Álcool (parte 1 de 2): A Doença Fatal do Demônio
Descrição: Álcool e seus efeitos adversos como é entendido pelas estatísticas de todo o mundo.
- Por AbdurRahman Mahdi (© 2010 IslamReligion.com)
- Publicado em 14 Jun 2010
- Última modificação em 18 Jul 2010
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No ano de 988 EC, o príncipe Vladimir, líder soberano da Rússia Kievana, optou pelo Cristianismo Ortodoxo como sua religião de estado. A lenda diz que seus embaixadores estavam muito mais impressionados com o ouro e a grandeza das catedrais bizantinas, especialmente a igreja de Santa Sofia de Constantinopla (hoje a Mesquita de Haya Sofia de Istambul) do que com o décor simples e austero das casas de adoração islâmicas (ou seja, as mesquitas) na vizinha Bulgária do Volga. Mas outra razão mais forte para o príncipe russo favorecer o Cristianismo em relação ao Islã foi, assim os cronistas nos dizem, o amor dos russos pelo álcool. A abstenção absoluta de bebida alcoólica pelos muçulmanos era um sacrifício muito grande para os compatriotas de Vladimir. Infelizmente parece que a sede insaciável por um “bom” drinque, particularmente vodca, contaminou a nação russa desde então.
De acordo com um relatório publicado no ano de 2000[1], um número surpreendente de dois terços dos homens russos morre bêbado e mais da metade desse número morre em estágios extremos de intoxicação alcoólica. Aos 57,4 anos de idade, os homens russos têm a expectativa de vida mais baixa na Europa. Embora doenças cardíacas, acidentes e suicídios sejam responsáveis por quase 75% das mortes masculinas, os homens raramente estão sóbrios quando morrem. O jornal diário Kommersant comentou o estudo de três anos de homens com idades entre 20 e 55 anos em Moscou e Udmurita:
“Todos estão bêbados: assassinos e suas vítimas, vítimas de afogamento, suicidas, motoristas e pedestres mortos em acidentes de tráfego, vítimas de infarto e úlceras.”
Embora seja uma leitura desanimadora, essas estatísticas não sugerem que o alcoolismo seja considerado como uma marca étnica para os russos, nem para qualquer outra tribo dos filhos de Adão. Como o Sr. Cherniyenko, vice-presidente da Organização Nacional dos Muçulmanos Russos, destaca:
“Pode-se dizer que beber vodca ou vinho é um aspecto significativo da cultura russa e ainda assim eu posso ser um bom russo sem beber álcool... A maioria dos problemas sociais na Rússia é causada pelo consumo de álcool. Se pudermos introduzir alguns valores sociais islâmicos na Rússia, a sociedade e o país serão mais fortes.”
Olhando muito mais adiante para o ocidente através do Atlântico na direção do grande rival da Rússia durante a Guerra Fria, os Estados Unidos, descobrimos que a nação americana não se sai muito melhor quando se trata de mortes e ferimentos relacionados à bebida. De acordo com um estudo de 1988 feito pela Associação Médica Americana, em torno de 100.000 mortes e U$ 85,8 bilhões estão ligados ao abuso de álcool, com 25 a 40% dos leitos hospitalares ocupados por pessoas sendo tratadas por complicações induzidas pelo álcool. O álcool também é a causa principal de acidentes de trânsito, com 17.126 pessoas mortas em batidas relacionadas ao álcool somente em 1996, de acordo com estatísticas do governo. O álcool também é a causa principal de desestruturação familiar nos EUA. E em outro relatório publicado em 2006 pelo Centro Americano para Controle e Prevenção de Doenças, resultados de testes de vítimas de suicídio em 13 estados mostraram que 33,3% - uma em cada três! – tinham álcool no sangue. Mas, mais uma vez, colocando as estatísticas de lado, não existe nada intrínseco na fisiologia americana que a destine ao abismo alcoólico. Afaste a garrafa do americano, como aconteceu em um ambiente islâmico particular, e um resultado bem diferente é registrado.
“Nossa taxa de chamadas para atendimento a doentes caíram, nossa taxa de acidentes e injúrias diminuíram, nossos incidentes relacionados à indisciplina caíram e a saúde da força melhorou. Então, ocorreram alguns resultados muito terapêuticos pelo fato de não haver álcool disponível no reino (da Arábia Saudita).” (Gen. Norman Schwarzkopf, comandante das forças aliadas na guerra do Golfo, explicando ao congresso americano como uma escassez de álcool contribuiu para um soldado americano melhor. 13 de junho, 1991)
Até os que ainda não nasceram não estão a salvo dos perigos do álcool. A síndrome alcoólica fetal é uma doença horrível causada pela exposição ao álcool ainda no útero. A doença ataca um em cada dois bebês em cada 1.000 nascimentos no mundo todo e resulta em dano físico e neurológico crônicos. De acordo com um estudo alemão[2] de 10 anos, os sintomas incluem um dano cerebral permanente e deformidades físicas temporárias incluindo diminuição da cabeça e crescimento retardado. Para evitar a síndrome alcoólica fetal recomenda-se não só que as mães evitem completamente bebidas alcoólicas durante a gravidez, mas também que os homens pratiquem abstinência por vários meses antes da concepção.
“... Não vos abstereis?”(Alcorão 5:91)
Suicídio, homicídio, violência doméstica, lesão corporal grave, vandalismo, autoabuso e abuso do feto! - todas consequências maléficas do consumo de álcool. E ainda assim, a doença do álcool é facilmente evitada pelos adeptos da religião do Islã ou por aqueles que se encontram em áreas em que o mandamento islâmico é observado. Porque se o álcool de fato é uma doença, nada menos que a doença fatal do Demônio, então é uma da qual o muçulmano observante está imune, apesar de ser uma doença que:
·é vendida em garrafas;
·é anunciada em jornais, revistas, rádios e televisão;
·é contraída pela vontade do homem;
·tem lojas autorizadas para propagá-la;
·gera receita para o governo;
·acarreta mortes violentas nas estradas;
·não tem germes ou causa viral;
·leva a saúde à autodestruição;
·destrói a vida familiar e aumenta o crime.[3]
“Ó vós que credes! As bebidas inebriantes, os jogos de azar, a dedicação às pedras e as adivinhações com setas, são manobras abomináveis de Satanás. Evitai-os, pois, para que prospereis. Satanás só ambiciona infundir-vos a inimizade e o rancor, mediante as bebidas inebriantes e os jogos de azar, bem como afastar-vos da recordação de Deus e da oração. Não vos abstereis, diante disso?” (Alcorão 5:90-91)
Álcool (parte 2 de 2): A Mãe de Todos os Males
Descrição: A posição Islâmica sobre as bebidas alcoólicas.
- Por AbdurRahman Mahdi (© 2010 IslamReligion.com)
- Publicado em 21 Jun 2010
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“Ó Deus, que os homens coloquem um inimigo em suas bocas para roubar-lhes os cérebros! Que com alegria, prazer, deleite e aplauso nos transformemos em bestas!” (Cássio, em Otelo de William Shakespeare, ato 2, cena 3)
Um dia quando saía de sua mesquita, o Profeta Muhammad, que Deus envie seus louvores sobre ele, notou que seu primo e genro, Ali b. Abi Talib estava visivelmente aborrecido. Quando o Profeta preocupado perguntou a Ali o que o estava incomodando, Ali simplesmente apontou para a carcaça cheia de sangue de seu querido camelo – não um camelo comum, mas o camelo que Ali cavalgou em sua corajosa defesa do Profeta e do Islã no campo de batalha. Ali contou ao Profeta que um de seus tios tinha sido responsável pelo abato não sancionado de seu animal, e assim o Profeta foi ouvir o lado da história de seu tio.
Ao entrar na presença de seu tio o Profeta o encontrou bêbado com vinho. Ao ver o desprazer na face de seu sobrinho, o tio soube de imediato, apesar da intoxicação, que o Profeta tinha vindo questioná-lo sobre o camelo de Ali. Com nada de bom para dizer em sua defesa, o tio culpado e bêbado deixou escapar para seu sobrinho: “Você e seu pai são meus servos!” A única resposta do Profeta ao acesso de raiva blasfemo foi exclamar: “Verdadeiramente, o álcool é a mãe de todos os males!”
E assim, da biografia do Profeta Muhammad aprendemos uma lição valiosa com relação às consequências maléficas colossais da bebida alcoólica. Qualquer um dos atos inspirados pelo álcool nesse curto episódio da vida do abençoado Profeta seria suficiente para o leitor como repreensão: seja pela morte do camelo de Ali, o estado de embriaguez de um tio de um profeta de Deus – sem mencionar Seu último e final mensageiro para a humanidade – ou o insulto perverso contra ele e seu próprio irmão morto, que era nada menos que o pai do Profeta de Deus. Como considerar todos esses crimes juntos? Sem mencionar os muitos males resultantes indiretamente do consumo de álcool pelo tio, como a perda para a comunidade muçulmana de uma de suas montarias de batalha, ou a dor, angústia e, talvez, embaraço que Muhammad deve ter sentido com esse trágico assunto familiar. Sem dúvida, foi precisamente porque o Profeta reconheceu que foi o álcool que provocou e nutriu todos esses pecados infames que o denunciou como “a mãe de todos os males!”
Assim, vemos que o Islã proíbe completamente o consumo de álcool, em pequenas ou grandes quantidades. O Profeta Muhammad disse:
“Se uma quantidade grande de algo causa intoxicação, uma pequena quantidade também é proibida.” [1]
Nesse hadith, vemos a perfeição do Islã como religião, seu caráter conclusivo como código legal, e sua abrangência como modo de vida. Como um convertido alemão ao Islã destacou:
“O Islã valoriza a saúde moral e espiritual de uma nação tanto quanto seu bem-estar físico. Considera qualquer coisa que interfira com o funcionamento normal da mente, embaça nossos sentidos e, consequentemente, reduz nosso nível de vergonha ou responsabilidade, ou obscurece nossa percepção como prejudicial (isso inclui o álcool e também outras drogas que alteram a mente). E reconhece que pessoas diferentes reagem de forma muito diferente ao mesmo estimulante, não importa o quanto seja aceitável para elas. Muitas pessoas pensavam que tinham controle sobre seus hábitos relacionados à bebida e acabaram bebendo um copo atrás do outro. O Islã afirma categoricamente que se uma substância pode destruir a clareza da mente em grandes quantidades, é prejudicial mesmo em quantidades mínimas. O Islã, consequentemente, advoga a proibição total de drogas narcóticas, incluindo o álcool. Proíbe o uso, não apenas o abuso dessas substâncias.”[2]
Sim, existem alguns benefícios que derivam de bebidas alcoólicas. Por exemplo, o álcool pode dar força e confiança; ajuda a relaxar e, em pequenas quantidades, é até bom para a saúde do coração.[3] Entretanto, como o Glorioso Alcorão afirma, os prejuízos associados com o álcool superam seus benefícios. Assim, na análise final, o álcool é um inimigo e não um amigo daquele que o consome.
“Interrogam-te (Ó Profeta) a respeito da bebida inebriante e do jogo de azar. Dize: Em ambos há benefícios e malefícios para o homem; porém, os seus malefícios são maiores do que os seus benefícios.” (Alcorão 2:219)
Somente porque o Islã busca o benefício e o aprimoramento do homem é que a lei islâmica criminaliza o consumo, produção, transporte e venda de bebida alcoólica.[4] De fato, o mero consumo de álcool é uma atividade criminosa tão séria que acarreta uma punição corporal severa. Quanto à Vida Futura, a punição é verdadeiramente grotesca:
“Todo intoxicante é proibido. Deus fez uma promessa em relação àqueles que consomem intoxicantes de lhes dar para beber a evacuação (dos habitantes do Inferno)!”[5]
Para concluir, talvez seja útil fazer o leitor ponderar sobre a seguinte história bem conhecida; bem conhecida pelo menos para muitos muçulmanos cautelosos.
Uma vez uma mulher má convidou um bom homem para maus atos. O homem, temendo a Deus, recusou totalmente. Mas, determinada a não deixar sua presa escapar, a mulher ofereceu a ele uma das três escolhas, cada uma mais vil que a outra: consumir álcool, cometer adultério ou matar o filho que ela teve de um casamento anterior. Se o homem recusasse, ela gritaria alegando estupro. Então, após ponderar sobre sua situação difícil, o homem devoto escolheu o que considerou o menor de três males. Entretanto, ao consumir álcool o homem ficou bêbado e então, sob a influência da bebida que destrói o cérebro, ele matou a criança e cometeu adultério com a mulher perversa.
Pondere e então considere o quão facilmente poderia degenerar como ser humano se também abraçasse “a mãe de todos os males.”
Footnotes:
[1] Narrado pelo Companheiro, Jaabir, e registrado nas coletâneas de Tirmidhi, Abu Dawud & Ibn Majah.
[2] Sahib M. Bleher, One glass too many. Pg. 199.
[3] Embora, estritamente falando, o pigmento que ocorre naturalmente dentro da uva e não necessariamente o vinho fermentado e que é benéfico para o coração.
[4] “Allah amaldiçoa todos os intoxicantes (bebidas alcoólicas); (Ele também amaldiçoa) quem a bebe e a serve, quem a vende e a compra, que a produz e quem pede que a preparem, quem a entrega e a quem ela é entregue.” (Abu Dawud)
[5] Sahih Muslim.
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