Capítulo 3, versículos 144 e 145: Verdades fundamentais sobre a vida e a morte
Descrição: Dois versículos essenciais que explicam que o Profeta Muhammad era um mensageiro e um ser humano. Seu tempo de vida foi fixado assim como o tempo de vida de cada ser humano é fixado antes do nascimento.
- Por Aisha Stacey (© 2019 IslamReligion.com)
- Publicado em 22 Jul 2019
- Última modificação em 22 Jul 2019
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"Muhammad não é senão um Mensageiro, a quem outros mensageiros precederam. Porventura, se morresse ou fosse morto, voltaríeis à incredulidade? Mas quem voltar a ela em nada prejudicará Deus; e Deus recompensará os agradecidos. Não é dado a nenhum ser morrer, sem a vontade de Deus; é um destino prefixado. E a quem desejar a recompensa terrena, conceder-lha-emos; e a quem desejar a recompensa da outra vida, conceder-lha-emos, igualmente; também recompensaremos os agradecidos." (Alcorão 3: 144-145)
O terceiro capítulo do Alcorão, A Família de Imran (Aali-Imran), foi revelado em Medina. Todos os capítulos revelados em Medina estão principalmente preocupados com a construção e manutenção de uma comunidade muçulmana sólida e funcional. A Família de Imran contém 200 versículos que podem ser divididos em quatro discursos. Todos os discursos estão interligados, e todo o capítulo é dirigido ao Povo do Livro e à nova nação muçulmana. Os versículos 144 e 145 encontram-se no discurso final, no fim do capítulo. Acredita-se que esta seção foi revelada após a malfadada batalha de Uhud. Os versículos a que nos referimos estão contidos em uma seção do capítulo que analisa a batalha de Uhud, a fim de ensinar aos muçulmanos uma lição. Eles são encorajados a superar as fraquezas do mundo e nutrir as virtudes que lhes permitam cumprir as suas obrigações.
Durante a Batalha de Uhud um rumor percorreu as fileiras que o Profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, foi morto. Isto teve um efeito devastador sobre a maioria dos muçulmanos. Uma série de eventos levou a uma derrota e Deus permitiu que os muçulmanos experimentassem as consequências de suas fraquezas. O Profeta Muhammad tinha estacionado um destacamento de soldados em uma colina com ordens para não abandonar as suas posições sob qualquer circunstância. Do topo da colina os arqueiros erroneamente presumiram que os muçulmanos foram vitoriosos e decidiram se juntar aos seus irmãos no campo de batalha. Isso deu ao inimigo uma abertura. [1]
Durante a batalha caótica que se seguiu o Profeta Muhammad foi ferido, levando alguém a gritar que ele tinha sido morto. Muitos dos muçulmanos fugiram de volta para Medina, outros correram para cima da colina onde entraram em desespero. Enquanto isso, um pequeno grupo de seguidores tinham cercado o Profeta, protegendo-o com habilidade e ousadia. Ao mesmo tempo, alguns muçulmanos foram imprudentes o suficiente para questionar se o Profeta Muhammad era mesmo um profeta, expressando a ideia de que um profeta não teria sido morto. [2]
Esta sequência de eventos é usada por Deus no Alcorão para explicar alguns princípios fundamentais sobre a vida e a morte. Deus diz que Muhammad é apenas um mensageiro e que todos os mensageiros antes dele morreram ou foram mortos. Deus repreende aqueles que perderam a fé dizendo que Muhammad é um ser humano com um tempo de vida fixado como qualquer outro ser humano. Deus continua dizendo que, se o seu apego ao Islã é realmente um apego ao Profeta Muhammad, eles estão em terreno muito instável. Se algum dos muçulmanos pretendem retornar à descrença na morte do Profeta, então o Islã realmente não precisa deles. Todos os mensageiros pregaram a mesma mensagem desde o início dos tempos. A mensagem é maior do que aqueles que a ensinam e vai durar até o fim dos tempos, enquanto os mensageiros, todos eles seres humanos, terão um tempo de vida normal.
Esta não foi a única vez que a nova nação muçulmana teve que ser lembrada da mortalidade do Profeta Muhammad e da continuidade da mensagem. De acordo com os ditos e tradições das pessoas mais próximas ao Profeta Muhammad, na manhã seguinte a morte do Profeta, Abu Bakr entrou na mesquita e encontrou o povo distraído e desesperado. Umar ibn Al-Khattab estava dizendo a eles que era um pecado dizer que o Profeta estava morto. Abu Bakr assumiu o controle da situação dizendo: Quanto àquele que adorava Muhammad, Muhammad está morto, mas para aqueles que adoram a Deus, Deus está vivo e não morre. Ele então citou este versículo que confirma suas palavras e lembrou-os de lições aprendidas anteriormente. [3]
O segundo versículo que estamos discutindo aqui, versículo 145, ensina aos muçulmanos que não adianta fugir da morte. Ninguém morre, exceto no tempo determinado por Deus. Assim, uma pessoa não deve perder tempo fugindo da morte, mas fazer uso do seu tempo, preparando para a sua vida futura. O esforço de uma pessoa deve ser direcionado para o seu bem-estar no outro mundo, porque Deus afirma claramente que quem deseja uma recompensa nesta vida a conseguirá, mas aqueles que desejam uma recompensa na outra vida conseguirão felicidade indescritível. Um muçulmano deve se concentrar em resultados terrenos na medida em que acumularão recompensas para a próxima vida.
Ambos os versículos concluem com Deus lembrando os muçulmanos que Ele premiará o agradecido. Aqueles que apreciam Sua graça e demonstram a sua gratidão seguindo-O e glorificando-O serão recompensados nesta vida e ainda mais na próxima. No entanto, os muçulmanos devem lembrar que eles nem sempre conseguem exatamente o que querem, não importa quão duro eles tentem ou sejam gratos. Uma pessoa agradecida é grata por tudo que lhe foi decretado por Deus. Às vezes, a retidão leva ao sofrimento neste mundo. Aqueles que são gratos apreciam o favor de Deus para com eles; Ele lhes disponibilizou a verdadeira religião e deu-lhes o conhecimento de um lugar mais vasto e eterno do que este pequeno planeta.
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