Negar Deus, negar realidade: Por que não precisamos de evidência para Deus (parte 1 de 3)
Descrição: A existência de Deus não requer evidência. Parte 1 discute que a crença em Deus é uma verdade auto evidente e verdades auto evidentes são interculturais, inatas e fornecem a base para uma visão de mundo coerente.
- Por Hamza Andreas Tzortzis
- Publicado em 27 Mar 2017
- Última modificação em 27 Mar 2017
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Deus existe? Essa é a pergunta que tenho discutido constantemente com acadêmicos ateus. A discussão geralmente é apresentada em pretextos diferentes, mas a premissa é sempre a mesma: Deus existe e qual é a evidência para apoiar essa crença?
De fato, eu argumentaria que não precisamos de qualquer evidência para a existência de Deus." Então a pergunta em si pede um debate. Não deve ser "Deus existe?", mas "que razões temos para rejeitar Sua existência?"
Agora, não me entenda mal. Acredito que temos muitos bons argumentos que dão suporte à crença em Deus. O ponto que estou levantando aqui, entretanto, é que não exigimos qualquer evidência para Sua existência: Deus é uma crença axiomática. Em outras palavras, a existência de Deus é auto evidentemente verdadeira. Também conhecida como uma "crença básica" na linguagem da filosofia.
A ideia de verdades auto evidentes são aceitas por todos. Considere a ciência, por exemplo: a ciência toma a realidade como uma verdade auto evidente e acredita que o mundo é real. Em outras palavras, o mundo físico é separado e externo as nossas mentes e pensamentos.
Você pode estar pensando: "Acredito que o mundo real é real, já que posso tocá-lo e senti-lo. Acredito que o mundo é real porque outras pessoas também dizem que o mundo é tangível para elas, como é para mim."
Entretanto, isso não prova nada. Tocar e sentir algo não prova que o que você toca e sente é externo à sua mente. O pensamento e sentimento podem simplesmente estar acontecendo por meio do trabalho de seu cérebro. Considere isso: talvez seu cérebro esteja em um jarro na lua. Existe um alienígena que colocou sondas nele e que está fazendo você pensar e sentir o que está sentindo agora.
Você não tem, de fato, evidência substancial para a realidade do mundo que experimenta. Evidência baseada em experiência não é confiável, já que a experiência pode simplesmente ser produzido no cérebro. Evidência baseada em filosofia ou lógica complexa também é um produto da mente. O mundo externo pode não ter existência real, fora do que está se passando em seu crânio.
Ao ler isso você pode exigir uma prova, prova de que o mundo real é externo ao cérebro..., mas não temos nenhuma prova. De fato, não precisamos de uma. É por isso que chamamos a crença no mundo real um axioma, uma verdade auto evidente ou uma crença básica. Portanto, argumento, que rejeitar a existência de Deus é equivalente a rejeitar que o mundo é real, porque são ambas verdades auto evidentes.
Isso não é um tipo de defesa especial por Deus, porque existem uma miríade de verdades auto evidentes e axiomas nos quais acreditamos. Eles incluem:
•A existência de outras mentes
•A existência de valores morais objetivos
•A existência de verdades lógicas
•A validade de nosso raciocínio
•A lei de causalidade
Verdades auto evidentes, axiomas e crenças básicas são interculturais e não estão vinculadas culturalmente. São também inatas no sentido em que não são adquiridas via qualquer forma de transferência de informação e também são fundamentais. O significado de serem fundamentais é fornecerem a base para uma visão de mundo coerente. Esses aspectos de verdades auto evidentes serão melhor explicados ao abordarmos as objeções chave a esse argumento.
Objeção #1: E sobre a grande abóbora ou o monstro espaguete?
Existem algumas objeções a esse argumento. Alguns ateus e céticos dirão: "E sobre a grande abóbora ou o monstro espaguete?" Eles destacam que se Deus é uma verdade auto evidente, se Deus é axiomático, então por que o monstro espaguete ou a grande abóbora serem verdades auto evidentes também?
Existem três maneiras de lidar com essa falsa disputa:
1. Uma crença intercultural: A "grande abóbora" ou o "monstro espaguete" não são tendências naturais.[1] Não há uma tendência natural ampla para acreditar em um "monstro espaguete" ou uma "grande abóbora". Essas não são tendências naturais, são vinculadas culturalmente. Por exemplo, se acredito em um monstro espaguete, eu teria crescido em uma cultura na qual se é ensinado a espaguete e monstros. Entretanto, a ideia de Deus, a ideia básica subjacente de um criador, de uma causa sobrenatural para o universo, é intercultural. Não é contingente em cultura, mas a transcende, assim como a crença em causalidade e existência de outras mentes.
2. Uma crença inata: Crenças básicas, crenças axiomáticas e verdades auto evidentes não exigem transferência de informação. Para que eu compreenda o que é um monstro espaguete, preciso que informação seja transferida para mim. Por exemplo, preciso de conhecimento de cozinha ocidental e cultura italiana. Mas se trata da ideia da existência de Deus como criador do universo, não é preciso qualquer transferência de informação, seja de cultura ou educação. É por isso que sociólogos e antropólogos argumentam que mesmo que crianças ateias ficassem isoladas em uma ilha deserta, passariam a acreditar que algo criou a ilha deserta.[2]
Isso é muito importante para compreender porque ouvimos frequentemente "Deus não é diferente de acreditar no monstro espaguete." Isso não é verdade. Se você entendesse verdades auto evidentes, crenças axiomáticas e básicas, então veria que não requerem transferência de informação. O conceito básico de Deus não requer transferência de informação. A ideia que monstros existem ou até que espaguete existe, requer transferência de informação. Portanto, o monstro espaguete não é uma verdade auto evidente.
3. Uma crença fundamental: O terceiro ponto é que crenças básicas e axiomáticas são fundamentais: fornecem uma base para uma visão de mundo coerente. Respondem a perguntas e facilitam o conhecimento. Por exemplo, a existência de Deus explica a emergência da consciência, o fato de que temos consciência dentro de um mundo material.[3] Responde às perguntas para as quais não temos respostas, como a questão da linguagem. Atualmente paradigmas evolucionários não conseguem explicar o desenvolvimento da linguagem.[4] Também explica a existência de verdades morais objetivas e oferece uma base para explicar por que as coisas acontecem.
Apliquemos isso a outra verdade auto evidente: a validade de nosso raciocínio. Confiar em nossas mentes e o próprio fato de que podemos raciocinar para chegar a verdade é uma crença básica. Se não tivéssemos essa crença, como poderíamos confiar em nossas mentes? Como poderíamos raciocinar para chegar a verdade? Como poderíamos entender o universo e nós mesmos? Essas perguntas são indicativas da natureza fundamental da validade de nosso raciocínio.
A existência de Deus fornece uma base para uma visão de mundo coerente, facilita o conhecimento e responde a questões chaves fundamentais. Uma crença no monstro espaguete ou a crença na grande abóbora só fornece a base para algumas risadas.
Notas de rodapé:
[1] Is Belief in God Properly Basic. Alvin Plantinga. Noûs. Vol. 15, No. 1, 1981 A. P. A. Western Division Meetings (Mar., 1981), pp. 41-51. O jornal pode ser encontrado online aqui: http://www.jstor.org/stable/2215239.
[2] BBC Radio 4 Today, 24 de Novembro de 2008 http://news.bbc.co.uk/today/hi/today/newsid_7745000/7745514.stm. Acessado em 17 de dezembro de 2014.
[3] Para mais sobre o assunto leia "Consciousness and the New Scientist Magazine", Hamza Andreas Tzortzis, 2014. http://www.iera.org/research/essays-articles/consciousness-and-the-new-scientist-magazine-reflections-on-false-materialist-assumptions-hamza-tzortzis. Acessado em 17 de dezembro de 2014.
[4] "Isso destaca um desafio importante e difícil no estudo da evolução da linguagem: a necessidade de cooperação entre disciplinas diferentes e entre pesquisadores que trabalham em aspectos diferentes do problema. Sem essa cooperação, um relato satisfatório da evolução da linguagem humana e, portanto, da linguagem humana em si, tenderá a ser elusiva." ([Prefinal Draft] Kirby, S. (2007). The evolution of language. Em Dunbar, R. & Barrett, L., editores, Oxford Handbook of Evolutionary Psychology, pp. 669–681. Oxford University Press.)
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