Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 1 de 7)

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Descrição: Islã evoluindo no coração. Parte 1.

  • Por Jeremy Ben Royston Boulter
  • Publicado em 03 Nov 2014
  • Última modificação em 03 Nov 2014
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Minha descrença antes do Islã

Quando me casei com minha esposa portuguesa, Anabela, tinha uma filosofia que, embora acreditasse em Deus como o Criador e o Poder que impulsionou o universo, não reconhecia que estava obrigado a adorá-Lo (concebia o Poder como não tendo gênero).

Nasci católico romano e cresci acreditando em Jesus como meu Deus e Maria como mãe de Deus - mas isso não se enquadrava bem para mim. Ao contrário, via Jesus e Maria como meios para alcançar Deus, que era o Deus do Velho Testamento.

À medida que cresci, comecei a me desesperar ao compreender vastos trechos do Velho Testamento. O material era denso e as supostas passagens "proféticas" pareciam estar no tempo presente - dirigidas àquelas pessoas de milhares de anos atrás, como se acontecendo com elas ou durante os seus períodos de vida. A confusão aumentou porque abordagens ou ações pessoais às vezes pareciam ser atribuídas ou direcionadas não para as pessoas, mas para cidades e nações.  Deus, por exemplo, parecia considerar Jerusalém como sua esposa e as ações do povo dela como congruente com suas ações.  Deus a chamava de prostituta e apelava frequentemente para que ela se arrependesse e voltasse, tornando-se novamente Sua rainha. O mesmo era verdadeiro para as pessoas, como Jacó, que assumiu o nome de uma nação e as passagens dirigidas a Israel às vezes significavam Jacó.  Jacó com frequência simbolizava seus descendentes, que estavam divididos em dois campos: o campo de Efraim e o de Judá.  Mais uma vez, os nomes desses descendentes de Jacó refletiam a divisão dos filhos de Israel, entre a cidade-estado de Sião e Samaria.

Outras passagens pareciam se referir a eventos e encontros sobrenaturais. A educação de Elias e a aparição de Deus perante Israel pareciam descrever eventos que podem ser explicados como encontros entre raças de tecnologias avançadas e homens simples, não tecnológicos. Dado que muitas outras religiões descrevem os mesmos tipos de encontros com seus "deuses", comecei a suspeitar que essas histórias da Bíblia fossem apenas lendas reunidas e tornadas coerentes em nome de uma hierarquia construída, a Igreja.

Além dessa visão desconfiada que tinha passado a manter, também aprendi sobre perseguições históricas que ocorreram durante e desde os tempos medievais, particularmente os eventos das cruzadas e a inquisição, que se seguiram. De fato, o etos da inquisição foi exportado para o Novo Mundo pelos "conquistadores" espanhóis e portugueses e os papas romanos manobraram para estabelecer riqueza e poder na Europa, através de um reinado de terror maquiavélico. A Família dos Bórgia[1] eram figuras particularmente exemplares nesse respeito.

Finalmente, aprendi sobre a tentativa da Igreja de sufocar e negar o avanço científico até a reforma e a mudança só conseguiu se estabelecer durante a renascença, em período posterior.

Todos esses fatores me levaram a acreditar que o Deus da Bíblia e as descrições do paraíso e inferno ensinadas pela Igreja eram falsificações, designadas para subjugar e pacificar a vasta maioria da população sob o governo de uma elite minoritária.

Confusão Tortuosa

Existe um impulso primordial nos homens em adorar o que os criou e se voltar para Ele quando em necessidade, e não se pode apelar para nada além Dele para eliminar perigos ou confusão.  Ouvia as pessoas exclamarem em situações extremas "pelo amor de Deus", "Ó Deus!", e coisas semelhantes, apelando por socorro.  Ainda assim, quando a ajuda chega e se sentem seguras novamente, agradecem os agentes vivos que as ajudaram nesse mundo ou suas divindades favoritas no mundo do oculto. Em minha própria desorientação, me refugiei no conceito de Força ou Poder que descrevi anteriormente - o Criador único e não material, com quem os homens (individualmente) interagiam em um nível pessoal, sem qualquer mediação de agentes ocultos ou ajuda de outros seres humanos.

A rota adotada até essa conclusão foi longa e tortuosa, com os conceitos sendo elaborados um após outro, a partir de minhas leituras de ficção científica e teorias de conspiração primitivas.  Li, por exemplo, "Carruagens dos Deuses" de Erich Von Däniken" [2] e "O Experimento Filadélfia" [3] de Charles Berlitz e William Moore, o primeiro deu credibilidade a ideia de a religião ser "fabricada" e o segundo abriu meus olhos para o que pode ser encoberto pela elite da sociedade e os governos nesse mundo. Entretanto, nem toda nação e governo pode estar na grande conspiração, se tal coisa existir, e o lugar natural para buscar confirmação ou contradição era outras religiões. Para mim, as "outras religiões" eram o Hinduísmo e suas ramificações, em particular o Budismo. Então, procurei saber mais a respeito delas de dentro.

Os ramos mais visíveis do Hinduísmo em Londres, onde morava, eram os monges coloridos de laranja do templo de Krishna [4]e me vi recrutado para sua seita. A meditação ritual fazia bem e seu uso amplo definitivamente fornecia um efeito calmante sobre os devotos - confirmando que pregava um tipo de pacificação das pessoas. Sua história da criação também era repulsiva. Quem quer admitir a origem do mundo como sendo uma vaca cósmica vasta, mas morta, ou que evoluiu dos excrementos dela?  Logo deixei a seita tão abruptamente quanto entrei e fui para o Budismo.  Sabia que o anterior era uma ramificação da mãe do outro, então não estava tentado a tentar e praticar o Budismo.  Ao invés disso, tentei descobrir seu conceito chave de vida e vida após a morte.  Logo descobri que, como o Hinduísmo, a outra vida era concebida como uma série de reencarnações e que estávamos presos às nossas vidas na roda do destino. Entretanto, ao invés de buscar unidade com a mente cósmica de Deus, a perfeição do Nirvana, os budistas buscam alcançar iluminação e liberdade do ciclo de nascimento e morte. Essa iluminação nega o ego, porque ele deve submeter sua jurisdição para alcançá-la e deixar o infinito e o incognoscível tomar conta.  Falando de maneira estrita, o Budismo é uma filosofia religiosa que adota o ego humano como o único deus que domina a vida, cujo caminho é para um objetivo sem Deus na outra vida.

Na busca de eliminar a orientação do ego, o Budismo pode ser visto como o conceito marxista de "ópio do povo" [5]. Torna-as tratáveis e controláveis pela elite em sociedade, mas e maneiras de "enfrentar o sistema"?  E sobre religiões pré-históricas ou religiões que tinham deixado de existir? Uma das primeiras formas de religião que aprendi a respeito foi o totemismo[6]. O totemismo postula a existência de um espírito equivalente a um sinal no mundo real, geralmente um animal. Uma tribo inteira pode ter um totem coletivo, como um urso da caverna, enquanto indivíduos podem possuir um totem individual, como o lobo cinzento. Além disso, se alguém procura ajuda em um empreendimento particular, como uma caça, o totem do animal caçado pode ser consultado para obtenção de sinais de onde ele pode estar.

Há uma conexão clara a oráculos mágicos no uso de rituais totemísticos, apontando para a existência de forças ocultas no mundo. Também há outros caminhos para essas forças, como astrologia e adoração da natureza. Um dos meios de adoração pertencentes a última categoria concebe a terra como Gaia[7], a mãe de tudo na natureza e os padrões de interação entre as criaturas do sistema ecológico. Gostei muito dessa ideia de que a terra era um indivíduo viável que deve ser respeitado e capaz de nos guiar e proteger os guiados, enquanto pune aqueles que trabalham contra ela e não receberão orientação. Não muito tempo atrás, um homem chamado James Lovelock foi capaz de expressar como me sentia no livro chamado "The Revenge of Gaia"[8], publicado em 2006. 

Entretanto, a terra é uma tela muito estreita para um criador universal e o segundo caminho era ainda mais atraente para mim. Pertence aos céus e os céus são muito mais amplos. A Astrologia [9] atribui significados e influências aos corpos celestes e suas posições nos céus na hora do nascimento determinam o destino de um indivíduo. Também se apoiam na posição da esfera celestial em um dado ponto no tempo e espaço na superfície da terra para arriscar previsões do que pode ocorrer no caminho do destino e, assim, dar conselho sobre decisões das pessoas dentro da esfera de influência daqueles que preveem eventos. Por um tempo tornei-me um astrólogo amador, porque sentia que estava em contato com uma força universal, ao contrário de uma força local. 

Então encontrei um homem que me levou de volta para minha religião de nascimento, para buscar respostas universais. Não consigo lembrar o nome dele, infelizmente, mas era da Irlanda e sua religião era a católica romana, como a minha tinha sido. Sua perspectiva, entretanto, não era tão inflexível como as de alguns católicos convictos que encontraria depois. Aconteceu de ele me encontrar enquanto eu lia um livro chamado Ômega de Stewart Farrar[10], que me deu uma perspectiva em bruxaria e na religião Wicca. Tivemos uma enorme discussão que durou quase um dia, enquanto sentávamos em uma praia em Algarve, Portugal. Ele estava tentando descrever o conceito de Deus e prontamente concordou comigo que Jesus não era Deus. Deus era algo imaterial, poder invisível e que reinava sobre tudo. Com a informação que tive de Stewart Farrar, descrevi que o que sentia era a essência da Divindade e minha relação, ou a relação do mundo, com ela. Sentia que "Deus" era o iniciador divino, cujo "caminho" eram as Leis do mundo natural. Disse que acreditava que cada mundo era diferente e se comportava de acordo com suas próprias leis, mas havia uma lei geral orientadora do universo, que era Deus e Sua Orientação: trabalhar "com o fluxo" significava "bem" enquanto trabalhar contra o fluxo significava o mal. Exemplos de trabalhar "com o fluxo" é usar as medicinas da natureza para cura, enquanto "contra o fluxo" é fabricar agentes químicos que imitam os efeitos da medicina da natureza; trabalhar com o fluxo seria ecologicamente correto, enquanto que contra o fluxo causaria poluição, etc.

Esse era meu estado quando me casei com minha esposa portuguesa. Ela era católica romana, mas em grande parte não praticante. Logo ela ficou grávida e meu primeiro filho veio ao mundo.



Notas de rodapé:

[1](‏ ‏http://www.reformation.org/in-the-pillory.html)

[2]‏ (http://en.wikipedia.org/wiki/Chariots_of_the_Gods%3F)

[3]‏ (http://www.amazon.com/exec/obidos/ASIN/0449214710/stevejacksongame)

[4](http://www.iskcon-london.org/temple.html)

[5]‏ (http://en.wikipedia.org/wiki/Opium_of_the_people)

[6](http://www.thefreedictionary.com/totemism)

[7](http://www.pantheon.org/articles/g/gaia.html)

[8]‏ (A Revanche de Gaia) (http://en.wikipedia.org/wiki/The_Revenge_of_Gaia)

[9](http://www.scribd.com/doc/2578598/Encyclopedia-of-Astrology-Nicholas-deVore)

[10](http://www.fantasticfiction.co.uk/f/stewart-farrar/omega.htm)

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Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 2 de 7)

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Descrição: Islã evoluindo no coração.  Parte 2.

  • Por Jeremy Ben Royston Boulter
  • Publicado em 10 Nov 2014
  • Última modificação em 10 Nov 2014
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Retornando a Deus

Jeremy_Ben_Royston_Boulter__Ex-Christian__UK_(part_2_of_7)_por-BR_001.jpgDurante os primeiros anos de casamento, era amigo de um homem que amava caminhar nas montanhas e ficar nu em seclusão.  Era tanto um naturalista [1] quanto naturista[2] em termos de perspectiva e levou a mim e minha esposa naquela direção.  Naturalmente, quando Andrei Micael nasceu, eu advogava um batismo mais natural que um com "água benta" de um recipiente em pedra fria sendo jogada em sua cabeça por um padre católico.  Ao invés disso, queria subir as montanhas e mergulhá-lo em um córrego, assim como João Batista [3]batizou os judeus arrependidos no rio Jordão.  Claro, não me dei conta de que o batismo era algo que se devia fazer quando adulto, ao contrário de quando criança. O quanto uma criança pode se arrepender? Não fizeram nada do que se arrepender.  Meu verdadeiro batismo eu mesmo fiz, quando eliminei meu estado anterior em purificação ritual ao me tornar muçulmano. 

A mãe de minha esposa começou a nos visitar no verão, a primeira vez apenas para ver Andrei, acho eu.  Como minha esposa, ela era católica romana.  Ao contrário de minha esposa, entretanto, era uma crente ávida na mediação de Maria, a mãe de "Deus", nos santos em seus túmulos e no menino Jesus.  Com esse fim usava um crucifixo no pescoço e visitava assiduamente os santuários de Maria (incluindo o Santuário de Fátima[4]  e Nossa Senhora de Lurdes[5]) pelo menos uma vez ao ano, e fazia peregrinação ao Santuário de São Benedito[6]toda vez que vinha a Braga, onde minha esposa e eu vivíamos.  Ela tinha uma pequena estátua de Maria com uma criança que ela costumava colocar em sua própria mesa especial (como um altar) no canto do quarto dela e mantinha uma fotografia antiga de uma pintura de Maria (a mãe de Jesus) segurando uma taça com um coração sangrando em sua carteira.  Costumava se ajoelhar em frente à pequena estátua antes de dormir todas as noites e a foto mantinha quando viajava, tirando-a da carteira para beijar quando queria rezar.

Para mim todas essas ações eram abomináveis, totalmente contra meu conceito primitivo de Força universal ou Poder, um Criador e Sustenedor único que permeava o universo e também de Deus como Ele é descrito na Bíblia.  Tornei-me determinado a convencer minha sogra a parar sua adoração idólatra de seres humanos (mortos) como mediadores com Aquele que ouve.  Mas como?

De volta à Bíblia

Primeiro tentei usar a lógica.  Como homens mortos podem ouvir? Como conhecemos a devoção deles? Não foram homens que os transformaram em "santos"? E com a autoridade de quem foram feitos santos? Não eram homens, como nós? Mas não teve jeito.  Finalmente decidi usar a arma da própria escritura dela, porque sabia que o primeiro mandamento [7] na Bíblia era

"Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão. Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, ne­nhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto." (Êxodos 20:2-5[8])

Se era esse o caso, então haveria mais evidência de que Deus é Único e imaterial e somente Ele pode nos ouvir.

Ao longo dos anos que mantive minha persuasão regular (de verão) com ela, comecei a apreciar que a Bíblia de fato contradizia o que a Igreja ensinava sobre a "divindade" de Jesus e afirmava claramente que Deus é Único.  Negava completamente a licença [9] que tomamos de adorar ídolos[10] ou usá-los como foco de nossa oração.  Então, minha crença no Deus de Abraão lentamente aumentou até que meu único medo era que pudesse estar errado.  E se, apesar de minha forte crença de que não era verdade, fosse Jesus quem sentasse no Trono do Juízo no Último Dia? Estaria em apuros.  A evidência na Bíblia era ambígua sobre esse ponto, uma vez que o Apocalipse de João [11] parecia indicar que seria ele.

Dívidas

Essa era minha situação quando constatei a necessidade de procurar um emprego que me ajudasse a escapar de minhas dívidas pesadas em casa.  Durante esse período, decidi abrir mão de meu emprego no British Council em Portugal e arriscar uma escola de idiomas própria em Braga.  Queria estar por perto para a educação de meu filho.  Ao mesmo tempo decidi comprar uma casa, que seria como alugar um apartamento, exceto que seria proprietário no final do processo.  Minha escola, entretanto, não deu certo e terminei não só devendo muito dinheiro ao banco pela minha casa, mas também pelo capital inicial que tinha tomado emprestado.  Quando fechei minha escola dois anos depois de tê-la aberto, tolamente não declarei falência e, ao invés disso, usei meu "cartão de visitas" para me tornar um professor freelance de inglês.  Embora isso me ajudasse a sentir que podia ser capaz de sobreviver, o capital que devia não diminuiu apreciavelmente.  Precisa de algum plano alternativo.  Minha esposa então sugeriu que procurasse por um emprego bem remunerado no exterior para lidar com o problema, destacando que muitas conhecidas tinham maridos no exterior que tinham conseguido dinheiro suficiente para construir casas para as famílias no país natal. 

O dia que decidi que precisava conseguir um emprego lucrativo no exterior foi, de fato, um dia terrível.  Estava em profunda tristeza porque as coisas estavam se intensificando.  Era incapaz de acompanhar os juros dos repagamentos dos empréstimos dos eletrodomésticos, da hipoteca, dos nossos carros e das dívidas que tinha acumulado gerindo a escola de idiomas por três anos com perdas. Via escuridão à minha frente - e nenhum meio local de sair do buraco de dívidas no qual estava.  Sentia-me quase suicida, pensando que a morte me permitiria escapar das dívidas.  Não sabia, na época, que a dívida era uma das coisas que podia impedir uma pessoa de entrar no paraíso e que a morte não significava que tinha escapado de suas obrigações.

Uma noite me ajoelhei ao lado de minha cama, olhando para o oeste, e extravasei meus problemas com Deus.  Disse a Ele que estava desesperado, no fim de minhas forças e não conseguia me ver capaz de sustentar minha esposa e filho e nem a mim mesmo.  Implorei a Ele que me desse uma saída, um caminho para uma vida boa para todos nós.  De algum modo sabia que Ele estava ouvindo e meu coração se aliviou enquanto supliquei.  No fim, me senti confortável o suficiente para apoiar minha cabeça novamente e voltar a dormir. 

Os eventos seguintes provaram que Ele havia respondido minha oração.  No dia seguinte estava procurando no EFL Gazette e encontrei vários anúncios para vagas no exterior no British Council.  Quando os mostrei, minha esposa me aconselhou a procurar trabalho no Oriente Médio ou no Extremo Oriente, onde os salários eram relativamente altos.  Então me inscrevi para instituições em Omã, Arábia Saudita, Brunei, Taiwan, Japão e Coreia.  O British Council fez uma entrevista comigo, mas não fui escolhido para nenhum de seus locais.  Um funcionário em Taiwan me escolheu e ofereceu um emprego, mas quando aceitei o processo nunca era acompanhado por eles.  Quando comecei a sentir que todas as portas estavam se fechando na minha cara, uma das minhas últimas opções, uma universidade na Arábia Saudita, me ofereceu uma posição como professor de inglês, e eu a aceitei.  Louvado seja Deus!  Pensei que ele tinha Me respondido financeiramente, mas a dádiva real estava por vir de uma direção inesperada.



Notas de rodapé:

[1](http://religiousnaturalism.info‏/‏)

[2](http://simple.wikipedia.org/wiki/Naturism)

[3](http://www.abu.nb.ca/courses/ntintro/lifej/johnbaptist.htm)

[4](http://www.santuario-fatima.pt/)

[5](http://www.our-lady-of-lourdes.com/sanctuary)

[6](http://www.sbento.pt/index.html)

[7]‏ (http://www.biblegateway.com/passage/?search=Deuteronomy%205:6-9&version=NIV)

[8]‏ (http://www.biblegateway.com/passage/?search=Exodus%2020:2-5&version=NIV)

[9]‏ (http://www.biblegateway.com/passage/?search=Psalm%20115:3-8&version=NIV)

[10]‏ (http://www.biblegateway.com/passage/?search=Jeremiah%2010:1-16&version=NIV)

[11](http://www.biblegateway.com/passage/?search=Revelation%2022:3&version=NIV)

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Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 3 de 7)

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Descrição: Islã evoluindo no coração.  Parte 3.

  • Por Jeremy Ben Royston Boulter
  • Publicado em 10 Nov 2014
  • Última modificação em 09 Nov 2014
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Um Novo Começo

Jeremy_Ben_Royston_Boulter__Ex-Christian__UK_(part_3_of_7)_por-BR_001.jpgQuando meus amigos souberam que estava indo para o Golfo, fui inundado com avisos.  Disseram que não teria nada para fazer na Arábia Saudita e me sentiria restrito.  Fui avisado que poderia ser enganado e tratado como um escravo.  A cultura não era produtiva e eu choraria de tédio.  Entretanto, sabia que era minha saída e, como sempre faço quando vou para um lugar ou cultura diferente do meu, tentei abandonar meus preconceitos culturais e planejei testar a sociedade da qual faria parte por seus méritos. 

Fui agradavelmente surpreendido na chegada ao notar a amabilidade geral que recebi dos sauditas.  Ao invés da distância arrogante, ética questionável e honra sensível que esperava, fui saudado com afabilidade, curiosidade e portas abertas.  Meus hóspedes fizeram de tudo para me agradar, um estranho em sua terra.  Não que não tenha encontrado uma parcela justa de hipocrisia.  Os estrangeiros do Paquistão, Bangladesh e outros países do Extremo Oriente eram seriamente explorados e tratados injustamente, aos meus olhos, pela maioria árabe.  Mas não vi nenhuma dessas condescendências quando aplicaram sua sociedade a mim.  Entretanto, não foi sua cultura ou sociedade que me atraíram ao Islã.  De fato, se fosse julgar o Islã pela cultura, teria ido na direção oposta, acho.  Foi outra coisa.

A Motivação

O ímpeto ou catalisador que me modificou de vagamente religioso a totalmente submisso a Deus começou com um evento aparentemente inócuo.  Ao descer em solo saudita cedo pela manhã pela segunda vez (em 24 horas) no Aeroporto Ha’il, um aeródromo pequeno e provinciano, ao invés de um terminal de passageiros plenamente equipado, fui confrontado com uma grande placa verde com as palavras "Escritório de Orientação e Propagação Islâmica Ha’il", seguido de um número de telefone em inglês.  Lembro-me de ter ficado surpreso que a placa estivesse em inglês, mas não prestei muita atenção.

A picape da universidade chegou e me levou a universidade, onde meu passaporte foi checado e preenchi um formulário de chegada.  Então fui enviado para o chefe do departamento de Inglês.  Quando entrei no escritório dele, fui confrontado com um homem em vestimentas sauditas.  Mas não parecia um árabe, para meu olho não treinado.  Ele deve ter se sentido um pouco desconfortável por eu estar olhando fixo para ele, tentando entender suas origens, mas ele lidou bem com a situação.  Mais tarde descobri que ele era britânico e tinha se convertido em Brunei, antes de vir para a Arábia Saudita.  Disse-me que eu tinha o resto da semana para me acomodar, o que significava que tinha cinco dias antes de começar oficialmente a ensinar.  Fui enviado de volta para o homem encarregado da recepção de pessoal e alojamento, que me levou na picape para escolher meu espaço.  Logo que me acomodei, constatei que não tinha nada para fazer e quatro dias pela frente.  Então, com a memória da aparência estranha do "não saudita" ainda em minha mente, lembrei da placa em inglês e comecei a pensar na religião do país. 

Agora sabia que a Bíblia[1] e o Torá[2] eram parte dela.  Tinha lido alguns dos livros dos hindus, o Bhagwad Gita[3], e também li livros práticos de outras teorias religiosas e não religiosas sobre religião.  Entretanto, nunca tinha lido o Talmude[4] e nem qualquer dos livros dos muçulmanos, que sabia que chamavam de Alcorão[5].  De alguma forma tinha sempre tido a impressão que esses dois livros estavam "fora do alcance" de não judeus e não muçulmanos.  E tinha pensado que eram exclusivamente em idiomas semitas, que não conhecia.  Entretanto, a placa em inglês me fez pensar que talvez pudesse encontrar uma tradução em inglês do Alcorão em árabe no instituto.  Talvez fosse uma oportunidade de lê-lo e julgar a fonte da religião por mim mesmo.

Imediatamente parti para o centro da cidade para procurar o local.  O centro de Ha’il tinha um bloco de escritórios de seis andares que chamavam de Al-Bourj, que significa "a torre", o único edifício alto na cidade.  A estrada que caminhei passava logo atrás dele, à esquerda, terminando no shopping.  Do lado direito do lado oposto da estrada o bourj era o mercado de legumes, que depois vim a saber também servia como local de execução.  Onde minha estrada e a via principal se cruzavam no bourj, encontrei a mesma placa que tinha visto no aeroporto.   Estava convenientemente escrita em uma placa de sinalização que apontava na direção diagonal do outro lado da rua, mas olhando para as fachadas das lojas, todas em letras árabes que era incapaz de ler, não consegui identificar o local.  As lojas estavam todas fechadas por ser de tarde e não pude fazer perguntas.  Não tinha ideia de quando as lojas abririam novamente e decidi ir para meu novo lar, comprar alguns suprimentos, descansar e tentar novamente pela manhã. 

O dia seguinte era terça-feira e fui novamente para a cidade assim que tomei o café da manhã.  No caminho passei por várias livrarias e ciente de como tinha sido difícil achar o escritório de propagação, parei em todas.  Nenhuma delas tinha livros em inglês, muito menos o Alcorão e, tanto quanto pude entender, me direcionaram para o bourj.  Dessa vez fiquei logo abaixo da placa e esperei até que um policial viesse na motocicleta.  Quando ele passou do outro lado da estrada, acenei para ele como um louco.  Ele cruzou a estrada e parou sua motocicleta no começo do mercado de legumes.  Eu o chamei e usando gestos consegui transmitir o que queria saber.  Ele apontou para o outro lado da estrada e, quando ainda assim não conseguia ver, para o telhado de uma casa onde havia uma cópia da placa que tinha visto no aeroporto.  Como me senti estúpido.  Fixei meus olhos nas placas acima das fachadas das lojas e o lugar estava bem na minha cara! Finalmente encontrei meu alvo e fui para as lojas abaixo dele, encontrando uma livraria cheia de pessoas de todo o sudeste da Ásia e Oceania.  Considerei que a livraria pertencesse ao centro.

O Encontro

Como disse antes, a livraria estava cheia de gente e os livros eram em muitos idiomas diferentes, mas era muito tímido para perguntar algo e ser mal compreendido. Não conseguia falar nenhuma daquelas línguas.  Olhando pelas prateleiras não vi edições volumosas e todos os títulos em inglês pareciam ser sobre Jesus ou explicações de áreas religiosas particulares.  Notei que havia algumas escadas nos fundos próximo à caixa registradora da loja, levando ao próximo andar.  O policial tinha me indicado que os escritórios do Centro de Orientação eram no andar de cima e, então, na vaga esperança de que pudesse encontrar uma sala de leitura ou algo assim, subi as escadas nos fundos da livraria, sorrindo para as pessoas por estar consciente de minhas limitações com a língua.

No topo das escadas havia uma enorme sala vazia que parecia uma sala de reunião.  Junto a ela encontrei uma sala que tinha uma mesa enorme em seu centro e prateleiras em todo o redor, mas apenas pouquíssimos livros desgastados - talvez aquela sala de leitura pela qual tinha ansiado.  Infelizmente os livros eram todos em idiomas estrangeiros - letras estrangeiras que não conseguia ler.  Comecei a me desesperar em encontrar algo que queria por conta própria ou obter o que queria em uma terra que não falava minha língua.   Felizmente um dos funcionários do escritório me perguntou o que eu queria ou que estava fazendo lá, ou algo dessa natureza (ele falou em seu idioma, que não pude entender).  Respondi em inglês, dizendo que estava procurando por uma cópia do Alcorão para ler.  Ele indicou que eu devia esperar, porque traria alguém.  Então, esperei. Talvez uma solução estivesse a caminho.

Um homem alto e de barba entrou na sala em que eu aguardava.  Passei a conhecê-lo depois como irmão Abu Abdurrahman, meu professor e mentor, mas na época, era apenas outro "saudita" que podia ser capaz de me ajudar a obter o que queria.  Perguntou-me em inglês o que eu queria e disse a ele que queria ler o Alcorão.

"Por que você quer fazer isso?", me perguntou ele.

"Quero compará-lo com a Bíblia." Respondi.

"Por quê?"

"Você sabe, ver se é parecido."

"Você quer conhecer o Islã?"

"Bem, sim, suponho."

"Por que não lê esse panfleto?" Disse ele, me mostrando um panfleto que dizia "Quem é Deus?" Não queria saber a visão islâmica de teologia ou religião.  Não era atrás disso que estava.  Queria olhar a escritura, compará-la com o que estava na Bíblia.

"Não. Mas quero de fato ler sobre o Islã. Quero o livro," disse.

"Sério? É melhor se ler mais sobre a religião antes", insistiu.

"Não estou interessado na religião em si" disse, tentando não ofender. "Só quero ler o livro."

"O livro não é um jogo", disse ele.

"Não estou jogando", disse.  "Estou seriamente interessado no que ele diz."

"Ok. Verei o que posso fazer", disse ele, concordando.  Agradeci e ele saiu da sala. 



Notas de rodapé:

[1]http://quod.lib.umich.edu/r/rsv/about.html

[2]http://bible.ort.org/intro1.asp?lang=1

[3]http://www.bhagavad-gita.us/

[4]http://www.sacred-texts.com/jud/talmud.htm

[5]http://quran.com/

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Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 4 de 7)

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Descrição: Islã evoluindo no coração.  Parte 4.

  • Por Jeremy Ben Royston Boulter
  • Publicado em 17 Nov 2014
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O Livro

Jeremy_Ben_Royston_Boulter__Ex-Christian__UK_(part_4_of_7)_por-BR_001.jpgQuando ele voltou, carregava um livro grosso em uma capa brilhante.  Segurava-o gentilmente, protegido em suas mãos.  Disse-me que não era uma tradução, mas uma explicação dos significados do Nobre Alcorão[1] em inglês.  Aquilo me confundiu e reiterei que queria uma tradução.  Ele disse que era uma tradução, mas nenhuma tradução era o mesmo que o original, razão pela qual era chamada de "uma explicação do significado". 

Sem entender realmente sua linha de raciocínio, aceitei.  Passou pela minha cabeça que era melhor que nada.  Ele parecia saber o que se passava em minha mente.  Então, sendo o bom psicólogo que era, começou a passá-lo para mim, mas recuou quando estendi a mão para pegá-lo.

"Existem três - não, quatro - condições que você tem que aceitar antes que eu o dê a você", disse ele.

"Que condições?" Perguntei nervosamente.

"Primeiro, por favor não o coloque no chão ou nem mesmo em uma cadeira. Você pode acidentalmente pisar ou sentar em cima, o que é desrespeitoso com o livro sagrado." Bem, podia entender aquela condição.

"Segundo, sei que é o hábito de algumas pessoas lerem enquanto estão no banheiro." Ele estava correto.  Eu mesmo fazia isso às vezes. 

"Por quê?" Perguntei. 

"Não faça isso com o Alcorão. O lugar onde faz suas necessidades não é o lugar para lê-lo. Não deve levá-lo para o banheiro com você." Bem, podia ver onde ele estava chegando, embora achasse um pouco minucioso.  Mas estava disposto a seguir aquela condição também; qualquer coisa para consegui-lo, pensei. 

"Terceiro, sempre que parar de lê-lo, coloque-o em uma prateleira, ao invés de deixá-lo de fora. Demonstra cuidado." Sem problemas, pensei.  Mostra que os muçulmanos se preocupavam e respeitavam muito o Alcorão.

"Quarto, tente não colocar o Alcorão aberto e virado para baixo para marcar o lugar." Isso era muito estranho, pensei.

"Por quê?" Perguntei.  A pergunta estava ficando repetitiva.

"A palavra de Allah não deve ficar virada para baixo. Deve ficar para cima. Se precisar marcar o lugar, existe um marcador de fita preso a ele que você pode usar." Bem, claro! Pensei.  Deve ser pela mesma razão que a Bíblia também tem um!

"Aceito essas condições", disse em voz alta.

Ele me pediu para vir e dizer a ele como estava indo, algo a que não dei muita atenção na época e me apressei com meu prêmio.  Não podia esperar para chegar a casa e me jogar de cabeça naquele mesmo dia, especialmente porque no dia seguinte seria quarta-feira, meu último dia livre antes do final de semana saudita, que era quinta e sexta-feira.

O Catalista

Durante a semana seguinte, li o Alcorão.  Comecei do começo e li direto até o segundo capítulo.  De alguma forma esperava que o livro fosse um relato da vida do profeta dos muçulmanos, algo como o Evangelho ou os livros de Moisés na Bíblia.  Mas não era o que estava lendo. 

Desde o início, me cativou por aparentemente falar diretamente para mim.  Não havia "Deus disse "isso e aquilo" ou "O profeta disse "isso e aquilo"", como se fosse relatado por outros em referência ao que um profeta tinha dito sobre Deus ou o que um profeta tinha relatado das palavras de Deus. Na verdade, senti como se estivesse recebendo a revelação direto do próprio Deus. Ele falava direto comigo e Suas palavras impactavam diretamente meu coração.

Logo me vi chorando, à medida que me reconhecia, e a membros de minha família, nas descrições do povo do livro e de suas crenças (equivocadas) e posições obstinadas.  Até algumas das atitudes e crenças dos descrentes, hipócritas e politeístas ecoavam algumas de minhas atitudes e as atitudes das pessoas que conhecia no Ocidente.  Meu coração doía de preocupação com o destino possível de meus parentes e tremia de medo com o meu, agora incontestável, destino se continuasse no caminho que estava trilhando.

Depois de ler os primeiros capítulos grandes, Al-Baqarah[2], Ali-'Imran[3], An-Nisa[4], Al-Ma'idah[5]e Al-An'am[6], pulei parte do livro, buscando os capítulos mais curtos.  Mas mesmo os capítulos mais curtos, em torno de 60 versículos ecoavam os cinco grandes.  Entretanto, quando cheguei à parte final, os capítulos repentinamente não tinham mais que duas ou três páginas, alguns apenas uma página e meia.  E os tópicos eram agora mais restritos.

Então os capítulos cabiam em uma página ou menos que uma página, até que houvesse mais que um capítulo em cada página.  Naquele ponto um daqueles pequenos capítulos repentinamente se iluminou.

"Dize: Ele é Allah, o Único.

Deus! O Absoluto!

Não gerou e nem foi gerado.

E ninguém é comparável a Ele!"

Esse era o coração do Alcorão o que entendi como sua Verdadeira mensagem[7].  Soava tão correto para mim.  Era assim que me sentia sobre Deus em minha própria religião inventada, apesar do que as igrejas de minha religião ensinavam sobre a divindade de Jesus e o conceito de Trindade.

A Gota d’Água

Será que os muçulmanos acreditavam em um Criador, Único, Base e Impulsionador do universo? É realmente verdade que esse Deus repudia qualquer possibilidade de procriação, de Si mesmo ou de ter sido procriado a partir de outro?  Essa religião realmente confirma o que acho que é verdadeiro? E, se sim, isso não significa que tenho um dever que negligenciei todo esse tempo?

Esses pensamentos e questões ficaram em minha mente.  Tinha que verificar com os únicos muçulmanos com quem tinha mais que um ligeiro conhecimento, dois colegas na universidade.

Parei-os nas escadas que levam ao portão principal do prédio principal.  Estavam cientes de que eu estava lendo o Alcorão e prontamente pararam, felizes por serem capazes de responder a uma pergunta que eu pudesse ter.  Desculpei-me por tomar o tempo deles e fui direto para essa maravilhosa descoberta que tinha feito.

"Estou lendo seu Livro", disse, "e encontrei um versículo que parece resumi-lo."

"Que versículo é esse?" Perguntou Isma’il Rostron, o convertido.

"Aqui. Logo no final. Diz:

"Dize: Ele é Allah, o Único.

Deus! O Absoluto!

Não gerou e nem foi gerado.

E ninguém é comparável a Ele!"

É tudo para o qual o livro direciona!"

"Sim, está certo", disse Isma’il.

"Engraçado que você diga isso", disse Jamal.  Era britânico de origens paquistanesas e muçulmano de nascimento. 

"Há uma história sobre um dos companheiros do profeta [8], transmitida até nós através das tradições do profeta, que Allah o louve."

"Qual história?" Encorajei.

"Havia um homem, um comandante de jihad, que costumava liderar seus companheiros em oração com uma recitação. Ao concluir a parte do Alcorão depois de recitar A Abertura, ele completava com a recitação "Dize: Ele é Allah, o Único." Quando retornaram, mencionaram isso ao profeta, que Allah o louve, e ele disse "Perguntem por que ele faz isso!". As pessoas foram e perguntaram a ele e o comandante disse "Porque essa é a descrição de Allah e eu amo recitá-la." Então, quando as pessoas relataram isso a ele, o profeta, que Allah o louve, disse "Informem a ele que Allah, o Altíssimo, o ama.""

"Sério?" Perguntei, sentindo-me um pouco aturdido por essa confirmação.

"Sim," disse Jamal.  "E existe outra que diz exatamente o quanto da mensagem do Alcorão está nesse capítulo." [9]

Estava ansioso.

"Um homem ouviu outro recitando: "Dize: Ele é Allah, o Único" de novo e de novo até as primeiras horas da noite. Então, quando a manhã chegou, o homem foi para o profeta, que Allah o louve, e mencionou isso a ele como se estivesse menosprezando. O profeta, que Allah o louve, disse: "Por Aquele em Cujas Mãos está minha alma, verdadeiramente o capítulo e sua mensagem equivalem a um terço do Alcorão."

"Então, vê? Você está certo. É para o que a maior parte do Alcorão direciona", continuou ele.

Estava convencido.  Os muçulmanos realmente acreditavam nesse princípio, sem condições ou exceções e não era permitido nenhuma aproximação com a trindade ou mediadores.  Esse era O Deus com O qual podia me identificar.

"E sobre os outros terços?" Perguntei.

"Um terço consiste das histórias dos profetas e lições que aprendemos com seus exemplos."

"O que você quer dizer?"

"O que os profetas fizeram e disseram, como proclamaram a mensagem a seus povos e como interagiram com suas famílias e comunidades."

"Entendo. E a última parte?"

"São os comandos de Allah referentes a como vivemos individualmente e como comunidade", disse ele.  "Coisas como estatutos legais referentes a casamento, divórcio, educação dos filhos; purificação, oração, jejum e peregrinação; o lícito e o proibido na alimentação e interação social; lei e punição."

Decidi que precisava ir e refletir sobre as implicações.



Notas de rodapé:

[1](http://www.quraan.com/index.aspx?tabindex=1&tabid=27)

[2](http://www.quraan.com/index.aspx?tabindex=1&tabid=27&bid=2)

[3](http://www.quraan.com/index.aspx?tabindex=1&tabid=27&bid=3)

[4](http://www.quraan.com/index.aspx?tabindex=1&tabid=27&bid=4)

[5](http://www.quraan.com/index.aspx?tabindex=1&tabid=27&bid=5)

[6](http://www.quraan.com/index.aspx?tabindex=1&tabid=27&bid=6)

[7](http://www.tafsir.com/default.asp?sid=112&tid=59484)

[8](http://www.tafsir.com/default.asp?sid=112&tid=59492)

[9] (http://www.tafsir.com/default.asp?sid=112&tid=59502)

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Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 5 de 7)

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Descrição: Islã evoluindo no coração.  Parte 5.

  • Por Jeremy Ben Royston Boulter
  • Publicado em 17 Nov 2014
  • Última modificação em 17 Nov 2014
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Três condições

Acabei pensando sobre a dor no coração que sentia por minha família e decidi aguardar até que três coisas estivessem claras, antes de abraçar o Islã.

1.    Minha esposa aceitar a religião, como eu tinha feito.

2.    Concordar em deixar o emprego e vir morar comigo na Arábia Saudita.

3.    Um problema (pessoal) que houve entre nós ser superado.

Em outras palavras, prometi esperar até que todas as condições fossem ótimas e não me tornaria oficialmente um muçulmano até então.

Comecei a conversar com minha esposa sobre o que tinha descoberto.  Embora estivesse tentando não soar exagerado, meu assombro com o que tinha descoberto e meu endosso devem ter sido esmagadores.  Escrevia um e-mail atrás do outro e batíamos longos papos no msn.  Lia de maneira constante e ampla qualquer coisa sobre Islã na internet, especialmente debates de muçulmanos usando o suporte bíblico para a religião.  Meu entusiasmo pela descoberta de que o Islã era apenas uma extensão de nossa religião purificada, pode-se dizer, de seus erros, deve tê-la afetado profundamente a ponto de ela ficar desiludida e finalmente ser levada a comentar: "parece que você se converteu."

Isso me fez parar, porque percebi que já tinha dado o passo em meu coração, se não oralmente, e minha resposta refletia isso.

"De fato, sim."

Daquele momento em diante minha esposa passou a me criticar por não consultá-la antes de tomar tamanha decisão.  Minha defesa constante era de que não tinha me convertido oficialmente ainda, embora o tivesse em meu coração.  Esse argumento atrapalharam meus esforços de convertê-la e levaram a uma coabitação tensa e dolorosa nas férias que tirei naquele Natal e nos três verões seguintes.  Mas isso é outra história.

A mesquita e os órfãos

Enquanto isso, tive minha primeira experiência de orar com os muçulmanos.  Um final de semana estava caminhando de volta do centro da cidade à noite, depois de uma tarde de compras.  Tinha comprado algumas roupas "nativas" e queria experimentá-las.  De fato, estava vestindo um dos "thobes" que parecem vestidos que tinha acabado de comprar e carregando outro com minhas roupas "ocidentais" em uma mala de viagem.  O sol estava se pondo quando comecei a voltar para casa e se pôs quando estava na metade do caminho.  Soou o chamado para a oração de uma pequena mesquita da qual estava me aproximando e foi ecoado por centenas de mesquitas próximas e distantes pela cidade.  Venezianas se fechavam e bens nas ruas estavam sendo cobertos com plásticos e lonas.  Os homens começaram a fluir das lojas e casas para as mesquitas.  Era impressionante! Um chamado do minarete respondido em um instante.  Decidi que queria ver como era a oração islâmica.

Segui os retardatários quando a oração começou e observei-os se alinhar atrás de duas linhas já formadas.  Levantaram suas mãos enquanto se juntavam à linha e então as colocaram sobre seus peitos, uma sobre a outra.  Parecia bem fácil e fiquei no fim da linha.  Várias crianças se juntaram à linha depois de mim, formando um tipo de adendo interminável.  Enquanto os homens ao meu lado se curvavam e prostravam, copiei seus movimentos da melhor maneira que pude, olhando para os lados pelos cantos dos meus olhos.  Estavam indiferentes a mim, cada um concentrado em algum ponto diretamente à frente, com os olhos baixos.  A comunicação deles com Deus era palpável e tentei compartilhar do canal que tinham estabelecido, apesar de não ter as mesmas palavras para fazê-lo.

"Ó Deus! Ajude-me a cumprir meu voto e persuadir minha esposa. Guie-me a Ti e guie minha família. Acredito em Ti, o Deus único, e não em seres humanos como deuses."

Repeti a oração várias vezes, como um mantra.  Não acho que alcancei o mesmo nível de comunhão que meus companheiros, mas meu coração se sentiu melhor quando a oração acabou.  Enquanto pegava meus sapatos e meias, duas das crianças que tinham se alinhado ao meu lado se aproximaram.

"Anta Muslim? Limada tusalli? ‘adam wa’dha al yedduka al yameen ala shimal."

As crianças tinha detectado que era um completo aprendiz e tinham sérias dúvidas se eu realmente pertencia ao grupo.  Mostraram como eu devia ter posicionado minhas mãos, como devia ter me prostrado e curvado, como devia ter colocado meus pés e assim por diante.  Claro, não sabia uma palavra em árabe e apenas estava ciente de que pensaram que eu precisava de muita instrução se quisesse me passar por um membro bem intencionado da congregação.  Sinalizaram que devia segui-los para que me levassem para suas casas e me transferiram para o irmão mais velho.

Estava um pouco cauteloso de entrar, no caso de terem querido dizer para eu esperar do lado de fora, mas uma das crianças voltou quando não as segui.  Fez o sinal de "venha" novamente e então sinalizou que devia ir logo assim que entraram e cruzar uma tela de contas que estava pendurada.  Dentro estava uma sala com típicas almofadas árabes no chão.  Um adolescente, talvez 15 ou 16 anos, levantou-se de sua posição confortável para me saudar.

O irmão mais velho era muito hospitaleiro, mas não pode me ajudar a entender as crianças e o que elas queriam.  Serviu-me café árabe em pequenas xícaras e me convidou para partilhar algumas tâmaras.  Estava curioso na razão das crianças estarem me entretendo, com o irmão mais velho sendo apenas um adolescente.  Onde estavam seus pais?

"Onde estão sua mãe e seu pai?" Perguntei.

Mas ou ele não entendeu ou não conseguiu explicar em linguagem de sinais.  Gesticulou que eu devia esperar e então imaginei que estariam em casa, logo.  Entretanto, ao invés de um homem adulto, outro jovem, recém-saído da adolescência entrou, logo antes da oração da noite.  Pareceu surpreso ao me ver na sala com seu irmão e trocaram umas poucas palavras.

"Ameriki?"

Balancei minha cabeça.  "Não. Britânico."

"Bem-vindo. Café?"

Novamente balancei minha cabeça. Tinha tomado o suficiente.

Ele se levantou e indicou que devia segui-lo.  "Tawadha," disse ele, que significa "vamos fazer ablução!" Esfregou suas mãos uma na outra.  "Lavar; irmasjid."

Ele queria que me aprontasse para ir à mesquita para a oração da noite.

"Coloque mão" disse ele, levantando minha mão direita, "sobre isso!", colocando-a sobre minha mão esquerda e então colocando ambas sobre meu peito.  Estávamos caminhando pela estrada e paramos bem no meio dela para a lição, como se os carros não existissem.  Indicou a oração levantando suas duas mãos até as orelhas.  "Faça como eu!"

Alinhei-me ao lado dele e dessa vez fiz um trabalho melhor em relação aos movimentos.

Quando voltamos para casa o jantar estava servido em um tipo de toalha de mesa, no chão.  Perguntei a ele "Sua mama?"

"Mama" parece ser um meio internacional ou universal de indicar uma mãe.  Ele balançou a cabeça e depois um gesto de dormir e um movimento para baixo da palma aberta, em direção ao chão.  "Baba wa mama fiy mout, yarhamhummullah. Irmã fez."

Então eram órfãos e esse jovem e sua irmã tinham assumido a responsabilidade da família.  O inglês dele não era dos melhores e a conversa era incoerente.  Perguntou: "Você gosta do Islã?"

Disse que sim.

"Por que não é muçulmano?"

Precisava de tempo.

Ele me ofereceu uma carona para casa.  "Você precisar de ajuda, a qualquer hora visite", disse quando me deixou.

Agradeci.

Então as palavras que ouviria milhares de vezes emergiram de sua boca.  "Algum serviço?"

A gentileza daquela família órfã nunca me deixou.  Estava realmente tocado com o cuidado que tinham demonstrado e apreciei os esforços sinceros para me orientar.  Mas a pessoas que teria o maior efeito em minha iniciação foi um homem que ainda estava por entrar em cena.  Era um iraniano com green card em busca da nacionalidade americana e que estava prestes a irromper em minha vida.

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Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 6 de 7)

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Descrição: Islã evoluindo no coração.  Parte 6.

  • Por Jeremy Ben Royston Boulter
  • Publicado em 08 Dec 2014
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Ali Jamily

Jeremy_Ben_Royston_Boulter__Ex-Christian__UK_(part_6_of_7)_por-BR_001.jpgAli Jamily foi o quarto colega muçulmano "ocidental", recém-saído dos Estados Unidos.  Tinha dirigido de Jidá porque seu primeiro ato ao chegar à Arábia Saudita foi fazer uma visita à casa de Deus e circundá-la (a peregrinação menor chamada "Umrah").  Essa foi uma das características de Ali que pude conhecer bem: sua obsessão em visitar a Casa de Deus sempre que pudesse.  Estava usando óculos escuros e parecia "legal".  Uma segunda coisa que aprendi sobre ele foi sua admiração pelas normas legais e sociais americanas, que comparava de maneira favorável em relação a sua experiência com essas normas na Arábia Saudita.  Ainda assim, aquele exterior "ocidental" era o coração de alguém que amava a Deus apaixonadamente.  Logo depois de me encontrar, me perguntou se eu conhecia o Islã e disse a ele que tinha estado lendo seu livro sagrado.  Claro que seu próximo passo foi me perguntar se eu abraçaria o Islã e contei a ele sobre minhas três condições.

"Você está louco?" disse ele.  "Você não pode impor condições a Deus." Ele usou o nome para Deus com o qual já tinha começado a me familiarizar no Alcorão.  "Prostre-se agora mesmo e implore pelo perdão Dele! Se sabe que essa é a Verdade, faça sua declaração de fé agora."

"Por que não deveria estipular condições?" Perguntei.  "Quero que minha família seja muçulmana também. É pedir muito?"

"A orientação é para quem Deus desejar. Você está recusando a orientação por causa de preocupações familiares? Até o profeta, que Deus o louve, não pode guiar toda a família dele e seu tio morreu um descrente, apesar de ele ter implorado em seu leito de morte que testemunhasse que não havia divindade a não ser Allah e que Muhammad era Seu mensageiro", me informou.

"Mas quero conversar sobre isso com minha família primeiro!" Argumentei, sabendo que deviam conhecer meu estado de espírito antes de dar um passo gigantesco como abraçar formalmente outra religião.

"E se você morrer antes de ter a chance de se submeter?", me perguntou.  "Se morrer tendo conhecido a religião e a recusado, seu destino será definitivamente o Inferno! Tem alguma ideia de quanta sorte tem? Nem todos são tocados como você foi. Não pode recusar a chance que Ele está dando a você", argumentou de forma persuasiva.

Na época, fui pego de surpresa pela atitude dele.  Refletindo, entretanto, sabia que ele estava correto.  Seria um tolo se deixasse a chance escapar.

Meu Reconhecimento[1]do Islã

Meu próximo passo foi voltar ao Escritório de Propagação Islâmica e perguntar como abraçar o Islã formalmente.  Quando entrei no escritório pela segunda vez, houve um olhar de surpresa e perplexidade.  Não acho que tivessem muitos europeus brancos invadindo seu escritório e por isso estavam tentando entender por que eu havia voltado.

Um indiano, Shaykh Farooq, falou primeiro.

"O que você quer?"

Podia perceber que o inglês dele era bom.  Entretanto, estava tão surpreso quanto eles por não entenderem por que havia voltado ao escritório deles.  Quando disse a ele a razão, ele me disse que tinha que ser totalmente informado do que era a religião do Islã e as condições de aceitação.

Soou um pouco assustador.  Esperava ser bem-vindo e fazer o testemunho de imediato, mas insistiram que eu precisava de alguma orientação.

Havia duas outras pessoas interessadas em ser muçulmanas no escritório antes de mim, ambas das Filipinas.  David era cristão renascido que se convenceu sobre o Islã durante suas aulas de língua árabe que o centro ministrava.  Coincidentemente ele era o eletricista que fazia serviços no apartamento/hotel em que eu estava.  John, entretanto, tinha sido persuadido a se tornar muçulmano porque sua esposa era muçulmana.  Tinha sido arrastado para o escritório por David, que era seu amigo.

Foram feitos arranjos para que nós três fizéssemos a dupla declaração juntos, na presença de duas testemunhas muçulmanas.  Depois disso, seríamos oficialmente muçulmanos.  Arranjaram para que um divulgador religioso explicasse naquele próximo final de semana, depois da oração do meio-dia na quinta-feira.

Como eu e David morávamos no mesmo apartamento/hotel, John veio até nós e fomos para o centro juntos.  Mostraram a área principal de descanso, que agora tinha almofadas no chão ao redor das paredes com apoio para os braços, para a ocasião. Shaykh Ehab, ouAbu Abdurrahman, como eu agora o conhecia, um homem que tinha me dado o Alcorão da primeira vez e Shaykh Farooq, que eu tinha encontrado quando vim ao escritório perguntar como me tornar muçulmano, estavam ambos lá, esperando por nós.  Então Shaykh Ibrahim, o gerente do Centro de Propagação Ha’il, fez entrar dois homens que eu não conhecia.  Aparentemente eram voluntários.  Shaykh Sa’udtrabalhava para companhia elétrica saudita e Shaykh AbdulAzizpara a empresa de telecomunicações saudita.  Foi Shaykh Sa’udquem fez a apresentação.

Explicou cuidadosamente que o Islã era uma religião monoteísta e que era um grande passo abraçar o Islã formalmente.  Que uma vez fosse feito, não havia volta e que se eu desistisse, seria sujeito à pena de morte por apostasia.

Disse que sabia da seriedade do passo.

Então ele me disse seis pontos referentes à crença.  "Primeiro, você deve saber e acreditar em seu coração e em sua oração que Allah é seu Deus e que não há outro deus a não ser Ele."

"Essa é a razão básica por que estou aqui", pensei.

Ele elevou sua mão.  "Isso significa que vocês não devem olhar para qualquer objeto ou imagem como foco para sua adoração a Deus, porque são ídolos. A sua adoração também deve ser direcionada para Ele, não através de qualquer ser humano ou espírito: profeta, sacerdote, anjo ou elemental. Vocês entendem o que quero dizer?"

Cada um de nós concordou que sim.

Então ele prosseguiu.  "Devem acreditar também em Seus anjos, que são os mensageiros e transmissores de recados de Deus. Transportam Sua palavra para os profetas e fazem o que Ele manda na terra e nos céus."

Concordei junto com David e John.  Foram os anjos que destruíram Sodoma e Gomorra por ordem de Deus e que comunicaram a Maria sobre Jesus.

"E vocês devem acreditar na mensagem de Deus, que podem encontrar no Alcorão e no que foi enviado para profetas diferentes no Torá, nos Salmos e nos Evangelhos, antes do Alcorão. Acreditamos que todos esses livros foram revelados aos profetas por Deus."

"Muito justo," pensei.

"Vocês acreditam que foram todos revelados por Deus por meio de Seus anjos para Seus profetas?"

Afirmamos que sim.

"Os muçulmanos tem que acreditar em todos os profetas, naturalmente, e eles são os que nos deram a mensagem de Deus desde o tempo de Adão. Muhammad é o último dos profetas porque o Alcorão é a mensagem final para a humanidade e nos diz que ele é o fim dos profetas. E devem acreditar que Jesus, que a paz esteja sobre ele, não é Deus ou o filho de Deus. Ele é um homem como nós, criado pelo comando de Deus no útero de Maria e um mensageiro de Deus, assim como Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele. "O que dizem?"

"Jesus era um profeta, como Muhammad", disse David.  Concordei.  "Claro", estava pensando.

"Vocês também devem acreditar que seremos ressuscitados e julgados no Dia do Juízo e que na outra vida um dos dois destinos nos espera: o paraíso ou o inferno. Essa é a base de nosso livre arbítrio. Escolhemos para onde ir por meio de nossos atos nesse mundo terreno."

Essa é uma parte integrante da crença cristã também, então não tive problema em assimilá-la.  Concordamos que compreendemos.



Notas de rodapé:

[1] (http://www.sahihalbukhari.com/sps/sbk/sahihalbukhari.cfm?scn=dsphadeeth&HadeethID=3202&txt=a%20spirit)

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Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 7 de 7)

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Descrição: Islã evoluindo no coração. Parte 7.

  • Por Jeremy Ben Royston Boulter
  • Publicado em 08 Dec 2014
  • Última modificação em 07 Dec 2014
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Jeremy_Ben_Royston_Boulter__Ex-Christian__UK_(part_7_of_7)_por-BR_001.jpg"E, por fim, vocês devem acreditar em predestinação, que significa "destino". Ou seja, que tudo que acontece a vocês no mundo terreno é pela Vontade de Allah. Se gostarem do que aconteceu, então digam "Louvado seja Allah". E se não gostarem, é um teste ou punição vindos Dele. Novamente devem dizer "Louvado seja Allah" e se arrepender e corrigir o que fizeram de errado. Acima de tudo, devem ter paciência e esperar pelo melhor, que está logo por vir."

Esse último foi um pouco além de meu entendimento e muito difícil de compreender. Até os companheiros perguntaram ao profeta: "Por que devemos nos incomodar com boas obras, se não podemos evitar nosso destino? Devemos parar de trabalhar e confiar em Allah?"

A resposta dele foi de que não devemos abrir mão das boas obras. Disse que o homem ou mulher destinado ao inferno, mesmo se suas obras forem boas até certo ponto de suas vidas, começariam a fazer ações que os colocariam no inferno à medida que a morte se aproximasse. E o homem ou mulher destinado ao paraíso, mesmo se não tivesse boas ações em seu nome até certo ponto de sua vida, começaria a ter atos que os colocariam no paraíso quando a morte se aproximasse. O que isso significava para o indivíduo é que deve fazer as boas ações agora, porque ninguém sabe quando morrerá. Não sabemos para o que estamos destinados e, então, exercemos nossa própria vontade no que fazemos. E se quisermos estar entre os favorecidos, devemos nos dedicar a fazer boas ações no presente, no caso da morte chegar sem aviso.

Mesmo que esse último ponto não estivesse claro, estava nos cinco primeiros pontos da crença e David quanto John também não vacilaram. Cada um de nós disse "Estou pronto."

Ele recebeu cada uma das aceitações separadamente. Quando chegou a minha vez, ele disse: "repita depois de mim."

"Ash-shaddu an laa ilaha illa Allah, wa ash-shaddu ana Muhammadan nabiyyan wa rasulu Llah."

O banho purificador e uma nova vida

Explicou que qualquer um que fizesse os testemunhos não apenas se tornava muçulmano, mas Allah lhes prometia o paraíso, mesmo se suas boas ações fossem poucas. Então disse: "Agora devem tomar um banho e fazer sua primeira oração formal, que será a oração do meio-dia seguida pela oração da tarde. Yusuf lhes mostrará como."

Mesmo antes de aprendermos como fazer ablução, os irmãos vieram, nos abraçaram e congratularam cada um de nós. Então ouvi uma pergunta que ouviria com frequência, tanta frequência que pensei que fosse uma parte necessária de abraçar o Islã. "Que nome vai adotar, agora que é muçulmano?"

"Por que devo adotar outro nome?"

"Está começando uma vida nova, como um recém-nascido. Só tem um minuto de vida!"

Bem, não tinha decidido, porque não tinha pensado a respeito. Entretanto, quando veio o certificado, escolhi - uma ação da qual me arrependi depois. David e John mantiveram seus nomes, simplesmente traduzidos para o árabe para seus apelidos islâmicos, DawoudeYahyah. Apenas adiei minha decisão.

Ainda era dia, mas quase três e meia da tarde. Yusuf era um divulgador chinês, um dos acólitos do centro. Mostrou como fazer a ablução no espaço público para ablução explicando cada parte. Foi mais claro e mais preso a regulamentações do que a forma que os órfãos tinham me mostrado.

Fez questão de se assegurar que eu estava fazendo certo e então me disse para ir ao banheiro. "Quando orar, deve estar livre de distrações como fome ou sede ou a necessidade de ir ao banheiro. Também deve estar atento à flatulência, uma vez que ela quebra a pureza e o força a fazer ablução novamente."

Depois de ir ao banheiro, devia tomar um banho. O banho seria minha purificação, que me purificaria e sinalizaria minha entrada no Islã e me preparei para minhas orações combinadas da tarde. Supus que era muito parecido com o batismo que João Batista insistiu que seus seguidores fizessem, se quisessem seguir a religião que pregava. Sem a escovação formal da cabeça com "água benta" como sinal de nascer no Cristianismo, mas uma imersão total em água corrente feita de forma voluntária por pessoas adultas que tinham escolhido sua religião. Eu, também, devia lavar todo o meu corpo, mas não pela imersão em um córrego ou rio. Eles não existiam na Arábia Saudita. O que me foi exigido consistia de quatro estágios básicos. Deveria lavar totalmente minhas partes privadas e então fazer ablução novamente, lavar meu corpo com um recipiente de água começando pelo lado direito e, por fim, derramar um jarro cheio de água sobre minha cabeça, assegurando-me de que cada parte do meu corpo recebesse uma ducha de água. Fiz o que me disseram e sai para minha primeira experiência de ser um muçulmano praticante.

Yusuf nos chamou e disse que nos mostraria o que devíamos fazer. Então disse que nos lideraria na oração, já que era nossa primeira vez.

A direção da oração formal é voltada para Meca, onde está a Caaba e consiste das mãos cruzadas sobre o peito, curvar-se (uma vez em cada unidade de oração), prostrar-se (que é feito duas vezes) e sentar em um dos pés (feito entre os pares de unidades de oração e entre prostrações e no final da oração). O esboço da oração formal que aprendi e as recitações, invocações e súplicas necessárias na oração foram reproduzidos em um artigo separado sobre purificação e oração.

A história de minha adoção do Islã como minha religião terminou com essa primeira oração formal. Entretanto, muitos testes e tribulações se seguiram, mas são outra história. Se sente que deve abraçar o Islã, lembre-se: o Islã é o refúgio espiritual, a certeza do apoio de Allah. Também é o começo de muitos testes, porque Allah faz da vida um teste constante para os crentes. Seus problemas nesse mundo não irão embora automaticamente, mas se dissolverão um a um com a ajuda de Allah. Então, submeta-se, seja paciente e Allah fará de você alguém que Ele recompensa duplamente. Meus versículos favoritos do Alcorão são de Al Qasas, no capítulo 28, versículos 51-55.

"Eis que lhes fizemos chegar, sucessivamente, a Palavra, para que refletissem. (São) aqueles a quem concedemos o Livro, antes, e nele creem. E quando lhes é recitado (o Alcorão), dizem: Cremos nele. É a verdade, emanada do nosso Senhor. Em verdade, já éramos muçulmanos, antes disso. A estes lhes será duplicada a recompensa por sua perseverança, porque retribuem o mal com o bem e praticam a caridade daquilo com que os agraciamos. E quando ouvem futilidades, afastam-se delas, dizendo: Somos responsáveis pelas nossas ações e vós (incrédulos) pelas vossas; que a paz esteja convosco! Não aspiramos à amizade dos insipientes."

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