Capítulo 5, versículos 116-117: Conselho, orientação e um alerta
Descrição: Jesus nega divindade no Dia do Juízo
- Por Aisha Stacey (© 2018 IslamReligion.com)
- Publicado em 08 Jan 2018
- Última modificação em 08 Jan 2018
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E recorda-te de quando Deus disse: Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem dissestes aos homens: Tomai a mim e a minha mãe por duas divindades, em vez de Deus? Respondeu: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não me corresponde. Se tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a natureza da minha mente, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és Conhecedor do incognoscível. Não lhes disse, senão o que me ordenaste: Adorai a Deus, meu Senhor e vosso! E enquanto permaneci entre eles, fui testemunha contra eles; e quando quiseste encerrar os meus dias na terra, foste Tu o seu Único observador, porque és Testemunha de tudo." (Alcorão 5:116-117)
Esses dois versículos essenciais são do capítulo cinco do Alcorão, intitulado Al-Maida ou A Mesa Servida. É um dos três capítulos que lidam amplamente com a vida de Jesus e sua mãe, Maria. Esse capítulo foi revelado em Medina e discute de maneira abrangente a Unicidade de Deus. Também rejeita todas as formas de politeísmo, trindade, a associação de parceiros a Deus e a possibilidade de iguais para Ele. Os dois versículos que discutiremos, versículos 116 e 117, estão nos últimos cinco versículos do capítulo e podem ser pensados como uma grande admoestação e aviso para os cristãos do mundo.
No Dia do Juízo ocorrerá uma conversa entre Deus e o profeta Jesus. É de fato um testemunho feito por Jesus quando Deus lhe pergunta se disse à humanidade para adorá-lo (Jesus) e à sua mãe como divindades. Sabemos e compreendemos muito bem que Deus sabe exatamente o que Jesus disse às pessoas. Entretanto, essa interação é voltada para os que assistem e ouvem, ao invés de para aquele para a qual é dirigida, Jesus, profeta e servo de Deus. Porque alguém alegar que ele seja igual a Deus é um delito terrível e, portanto, a resposta de Jesus é repleta de temor e respeito.
Jesus começa glorificando Deus e, então, imediatamente nega que tenha dito isso. Está chocado e refuta qualquer conhecimento de tamanho pecado. Diz que é inocente e que é tudo uma invenção. Nesse ponto é interessante notar que os muçulmanos entendem Jesus e seu papel de acordo com o Alcorão e as tradições e ditos do profeta Muhammad. Jesus foi um de uma longa linhagem de profetas que chamaram as pessoas para adorar ao Deus Único. O Alcorão explica isso claramente, da mesma forma que os ensinamentos de Jesus fizeram. Existem muitas passagens na Bíblia nas quais Jesus e seus discípulos demonstram compreensão de que ele (Jesus) é um servo de Deus.
"Meu Pai é maior que eu." (João 14:28)
"Quando orardes, dizei Nosso Pai que está no céu." (Lucas 11:2)
"O filho do homem não vem para ser servido, mas para servir." (Mateus 20:28)
"O Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus de nossos antepassados, glorificou seu servo Jesus." (Atos 3:13)
"Homens de Israel, ouçam: Jesus de Nazaré era um homem aprovado por Deus entre vós por milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis." (Atos 2:22)
Aqueles que acreditaram e seguiram Jesus durante a vida dele não achavam que ele fosse Deus ou o filho de Deus. Qualquer tipo de trindade estava longe de suas mentes. O próprio Jesus nunca reivindicou ser Deus e os versículos na Bíblia o descrevem como um profeta.
"E os príncipes dos sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas palavras, entenderam que falava deles; E, pretendendo prendê-lo, recearam o povo, porquanto o tinham por profeta." (Mateus 21: 45-46)
Quanto à divindade da mãe de Jesus, Maria, a Bíblia não contém nem a mais remota sugestão de que Maria era divina de alguma forma. Esse conceito era totalmente estranho ao pensamento cristão até o século três EC, quando teólogos em Alexandria começaram a se referir a Maria como a mãe de Deus. Apesar de a idolatria começar a criar raízes, a expressão Mãe de Deus só foi usada oficialmente em torno de 100 anos depois do Concílio de Éfeso[1]. Quando o Alcorão foi revelado Maria tinha se tornado uma deidade importante. Assim, vemos que a negação de Jesus no Dia do Juízo será extremamente importante.
Jesus chama Deus de Todo-Poderoso e assim, Ele (Deus), sabe bem que Jesus é inocente do grande pecado de atribuir parceiros a Deus ou da abominação de chamar a si próprio de Deus. O Jesus sobre o qual lemos na Bíblia fez um esforço para se distanciar dos atributos que pertencem somente a Deus. Disse: "Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai." (Mateus 24:36) Jesus falou a um homem que o chamou de "bom," perguntando-lhe, "Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, exceto Deus." (Marcos 10:18)
Jesus afirma que não fez nada além de chamar seu povo para adorar somente a Deus. A responsabilidade de transmitir a mensagem de adorar ao Deus Único pesou muito nos ombros de todos os profetas. Em seu sermão final o profeta Muhammad estava ansioso para saber se seus seguidores testemunhariam que tinha transmitido a mensagem. Pode-se facilmente supor que Jesus também gostaria que seus seguidores testemunhassem que transmitiu a mensagem de Deus e não uma que veio de sua própria mente e lábios. Também nega qualquer responsabilidade pelo que as pessoas fizeram depois do fim de seu tempo na terra. Jesus foi uma testemunha para o comportamento de seu seguidor e, assim, tem alguma responsabilidade enquanto estava entre eles, mas não depois que partiu.
Jesus então diz que depois que foi elevado Deus foi a testemunha sobre eles. Os cristãos acreditam que Jesus morreu após ser crucificado. Entretanto o Alcorão nega isso de maneira enfática. "Eles não o mataram nem o crucificaram." (Alcorão 4:157) Jesus ascendeu aos céus e, assim, não tinha mais controle sobre o que seus seguidores e as gerações subsequentes disseram sobre ele. Com o passar do tempo as palavras e ensinamentos de Jesus foram corrompidos e alterados.
Essa conversa entre Deus e Jesus aponta o quanto os ensinamentos foram corrompidos ao longo do tempo. É um alerta severo para ser muito cuidadoso sobre quaisquer associações feitas entre Deus e Jesus. Esses dois versículos nos pedem para purgarmos quaisquer traços de idolatria que tenham se infiltrado nas religiões previamente reveladas. Em sua forma verdadeira revelam a verdade das doutrinas do Islã.