Capítulo 12, Yusuf (José) (parte 1 de 2)

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Descrição: Um breve comentário do capítulo 12 (versículos 1-66) do Alcorão Sagrado.  A história do profeta José é uma história de sofrimento e tristeza, focando em colocar a confiança em Deus e saber que Ele é o melhor dos planejadores.  A parte um vê José sendo arrancado de seu amado pai e jogado na escravidão e termina com José assegurando uma posição elevada no governo egípcio.

  • Por Aisha Stacey (© 2016 IslamReligion.com)
  • Publicado em 05 Dec 2016
  • Última modificação em 17 Mar 2019
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Introdução

yusuf_12.jpgA história de José foi revelada depois que um israelita perguntou ao profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, o que ele sabia sobre o profeta José.  A história de José não era conhecida para os árabes na época e era parte de um teste que os judeus idealizaram para avaliar a reivindicação do profeta Muhammad de que era um profeta.[1] As histórias no Alcorão geralmente são contadas em pequenos trechos e distribuídas em vários capítulos. A história de José, entretanto, é diferente.  Foi revelada em um capítulo, do início ao fim.  

A história de José está estruturada por uma introdução de três versículos e um epílogo de 10 versículos.  Geralmente se concorda que foi revelada em Meca, em um ano conhecido como o Ano da Tristeza.  O profeta Muhammad perdeu dois de seus apoiadores mais próximos, a sua amada esposa Khadija e seu tio Abu Talib.  A história de José confirma incondicionalmente que Deus tem controle total sobre todos os assuntos.  É uma história de paciência em face de adversidade e confiança em face de tristeza.

Versículos 1-3  A melhor história

O Alcorão é um livro revelado na língua árabe para esclarecer as coisas e contém informação que Muhammad não conhecia.  A história é chamada a melhor das histórias porque contém informação relevante para os eventos acontecendo na época da revelação e lições para toda a humanidade.

Versículos 4-18  Sonhos e ilusão

José tem um sonho no qual vê o sol, a lua e onze estrelas prostradas diante dele.  Isso é interpretado como homens se curvando para ele.  Confidencia a seu pai, que o aconselha a mantê-lo em segredo dos seus irmãos. 

José e Benjamim eram os filhos da segunda esposa de Jacó. Os mais velhos se consideravam homens. Eram mais velhos, mais fortes e viam em si mesmos muitas qualidades boas. Cegos pelo ciúme, planejam matar José.  Um dos irmãos convence os outros a jogá-lo no poço, ao invés de matá-lo.  Levam adiante seu plano desonesto e, usando o maior medo de seu pai (ataque de um lobo) e uma túnica manchada de sangue, tentam convencê-lo da morte de José.   Enquanto isso, Deus alivia o medo de José.   Deus inspira nele que um dia informará seus irmãos de seus atos, enquanto não percebem quem ele é.  O pai de José, Jacó, sentiu a traição, mas se voltou para Deus e aceitou as notícias com confiança e paciência.

Versículos 19-22 José se estabelece no Egito

José é resgatado do poço e vendido como escravo.  É vendido por preço baixo para um homem influente do Egito, que comenta com sua esposa que José pode ser útil a eles.  Deus observa que estabeleceu José na terra e lhe proveu com sustento para ensinar-lhe a interpretação de sonhos.  Deus possui total controle sobre os Seus assuntos, mas a maioria das pessoas está cega para isso.   José cresce em condições confortáveis e Deus lhe concede bom julgamento e conhecimento.  Está na casa de um político aprendendo como negociar e a tomar decisões sábias.

Versículos 23-30  A sedução fracassada

A esposa do político egípcio observa José crescer, se tornar homem e se sente atraída por ele.  Tenta seduzi-lo, mas ele busca refúgio em Deus.  A esposa persegue José até a porta da frente, justo quando o marido entra na casa.  Ela tenta colocar a culpa em José, mas um membro da casa destaca que a túnica dele estava rasgada na parte de trás.   As mulheres da cidade começaram a fazer fofoca sobre José e a esposa do político.

Versículos 31-35 José prefere a prisão

Depois que ela ouve as fofocas, convida as mulheres à sua casa para mostrar como José era belo e atraente.  Dá uma faca a cada uma e pede a José que apareça.  As mulheres ficam atônitas e cortam suas mãos.  Explica que tentou seduzi-lo, mas ele resistiu.  Ela o ameaça dizendo que se ele não obedecer, irá para a prisão.  José teme se deixar seduzir e pede a Deus que o proteja, dizendo que prefere ir para a prisão ao que as mulheres estão planejando. 

Versículos 36-40 Mais sonhos

É aprisionado junto com dois outros homens.  Os outros dois prisioneiros discutem seus sonhos com José e pedem a ele que os interprete.  Um deles disse: "Sonhei que estava espremendo uvas"; o outro disse: "Sonhei que estava carregando pão sobre minha cabeça e os pássaros o estavam comendo."  José mencionou suas próximas refeições, lembrando-os de que Deus provê o sustento, e então respondeu que é capaz de interpretar sonhos porque Deus o ensinou a fazê-lo.  Expõe sua crença em Deus e no Dia do Juízo.  José afirma que sua família, a família de Abraão, Isaque e Jacó, detém o conhecimento da Unicidade de Deus e que sua religião e sua família não atribuem parceiros a Deus.  A maioria das pessoas, entretanto, não percebem.

Versículos 41-42 José definha na prisão

José interpreta o sonho.  Um servirá vinho ao seu mestre; o outro será crucificado e os pássaros bicarão sua cabeça.  José pede ao que será salvo para mencioná-lo (José) ao seu mestre.  Mas Satanás faz o homem esquecer e José definha na prisão por mais tempo.

Versículos 43-57 A inocência de José é estabelecida

O rei (do Egito) pede aos seus conselheiros que interpretem seu sonho.  "Sonhei sobre sete vacas gordas sendo comidas por sete vacas magras; sete espigas verdes de milho e [sete] outras ressecadas." Foram incapazes de interpretá-lo e o ex-prisioneiro se lembrou de José.  Correu para José, José interpreta o sonho e o rei pede que José seja trazido à sua presença.  O ex-prisioneiro retorna para José, mas José pede a ele que pergunte ao seu mestre (o rei) sobre as mulheres que cortaram as mãos.  O rei estabelece a inocência de José.  José diz que queria que seu mestre, o político, soubesse que ele não o traiu e nem abusou de sua confiança.  José aparece perante o rei, que lhe oferece uma posição de alto escalão.  José pede para ser encarregado dos armazéns.  Dessa maneira Deus estabelece José na terra.  Deus destaca que garante misericórdia a quem desejar e não deixa de recompensar o bem.  A recompensa na Outra Vida, Ele destaca, é a melhor. 

Versículos 58-66 Uma previsão em um sonho é cumprida

Os irmãos de José se apresentam perguntando pela medida de grãos.  José os reconhece, mas eles não o reconhecem.  Pede a eles que voltem novamente, dessa vez com o irmão mais novo.  Sem ele, não terão o grão.  Respondem que tentarão convencer o pai e obter sua permissão.  José diz a seus servos para colocarem os bens que seus irmãos negociaram pelos grãos de volta em seus alforjes, para fazer com que ficassem ansiosos para retornar.  Os irmãos pedem a Jacó que os deixem levar o irmão mais novo, mas está desconfiado e pergunta: "Vou confiá-lo a vocês, como fiz com seu irmão antes?" Os irmãos abriram os alforjes e encontraram os bens devolvidos.  Jacó diz que não enviará o menino, a menos que os irmãos jurem que farão tudo humanamente possível para mantê-lo a salvo.  Comprometeram-se e Jacó disse: "Nossas palavras são confiadas a Deus."



Notas de rodapé:

[1] Ibn Kathir, Histórias dos Profetas.

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Capítulo 12, Yusuf (José) (parte 2 de 2)

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Descrição: Um breve comentário do capítulo 12 (versículos 67-111) do Alcorão Sagrado.  José se tornou um homem importante no governo egípcio e seus irmãos se aproximaram dele pelo grão.  A história concluiu com José revelando sua identidade e se reunindo à sua família.

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Versículos 67-76 Os irmãos retornam

Jacó aconselha seus filhos a não entrarem na cidade pelo mesmo portão como precaução, mas ao mesmo tempo diz que isso não os ajudará contra a vontade de Deus.  Todo o poder está nas mãos de Deus, diz Jacó. 

Os filhos de Jacó se apresentam a José e ele chama seu irmão mais novo (Benjamim) para o canto e revela sua identidade.  José dá aos seus irmãos a porção de grãos, mas coloca um cálice na mochila de seu irmão mais novo.   Alguém avisa e acusa a caravana de roubo.   "O que foi perdido?", perguntam os irmãos.  "O cálice do rei", é a resposta e "quem a devolver receberá uma carga de camelo em grãos". 

Os irmãos responderam que não tinham vindo para fazer intrigas.  Os homens de José perguntaram aos irmãos qual a penalidade a ser aplicada, se fosse descoberto que estavam mentindo.  Responderam: "A penalidade será a escravização da pessoa em cuja bolsa o cálice for encontrado: é assim que punimos malfeitores". José não queria seu irmão punido sob as leis do Egito, mas queria a oportunidade de manter o irmão com ele enquanto os outros retornavam para o pai, Jacó.  As sacolas foram revistadas e o cálice foi encontrado nos pertences do irmão mais novo.  Deus explica que elaborou um plano para José e elevará o status de quem Ele desejar.

Versículos 77-82

Os irmãos aludem ao irmão de Benjamim (José) ser um ladrão, mas José se controla e não revela sua identidade.  Os irmãos imploram que um deles possa ficar no lugar do irmão, mas isso é recusado.   Finalmente o irmão mais velho, lembrando da promessa que fez ao pai, promete ficar no Egito até que Jacó dê a ele permissão para partir ou que Deus decida um outro curso de ação.  Os irmãos remanescentes voltam para o pai Jacó dizendo: "Tentamos manter nossa promessa, mas não podíamos prever que seu filho cometeria roubo. Pergunte às pessoas com quem viajamos se precisar de prova.

Versículos 83-86

O pai disse: "Não! Suas almas os inspiraram a cometer um erro!" Voltou-se para eles dizendo: "Ai de mim! Meu sofrimento por José!".  Os olhos de Jacó ficaram brancos de sofrimento (ele era cego) e os irmãos disseram: "Se não parar de pensar em José arruinará sua saúde ou até morrerá." Disse: "Só exponho perante Deus o meu pesar e a minha angústia porque sei de Deus o que vós ignorais." Quando essa nova tristeza tomou conta dele, sua primeira reação foi ser paciente.   Sabia, sem nenhuma dúvida, que os assuntos de seus amados filhos mais novos eram controlados por Deus.

Versículos 87-98

Jacó disse: "Meus filhos, vão e busquem notícias de José e seu irmão e não se desesperem da misericórdia de Deus - apenas descrentes se desesperam da misericórdia de Deus." Então se apresentaram perante José sem conhecerem sua verdadeira identidade.  Explicaram que a desgraça tinha afligido sua família e pediram a José que fosse caridoso.  Deus, disseram, recompensa os caridosos.  José respondeu: "Sabeis, acaso, o que nesciamente fizerdes a José e ao seu irmão com a vossa ignorância?" Os irmãos ficaram atônitos e perguntaram se ele era José e ele respondeu: "Sou José".  Disseram que Deus realmente o tinha favorecido sobre todos e que estavam em erro.  José respondeu que não haveria nenhuma repreensão a eles e que Deus os perdoasse.

José então lhes deu sua própria túnica dizendo que a colocassem sobre o rosto de seu pai e que tudo ficaria bem. Então pediu que voltassem juntos.  De volta em casa Jacó dizia que podia sentir o cheiro de José e aqueles ao seu redor olhavam para ele com desdém, achando que tinha se perdido em uma antiga ilusão.  Quando a túnica foi colocada sobre o rosto de Jacó sua visão retornou e ele disse: "Não disse que tenho conhecimento de Deus que vocês não têm?" Os irmãos pediram ao pai que suplicasse a Deus para que Ele os perdoasse, e ele respondeu que seu Senhor era o Perdoador e o Misericordioso.

Versículos 99-101

Mais tarde, quando toda a família se apresentou perante José, José os aproximou dele e deu-lhes as boas vindas, dizendo que, se Deus quisesse, ficariam a salvo.  Todos se curvaram para José e ele comentou com seu pai que era o cumprimento do sonho que tinha tido há muito tempo.   José disse que Deus tinha sido gracioso, depois que Satanás semeou a discórdia entre ele e seus irmãos.  José suplica a Deus reconhecendo suas bênçãos, pede para viver e morrer como muçulmano e ser unido aos virtuosos.

A história de José é uma lição para toda a humanidade. A paciência verdadeira e a habilidade de perdoar são características nobres, merecedoras de serem inculcadas.

Versículos 102-111

Isso conclui a história de José e nesse epílogo final de 10 versículos Deus diz a Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, que essa foi a história da qual ele não tinha conhecimento prévio e não estava presente quando os irmãos fizeram seus planos cruéis.  Deus então conta a ele que não pode fazer as pessoas acreditarem, não importa o quanto deseje fazê-lo.  Deus também menciona que Muhammad não pede recompensa e, ainda assim, as pessoas ignoram os sinais nos céus e na terra e só acreditam em Deus associando parceiros a Ele.  Como podem estar tão seguras de que uma punição devastadora ou a Última Hora não chegará quando menos esperarem?  As pessoas não veem as lições ao seu redor? Como podem viajar e ver os sinais do que acontece aos descrentes e ainda assim não compreenderem? Não têm intelecto? Aqui está uma lição para os que compreendem, não é uma invenção. É uma confirmação da verdade e uma explicação para tudo ("tudo" se refere a história de José ou a religião como um todo, ou talvez ambos).

Nesse capítulo Deus estava aconselhando ao profeta Muhammad que a estrada podia ser longa e difícil, mas a vitória suprema pertence aos que são conscientes de Deus e têm paciência.

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