Os dez maiores mitos sobre o Islã (parte 1 de 2): Acesso à informação não evita as concepções errôneas sobre o Islã
Descrição: Um breve olhar nos primeiros três dos dez mitos comuns sobre o Islã.
- Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)
- Publicado em 21 Aug 2017
- Última modificação em 20 Aug 2017
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Desde que os muçulmanos saíram da península Arábica para estabelecer o império islâmico tem havido mitos e concepções errôneas em relação ao estilo de vida islâmico. Quase 1.500 anos atrás a adoração ao Deus Único mudou o mundo conhecido. Entretanto, mitos ainda cercam o Islã, apesar de as pessoas do mundo terem acesso a quantidades sem precedentes de informação. Nesse artigo de duas partes examinaremos 10 dos mitos mais comuns que hoje provocam mal-entendidos e intolerância.
1.Islã encoraja terrorismo.
Na segunda década do século 21 esse é provavelmente o maior mito sobre o Islã. Em uma época em que parece que o mundo ficou louco com a matança de inocentes, deve ser reiterado que a religião do Islã estabelece regras muito específicas para guerra e coloca um valor enorme sobre a santidade da vida.
"... que quem matar uma pessoa, sem que esta tenha cometido homicídio ou semeado a corrupção na terra, será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade." (Alcorão 5:32)
A matança de inocentes é completamente proibida. Quando o profeta Muhammad enviou seus companheiros para a batalha, disse: "Vão em nome de Deus e não matem velhos, crianças e mulheres. Espalhem a bondade e façam o bem, porque Deus ama os benfeitores." [1] "Não matem os monges nos monastérios" ou "Não matem as pessoas em seus locais de adoração.[2] Uma vez, depois de uma batalha, o profeta viu o corpo de uma mulher no chão e disse: "Ela não estava lutando. Por que então foi morta?"
Essas regras foram enfatizadas posteriormente pelo primeiro califa do império islâmico, Abu Bakr. Ele disse: "Ordeno a vocês dez coisas. Não matem mulheres, crianças ou pessoas idosas ou doentes. Não cotem árvores frutíferas. Não destruam um local habitado. Não abatam ovelhas ou camelos, exceto para se alimentarem. Não queimem abelhas e não as dispersem. Não roubem do butim e não sejam covardes." [3] Além disso, os muçulmanos são proibidos de empreender atos não justificados de agressão. Nunca é permissível matar uma pessoa que não seja hostil.
"Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos combatem; porém, não pratiqueis agressão, porque Deus não estima os agressores." (Alcorão 2:190)
2.O Islã oprime as mulheres.
O Islã têm as mulheres na mais alta consideração em todas as fases da vida delas. Como filha abre a porta do paraíso para o pai.[4] Como esposa, completa metade da religião do marido.[5] Quando é mãe, o Paraíso está aos seus pés.[6] Os homens muçulmanos devem tratar as mulheres com respeito em todas as circunstâncias porque o Islã exige que as mulheres sejam tratadas com honra e justiça.
No Islã as mulheres, assim como os homens, são comandadas a crerem em Deus e adorá-Lo. As mulheres são iguais aos homens em termos de recompensa na Vida Eterna.
"Aqueles que praticarem o bem, sejam homens ou mulheres, e forem fiéis, entrarão no Paraíso e não serão defraudados, no mínimo que seja." (Alcorão 4:124)
O Islã dá às mulheres o direito de ter propriedades e controlar suas próprias finanças. Dá às mulheres direitos formais de herança e o direito à educação. As muçulmanas têm o direito de aceitar ou recusar propostas de casamento e as casadas são completamente livres da obrigação de sustentar a família. Assim, mulheres casadas que trabalham são livres para contribuir para as despesas da casa ou não, o que acharem melhor. O Islã também dá às mulheres têm o direito de buscar o divórcio, se isso tornar-se necessário.
Infelizmente é verdade que algumas muçulmanas são oprimidas. Infelizmente, muitas não estão cientes de seus direitos e se tornam vítimas de aberrações culturais que não têm lugar no Islã. Indivíduos e grupos poderosos alegam ser muçulmanos e ainda assim não praticam os verdadeiros princípios do Islã. Se as mulheres receberem seus direitos concedidos por Deus, como determinado na religião do Islã, a opressão global das mulheres pode ser eliminada. O profeta Muhammad disse: "Somente um homem nobre trata as mulheres de maneira honrosa. E somente um ignóbil trata as de maneira vergonhosa." [7]
3.Todos os muçulmanos são árabes
A religião do Islã foi revelada para todos os povos, em todos os lugares e em todas as épocas. Embora o Alcorão tenha sido revelado na língua árabe e o profeta Muhammad fosse árabe, seria errado supor que todos os muçulmanos são árabes ou que todos os árabes são muçulmanos. De fato, a vasta maioria dos 1,57 bilhões[8] de muçulmanos não são árabes.
Embora muitas pessoas, especialmente no Ocidente, associem o Islã com países no Oriente Médio, de acordo com o Pew Research Centre quase dois terços (62%) dos muçulmanos vivem na região Ásia-Pacífico e, de fato, mais muçulmanos vivem na Índia e Paquistão (344 milhões combinados) do que em todo o Oriente Médio e África do Norte (317 milhões).
Também de acordo com o Pew, "os muçulmanos compõem a maioria da população em 49 países em todo o mundo. O país com o maior número (em torno de 209 milhões) é a Indonésia, onde 87,2% da população se identifica como muçulmana. A Índia tem a segunda maior população muçulmana do mundo em números brutos (aproximadamente 176 milhões), embora os muçulmanos sejam apenas 14,4% da população total da Índia."
O Islã não é uma raça ou etnia - é uma religião. Assim, os muçulmanos podem existir, e de fato existem, em todas as partes do mundo das tundras alpinas da Escandinávia às águas quentes da costa do Fiji.
"Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros." (Alcorão 49:13)
Notas de rodapé:
[1]Abu Dawood
[2]Imam Ahmad
[3] Tabari, Al (1993), The Conquest of Arabia, State University of New York Press, p. 16
[4] Saheeh Muslim. Em Ahmad e Ibn Majah uma filha é chamada de "escudo contra o fogo" para o pai.
[5]Al-Bayhaqi
[6]Ahmad, An-Nasai
[7]At-Tirmidhi
[8] De acordo com o relatório "Mapping the Global Muslim Population," do Pew Forum on Religion & Public Life.
Os dez maiores mitos sobre o Islã (parte 2 de 2): Mais mitos derrubados
Descrição: Continuação da parte um, na qual examinamos dos mitos quatro ao dez.
- Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)
- Publicado em 21 Aug 2017
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4.O Islã não tolera outras fés e crenças.
Historicamente o Islã sempre respeitou e manteve o princípio de liberdade de religião. O Alcorão e outros textos, inclusive as tradições do profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, pregam tolerância em relação a outras religiões e não crentes. Não muçulmanos que vivem sob governo muçulmano têm permissão de praticar sua religião e até de ter seus próprios tribunais.
5.O Islã só começou há 1.400 anos.
A palavra raiz do Islã (sa-la-ma) é a mesma que é compartilhada com a palavra árabe que significa paz e segurança - salam. Em essência, Islã significa submissão à vontade de Deus e abrange a paz e segurança que derivam de viver a vida de acordo com a vontade de Deus. Assim, ao longo da história qualquer um que praticou o monoteísmo se submetendo à vontade de Deus é considerado muçulmano. Seres humanos têm praticado o Islã desde a criação de Adão. Em todas as épocas Deus enviou profetas e mensageiros para guiar e ensinar seu próprio povo. A mensagem principal de todos os profetas sempre foi que só existe um Deus verdadeiro e único e que somente Ele deve ser adorado. Esses profetas começam com Adão e incluem Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi, João Batista e Jesus, que a paz esteja sobre todos eles. Deus diz no Alcorão Sagrado:
"E não enviamos antes de ti (Muhammad) Mensageiro algum sem que lhe revelássemos que: Não há outra divindade além de Mim. Adora-Me, e serve-Me!" (Alcorão 21:25)
Entretanto, a mensagem verdadeira desses profetas foi perdida ou corrompida com o passar do tempo. Até os livros mais recentes, o Torá e o Evangelho, foram adulterados e, assim, perderam sua credibilidade para guiar as pessoas para o caminho certo. Portanto, 600 anos depois de Jesus, Deus reviveu a mensagem perdida dos profetas anteriores enviando o profeta Muhammad com Sua revelação final, o Alcorão Sagrado, para toda a humanidade. Deus Todo-Poderoso diz no Alcorão:
"E não te enviamos, senão como universal (Mensageiro), alvissareiro e admoestador para os humanos; porém, a maioria dos humanos o ignora." (Alcorão 34:29)
"E quem quer que almeje (impingir) outra religião, que não seja o Islam, (aquela) jamais será aceita e, no outro mundo, essa pessoa contar-se-á entre os desventurados." (Alcorão 3:85)
6.Muçulmanos não acreditam em Jesus.
Os muçulmanos amam todos os profetas. Rejeitar um é rejeitar o credo do Islã. Em outras palavras, os muçulmanos acreditam, amam e respeitam Jesus, que é conhecido em árabe como Issa. A diferença é que os muçulmanos entendem seu papel de acordo com o Alcorão e as tradições e ditos do profeta Muhammad. Não acreditam que Jesus seja Deus, nem o filho de Deus e não acreditam no conceito de Trindade.
Três capítulos do Alcorão destacam a vida de Jesus, sua mãe Maria e sua família, e cada um revela detalhes da vida de Jesus que não são encontrados na Bíblia. Os muçulmanos acreditam que ele nasceu da virgem Maria de um nascimento milagroso, sem um pai e nunca reivindicou ser o filho de Deus ou disse que devia ser adorado. Os muçulmanos também acreditam que Jesus retornará para a terra nos últimos dias.
7.O profeta Muhammad escreveu o Alcorão.
Essa alegação foi feita pela primeira vez pelos oponentes do profeta Muhammad. Estavam desesperados para proteger seus interesses que estavam sendo deixados de lado pelo Islã e tentavam espalhar dúvida sobre a autoria divina do Alcorão.
O Alcorão, foi revelado ao profeta Muhammad, pelo anjo Gabriel, ao longo de 23 anos. O próprio Deus aborda a afirmação no Alcorão.
"E, quando lhes são recitados os Nossos lúcidos versículos, os incrédulos dizem, da verdade que lhes chega: Isto é pura magia! Ou dizem: Ele o forjou!" (Alcorão 46:7–8)
Além disso, o profeta Muhammad era um homem iletrado, incapaz de ler ou escrever. Deus também diz no Alcorão:
"E nunca recitaste livro algum antes deste..." (Alcorão 29:48)
O Alcorão está cheio de fatos surpreendentes. Para provar que o profeta Muhammad não escreveu o Alcorão, perguntamos como um homem do século sete EC podia saber coisas que só recentemente foram aceitas como verdades científicas. Como podia saber como as nuvens de chuva e o granizo se formam ou que o universo está em expansão? Como foi capaz de descrever em detalhes os estágios diferentes do desenvolvimento de um embrião sem invenções modernas como a máquina de ultrassom.
8.A lua crescente é um símbolo do Islã.
A comunidade muçulmana liderada pelo profeta Muhammad não tinha um símbolo. Caravanas e exércitos usavam bandeiras para propósito de identificação, mas era uma cor sólida, geralmente preto ou verde. Os muçulmanos não têm um símbolo representando o Islã da forma como a cruz representa o Cristianismo ou a estrela de Davi representa o Judaísmo.
O símbolo da lua crescente historicamente foi associado com os turcos e antes do Islã era uma característica de suas moedas. A lua crescente e a estrela se tornaram afiliadas ao mundo muçulmano quando os turcos conquistaram Constantinopla (Istambul) em 1453 EC. Escolheram tomar a bandeira e o símbolo existentes da cidade e torná-los o símbolo do império otomano. Desde aquela época o crescente foi adotado por muitos países predominantemente muçulmanos e erroneamente tornou-se conhecido como símbolo da fé islâmica.
9.Muçulmanos adoram um deus lua.
Pessoas mal informadas às vezes referem-se a Allah como uma interpretação moderna de um antigo deus lua. Isso é categoricamente falso. Allah é um dos Nomes de Deus e é chamado por esse nome por todas as pessoas de língua árabe, inclusive números significativos de cristãos e judeus. Allah não está de forma alguma associado com adoração à lua ou deuses lua.
Há pouca informação sobre a religião dos árabes antes do profeta Abraão, mas não há muita dúvida de que os árabes erradamente adoravam ídolos, corpos celestes, árvores e pedras. As deidades mais populares eram conhecidas como Manat, al-Lat e al-Uzza, mas não há evidência vinculando-as com deuses lua ou com a lua.
10.Jihad significa Guerra Santa.
A palavra árabe para guerra não é jihad. O uso das palavras "guerra santa" por pessoas desinformadas pode ter sua base no uso cristão do termo durante as Cruzadas. O termo Jihad é a palavra árabe que significa esforço ou se empenhar. Geralmente é descrita como tendo vários níveis. Primeiro, um esforço interno contra o próprio ego para se aproximar de Deus. Segundo, um esforço para construir uma comunidade muçulmana baseada em justiça social e direitos humanos. Terceiro, é um esforço militar ou armado.
O esforço armado pode ser defensivo ou ofensivo. O jihad defensivo é empreendido quando terras muçulmanas são invadidas ou as vidas, bens e honra das pessoas estão ameaçados. Os muçulmanos enfrentam o inimigo invasor em legítima defesa. No jihad ofensivo são combatidos os que se opõem ao estabelecimento de governo islâmico e ao Islã alcançar as pessoas. O Islã é uma misericórdia para toda a humanidade e veio para tirar as pessoas da adoração de pedras e humanos para a adoração ao Único e Verdadeiro Deus, da opressão e injustiças de cultura, pessoas e nações para a igualdade e justiça do Islã. Uma vez que o Islã se torna acessível para as pessoas, não há compulsão em aceitá-lo - é decisão delas.
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