O que é Budismo? (parte 1 de 2): O caminho para a iluminação

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: Breve visão geral do Budismo.

  • Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
  • Publicado em 08 Sep 2014
  • Última modificação em 08 Sep 2014
  • Impresso: 26
  • 'Visualizado: 15,411
  • Classificação: nenhum ainda
  • Classificado por: 0
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Definição: Uma difundida religião ou filosofia asiática fundada por Sidarta Gautama no nordeste da Índia no século 5 aEC, que ensina que a iluminação pode ser alcançada pela eliminação dos desejos terrenos e da ideia do eu.[1]

Buddhism1.jpgO Budismo é a religião de mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo.  A maioria dessas pessoas vive na Ásia, mas existem comunidades budistas significativas em outros continentes.  Há duas tradições budistas principais, a Theravada (a Escola dos Anciões) e a Mahayana (o Grande Veículo).  O Budismo não é estritamente uma religião e é geralmente descrito como uma filosofia de vida.  

Quem foi Buda?

De acordo com a escritura Theravada, o Buda (Sidarta Gautama) nasceu no século 5 antes da Era Comum.  Era filho do rei Śuddhodana, o governante de um pequeno reino no que hoje é o Nepal.  Logo após seu nascimento oito brâmanes foram convocados para prever o futuro da criança.  Sete brâmanes profetizaram que o jovem príncipe seria um grande governante ou renunciaria os prazeres mundanos e viveria a vida de um homem sagrado.  Um, entretanto, estava certo de que a criança seria um homem sagrado.  O rei tinha grandes ambições mundanas para seu filho e, portanto, manteve o príncipe dentro dos confins do palácio real.  Com a idade de 29 anos o príncipe escapou do confinamento e teve vários encontros com o mundo exterior.  Esses encontros se tornaram conhecidos na escritura como as quatro visões.

Quando Sidarta viu um velho, uma pessoa doente, um corpo e um asceta que havia renunciado a todos os bens terrenos, resolveu embarcar em uma busca espiritual.  Essa busca era para encontrar um fim permanente para o sofrimento que observou.  Estudou com os melhores professores religiosos, mas constatou que não conseguiam por um fim permanente ao sofrimento.  Em seguida praticou ascetismo extremo, acreditando que poderia livrar o espírito humano negando a carne.  Sidarta submeteu-se a jejum prolongado, suspensão da respiração, exposição à dor e quase se matou de forme antes de perceber que essa não era a forma de colocar um fim ao sofrimento humano.

Sidarta não abandonou sua busca, mas decidiu confiar em seus próprios sentimentos e praticar meditação.  Sentou-se sob uma figueira, conhecida como a árvore Bodhi, na cidade de Bodh Gaya, na Índia, e jurou não se levantar até alcançar a iluminação.  Depois de vários dias destruiu aslimitaçõesde sua mente,libertou-sedociclo de sofrimento e renascimento, tornando-se assim umser plenamente iluminado.  Foi através dessa meditação que Sidarta descobriu o que os budistas chamam de Caminho do Meio, um caminho de moderação entre os extremos da autoindulgência e a auto mortificação.[2]Logo após a iluminação Buda (o acordado), conhecido anteriormente como Sidarta, formou uma ordem monástica e passou o resto de sua vida viajando e ensinando o caminho para a iluminação.  O Buda morreu por volta dos 80 anos de idade em Kushinagar, Índia.[3]

Esse relato está de acordo com a escola Theravada de pensamento e difere um pouco de outros relatos.  A precisão histórica também foi questionada, mas de acordo com o autor Michael Carrithers, "o perfil da vida deve ser verdadeiro: nascimento, maturidade, renúncia, busca, despertar e liberação, ensino, morte".[4]

Ensinamentos budistas básicos

O Budismo tem duas divisões principais e várias subdivisões tendo por base país e cultura, entretanto, a maioria das tradições compartilha um conjunto fundamental de crenças.  Geralmente se refere à reencarnação como uma crença fundamental do Budismo, mas isso não está estritamente correto.  A crença budista é em renascimento e não em reencarnação.  O site Tolerância Religiosa a explica como a seguir: 

"Na reencarnação o indivíduo pode voltar repetidamente.  No renascimento uma pessoa não precisa necessariamente retornar a Terra como a mesma entidade.  Ele a compara com uma folha que cresce em uma árvore.  Quando a folha murcha cai, uma nova folha a substituirá.  É semelhante à antiga folha, mas não idêntica à folha original."[5]

Outras crenças fundamentais incluem as três joias, as quatro verdades nobres, o caminho óctuplo e os cinco preceitos.  As três joias são o Buda, o Darma (os ensinamentos) e a Sangha (a comunidade), e buscar refúgio neles é a base da prática budista.  As quatro verdades nobres são a universalidade do sofrimento, a origem do sofrimento, a superação do sofrimento e o caminho que leva à supressão do sofrimento.

O caminho é conhecido como o caminho óctuplo e consiste de dṛṣṭi (ditthi): ver a realidade como ela é, não apenas como parece ser, saṃkalpa (sankappa): intenção de renúncia, liberdade e inocuidade,vāc (vāca): falar de maneira verdadeira e não-ofensiva, karman (kammanta): agir de maneira não-ofensiva, ājīvana (ājīva): um sustento não-ofensivo, vyāyāma(vāyāma): fazer esforço para se aprimorar, smti(sati): conscientização para ver coisas pelo que elas são com consciência clara, ciente da realidade presente dentro de si mesmo, sem qualquer desejo ou aversão, samādhi(samādhi): meditação ou concentração corretas.

Os cinco preceitos definem a ética budista.  Não mate, seja gentil com todas as criaturas.  Não roube, dê ao invés de tomar.  Não minta, seja honesto e aberto.  Não use mal o sexo e não consuma álcool ou drogas recreacionais. 

Assim como as explicações hinduístas e budistas de reencarnação e renascimento diferem, o mesmo acontece com o termo nirvana.  No Hinduísmo é a união com o Ser Supremo, para ascetas em várias religiões indianas, inclusive o Jainismo, Hinduísmo e Budismo é o estado de ser livre de sofrimento e no Budismo assume seu sentido literal de "estourar" ou extinguir o fogo do ódio, ganância e ilusão.  O Nirvana também é caracterizado pelo conhecimento transcendental ou bodhi, um conceito traduzido como "iluminação".  O próprio Buda nunca deu uma definição exata de Nirvana.  Entretanto, não há Deus no Budismo. Ao invés disso, ao romper o ciclo de renascimento e alcançar a iluminação, os budistas acreditam que alcançarão o estado de Nirvana - ser eterno, o fim do sofrimento, um estado no qual não há desejos e consciências individuais chegam ao fim.

No próximo artigo aprofundaremos a discussão com o conceito de Deus no Budismo, comparando algumas das crenças básicas do Budismo com os ensinamentos islâmicos.



Notas de rodapé:

[1] Dicionário online do Google.

[2] (http://www.buddhanet.net/cbp2_f4.htm)

[3] Nidanakatha - biografia da seita Theravada no Sri Lanka.  Buddhaghoṣa.  século 5 EC.

[4] Carrithers,M.  (1986) The Buddha (O Buda), na publicação da Oxford UniversityFounders of Faith, p.  10.

[5] (http://www.religioustolerance.org/buddhism1.htm)

Pobre Melhor

O que é Budismo? (parte 2 de 2)

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: O Conceito de Deus no Budismo.

  • Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
  • Publicado em 08 Sep 2014
  • Última modificação em 08 Sep 2014
  • Impresso: 25
  • 'Visualizado: 15,255
  • Classificação: 3.4 de 5
  • Classificado por: 132
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Buddhism2.jpgNo Budismo,[1]  o objetivo supremo é romper o ciclo de renascimento e alcançar a iluminação ou nirvana.  Nirvana é um estado transcendental no qual não há sofrimento, desejo ou sentido de eu.   O Buda, entretanto, não deu uma definição completa de nirvana.  Vale notar que o termo Buda se refere mais comumente ao fundador do Budismo, Sidarta Gautama, mas qualquer pessoa que alcançou a iluminação plena, ou nirvana, pode ser chamada de um Buda. 

Na maioria dos grupos e tradições religiosos a crença chave é a aceitação de um Ser Supremo, em outras palavras, um Deus criador.   Em todas as tradições budistas, entretanto, a crença chave é a importância da meditação.  É considerada o caminho para a libertação - o fim do sofrimento humano.  Os budistas não acreditam em um Deus criador ou pessoal. De fato, o Budismo rejeita essa noção e considera Deus uma resposta ao medo e frustração humanos. De acordo com a ideologia budista, os humanos criaram a ideia de Deus para se consolarem em um mundo hostil e cheio de medos.

O homem primitivo vivia com medo dos animais selvagens e dos fenômenos naturais, como o raio e o trovão.  Os budistas acreditam que o conceito de Deus surgiu desse medo. Também consideram que não há evidência ou pesquisa para provar que Deus existe e, assim, Deus não é necessário para os seres humanos terem uma vida feliz e com significado.  Afinal, dizem os budistas, milhões de pessoas são e têm sido felizes sem qualquer crença em deuses ou Deus.  Por outro lado, os muçulmanos sabem com certeza que a verdadeira felicidade não é alcançável sem submissão à vontade de Deus.  Medo e frustração, diz o Islã, só podem ser conquistados por meio da confiança completa e total em Deus.

Embora o Budismo não tenha um Deus criador todo poderoso, os budistas mahayana adoram bodhisattvas.   São pessoas semelhantes a deuses que conquistaram a iluminação e podiam entrar no Nirvana, mas escolheram ficar no mundo para ajudar outras.  Algumas escolas mahayana que floresceram fora da Índia atribuem algum nível de divindade a um Buda transcendente (qualquer um que tenha alcançado a iluminação), entretanto isso não é comparável ao Deus das religiões monoteístas, como o Islã.  Em alguns textos sagrados budistas, Buda (Sidarta) refuta as reivindicações de um desses deuses e o mostra sujeito à lei cármica.

O conceito de Karma existia antes do advento do Buda (Sidarta), mas ele o definiu e explicou.  Em palavras simples, a lei do carma explica as desigualdades que existem entre as pessoas.  De acordo com o Budismo, a desigualdade é o resultado de nossas próprias ações passadas e atuais.  Nós mesmos somos responsáveis por nossa própria felicidade e miséria.  Criamos nosso próprio Paraíso ou Inferno. Somos de fato os arquitetos de nosso próprio destino.   O Budismo nos diz que nada é fixo ou permanente, que a mudança é possível e as ações têm consequências.   Um conceito que pode ser comparado à teoria cristã de colher o que se plantou ou o versículo do Alcorão que afirma:  

"Se praticardes o bem, este se reverterá em vosso próprio benefício; se praticardes o mal, será em prejuízo vosso." (Alcorão 17:7)

Em contraste direto com a crença budista, o Islã ensina que há um Deus criador e todo-poderoso, sustentador do universo, misericordioso e perdoador.   Está sozinho, sem parceiros ou associados.

De acordo com muitos sites e livros budistas, o Budismo não tem a ver com acreditar ou não em Deus, mas com reconhecer que essa crença não é útil quando se tenta alcançar a iluminação.   O Budismo não é ateísmo. É, essencialmente, não teísmo.  Por que então, você pode se perguntar, é comum ver pessoas em toda a Ásia orando ou fazendo oferendas devocionais a representações ou iconografias do Buda? 

Quando um budista faz oferenda de flores ou alimento, está demonstrando respeito a Buda. Dá flores e incenso para o templo e alimentos para os monges.  Quando um budista se prostra perante uma imagem, reconhece que o Buda alcançou a iluminação perfeita.  Em contraste, quando um muçulmano se prostra não há imagens ou iconografia. O muçulmano toca sua testa no chão declarando sua submissão completa a Deus, Que está sozinho, sem parceiros, filhos ou intermediários. 

No século 5 aEC, depois que Sidarta supostamente alcançou a iluminação, o Buda e seus seguidores viajaram por toda a Índia propagando a mensagem.  O Budismo, em suas várias formas, logo passou a ser encontrado em toda a Índia e Sri Lanka, sudeste da Ásia, Coreia, Japão, Tibete, Nepal e Mongólia.  Até hoje, tantos anos depois, o Budismo continua a se espalhar no mundo ocidental.



Notas de rodapé:

[1] Veja as notas de rodapé do artigo 1 e (http://www.buddhist-tourism.com/buddhism/)

Pobre Melhor

Partes deste Artigo

Adicione um comentário

  • (Não é mostrado ao público)

  • Seu comentário será analisado e publicado dentro de 24 horas.

    Campos marcados com um asterisco (*) são obrigatórios.

Mais visualizados

Diariamente
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Total
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Favorito del editor

(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Listar conteúdo

Desde sua última visita
Esta lista no momento está vazia.
Todos por data
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Mais populares

Melhores classificados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais enviados por email
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais impressos
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais comentados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Seus Favoritos

Sua lista de favoritos está vazia. Você pode adicionar artigos a esta lista usando as ferramentas do artigo.

Sua História

Sua história está vazia.

Minimize chat