Ajuste fino do universo (parte 5 de 8): Objeções ao ajuste fino
Descrição: 1. Três objeções ao ajuste fino são respondidas. 2. Por que o ajuste fino precisa de uma explicação? 3. Uma ilustração de ajuste fino com uma máquina geradora do universo. 4. O deslumbramento dos ateus de o quanto o universo é finamente ajustado.
- Por Imam Mufti (© 2017 IslamReligion.com)
- Publicado em 02 Jan 2017
- Última modificação em 25 Jun 2019
- Impresso: 54
- 'Visualizado: 16,200 (média diária: 6)
- Classificado por: 0
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 0
Três objeções ao ajuste fino[1]
1.Alguém pode dizer: "mas se as constantes e valores iniciais tivessem sido diferentes, talvez formas diferentes de vida pudessem ter se desenvolvido."
Por "vida" os cientistas querem dizer a propriedade de organismos se alimentarem, converterem em energia, crescerem, se adaptarem ao seu meio-ambiente e reproduzirem. Para a vida existir, constantes e condições iniciais têm que estar ajustadas finamente ou, de outro modo, até os precursores da vida - planetas, galáxias, química - não existiriam! Novamente, a pergunta é puramente especulativa.
2.Outra objeção pode ser: "E universos governados por leis diferentes da natureza, que permitem formas de vida radicalmente diferentes daquelas em nosso universo? Talvez constantes e condições iniciais naqueles universos não sejam finamente ajustadas?
A resposta a essa pergunta é irrelevante para explicar o ajuste fino do nosso universo. Não compreendemos nosso universo bem o suficiente para nos aprofundarmos em pura especulação sobre outros universos que não sabemos se existe.
3.Alguém pode objetar: "Você não pode mudar um parâmetro, mantendo todos os outros constantes. Mudar outro parâmetro pode compensar pelos efeitos inibidores de vida de uma troca de parâmetro em particular."
A resposta é que não se pode compensar pelas mudanças feitas a um parâmetro.[2] Por exemplo, reduzir a força fraca pode ser compensado pela redução da diferença de massa entre próton e nêutron no universo primitivo. Entretanto, mudar um parâmetro tem muitos efeitos. Reduzir a força fraca também afeta a explosão da supernova e a decadência radioativa.
Por que o ajuste fino precisa de uma explicação?
Alguém pode dizer: "o universo simplesmente é, por que é necessária uma explicação para o ajuste fino?" [3]
Será distintamente estranho, como Keith Ward comenta, "pensar que há uma razão para tudo, exceto para o item mais importante de todos - ou seja, a existência de tudo, o universo em si." [4]
Imagine uma máquina criadora do universo, como um cofre gigante com dois tipos de mostradores. Existem mostradores que fixam as configurações para as leis da física como gravidade, eletromagnetismo e as forças nucleares. Também tem mostradores para a constante de Planck, um para a proporção da massa do nêutron para a massa do próton, um para a força da atração eletromagnética e assim por diante. Inicialmente todos os mostradores foram configurados e fixados em números particulares. Esses números são constantes da natureza e produzem o universo no qual vivemos.
Digamos que você pode mudar os mostradores dessa máquina geradora de universo. Também há uma tela que mostra o que aconteceria se você alterasse os mostradores, ainda que minimamente.
Você pode alterar os mostradores e apertar o botão de visualização para ver o que pode acontecer. Você enfraquece a força do eletromagnetismo e a força da gravidade só um pouco. Então toca o botão de visualização e vê os resultados na tela. De repente, estrelas, galáxias e planetas começam a cair! Então você aumenta o mostrador da força eletromagnética e, de repente, os planetas não estão no tamanho certo. São grandes demais para vida. As estrelas também queimam rapidamente.
O que você inferirá sobre a origem dessas configurações finamente ajustadas do mostrador?[5]
A maioria das pessoas acha difícil acreditar que um universo finamente ajustado seja apenas um fato que não tem e nem exige uma explicação. O universo apenas passar a existir soa tão científico quanto responder à pergunta de por que as maçãs caem no chão dizendo que elas simplesmente caem.[6]
Alguém aceitará que uma fotografia de um rosto seja simplesmente o resultado de um derramamento de tinta? Ninguém jamais aceitaria um acidente como explicação. Se não aceitarão derramamento de tinta como explicação para uma fotografia, como alguém aceitaria o universo ser finamente ajustado sem explicação?
Além disso, o ajuste fino é um fato científico bem estabelecido, admitido por físicos que não são amigos do teísmo. Mesmo eles não conseguem esconder o deslumbramento do quanto o universo é finamente ajustado:
Stephen Hawking: "Seria muito difícil explicar por que o universo deve ter começado dessa forma, exceto como o ato de um Deus que pretendeu criar seres como nós".[7]
"O fato notável é que os valores desses números (ou seja, as constantes da física) parecem ter sido ajustados muito finamente para possibilitar o desenvolvimento de vida." [8]
Steven Weinberg: "Pode haver uma constante cosmológica nas equações de campo cujos valores cancelam os efeitos da densidade de massa do vácuo produzida pelas flutuações quânticas. Mas para evitar conflito com a observação astronômica, esse cancelamento teria que ser preciso em pelo menos 120 casas decimais. Por que deve haver uma constante cosmológica ajustada de maneira tão precisa no mundo?" [9]
Dr. Dennis Sciama: ex-diretor dos observatórios da universidade de Cambridge, disse: "Se as leis da natureza fossem alteradas minimamente... é muito provável que vida inteligente não teria conseguido se desenvolver." [10]
Martin Rees: "A possibilidade de vida como a conhecemos depende de valores de algumas constantes físicas básicas e, em alguns aspectos, é notavelmente sensível aos valores numéricos dessas constantes. A natureza não exibe coincidências notáveis." [11]
Paul Davies: "Para mim existe evidência poderosa de que há algo acontecendo por trás de tudo... Parece que alguém ajustou finamente os números da natureza para fazer o universo... A impressão do projeto é arrebatadora." [12]
Notas de rodapé:
[1] Sou grato ao Dr. William Lane Craig, Dr. Robin Collins, Dr. John Lennox e Dr. Guillermo Ganzalez. Muitas dessas perguntas e respostas foram compiladas a partir de suas palestras e trabalhos escritos.
[2] S.M. Barr e Almas Khan. 2007. Ajuste antrópico da escala fraca de em modelos de dois dubletos de Higgs. On-line. Disponível na internet:http://arxiv.org/pdf/hep-ph/0703219v1.pdf, acessado 14 de Março de 2014.
O trabalho de pesquisa explora ajuste bidimensional: o que acontece quando se altera o tamanho dos quarks para cima e para baixo, simultaneamente? Constataram que são produzidos 9 efeitos distintos pela simples alteração nas massas dos quarks para cima e para baixo. Quarks para cima e para baixo são partículas fundamentais da natureza que compõem os prótons e nêutrons.
[3] Bertrand Russell escreveu: "O universo é aqui e isso é tudo."
Russell, Bertrand e Copleston, Frederick. 1964. Debate on the Existence of God em The Existence of God, ed. John Hick. Nova Iorque: Macmillan. 174-75.
Tryton repetiu Russell: "Nosso universo simplesmente é uma daquelas coisas que acontecem de tempos em tempos." Tryton, E. 1971. Is the Universe a Vacuum Fluctuation? Nature 246:396.
Carl Sagan começou seu best-seller com as palavras: "O cosmos é tudo que existe, tudo que jamais existiu e tudo que jamais existirá." (Sagan, Carl. 1985. Cosmos. Nova Iorque: Ballatine Books. 1.)
[4] op. cit. p. 23.
[5] Richards, Jay. 2008. Why Are We Here: Accident or Purpose? in Intelligent Design 101: Leading Experts Explain the Key Issues, ed., Wayne House, H. Grand Rapids: Kregel. 141-142.
[6] Lennox, John C. 2009. God’s Undertaker: Has Science Buried God? Oxford: Lion. 64.
[7] Hawking, Stephen. 1998. A Brief History of Time. Nova Iorque: Bantam. 127.
[8] Hawking, Stephen. 1998. A Brief History of Time. Nova Iorque: Bantam. 128.
[9] Weinberg, Steven. 1993. The First Three Minutes: A Modern View of the Origin of the Universe. Nova Iorque: Basic Books. 186-187.
[10] ‘The Anthropic Principle.’ Especial da BBC.
[11] Martin Rees citado por Ross, Hugh. 2001. The Creator and The Cosmos. Colorado Springs, Co: NavPress. 158.
[12] Davies, Paul. 1988. The Cosmic Blueprint: New Discoveries in Nature’s Creative Ability To Order the Universe. Nova Iorque: Simon e Schuster. 203.
Adicione um comentário