Secularismo e valores morais
Descrição: Ao eliminar a religião o secularismo adotou um caminho perigoso e sem fim para a degradação moral.
- Por Dr. Jaafar Sheikh Idris
- Publicado em 25 Jul 2016
- Última modificação em 01 Aug 2016
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Valores morais como honestidade, credibilidade, justiça e castidade são originalmente valores inatos que Deus plantou nos corações da humanidade. Então, enviou Seus mensageiros com um sistema de vida em conformidade com essa disposição inata para afirmá-la.
"Volta o teu rosto para a religião monoteísta. É a obra de Deus, sob cuja qualidade inata Deus criou a humanidade. A criação feita por Deus é imutável. Esta é a verdadeira religião; porém, a maioria dos humanos o ignora." (Alcorão 30:30)
Um crente adere a esses valores morais por causa de sua natureza, fortificada pela fé, o induz a fazê-lo e por que a religião na qual acredita os ordena e promete uma recompensa por eles na Outra Vida. O secularismo, por outro lado, mesmo em sua forma menos virulenta que se satisfaz com a remoção da religião da vida política, rejeitando-a e os valores inatos como base para legislação, enfraquece as duas fundações para valores morais nos corações da humanidade. Quanto ao secularismo em sua forma ateia extrema, demole completamente essas duas fundações e as substitui por caprichos humanos, sejam os caprichos de alguns governantes em sistemas ditatoriais ou os caprichos da maioria nos sistemas democráticos.
"Não tens reparado naquele que toma seus desejos como seu deus? Ousarias advogar por ele?" (Alcorão 25:43)
Uma vez que caprichos e desejos estão constantemente em mutação em função de suas próprias naturezas, os valores e comportamentos baseados neles também são mutáveis. O que hoje se considera crime, punível por lei com a mais severa das punições e faz com que seus praticantes sejam privados de certos direitos concedidos a outros, torna-se permissível amanhã ou até louvável e aquele que se opõe torna-se "politicamente incorreto." Essa mudança de um ponto de vista para o seu oposto, como resultado do afastamento da sociedade de valores religiosos inatos, é uma ocorrência frequente. Entretanto, por mais ignorante que uma sociedade tradicional seja, ela ou muitos de seus membros, manterão alguns valores inatos; mas quanto mais uma sociedade penetra no secularismo, menor será a quantidade desses indivíduos e mais marginal será a influência deles, até que a sociedade coletivamente se rebele contra aqueles valores religiosos inatos que costumava manter.
Pode haver outra razão para algumas culturas Jahili[1] tradicionais manterem valores religiosos inatos: podem apelar aos desejos delas ou representam sua herança cultural e não conflitam com seus desejos.
"E quando são convocados ante Deus e Seu Mensageiro, para que julguem entre eles, eis que um grupo deles desdenha. Porém, se a razão está do lado deles, correm a ele, obedientes." (Alcorão 24:48-49)
A relação delas com a verdade é semelhante à de Satanás, descrita pelo profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, para Abu Huraira, a quem Satanás tinha aconselhado recitar Ayat al-Kursi[2] ao ir para a cama: "Ele lhe disse a verdade, apesar de ser um mentiroso inveterado."
Sociedades ocidentais contemporâneas e seculares são os exemplos mais claros da natureza mutante e contraditória de civilização jahili. De um ângulo vê a cultura e os valores nos quais ela se apoia como um fenômeno relativo e variável. Entretanto, de outro ângulo caracteriza alguns valores como valores humanos, se choca com sua violação e pune severamente os violadores. As fontes desse problema são dois princípios fundamentais nos quais se apoiam as sociedades seculares democráticas. O primeiro é o predomínio da maioria como padrão para o certo e o errado na fala e comportamento; o segundo é o princípio de liberdade individual. Esses dois princípios necessariamente entrarão em conflito se não estiverem subordinados a outro princípio que arbitrará entre eles. O secularismo, por sua própria natureza, rejeita a religião e em sua forma ocidental não considera fitrah (valores inatos) um critério para o que é benéfico ou prejudicial para a humanidade. Não tem alternativa, a não ser fazer desses dois princípios um padrão absoluto para qual comportamento é permissível e apropriado e qual não é. A contradição e conflito entre esses dois princípios está se apresentando de forma clara em algumas das questões acirradas atuais, nessas sociedades. Aqueles que advogam a aceitação da homossexualidade e a concessão a homossexuais declarados direitos e oportunidades iguais em todos os aspectos da vida, inclusive serviço militar, baseiam seus argumentos no princípio dos direitos individuais. Entendem que ninguém tem o direito de se preocupar com o que chamam de "orientação sexual." O mesmo argumento é usado por quem apoia o aborto. Ouve-se frequentemente, com incredulidade: "Como podem me proibir da liberdade de escolha em minhas próprias questões e sobre meu próprio corpo? Que direito as autoridades têm de se envolverem em assuntos pessoais?" O único argumento que seus oponentes podem apresentar é que esse comportamento contradiz os valores mantidos pela maioria da população. Mesmo que a base para a oposição de muitas pessoas ao aborto seja moral ou religiosa, não podem dizer isso abertamente, nem podem empregar argumentos religiosos ou morais, uma vez que a sociedade secular não considera nenhum deles aceitável. Se aceitarmos que não há base para valores, exceto os individuais ou a opinião majoritária e que, portanto, é possível que todos os valores mudem de uma época para outra e de uma sociedade para outra, isso significa que não há conexão entre valores e o que beneficiará ou prejudicará as pessoas em suas vidas materiais e espirituais. Por sua vez, isso significa que todos os valores são igualmente válidos e não importa quais uma determinada sociedade aceita ou rejeita. Entretanto, isso significa que todos os comportamentos considerados abomináveis pelas sociedades seculares hoje, como o abuso sexual de crianças e o estupro de mulheres, e para os quais existem punições sérias, são considerados repulsivos somente por causa da inclinação atual, mas que isso pode mudar amanhã. Assim, certos crimes sérios podem se tornar aceitáveis, com base no princípio da liberdade individual. A razão pela qual um secularista fica confuso com certas perguntas é que sua repugnância em relação a certos crimes não é realmente baseada nesses dois princípios, que se tornaram as únicas bases aceitas para argumento nas sociedades dominadas pelo secularismo; a razão real são resquícios de sentimentos morais da natureza original que Deus lhe concedeu e que permanecem apesar de seu secularismo. Talvez a confusão do secularista aumentasse se lhe perguntassem por que razão deu precedência a esses valores democráticos, até torná-los o padrão por meio do qual todos os outros valores e comportamentos são julgados. Se disser que sua reverência por eles se baseia meramente em preferência e inclinação pessoais vigentes ou em chauvinismo cultural, não terá resposta a quem se opõe a ele com base em suas preferências pessoais contraditórias ou porque as normas de sua sociedade diferem das do outro. A fundação inconsistente de valores em sociedades seculares as torna propensas a se voltarem contra todos os valores que abraçam atualmente. Também abre caminho para que incorram em suas práticas de ocupação e colonização de nações mais fracas. Não há nada que as impeça de fazê-lo, se uma delas anunciar que existe um benefício nacionalista a ser obtido e um grande número de cidadãos acreditar. Sua proposta política se torna política oficial, com base no padrão da aprovação da maioria. Entretanto, como se pode ver, uma aprovação baseada em nada além de ganância. Essa tem sido a justificativa para todas as transgressões na história. De fato, é a base sobre a qual qualquer animal ataca outro. Liberdade pessoal e governo da maioria não são, então, os valores fundamentais nos quais a cultura secular se baseia. Porque liberdade implica em escolha, mas não é o critério para essa escolha. Quero dizer que quem recebe a liberdade de escolher precisa de um padrão que possa usar como critério para sua escolha. Da mesma forma, a opinião da maioria não é em si o padrão; é meramente o resultado de muitas escolhas individuais feitas com base em algum padrão. Então, qual é a base para as escolhas de um indivíduo e uma sociedade livres no sistema secular? É, sem a menor dúvida, caprichos e desejos que tomaram o lugar da Divindade real.
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