Leopold Weiss, Estadista e Jornalista, Áustria (parte 1 de 2)
Descrição: Um correspondente do Franfurter Zeitung, um dos jornais de maior prestígio da Alemanha e Europa, se torna muçulmano e posteriormente traduz os significados do Alcorão. Parte 1.
- Por Ebrahim A. Bawany
- Publicado em 10 May 2010
- Última modificação em 10 May 2010
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Muhammad Asad nasceu Leopold Weiss em julho de 1900 na cidade de Lvov (Lemberg em alemão), agora na Polônia, então parte do Império Austríaco. Era descendente de uma longa linhagem de rabinos, uma linhagem quebrada por seu pai, que se tornou advogado. O próprio Asad recebeu uma educação perfeita que o qualificaria a manter viva a tradição rabínica da família.
Em 1922 Weiss deixou a Europa e foi para o Oriente Médio para o que supostamente seria uma breve visita a um tio em Jerusalém. Nesse estágio, Weiss, como muitos de sua geração, se considerava um agnóstico, tendo se afastado de suas raízes judaicas apesar de seus estudos religiosos. Lá, no Oriente Médio, começou a conhecer e gostar dos árabes e foi afetado pelo quanto o Islã infundia em suas vidas diárias um significado existencial, força espiritual e paz interior.
Com a idade de 22 anos Weiss se tornou correspondente do Franfurter Zeitung, um dos jornais de maior prestígio da Alemanha e Europa. Como jornalista viajou muito, se misturando com pessoas comuns, tendo discussões com intelectuais muçulmanos e encontrando chefes de estado na Palestina, Egito, Transjordânia, Síria, Iraque, Irã e Afeganistão.
Durante suas viagens e através de suas leituras, o interesse de Weiss no Islã aumentou na medida em que seu entendimento de sua escritura, história e povos crescia. Em parte, foi impulsionado pela curiosidade.
Muhammad Asad, Leopold Weiss, nasceu em Livow, Áustria (posteriormente Polônia) e com a idade de 22 anos fez sua visita ao Oriente Médio. Tornou-se um correspondente estrangeiro de destaque do Franfurtur Zeitung e depois de sua conversão ao Islã viajou e trabalhou em todo o mundo muçulmano, do Norte da África ao Oriente Longínquo, como Afeganistão. Depois de anos de estudo devotado se tornou um dos principais estudiosos muçulmanos de nossa época. Depois do estabelecimento do Paquistão, foi nomeado Diretor do Departamento de Reconstrução Islâmica, Punjabi Ocidental, e posteriormente se tornou Representante Alternativo do Paquistão nas Nações Unidas. Os dois livros importantes de Muhammad Asad são: Islam at the Crossroads (Islã na Encruzilhada, em tradução livre) e Road to Mecca (Estrada para Meca, em tradução livre) Também produziu um jornal mensal, Arafat, e uma tradução inglesa do Alcorão Sagrado.
Voltemo-nos agora para as próprias palavras de Asad sobre sua conversão:
Leopold Weiss, Estadista e Jornalista, Áustria (parte 2 de 2)
Descrição: Um correspondente do Franfurter Zeitung, um dos jornais de maior prestígio da Alemanha e Europa, se torna muçulmano e posteriormente traduz os significados do Alcorão. Parte 2.
- Por Ebrahim A. Bawany
- Publicado em 17 May 2010
- Última modificação em 17 May 2010
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Em 1922 deixei meu país, Áustria, para viajar pela África e Ásia como Correspondente Especial para alguns dos principais jornais do continente, e passei daquele ano em diante praticamente todo o meu tempo no Oriente Islâmico. Meu interesse nas nações com as quais tinha estado em contato no início foi apenas o de um estrangeiro. Vi diante de mim uma ordem social e uma perspectiva sobre a vida fundamentalmente diferente da européia; e desde o início cresceu em mim uma simpatia pelo modo de vida mais tranquilo do que o modo de vida mecanizado na Europa. Essa simpatia gradualmente me levou à investigação das razões para essa diferença, e fiquei interessado nos ensinamentos religiosos dos muçulmanos. Na época em questão aquele interesse não era forte o bastante para me levar ao Islã, mas me abriu uma nova visão de uma sociedade humana progressista, de sentimento real de fraternidade. A realidade, entretanto, da vida atual dos muçulmanos parecia muito distante das possibilidades ideais dadas nos ensinamentos religiosos do Islã. O que quer que no Islã tivesse sido progresso e movimento, tinha se tornado entre os muçulmanos em indolência e estagnação; o que quer que tivesse sido generosidade e disposição para o auto-sacrifício, entre os muçulmanos da atualidade, tinha se pervertido em estreiteza de visão e amor por uma vida fácil.
Instigado por essa descoberta e confuso pelo óbvio em congruência entre o Ontem e o Agora, tentei abordar o problema diante de mim de um ponto de vista mais íntimo: ou seja, tentei me imaginar dentro do círculo do Islã. Era puramente um experimento intelectual; e se revelou, em curto espaço de tempo, a solução correta. Percebi que a única razão para a decadência social e cultural dos muçulmanos consistia no fato de que gradualmente pararam de seguir os ensinamentos do Islã em espírito. O Islã continuava lá; mas era um corpo sem alma. O mesmo elemento que um dia foi a força do mundo muçulmano era agora responsável por sua fraqueza: a sociedade islâmica tinha sido construída, desde o nascimento, apenas sobre fundações religiosas, e o enfraquecimento das fundações tinha necessariamente enfraquecido a estrutura cultural - e poderia possivelmente causar seu desaparecimento.
Quanto mais entendia o quão concretos e imensamente práticos eram os ensinamentos do Islã, mais ansioso ficavam meus questionamentos sobre por que os muçulmanos tinham abandonado sua aplicação plena à vida real. Discuti esse problema com muitos muçulmanos inteligentes em quase todos os países entre o deserto líbio e a cordilheira Pamir, entre o Bósforo e o Mar Árabe. Tornou-se quase uma obsessão que por fim sobrepujou todos os meus outros interesses intelectuais no mundo do Islã. O questionamento rapidamente aumentou em ênfase - até que eu, um não-muçulmano, falava com os muçulmanos como se defendesse o Islã de sua negligência e indolência. O progresso era imperceptível para mim até que um dia – foi no outono de 1925, nas montanhas do Afeganistão – um jovem governador de província disse para mim: “Mas você é um muçulmano, só você não sabe.” Fiquei chocado com essas palavras e permaneci em silêncio. Mas quando voltei para a Europa mais uma vez, em 1926, vi que a única consequência lógica de minha atitude era abraçar o Islã.
Isso é tudo sobre as circunstâncias de ter me tornado muçulmano. Desde então me perguntam, de novo e de novo: “Por que você abraçou o Islã? O que o atraiu em particular?” -- E devo confessar: Não foi nenhum ensinamento em particular que me atraiu, mas toda a estrutura maravilhosa, inexplicavelmente coerente de programa de ensinamento moral e vida prática. Não posso dizer, mesmo agora, que aspecto me atrai mais. O Islã me parece um trabalho perfeito de arquitetura. Todas suas partes são harmoniosamente concebidas para complementar e apoiar a outra: nada é supérfluo e nada falta, com o resultado de um equilíbrio absoluto e composição sólida. Provavelmente esse sentimento de que tudo nos ensinamentos e postulados do Islã está em “seu lugar certo,” criou a impressão mais forte em mim. Podem ter havido, junto com essa, outras impressões que hoje são difíceis para eu analisar. Afinal de contas, foi uma questão de amor; e amor é composto de muitas coisas; de nossos desejos e nossa solidão, de nossos objetivos elevados e nossas falhas, de nossa força e nossa fraqueza. Foi assim no meu caso. O Islã chegou a mim como um ladrão que entra em sua casa à noite; mas, ao contrário de um ladrão, entrou e permaneceu para sempre.
Desde então tenho me empenhado em aprender tanto quanto posso sobre o Islã. Estudei o Alcorão e as Tradições do Profeta (que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele); estudei a linguagem do Islã e sua história, e muito do que tem sido escrito a favor e contra ele. Passei mais de cinco anos no Hijaz e Najd, principalmente em Medina, para puder experimentar um pouco do ambiente original no qual essa religião foi pregada pelo profeta árabe. Como o Hijaz é o ponto de reunião de muçulmanos de muitos países, fui capaz de comparar a maioria das diferentes opiniões religiosas e sociais predominantes no mundo muçulmano em nossos dias. Esses estudos e comparações criaram em mim a convicção firme de que o Islã, como um fenômeno espiritual e social continua sendo, apesar de todos os retrocessos causados pelas deficiências dos muçulmanos, a maior força propulsora que a humanidade jamais experimentou; e todo meu interesse se centrou, desde então, no problema de sua regeneração.
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