.  Consolidou o império de seu pai Davi e liderou os Filhos de Israel para a Idade Dourada.  Possuía muitos talentos e sua vida foi de maravilhas e milagres, mas sabiamente compreendeu que a recompensa eterna e verdadeira estava na outra vida.

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