A paciência do profeta ao transmitir a mensagem (parte 1 de 2): Os seguidores de Muhammad são pacientes
Descrição: A paciência do profeta Muhammad ao propagar a mensagem do Islã.
- Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)
- Publicado em 01 May 2017
- Última modificação em 01 May 2017
- Impresso: 12
- 'Visualizado: 12,264
- Classificado por: 0
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 0
Deus nos diz no Alcorão que enviou o profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, como uma misericórdia para a humanidade. "E não te enviamos, senão como misericórdia para a humanidade, gênios e tudo que existe." (Alcorão 21:107) Deus não disse que Muhammad foi enviado para o povo da Arábia, para um gênero específico, para as pessoas do século 7 ou mesmo para seu próprio povo. De fato o profeta Muhammad foi rejeitado e humilhado por seu próprio povo.
Deus também deixou claro que o profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, era um profeta como nenhum outro. Cuja mensagem seria propagada amplamente e seria aplicável em todos os lugares e em todas as épocas. Ele superou dificuldades, grande tristeza, batalhas épicas e humilhação constante. Entretanto, nada o deteve de transmitir a mensagem. O profeta Muhammad foi o primeiro a transmitir a mensagem de Deus em uma forma adequada para todos os povos, em todos os lugares e em todas as épocas. A mensagem principal é simples: adorar somente a Deus, sem parceiros, filhos ou filhas e o profeta Muhammad a propagou com grande paciência e tolerância até maior. Sua paciência não tinha limites e nunca se inclinava a agir de maneira irracional ou zangada. A violência não era parte da mensagem e não tinha parte na sua propagação.
Mais de um bilhão de muçulmanos em todo o mundo amam, respeitam e seguem o profeta Muhammad. Eles o têm em tão alta estima que para muitos é emocionalmente doloroso ver ou ouvir seu amado mentor ser ridicularizado ou desrespeitado. As demonstrações em todo o mundo sempre que o nome do profeta Muhammad é desrespeitado ou sua imagem é produzida, são testemunho disso. Entretanto, comportamento violento e irracional não é algo aprendido do profeta Muhammad. Seu rosto se voltava firmemente para Deus e para a Outra Vida e sua única missão era propagar a mensagem do Misericordioso com paciência e tolerância.
Propagar a palavra do Islã fez do profeta Muhammad um pobre e um proscrito social, depois de viver uma vida de relativa facilidade. Seu estilo de vida mudou drasticamente para pior e sua vida foi ameaçada em mais de uma ocasião. Além disso, sua família e seguidores foram ridicularizados, escarnecidos e agredidos. A mensagem pesava sobre seus ombros e até em seu sermão final estava preocupado, pedindo às pessoas para testemunharem perante Deus que tinha transmitido a mensagem.
É importante que nesse momento na história mundial, quando às vezes parece que a população muçulmana está sendo encurralada ou cercada, que nos lembremos da paciência do profeta Muhammad e enfrentemos nossos problemas com os mesmos métodos que ele usou em face da adversidade. O próprio profeta Muhammad demonstrou enorme controle e paciência quando era insultado, menosprezado e espancado. Como sua amada esposa Aisha dizia: "O caráter dele era um reflexo do Alcorão".[1]
Em uma época muito difícil de sua vida, logo após um período conhecido como Ano da Tristeza, o profeta Muhammad foi à cidade de Taif esperando encontrar pessoas que ouviriam e apoiariam sua mensagem para a humanidade. Ao invés disso encontrou insultos e injúrias. Foi expulso da cidade. Com suas sandálias cheias de sangue, das injúrias infligidas pelos homens, mulheres e crianças jogando pedras, o profeta Muhammad orou a Deus por socorro. Em resposta, o anjo das montanhas desceu e pediu a permissão do profeta para fazer as montanhas ao redor de Taif desmoronarem, matando todos os habitantes da cidade. Apesar de por toda sua dor e sofrimento, e de ter todo o direito de ficar zangado, a resposta do profeta foi: "Não, porque espero que Allah faça de sua descendência um povo que adorará Deus somente, sem associar nada a Ele."
Tomos ouvimos o dito de que a paciência é uma virtude, significando que a paciência é uma característica nobre a se adquirir. A paciência é uma qualidade que devemos praticar e usar nas pequenas situações e às vezes em situações que são motivo de grande preocupação em nossas vidas. Ler até mesmo uma pequena parte da história islâmica mostrará a você que o profeta Muhammad foi paciente. Paciência não significa não fazer nada, mas implica em tentar o melhor para aliviar a situação. Assim, ele fez esforços para aliviar a situação, como duas migrações e a compra de escravos principalmente para parar a tortura e humilhação deles.
Depois de dez anos vivendo em Medina, dez anos ensinando às pessoas a amar e obedecer a Deus, dez anos estabelecendo um estado islâmico justo e igualitário, o profeta Muhammad e seus seguidores foram capazes de retornar para Meca. Sua paciência foi finalmente recompensada, mas ainda assim ele cavalgava um jumento com dezenas de milhares de seguidores. O profeta Muhammad podia ter perdido a paciência e exercido uma vingança terrível. Mas ele não o fez! Meca ficou aos seus pés, os inimigos se curvaram em rendição e o profeta Muhammad falou pela misericórdia de seu Criador e disse: "Falo com as mesmas palavras que Yusuf (o profeta José) falou a seus irmãos: Hoje não há repreensão contra vocês. Sigam seu caminho, porque estão livres".[2]
Ao longo de sua vida e, particularmente durante sua missão profética, o profeta Muhammad praticou a paciência e tentou encorajar e até exigir que seus seguidores aprendessem a paciência. Existem muitos exemplos do profeta Muhammad aconselhando a ter paciência. A história a seguir em particular retrata um homem que foi capaz de demonstrar paciência e tolerância acima do usual, mas também mostra até onde o profeta Muhammad iria para ensinar seus seguidores por que devem sempre se comportar de maneira paciente e mais correta.
Essa é a história do rabino judeu Zaid ibn Sanah. O rabino Zaid havia emprestado algo ao profeta Muhammad. Ele próprio descreve a cena e o diálogo: "...O profeta Muhammad estava no funeral de um homem dos Ansar. Abu Bakr, Umar, Uthman e alguns dos outros companheiros estavam com ele. Depois da oração fúnebre ele se sentou próximo a uma parede e me aproximei dele, peguei-o pelas bordas de seu manto olhei para ele de maneira dura e disse: "Ó Muhammad! Não pagará meu empréstimo? Nunca soube que a família de Abdul-Mutalib atrasasse o pagamento de seus débitos!" Olhei para Umar, cujos olhos se incharam de raiva! Ele olhou para mim e disse: "Ó inimigo de Deus, fala e se comporta dessa maneira com o mensageiro de Deus?! Por Aquele que o enviou com a verdade, se não fosse pelo temor de não entrar no Paraíso, eu o teria decapitado com minha espada!"
O profeta Muhammad não estava atrasado no pagamento do débito, mas o rabino o tinha abordado e falado de maneira desagradável. Como ele reagiria? Nesse ano de 2015 como a maioria das pessoas reagiria? Se conhecer aqueles que reagiriam de maneira calma e aceitariam tratamento ríspido com paciência, então ficaria feliz em saber que estão seguindo os ensinamentos do profeta Muhammad. Na parte seguinte descobriremos como esse incidente foi concluído e isso pode surpreender você.
A paciência do profeta ao transmitir a mensagem (parte 2 de 2): Deus nos ordena a sermos pacientes
Descrição: Exemplos da paciência do profeta Muhammad e um breve olhar na ordem de Deus para sermos pacientes.
- Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)
- Publicado em 01 May 2017
- Última modificação em 01 May 2017
- Impresso: 13
- 'Visualizado: 11,674
- Classificado por: 0
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 0
Essa é uma continuação de nossa história sobre a paciência do profeta Muhammad em face de adversidade. Paramos com o rabino Zaid de fé diante do olhar malevolente de Umar. O rabino se afastou e o profeta disse para Umar: "...você devia nos dar um conselho sincero, ao invés de agir como agiu! Vá e pague a ele o empréstimo concedido e dê a ele vinte Sa’a (uma medida de peso) extra, porque você o assustou!"
O profeta Muhammad era paciente com todos, seus companheiros próximos, conhecidos como o rabino e até mesmo com estranhos. Estava sugerindo que seria melhor para Umar ser paciente e dar conselho sincero como sugerir uma solução que deixasse a todos satisfeitos, ao invés de perder sua paciência. Ao ponderar sobre essa história pode-se pensar por que o rabino estava cobrando o pagamento dias antes da data devida. Os homens estavam reunidos após o funeral de um dos residentes de Medina. Talvez o rabino tenha aproveitado a oportunidade de pedir seu empréstimos; talvez fosse um homem impaciente que queria se assegurar de que o empréstimo seria pago na data certa. Os seres humanos têm diversas maneiras de lidar entre si, mas seguir o exemplo do profeta Muhammad é sempre a melhor maneira, algo que fica claro quando continuamos a história.
O rabino Zaid diz: "Umar veio até mim, pagou a dívida e me deu vinte Sa’a extras em tâmaras. Perguntei a ele por que e ele respondeu: "O mensageiro de Deus me ordenou porque eu o assustei." Zaid percebeu então que Umar não tinha ideia de quem ele era e perguntou se ele sabia. Umar respondeu que não fazia ideia. Zaid olhou para Umar e disse: "Sou Zaid ibn Sanah, o rabino." Umar ficou admirado e perguntou a Zaid por que havia se comportado daquela maneira com o profeta? Zaid explicou que tinha visto muitos sinais de profecia em Muhammad, exceto dois, e queria testar os dois sinais finais. Eram que paciência e perseverança teriam precedência sobre a raiva e o tratamento duro seria retribuído com gentileza. Foi exatamente isso que o rabino Zaid tinha observado.
O profeta Muhammad não só era paciente ao transmitir sua mensagem, mas foi sua paciência que convenceu as pessoas que sua religião era verdadeira. Nesse caso o rabino Zaid renunciou imediatamente à sua religião e diante do profeta Muhammad testemunhou que não havia ninguém merecedor de adoração, exceto Deus e que profeta Muhammad era Seu mensageiro.[1]
O profeta Muhammad não mostrou essa paciência ao transmitir a mensagem porque achava que facilitaria sua vida. Fez porque foi ordenado por Deus a fazê-lo. Em muitos casos não facilitou a vida dele. O tio do profeta, o homem conhecido como Abu Lahab e sua esposa, eram grandes inimigos do Islã e do profeta Muhammad. Todos os dias jogavam pedras e terra na casa dele e encorajavam outros a fazê-lo. Muitos jogavam pedras não só na casa dele, mas nele próprio. As injúrias não eram incomuns. Espalhavam espinhos no chão de maneira que o profeta Muhammad não pudesse evitá-los e em muitos dias os pés do profeta sangravam após extrair os espinhos. Como ele reagiu? Com paciência, tolerância e perdão.
Para enfatizar a importância de se comportar de maneira calma e gentil, Deus faz menção a isso várias vezes no Alcorão. Deus diz: seja paciente, perdoe-os e reprima sua raiva.
"Que fazem caridade, tanto na prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que indultam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfeitores. " (Alcorão 3:134)
"...porém, se perseverardes pacientemente e temerdes a Deus, sabei que isso é um fator determinante, em todos os assuntos." (Alcorão 3:186)
"Muitos dos adeptos do Livro, por inveja, desejariam fazer-vos voltar à incredulidade, depois de terdes acreditado, apesar de lhes ter sido evidenciada a verdade. Tolerai e perdoai..." (Alcorão 2:109)
O profeta Muhammad suportou pacientemente a perseguição e abuso que sofreu ao chamar as pessoas para a verdade do Islã. Os idólatras, os pagãos e os hipócritas debochavam dele, o insultavam, não acreditaram nele e abusaram dele. Foi chamado de mentiroso e mágico, vidente e louco, mas isso não o impediu de transmitir sua mensagem. Deus havia avisado o profeta Muhammad de que muitos o ignorariam, abusariam e não acreditariam nele.
"Sê perseverante, porque a promessa de Deus é inexorável. Que não te abatem aqueles que não creem (na tua firmeza)." (Alcorão 30:60)
Ao transmitir a mensagem o profeta Muhammad nunca perdeu sua paciência ou se comportou de maneira violenta. Nunca elevou sua voz ou olhou para eles com desdém. Se se engajava em um debate ou argumento, o fazia de maneira calma e inteligente.
"Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação e dialoga com eles de maneira benevolente." (Alcorão 16:125)
"E não disputeis com os adeptos do Livro (judeus e cristãos), senão da melhor forma, exceto com os iníquos, dentre eles. Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos." (Alcorão 29:46)
Quando o profeta Muhammad falava aos seus companheiros sobre transmitir a mensagem, sempre se preocupava com o comportamento deles. Ao enviar companheiros aos judeus e cristãos no Iêmen, aconselhou-os: "Facilitem e não sejam duros. Deem as boas novas e não afastem as pessoas."[2] Além disso, Deus proibiu qualquer um de iniciar insultos ou responder a palavras ríspidas sobre a mensagem com insultos.
"Não injurieis o que invocam, em vez de Deus, a menos que eles, em sua ignorância, injuriem iniquamente Deus." (Alcorão 6:108)
O profeta Muhammad e os que transmitem a mensagem são ordenados por Deus a não se comportarem mal, independente da provocação. Deus diz para não insultar, não responder e, além disso, nos é dito que nos afastemos dos ignorantes. O profeta Muhammad fez exatamente o que lhe foi ordenado - transmitir a mensagem e suportar pacientemente o escárnio, perdoá-los e se afastar dos ignorantes.
"Se os convocardes para a Orientação, não vos ouvirão; e tu (ó Mensageiro) verás que olham para ti, embora não te vejam. Conserva-te indulgente, encomenda o bem e foge dos insipientes." (Alcorão 7:198-199)
"Tolera, pois (ó Mensageiro), o que dizem os incrédulos..." (Alcorão 20:130)
A paciência do profeta ao transmitir a mensagem era interminável. Nunca se cansava de falar às pessoas, muçulmanas e não muçulmanas, sobre a religião do Islã. Sua sinceridade era óbvia e ele nunca se engajou em argumentos ou debates inúteis destinados ao desastre. Tratava bem as pessoas, com gentileza e compaixão, fazia vista grossa para suas falhas e mau comportamento e, quando tudo falhava, se afastava. Violência, raiva e grosseria nunca foram parte do seu método, nem eram parte do seu caráter. Mostrava paciência em face de adversidade e gentileza diante de tratamento ríspido.
Notas de rodapé:
[1] Saheeh Ibn Hibban. Para mais informação veja (http://islamicencyclopedia.org/public/index/topicDetail/id/390#Doctrines-of-Ibn-Hibban
[2] Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim
Adicione um comentário