A Natureza Coesiva da Família (parte 1 de 4): Introdução

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Descrição: Uma introdução a como o Islã assegura a coesividade da instituição da família no Islã, com seus primeiros e principais constituintes, os pais.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (© 2011 IslamReligion.com)
  • Publicado em 02 Jan 2012
  • Última modificação em 12 Feb 2023
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The_Cohesive_Nature_of_the_Family_(part_1_of_4)_PT-BR_001.jpgDeus diz no Alcorão - em uma passagem que o profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, costumava repetir com frequência quando começava seus discursos:

“Ó humanos! Temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres. Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e reverenciai os laços de parentesco. Porque Deus é vosso Observador.” (Alcorão 4:1)

A família é o núcleo da sociedade como um todo.  Se a família está sobre uma fundação sólida, é mais provável que a sociedade como um todo estará em boa situação.  Assim, em geral, os mensageiros de Deus, os exemplos primordiais para os humanos, aderiram a essa instituição do casamento e família.  Deus declara:

“Antes de ti havíamos enviado mensageiros; e lhes concedemos esposas e descendência,...”  (Alcorão 13:38)

O profeta Muhammad também estabeleceu o casamento como um estilo de vida, dizendo:

Por Deus, sou o mais temente a Deus dentre vocês e tenho mais devoção, entretanto, jejuo e quebro meu jejum, oro [à noite] e durmo e caso com as mulheres.  Quem quer que se desvie de minha sunnah[1] não é de mim.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Sem dúvida, o Islã coloca grande ênfase sobre a coesão e as relações familiares.  Sábios da lei islâmica destacaram que quando se estuda as leis encontradas no Islã e o que parece ser a sabedoria por trás dela, se encontra que foram formuladas para estabelecer, proteger, reforçar e perpetuar necessidades específicas de vida.  As necessidades de vida como previstas pela lei islâmica são:

(1)  religião;

(2)  vida;

(3)  laços familiares e relacionamentos;

(4)  capacidade mental e

(5)  bens e propriedades.

Assim, por exemplo, é necessário apenas ponderar sobre as leis precisas relacionadas à preservação da santidade da família para compreender a grande ênfase que o Islã coloca sobre a família.  No “ocidente moderno”, hoje em dia, por exemplo, adultério e outros atos que atingem a base de uma família não são considerados crimes.[2]  No Islã, a situação é muito diferente.  O Islã exorta todos os membros de uma família a se tratarem bem evitando atos promíscuos que são em si mesmos danosos e prejudiciais para qualquer casamento.  Por exemplo, Deus diz:

“Evitai a fornicação.  É uma obscenidade e um péssimo exemplo!” (Alcorão 17:32)

Entretanto, essas exortações não são simplesmente palavras vazias.  Ao invés disso, também são apoiadas com a força da lei para alguns dos atos mais notórios que não podem ser negligenciados.   Assim, Deus ordena:

“Quanto à adúltera e ao adúltero, vergastai-os com cem vergastadas, cada um; que a vossa compaixão não vos demova de cumprir a lei de Deus, se realmente credes em Deus e no Dia do Juízo Final. Que uma parte dos fiéis testemunhe o castigo.” (Alcorão 24:2)

Não é permitido que a piedade supere o que deve ser feito, porque no fim, aquela piedade - e piedade é algo que leva alguém a fazer o bem a outros - levará a maus resultados.  Além disso, em um dito do profeta registrado por al-Bukhari e Muslim, está confirmado que ele ordenou o apedrejamento até a morte para o adúltero.  De fato, o Islã vai além disso para proteger a santidade da família: aqueles que acusam falsamente as mulheres castas desses maus atos também recebem punições severas.  Deus diz:

“E àqueles que difamarem as mulheres castas, sem apresentarem quatro testemunhas, infligi-lhes oitenta vergastadas e nunca mais aceiteis os seus testemunhos, porque são depravados.” (Alcorão 24:4)

Em particular, Deus oferece orientação para a humanidade em relação ao comportamento com todos os membros da família.  Em nome da brevidade, esse pequeno artigo apresentará uma visão geral do comportamento adequado de um muçulmano em relação aos outros membros de sua família, incluindo pais, filhos, cônjuges e outros parentes.

Os Pais

Deus exigiu que os muçulmanos tratem seus pais da melhor maneira possível.  Os muçulmanos devem ser um povo grato.  Devem ser gratos a Deus e a todos que lhes fazem bem.  Depois de Deus, talvez não exista ninguém mais merecedor da gratidão de uma pessoa do que seus pais.  Assim, vários versículos do Alcorão tocam a questão do tratamento dos pais.  Na verdade, em mais de uma passagem, Deus vinculou o bom comportamento em relação aos pais com a ordem de adorar somente a Ele.  Note, por exemplo, o seguinte versículo do Alcorão:

“Adorai a Deus e não Lhe atribuais parceiros. Tratai com benevolência vossos pais e parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho próximo, o vizinho estranho, o companheiro, o viajante e os vossos servos. Porque Deus não estima arrogante e jactancioso algum.” (Alcorão 4:36)

Deus também diz:

“Dize (Ó Muhammad): ‘Vinde, eu recitarei o que vosso Senhor vos proibiu:  Não Lhe atribuais parceiros; tratai com benevolência vossos pais;...” (Alcorão 6:151)

“E vosso Senhor decretou que não adoreis outro senão Ele.  Que sejais indulgentes com vossos pais, mesmo que a velhice alcance um deles ou ambos, em vossa companhia; não os reproveis, nem os rejeiteis; outrossim, dirigi-lhes palavras honrosas. E estende sobre eles a asa da humildade, e dize: Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram misericórdia de mim, criando-me desde pequenino! Vosso Senhor é mais sabedor do que ninguém do que há em vossos corações. Se sois virtuosos, sabei que Ele é Indulgente para com os contritos.” (Alcorão 17:23-25)

“E lembra-lhes de quando firmamos o pacto com os Filhos de Israel, (dizendo): Não adoreis senão a Deus; tratai com benevolência vossos pais...”  (Alcorão 2:83)

O profeta também enfatizou o bom tratamento com os pais, colocando-o depois da oração em seu horário correto como um ato que é muito amado por Deus. Perguntaram ao profeta:

“Qual o ato mais amado por Deus?”  Ele respondeu: “A oração em seu horário correto.”  Perguntaram: “E depois?”  Ele respondeu: “Ser indulgente com os pais...” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Deus lembra aos crentes que seus pais, em particular a mãe, passaram por grande dificuldade e esforço para criar seu filho e, portanto, merecem amor, respeito e gratidão.  Deus diz:

“Recorda-te de quando Lucman disse ao seu filho, exortando-o : Ó filho meu, não atribuas parceiros a Deus, porque a idolatria é grave iniquidade. E recomendamos ao homem benevolência para com os seus pais. Sua mãe o suporta, entre dores e dores, e sua desmama é aos dois anos. (E lhe dizemos): Agradece a Mim e aos teus pais, porque retorno será a Mim.”(Alcorão 31:13-14)

“E recomendamos ao ser humano benevolência para com seus pais.  Sua mãe carrega-o penosamente e o dá à luz, penosamente. E sua gestação e desmama são, ao todo, de trinta meses, até que quando ele atinge sua força plena e alcança os quarenta anos, ele diz:‘Meu Senhor!  Conceda-me o poder e a habilidade para agradecer-Te a graça com que me agraciaste a mim e a meus pais, e a fazer o bem que Te agrade, e conceda-me boa descendência.  Verdadeiramente, volto-me arrependido para Ti e, por certo, eu sou dos muçulmanos (submisso à Tua Vontade).’” (Alcorão 46:15)

Assim, em particular, a mãe é mais merecedora de mais amizade e proximidade por parte de seus filhos.  Perguntaram ao profeta:

“Quem entre as pessoas tem mais direito ao meu companheirismo?”  ‘O Profeta respondeu: ‘Sua mãe.’  O homem perguntou: “E depois, quem?”  ‘O Profeta respondeu novamente: ‘Sua mãe.’  O homem perguntou de novo: “E depois, quem?”  O Profeta mais uma vez respondeu: ‘Sua mãe.’  O homem perguntou de novo: “E depois, quem?”  Dessa vez o profeta respondeu: “Seu pai.” (Saheeh Muslim)



Footnotes:

[1] Sunnah: ensinamentos e modo de vida. (IslamReligion)

[2] Em 1969, um juiz inglês disse a um queixoso que reclamou sobre o comportamento da esposa com um amigo que seu pensamento era antiquado e que tinha que se dar conta de vivia agora em 1969.  [Essa história foi citada em Yoosuf al-Aalim, Al-Maqaasid al-Aaammah li-l-Shareeah al-Islaamiyyah (Riad: International Islamic Publishing House, 1994), p. 397.] Hoje, existem intermináveis disputas entre maridos e esposas nas quais o marido nega que os filhos são dele, causando ódio, conflito e destruição no casamento. Pode-se com todo o direito perguntar: é assim que um casamento “moderno e civilizado” deve ser?

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